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* as opiniões expressas neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do 4oito
Por Henrique Packter 04/08/2020 - 09:11

Eu não tinha bens em Criciúma, aliás em lugar algum naquele mundo de Deus, fosse casa, apartamento ou automóvel eu nada possuía salvo alguns badulaques de meu modesto equipamento do consultório oftalmológico. Residi por algum tempo no Hotel Brasil, propriedade da família Dal Bó, frente à gare da Estrada de Ferro,  onde hoje está o Buraco do Prefeito. Depois aluguei apartamento frente à Praça Nereu Ramos quando marquei data para meu casamento. O prédio pertencia a Leandro Martignago, pai de Henrique Dauro. O Hotel Brasil existia desde 1950. Quando fui seu hóspede em janeiro de 1960, lá também se hospedava o Dr. João Conrado Leal, já falecido e por muitos anos anestesista do Hospital São João Batista. Era proprietária do hotel a matriarca Augusta Message Dal Bó auxiliada pelos filhos Basílio, José, Lino, Terezinha e Mário. Justamente em 1960 o Hotel foi vendido a Hilário Milanez que tocou o negócio até 1968. Nesse ano foi adquirido por José Raupp e Antonio Augustinho (o Pimenta), e é quando começa a funcionar com restaurante aberto à cidade. O clube de serviço Lions por muito tempo reuniu-se semanalmente nesse local. Em 1976 o hotel  foi adquirido por Ricardo Spillere e sua mãe Alzira Zatta Borges que o mantiveram até 2008.

UM EMPRÉSTIMO BANCÁRIO

- O que é que você quer seu Maneca?

- Pois não vê seu Chico que ando doente, deixei do trabalho na mina, a patroa anda com febre sezão e preciso de algum dinheiro para consertar a carroça e voltar a fazer carreto.

- De quanto precisa?

Era assim. Meio constrangido eu já ia me esquivando, saindo de mansinho, quando ele me olha e indaga:

- E tu?

Meu rosto devia parecer a camisa do glorioso colorado dos pampas e a língua pesava toneladas. Olhei para os lados em busca de ajuda.

- Então?

- Seu Corbetta, sou médico aqui na cidade tem uns seis meses e preciso comprar equipamento para meu consultório no Hospital São José.

As palavras saíram mais baixo que o planejado e tive de repetir o discurso ensaiado por vários dias.

- De quanto precisa?

Disse-lhe a importância. Agora sem olhar em minha direção e sem tirar os olhos do papel que preenchia laboriosamente disse-me que o empréstimo estava concedido, falou a hora para comparecer no dia seguinte, os documentos que deveria trazer e só.

- É só isso?

-Sim. 2.230

Por Henrique Packter 23/07/2020 - 09:37

A praça chama-se Nereu Ramos desde 1946 e foi palco de 1917 a 1931/1933 de valentes disputas futebolísticas contempladas por plácidos animais  que pastavam em seus limites. 

Chico Corbetta no Café São Paulo

No Café São Paulo, no dia mesmo de minha chegada, feriado de 6.1.1960, conheci Giacomo Puggina, Mário Balsini, Ayrton Egídio Brandão, Darci Schmitz, Jacy Fretta, todos engenheiros, todos bebericando seus cafezinhos, botando conversa fora. Eu tomava o meu café na única outra mesa ocupada naquele feriado municipal de Criciúma. Puggina veio até minha mesa e convidou-me para que sentássemos todos juntos. Desse grupo, Jacy Fretta (98 anos feitos a 3.5.2020) e eu, somos os únicos sobreviventes. Cidadão alto, magro, claro, óculos e calva pronunciada entra no café e cumprimenta a todos com genuína alegria. Sumiu quase tão rápido quanto entrara.

- É o Chico Corbetta, gerente do Banco INCO, confidenciam-me.

Chico Corbetta, gerente do Banco Inco

Francisco Corbetta, natural de Tubarão foi  gerente em Criciúma  do Banco Inco durante 28 anos (1940-1968). Membro fundador do Rotary de Criciúma, presidiu aquele clube de serviço (1962/1963). Faleceu na cidade de Florianópolis em 1987. Corbetta era pessoa educada, atenciosa. Residia em nossa cidade na rua Hercílio Luz, 80 numa casa ainda existente entre dois grandes prédios, frente à entrada do Metropolitan.  

Andando duas quadras estava na praça Nereu Ramos para o cafezinho matinal e ouvir as últimas no Café São Paulo. Dali ao banco, localizado onde está o Shopping Bortoluzzi era uma quadra e meia com rápido pit stop no Café Rio para chegar ao trabalho plenamente informado. Tratando-se de feriado municipal, Corbetta certamente apenas cumpria um ritual.

Delicadas negociações para empréstimo bancário

A certa altura da minha vida necessitei conversar com Corbetta sobre negócios. Precisava adquirir equipamento para o consultório. Comecei minha vida profissional em Criciúma (1960) utilizando caixa de prova (aquela primitiva caixa cheia de lentes colocadas numa armação para verificação do grau necessário pelo clienteØ). Fazia-se a medida do grau da lente a receitar com auxílio de espelho côncavo dotado de furo circular central, por onde o oftalmologista observava se a lente colocada na armação era a adequada. Além disso eu tinha um oftalmoscópio para exame do fundo de olho e um aparelhinho chamado Tonômetro de SchiØtz para medida da pressão ocular. Como eu também fazia ouvido, nariz e garganta tinha um material miúdo para exames dessa especialidade. Era tudo.

Tendo pago algumas mortificantes dívidas deixadas para trás em Curitiba, dos tempos de estudante, decidi procurar um banco para poder adquirir consultório mais moderno. Eu ainda o conservo, apenas para exibição. Falar verdade bancos eram instituições perfeitamente desconhecidas para mim. Arranjo feito por meu pai permitia que eu apanhasse com primo médico lá em Curitiba determinada importância mensal para minha manutenção. Estudando na Federal do Paraná e residindo primeiro numa pensão e depois numa república de estudantes, meu dinheiro era pouco, apenas o necessário.

O Banco Inco funcionava onde hoje está o Shopping Bortoluzzi numa casa térrea. O gerente sentava-se à sua mesa do lado direito de quem entrava. Atendia as pessoas atrás de um cercadinho de madeira,  uma pessoa por vez, escolhida por ele na multidão. O confessionário era público. 3.399

Por Henrique Packter 18/07/2020 - 09:17

Meu amigo Jorge Daros escreveu "Padre Estanislau, um líder em seu tempo", livro indispensável para quem se interessa pela nossa cidade e sua gente. Daros começa por estudar a evolução da cidade e região através das décadas e com notável felicidade.

Começa na década de 30 quando o mundo caminhava para sua segunda guerra mundial e regimes totalitários governavam a Europa (Alemanha, Itália, Rússia, Portugal, Espanha). Aguardava sua vez na fila a Iugoslávia do Marechal Tito. Nesta década de 30, em Criciúma era  criado o Grupo Escolar Professor Lapagesse, Urussanga Velha era o primeiro distrito de Criciúma, chegava Faustino Zappelini, para registrar em fotos a história da cidade, Cincinato Naspolini urbanizava e criava o que viria  a ser a  Praça Nereu Ramos (31/33) e Estanislau Cizeski seguia para o Seminário de Brusque , o primeiro convento das Irmãs Escolares de Nossa Senhora no Brasil era fundado em Forquilhinha, , distrito de Criciúma, e era criado o Hospital de Caridade de Nova Veneza.. Surgem as primeiras bicicletas e telefones. Nasce o Hospital São José.

Em 1895 foi erguida uma capela de frente para o campo de futebol e, posteriormente, em função disso e da construção de novas casas, em 1917 o campo deu lugar a uma praça. Inicialmente o espaço da praça era de propriedade particular e só mais tarde passa a ser de uso público. A partir dessa abertura ao público, a área passa a se chamar Praça Etelvina Luz. Vinte anos depois, em 1937, a praça é batizada como Praça Nereu Ramos, nome pelo qual é conhecida até hoje. O marco inicial da cidade de Criciúma é onde se encontra esta praça, espaço de importância para a cidade tanto como estrutura fundiária quanto identidade municipal. Primeira edificação a se instalar no local foi um estabelecimento comercial, ponto de parada para tropeiros. Esse fator atrai outros comerciantes para o entorno da praça  que ali locaram seus estabelecimentos e moradias.

A praça é espaço público de maior importância para a cidade de Criciúma como para quase todas as cidades. Palco de diversos eventos significativos do município e  endereço de órgãos como a primeira prefeitura e a administração da Fundação Educacional de Criciúma – Fucri embrião da UNESC. Inicialmente basicamente residencial, em 1930 as casas foram substituídas por prédios de dois e três pavimentos ou então tiveram suas fachadas adaptadas para alcançar o movimento arquitetônico da época, o Art Deco, que caracterizou o centro da cidade. Nessa mesma época, o desenho da praça foi delimitado pelo ajardinamento e em 1966 o espaço recebeu calçamento.

No início dos anos 1980, em comemoração ao centenário da cidade, o entorno da praça Nereu Ramos teve o pavimento substituído totalmente, impedindo a circulação de veículos. É o início de grande calçadão, que permite a integração, convívio, lazer e entretenimento das pessoas, servindo também como espaço de manifestações culturais, políticas, eventos efêmeros, feiras e estimula a apropriação e as relações sociais.

Por Henrique Packter 11/07/2020 - 11:18

Continua a saga de Ernesto Lacombe, por ele descrita

“Tudo disposto na parte civil por mim e na militar pelo capitão Trifino Corrêa, seguimos em caminhões às 6 horas da manhã alcançando Urussanga às 10 do mesmo dia, onde entramos, apreendendo algumas armas da Polícia Catarinense. Prendemos o capitão Mello da Força Pública, comandante do destacamento de cinco homens. Pelas más condições da Estrada de rodagem, continuamos a marcha por ferrovia. De trem em Urussanga, seguimos para Tubarão chegando às 5 horas da tarde, tomando tudo sem oposição alguma. Capitão Trifino ficou na estação da Estrada de Ferro e eu com mais 8 homens nos dirigimos à Prefeitura onde o Prefeito Otto Feuerschuette e auxiliares nos aguardavam para entrega das chaves da cidade. Após as formalidades usuais nomeei autoridades, dispus tudo na parte civil e demiti-me da ação militar que vinha desempenhando”.

(Esta data também marca a retirada de OTTO para sua fazenda, abandonando a prática da Medicina, período que se estende até 1935. Na fazenda, OTTO recebe intimação para entregar 3 reses destinadas à alimentação das tropas revolucionárias. Os animais foram escolhidos a dedo pelos militares, na fazenda Campestre e levadas para abate. Ernesto Lacombe informado, constatou a excelente qualidade do gado e mandou devolvê-lo: devolvo ao Dr. OTTO os animais; são de qualidade para exposição e não para serem abatidas).

Enquanto isso...

Durante a Revolução de 1930, ASSIS CHATEAUBRIAND foi uma das figuras de vanguarda na imprensa brasileira. Nascido pobre, cresceu na vida como jornalista e empresário na TV, rádio, e mídia impressa. Sempre preferiu atalhos, o caminho mais curto, como titular de um império jornalístico (os Diários Associados), oferecendo seu apoio a políticos detentores do comando.

Em 1930, Chateaubriand, anteviu a conquista do poder por Getúlio Vargas, oferece-lhe apoio imediato e incondicional. Irrompida a Revolução de 30 em POA, logo contagiando o país, resolve para lá deslocar-se por hidroavião que tem escala em Florianópolis, como já vimos. Chatô falava alemão e surpreende diálogo dos pilotos comentando mensagem recebida logo do pouso. A mensagem descrevia-o e decretava sua prisão. Foge e com o auxílio de Henrique Raupp vai a São Joaquim a cavalo, onde chega sem documentos (não sabia quem estava no poder na cidade), vestido de padre, batina e tudo mais. É preso e levado ao hotel da cidade com guarda armado à porta.

O delegado da cidade decide que ele deve ser executado, sobretudo após Chatô ter declinado sua identidade.

- Assis Chateaubriand? Em São Joaquim?

Pronto para o pelotão, alguém lembra de César Martorano, garoto da localidade que vendia assinaturas de O Jornal. Quem sabe, poderia desmistificar o embusteiro que se fazia passar pelo jornalista paraibano?

César tinha uma carteirinha funcional que o autorizava a colher assinaturas e a cobrá-las. A carteira tinha a assinatura de Chatô. Vão ao hotel conferir no livro de hóspedes a falsidade da assinatura. Não é que era verdade, tratava-se mesmo de Assis Chateaubriand!

Chatô, claro, nunca esqueceu o episódio.  

O jornalista Rogério Martorano, filho de César Martorana, hoje residindo em Florianópolis, conta do apreço de Chatô para com seus familiares  e São Joaquim, a partir de então. As visitas de Chateaubriand, tornam-se frequentes e ele destina muitos recursos à cultura da cidade. Rogério foi levado por Chatô ao RJ. Hospeda-o em sua residência na Avenida Atlântica. Rogério inicia-se no jornalismo e vem a miúde à cidade natal. No retorno, traz fotos, muitas fotos das nevascas na serra catarinense para o jornal carioca,

Por esta razão torna-se conhecido como o Abominável Monstro das Neves.

São Joaquim, cidade mais fria do Brasil possui em seu Museu Histórico honroso Espaço Assis Chateaubriand. 3.779

Por Henrique Packter 09/07/2020 - 10:35

Próprios e Chasques (recados)

“Em Torres, Trifino Corrêa incumbido de chefiar militarmente a coluna, entendeu-se com o Cel. Krás Borges, Superintendente daquele Município. As confabulações terminaram tarde (uma e meia da manhã), Krás Borges atendeu as instruções recebidas, enviando próprios e chasques a todos os distritos de Torres.

No dia 3.10, sexta feira, pela manhã, tomei caminhão e segui com meu filho Ernesto às imediações de Araranguá, onde cheguei ás 11 horas. Chamei nossos companheiros Fontoura Borges e Pompílio Bento prevenindo-os de que, naquele dia, às 5 da tarde, invadiríamos o município e pedia-lhes conseguissem reunir grupo de amigos para nos auxiliar na ocupação da vila. Tudo consertado, regressei a Torres onde cheguei 1,30 horas da tarde. O coronel Krás Borges reuniu até 3 horas apenas 18 homens e com esse grupo, oitenta carabinas, uma metralhadora e dez mil tiros, saímos de Torres transpondo o Mampituba rumo a Araranguá. Consta que em Torres havia em depósito 300 armas e 30 mil tiros. Os fuzis (Manlicher) engraxados e sujos, não funcionavam regularmente. De cada dez, seis não disparavam. Por isso, apenas nos servimos de oitenta armas, escolhidas entre o lote existente.

Precisamente ás cinco horas da tarde de 3.10.1930, nos achávamos a 9 km de Araranguá onde Fontoura Borges, Pompílio Bento, Pacífico Nunes (...), e mais vinte e cinco homens, a cavalo, nos esperavam entre aclamações e contentamento.

Às 6 da tarde entrávamos na vila sem encontrar resistência. Tomamos o Telégrafo, todas as repartições estaduais e federais e com o resto dos companheiros incorporados naquela vila, completamos 50 homens. Ali, consoante acordo que fizéramos em POA com o Cel. João Alberto e Oswaldo Aranha, assumi eu a chefia civil do movimento do Sul de SC, nomeando nosso valoroso companheiro Fontoura Borges, para Prefeito do município”.

Por um lado revolução é bom, por outro tem Trifino Corrêa 

Ás 10 horas da noite, ficando Fontoura Borges em Araranguá com finalidade específica de reunir mais gente para nos auxiliar e engrossar nossas fileiras, seguimos com 50 homens para Criciúma, ocupada às 3,30 horas da manhã de 4.10, sem resistência.

Um parêntesis no manifesto: A revolução em Criciúma

Em 10.10.1930, cinco dias após tomar posse como prefeito de Criciúma, Cincinato Naspolini enviou correspondência aos habitantes do município, requisitando material de consumo, veículos e outros. Documentos da época reclamam das condições em que veículos foram devolvidos a seus donos (Gregório Michels, em 10.10.1930, relaciona as peças levadas de seu Ford typo A, num total de 847 mil réis). Egydio A. da Silva, de São Bento Baixo, teve requisitado seu caminhão Ford número 10 para transporte de tropa de Torres a Araranguá. Santi Vaccari, governador civil em Araranguá, escreveu em 19.10.1939, no verso do documento que requisitava o caminhão, carregado para o norte do estado a serviço da Legião, pelo capitão Otelo Frota, comandante da Legião Osvaldo Aranha,

Também Henrique Waterkemper, de São Bento Baixo, teve seu automóvel Chevrolet requisitado, assim como Basílio Aguiar, de Nova Veneza, que emprestou seu caminhão Chevrolet com cabine, 6 cilindros, placa número 15 e Giácomo Búrigo, de Mãe Luzia, que perdeu o caminhão Chevrolet, modelo 1929, placa número 10. Em 12.10 requisitou-se 311,5 caixas de gasolina, 14 galões de óleo à Standard Oil Company of Brazil de Criciúma.

João Targhetta, proprietário do Hotel Brasil, teve pendurada uma conta de mais de trezentos e vinte mil réis, hospedagem de revolucionários. Calote também contemplou os hoteleiros Lodetti e Angeloni.

O prefeito Cincinato Naspolini em duas folhas de papel almaço ordenou as dívidas que deveriam ser quitadas pela municipalidade e   que somavam quase 60 mil réis. 3.949

Por Henrique Packter 30/06/2020 - 09:35

Em 1960 o Botafogo está em Criciúma para medir forças com o Atlético Operário. Filas imensas no Café São Paulo disputavam os ingressos. Listas de espera por desistências enchiam folhas e mais folhas de papel almaço. Muita gente ilustre de Criciúma nas listas. Os créditos de alguns dos nossos cidadãos não eram suficientemente confiáveis e, por isso, alguns foram retidos por divergências cadastrais.

Olavo de Assis Sartori e João Pellegrim, da Radiolândia, botafoguenses intimoratos, deslumbram-se. Garrincha, colecionador de passarinhos, ganha alguns, hospedados em gaiola requintada. Sartori, médico ginecologista e obstetra do Hospital São José, posa para foto com o zagueiro Tomé; foto que ficará pela vida de Sartori emoldurada, enfeitando uma das paredes de seu consultório. A presença do Botafogo na cidade que tinha menos de 30 mil habitantes na área urbana, incendeia a cidade. O técnico Paulo Amaral, preparador físico da seleção brasileira, campeã mundial em 1958, vai ao Café São Paulo levando alguns craques: Nilton Santos,.Paulistinha, Pampolini, Didi, Tião Macalé, Garrincha, Quarentinha, Amarildo, Zagalo, Paulinho Valentim, Amoroso, foram alguns nomes anotados.

Até hoje, o Metropol é considerado por muitos como o grande clube da história esportiva de SC. No seu auge, foi campeão estadual cinco vezes, nos anos de 1960, 61, 62, 67 e 69. Excursionou, marcando época com grandes craques e célebres confrontos no velho continente, o que valeu ao time criciumense uma condecoração especial da Confederação Brasileira de Desportos.

Em 68, o Metropol participou de uma polêmica nacional. Enfrentava o Botafogo nas quartas de final da Taça Brasil, a principal competição nacional de clubes na ocasião. Perdeu por 6 a 1 no RJ. A volta foi disputada em Florianópolis, e o Metropol ganhou por 1 a 0.

No terceiro e decisivo confronto,  houve empate em 1 a 1. Chovia muito no RJ. O jogo foi encerrado e a CBD mandou o Metropol retornar para Criciúma, até que nova data para o complemento do jogo fosse agendada. A data realmente foi definida, mas o Metropol não teve tempo para viajar, avisado na véspera. Assim, o Botafogo foi considerado vencedor e posteriormente sagrou-se campeão.

O Metropol sempre mandou seus jogos no antigo Estádio Euvaldo Lodi, denominado João Estevão de Souza desde 1976. Entre os grandes craques da história do clube, estão o goleiro Rubens, jogador que mais defendeu o Metropol, com 271 partidas, seguido pelo lateral Tenente, com 202 jogos, e pelo zagueiro Hamilton, que atuou 183 vezes. Idésio, o Tanque, foi o maior artilheiro, com 140 gols, seguido por Nilso, com 83.

O Metropol tem parte da sua estrutura administrada pela Carbonífera Criciúma, mas o ginásio de esporte do clube está em estado de abandono.

Já que se falou em Olavo de Assis Sartori, talvez o mais leal e fervoroso torcedor que o clube já teve em sua história, não é demais lembrar que a Copa Libertadores da América de 1981 foi competição de futebol realizada anualmente pela Confederação Sul-Americana de Futebol. Equipes das dez associações sul-americanas participavam do torneio.

O Flamengo do RJ conquistou seu primeiro título na competição ao superar o Cobreloa do Chile, num jogo de desempate no Estádio Centenário, Uruguai, por 2–0, gols de Zico. Com a conquista, o clube pôde disputar a Copa Intercontinental, dezembro do mesmo ano, no Japão, contra o Liverpool, da Inglaterra, campeão da Liga dos Campeões da Europa 1980-81. Segundo a Conmebol, o Rubro-negro registrou público de 516.382 espectadores nos seis jogos que disputou no Maracanã, o maior público já registrado numa edição da Copa Libertadores da América.

Sabendo que para Sartori só existia o Botafogo e seu maior desafeto era o Flamengo, antes do jogo do desconhecido Cobreloa chileno  contra o Flamengo, inticávamos:

- Sartori, agora o Flamengo é o Brasil! Vais torcer para o Flamengo, certo?

Sartori, da sua trincheira:

- Sou Cobreloa desde pequenininho!  3.916

Por Henrique Packter 27/06/2020 - 09:35

O Metropol de Criciúma, lendária equipe de SC, cerrou os portões em 1969, mas continua a exercer fascinação entre os adeptos do futebol. Desapareceu justamente no ano de sua sagração como campeão catarinense, chegando às quartas-de-final da Taça Brasil. Fundado em 15.11.1945 para abafar uma greve de mineiros da Carbonífera Metropolitana e aproximar empregados e patrões pelo futebol, o Esporte Clube Metropol completou este ano 75 anos de existência.

Foi o clube de maior sucesso entre na década de 1960 em SC. O Metropol elevou o nome da cidade, tornando-a conhecida no Brasil inteiro. O Metropol, até 1959, fora equipe criada para entretenimento dos trabalhadores do carvão nos torneios da Liga Atlética da Região Mineira, entra para a história nos anos 1960 quando, durante uma greve dos mineiros, José Francione, então com 30 anos, decidiu reforçar o time de futebol, aumentar seu poder competitivo e esfriar por quase dez anos movimentos grevistas.

É desta época o carneiro, mascote do time, porque a inconformada torcida adversária, obrigava-se a digerir as derrotas e afirmava que os mineiros-jogadores não passavam de uma carneirada. Essa carneirada, o Esporte Clube Metropol, ao cabo de 466 partidas de toda sua existência, conquistou 265 vitórias, 113 empates e apenas 88 derrotas.

Capitaneado por José Francioni de Freitas (o Dite), filho de Dimício Freitas, mega-empresário da indústria carbonífera, Dite Freitas manteve a hegemonia do futebol catarinense durante toda a década e conseguiu importantes títulos para a cidade e para o Estado. Tinha ao lado Gilberto J. de Oliveira que gerenciava o futebol, contratando os craques (com carteira profissional  e tudo), na condição de mineiros no sub-solo.

Dizem, eu não afirmo, que seu Gilberto costumava lembrar a jogadores displicentes, pouco aplicados, que a continuar assim e com a falta de braços lá no fundo da mina... Durante toda a sua atividade no futebol profissional, que se estendeu até 69, o Metropol foi administrado pelo grupo Freitas/Guglielmi.

Seu Gilberto trabalhou (muito) comigo na Fundação Cultural de Criciúma e dificilmente se verá pessoa mais correta e competente no exercício de qualquer atividade profissional. Ele costumava me dizer:

- Se o senhor permitir vamos fazer aqui na Fundação como seu Diomício fazia comigo. Medidas duras deixa que eu transmito ao pessoal. Eles virão reclamar ao senhor. Diga então como  fazia seu Diomício:

- Vocês conhecem o Gilberto. Ele é um tanto quanto exagerado. Deixem que eu vou ver o que é possível fazer.

Um mordia e o outro assoprava.

Perguntei como conhecera Diomício Freitas. Gilberto era funcionário da VARIG no aeroporto de Florianópolis e sempre se destacava pelo atendimento cortez, fidalgo que dispensava a todos, mas especialmente aos mineradores da região sul catarinense, que conhecia um a um e pelo nome. Houve um dia em que recebeu oferta de trabalho em empresa carbonífera de Criciúma. Ficou nas empresas de Diomício até aposentar-se. No dia do falecimento do garnde capitão de indústria, num apartamento do Hospital São José, apenas eu e seu Gilberto presenciamos a dolorosa e silente morte de Diomício. Dite, chamado às pressas, acabara de sair diante do fato que tudo estava bem.

Apesar de seu desempenho futebolístico, o clube vai terminar quando a sociedade Freitas-Guglielmi que mantinha o time chega ao fim e quando da eliminação para o Botafogo na Taça Brasil de 1968. Naquela época apenas os campeões estaduais disputavam a mais importante competição nacional – a Taça do Brasil – e o Metropol era um campeão irretocável.. A equipe já vencera o Água Verde, campeão paranaense, e o Grêmio, grande heptacampeão gaúcho. No caminho do Metropol encontrava-se agora o fantástico Botafogo, do goleiro Manga, depois Nacional de Montevidéu e Internacional de POA. 3.801

Por Paulo Monteiro 13/06/2020 - 11:09

De onde vem o nome de nossa cidade?

Consultado em 1955 sobre a grafia e significado da palavra Criciúma pelo jornal A Tribuna Criciumense, o professor Moacyr Campos, jornalista, tupinólogo residente em SP, respondeu que Cresciúma, Cressiúma ou Criciúma vêm dar na mesma coisa "demos como definitiva a grafia Criciúma" (...).  "A palavra original é Kyruy-syiuâ (Guasch), ou Quirey-Cy-uá (padre Ruiz de Montoya). Kyruy é delicado, tenro; Syi é liso, Uâ: haste, a vara. Portanto, vara lisa e delicada".

"Criciúma é uma taquara pequena". Padre Teschauer, em seu Novo Dicionário Nacional, diz: "CRIXIUMA s.f. (bot. Chusquea romossima Lindm.). Taquara que reina uma sombra eterna, especialmente se na mata houver crixiuma, bambu anão, extraordinariamente ramoso (...) (Lindmann Loffgren)".

Como se vê, mais uma grafia e nova versão. Crixiuma o extraordinariamente ramoso, de Loffren: Quirey-cy-uâ: frondes ou grande volume de varas finas. (Campos apud Comissão Municipal de Cultura, 1974, p. 11).

Em 6 de janeiro de 1960, quando cheguei a Criciúma para iniciar minha vida profissional, após graduar-me na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná, o Café São Paulo no entorno da Praça Nereu Ramos já era uma lenda. Foi em 1917 que se delineou o perímetro urbano da cidade, criando a rua 6 de janeiro e algumas poucas artérias centrais. Em 1930 o espaço da praça era utilizado para laboriosas, heroicas e violentas disputas futebolísticas e de bola de pau. Entre 1931-1933 o prefeito Cincinato Naspolini tracejou a praça, coisa preservada até hoje.

Animais que pastavam no local eram contidos por cerca de arame redondo. Proprietários dos animais soltos na área acabavam multados. Com o tempo a praça alcançou a forma de quadrado que mantém até hoje. De início havia um pequeno jardim triangular, a Praça da Imigração, depois da Bandeira e o espaço quadrado, Praça Etelvina Cesarina Ferreira da Luz, nome da primeira esposa do governador Hercílio Pedro da Luz. Hoje os dois espaços fundidos formam o calçadão.

Em 3.4.1880, quatro meses depois da data de fundação de Criciúma, Araranguá era município. Criciúma e todo o sul catarinense formavam então, o município de Araranguá. Criciúma, emancipada do município de Araranguá, vem 45 anos após sua fundação, em 4.11.1925. Os territórios dos atuais municípios de Nova Veneza, Içara, Forquilhinha e Balneário Rincão, integravam o município de Criciúma desde 1925.

Desde 1946 toda a Praça tem o nome de Nereu (de Oliveira) Ramos, homenageando o primeiro catarinense a chegar à Presidência da República.

Os fatos históricos mais importantes da história de Criciúma ocorreram em torno de sua praça principal e de seu mais representativo Café.

QUAL ERA A POPULAÇÃO URBANA SUL DE SC 1940?

1940 – Quinze após a emancipação Criciúma tinha 27.7531939 almas total; 2.127 urbana. Laguna contava 8.444 almas, Tubarão 6.759, Araranguá 2.579, Orleans 1.492, Urussanga 633. Em Criciúma 82,5% da população era rurícola.

1943, Cresciúma tem 3 distritos: Cresciúma, Aliatar e Nova Veneza.

1950 - 50.854 habitantes

1960 - 61.975 Criciúma, 4 distritos: Criciúma, Forquilhinha, Içara, Rio Maina.

1970 - 81.451

1980 - 110.597

2000 - 170.420

2020 215.186

Em 1925 data da emancipação de Criciúma, em 9/1 nasce jornal o Estado do Paraná e um ano depois a VARIG voa na Lagoa dos Patos, RS.

Em 6.1.2020 Criciúma, geograficamente localizada em glebas que já pertenceram à Sesmaria Santo Antônio dos Anjos da Laguna, comemorou 140 anos de fundação ou início da sua colonização.

Nos próximos dias vamos reviver o Café, seus personagens e sua história.

Por Henrique Packter 30/05/2020 - 12:20 Atualizado em 02/06/2020 - 17:02

12. Passar álcool na pele dá sensação passageira de frio
Colocando álcool sobre a pele, o calor da área é absorvido, ocorrendo vaporização (passagem do estado líquido para o gasoso). Como temos a saída de calor da área em contato com o álcool, sentimos frescor no local.

13. Tomar bebida alcoólica em dias frios produz sensação de aquecimento do corpo
O álcool é uma substância que promove a vasodilatação de artérias e arteríolas, fazendo com que o sangue flua com mais velocidade pelo corpo, mas ocasiona sensação de calor interno em virtude do aumento do diâmetro dos vasos. Esse calor promove sensação de aquecimento. 3818

14. A água do radiador não congela em dias frios
Essa água não congela porque é misturada a uma substância (como o etilenoglicol) não volátil (que não vaporiza com facilidade), que diminui consideravelmente o ponto de congelamento da água.

15. Em dias frios, sentimos mais dor
A baixa pressão que ocorre no tempo frio causa diminuição da produção de cortisona e adrenalina, hormônios que atuam no controle da dor. Também, as terminações nervosas ficam alteradas com mudanças de pressão, aumentando a percepção de dor. A baixa temperatura pode também estar relacionada com a contração de músculos que ficam próximos a nervos e articulações, aumentando a dor.

16. Tremores – São contração da musculatura de maneira involuntária independentemente da nossa vontade. Essa contração involuntária produz calor.

17. Piloereção (ereção dos pelos) – Os animais apresentam a capacidade de eriçar seus pelos em dias frios, de modo a evitar a perda de calor. Ao eriçar os pelos, cria-se uma camada de ar morno próximo à pele, garantindo a manutenção da temperatura corporal. Nos humanos, também se observa esse mecanismo (arrepio), porém a eficiência é limitada, pois nosso corpo apresenta poucos pelos.

18. Alterações na circulação sanguínea – No frio, as terminações nervosas presentes na pele são capazes de captar a queda de temperatura e garantir mudanças nos vasos capilares. Observa-se na pele a vasoconstrição, isto é, a diminuição do calibre do vaso sanguíneo. Ao diminuir o calibre, ocorre menos perda de calor pelo corpo. Em temperaturas elevadas, observamos o inverso: os vasos ficam dilatados para garantir uma maior perda de calor.

19.Termogênese sem tremores – No frio, as mitocôndrias aumentam sua atividade metabólica de modo a produzir calor em vez de ATP, um processo chamado de termogênese sem tremores. As mitocôndrias são organelas celulares relacionadas com o processo de respiração celular. São muitas vezes referidas como casas de força  das células, pois, por meio do processo de respiração celular, grande quantidade de ATP é gerada. (Adenosine TriPhosphate). Essa molécula constitui a principal forma de energia química, uma vez que ao sofrer o processo de hidrólise (cisão por ação da água), essa molécula libera grande quantidade de energia livre.

20.Destruição da gordura marrom – A gordura marrom é grande e importante fonte de calor. Em humanos é encontrada em maior quantidade em crianças. Nos adultos, é encontrada em menor quantidade, sendo responsável por uma produção de calor inferior quando comparada à das crianças.

Por Henrique Packter 28/05/2020 - 12:15 Atualizado em 02/06/2020 - 17:01

O corpo humano vivo apresenta temperatura normal na faixa de 36,5ºC. A elevação ou redução dessa temperatura pode ter efeitos danosos ao organismo, que possui mecanismos regulatórios  tendentes a evitar esse problema. No frio nosso corpo reage de modo a evitar a hipotermia, que é uma queda da temperatura abaixo de 35ºC.

Como reagimos ao frio e reações ao frio

1. Por gelo sobre machucado ajuda na recuperação
O gelo faz com que veias e artérias dilatadas contraiam-se, o que diminui o fluxo de sangue.

2. Sentimos mais frio quando estamos com febre
Estando  o corpo com temperatura maior que a do ambiente, o corpo cede calor ao ambiente, gerando a sensação de frio.

3. Ao colocar sal no gelo, latas gelam mais rápido

Sal é um soluto que não evapora facilmente. Ao ser misturado com o gelo (H2O sólida), diminui o ponto de fusão, diminuindo a temperatura da água o que favorece o resfriamento da lata.

4. Células reprodutivas são armazenadas no frio
São armazenadas em baixa temperatura para que a viabilidade seja preservada. Com isso, elas podem ser utilizadas até mesmo depois de meses ou anos.

5. Os metais parecem mais frios do que a madeira
Metais são condutores térmicos, e a madeira é isolante. Metais realizam as trocas de calor com mais facilidade, passando a sensação de serem mais frios que outros materiais.

6. Usamos bolsa d'água fria para diminuir as inflamações
Colocar a bolsa d'água na parte do corpo que dói diminui o processo inflamatório por causa da contração dos vasos sanguíneos.

7. Urinamos mais no frio

Com baixas temperaturas, perdemos menos água porque não suamos. Desse modo, urinamos mais. No calor ou quando praticamos atividades físicas intensas, eliminamos o suor, garantindo a nossa perda de calor. Nos dias frios, isso não acontece com tanta intensidade. Como a água não está sendo eliminada por meio do suor, eliminamos mais essa substância pela urina

8. Nas cirurgias dentárias e orais (amigdalectomias) recomenda-se ingerir bebidas/comidas frias
Depois de uma cirurgia, consumimos alimentos gelados porque o frio promove vasoconstrição dos vasos sanguíneos, diminuindo o fluxo de sangue local e, em consequência reduzindo a pressão na região. Isso leva à diminuição da dor e do inchaço.

9. O frio pode matar pessoas/animais
Hipotermia pode matar. Exposição prolongada ao frio (como quando neva na serra catarinense ou quando a pessoa fica mergulhada em lagos gelados), a temperatura do corpo caindo abaixo de 35 ºC pode ser fatal para as pessoas que atingem temperaturas menores que 27 ºC.

10. Certas árvores perdem mais folhas no frio

As árvores que perdem folhas num determinado período são chamadas de decíduas. Havendo menor disponibilidade de água líquida, a perda de folhas nesse período garante maior economia de água para a planta.

11. Quando o dia amanhece frio, carros abastecidos com álcool podem demorar a ligar
O álcool, para entrar em combustão, exige temperatura maior do que a gasolina.  Por isso, em dias frios, as velas de ignição trabalham para produzir temperatura ideal para a combustão do etanol. Além disso, o óleo torna-se mais denso e as reações químicas da bateria ocorrem de forma mais lenta. Continua no sábado 3.188.

Por Henrique Packter 21/05/2020 - 12:18

Rubens Belfort de Mattos Júnior, professor de oftalmologia na USP, descobriu que o Coronavírus pode produzir lesõs indeléveis na retina. Acredita que isso tornará lesões retinianas marcador biológico da doença, um indicador de contaminação pelo novo coronavírus. "Não é só uma doença aguda, um resfriadinho que você tem e, depois de duas semanas, fica bom”.

ESTUDO PIONEIRO MUNDIAL

É o primeiro estudo a identificar alterações neurológicas no olho, associadas à Covid-19.

Pergunta: os danos ocasionados pelo coronavírus nos olhos podem comprometer a visão?

O estudo detectou lesões na retina de pacientes já curados do novo coronavírus. Essas lesões estavam na região do olho onde se formam as imagens. Podem ser irreversíveis e extremamente prejudiciais à visão.

PULMÃO, RIM, PELE, CIRCULAÇÃO, OLHO  

Pesquisas mundiais sobre a Covid-19 revelam que a doença afeta inúmeros órgãos e pode sim, deixar sequelas. Belfort vê as pessoas fazendo esse acompanhamento médico. Vai exigir gasto maior para a saúde pública”.

“ (...) os efeitos da Covid-19 vão além de infecção pulmonar e podem deixar sequelas depois da fase aguda da doença por tempo indeterminado. Covid-19 exige tratamentos simultâneo para diversos órgãos, sistemas e aparelhos do corpo para evitar a morte nos pacientes em estado grave”.

Belfort, tio do célebre lutador, diz “investigamos o olho porque estudos com o zika mostraram que poderia haver alterações desse tipo. Fiz o primeiro trabalho sobre zika no olho e pensei que o coronavírus poderia talvez causar algo semelhante”.

“São alterações na retina (camada interna do olho que transforma a luz em sinais elétricos e forma as imagens). Retina é parte do sistema nervoso central. Observamos lesões em todos os pacientes, mas não detectamos perda da acuidade visual, dos reflexos; nem vimos sinais de inflamação intraocular”.

“ (...) são alterações preocupantes porque podem indicar que o cérebro foi afetado pela Covid-19. O tipo de lesão que identificamos já foi associado em estudos com animais a complicações do sistema nervoso central. Há número crescente de casos com Covid-19 que desenvolvem encefalite, convulsões (sintomas neurológicos)”.

“ (...) casos de conjuntivite em pacientes com Covid-19: conjuntivite é sintoma comum em infecções por vírus, acometendo a camada externa do olho. Pesquisadores chineses observaram multiplicação do coronavírus dentro do olho do doente, alterações da retina no coronavírus, afetando o cérebro. Lesões na retina podem ser sinal da ação do vírus no cérebro”.

“O exame foi realizado (...) por tomografia de coerência ótica (OCT). Paciente sente brilho de luzinha e o médico observa a retina como se ela estivesse sob microscópio.”.

“Belfort publicou na revista Lancet de ciências médicas semanal inglesa, quase bicentenária e mundialmente respeitada, investigação com pacientes de SP, por pesquisadores do Instituto Paulista de Estudos e Pesquisas em Oftalmologia e do Instituto da Visão, da USP. Pesquisador líder, Belfort é presidente da Academia Nacional de Medicina e professor titular da USP.

São 12 casos, mas já estamos com 20 pacientes. Observação de alterações em 12 adultos de 25 a 69 anos, seis homens e seis mulheres, examinados de 11 a 33 dias após o aparecimento dos sintomas da Covid-19. Todos tinham febre, fraqueza e falta de ar, e 11 também perda do olfato. Nenhum quadro grave e dois foram internados em enfermaria. Eram casos menos graves para evitar que as alterações pudessem ser tidas como complicações da hospitalização”.

“Com que frequência na Covid-19 a retina pode sofrer alteração? Não se sabe, mas tomografia de coerência ótica (OCT), pode passar a ser exame importante para Covid-19 quando há suspeita de distúrbios neurológicos”. “Organizo na Academia Nacional de Medicina encontros virtuais com integrantes de academias médicas do mundo. Trocamos conhecimento em reuniões muito produtivas com integrantes da academia chinesa, mas estamos longe de compreender a complexidade da infecção pelo coronavírus”.

Por Henrique Packter 20/05/2020 - 12:15

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CORONAVÍRUS PODE CAUSAR LESÕES NA RETINA PREJUDICANDO SERIAMENTE A VISÃO

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·         Apesar dos números, OMS admite: Suécia é modelo a ser seguido (04/2020)

·         A estratégia adotada pela Suécia (10 milhões 230 mil habitantes), é diferente daquela adotada por seus vizinhos europeus com regras rígidas e lockdown.

·         Agência de Saúde Pública da Suécia recomendou, sem determinar: home office, não viajar, distanciamento social incluindo mesa de restaurante e de escola, proibido aglomerar mais de 50 pessoas, maiores de 70 anos e pessoas com sintomas da doença: fiquem em casa.

·         Maioria dos lares suecos abrigam uma/duas pessoa; também não há cultura de aglomeração e grande parte da população já possuía trabalho flexível; adotar home office não é problema. Não há acúmulo nos transportes públicos.

·         Mesmo sem regras rígidas, suecos mantêm índice de distanciamento social alto. Meme popular no país mostra ponto de ônibus com pessoas separadas antes e durante a pandemia; parece que distanciamento sempre existiu.

·         A Suécia possui (14/5), 28.582 casos confirmados com 3.529 mortes para 10 milhões de habitantes. É o 24º país em incidência do coronavírus (3,52%).

·         Sábado (16/5), Brasil: 15.633 mortes. Eram 14.817 mortes na 6ª-feira (15), ou mais 816 novos casos em 24 horas. Somos o sexto país com mais mortes registradas pela Covid-19. (7,9%), 233.142 casos confirmados, eram 218.223, 6ª-feira (15). Somos 209,5 milhões de pessoas.

·         São Paulo capital (12,2 milhões de habitantes e 45.094 milhões no Estado), tem 61.183 casos e 4.688 mortes: supera a China em óbitos. Cuidado com números absolutos!

·         RJ cidade tem 6.718 milhões de habitantes o Estado tem 17.200 milhões. Os dados são sinistros: 2.247 mortes.

·         Cientistas afirmam que após isolamento vai se seguir nova onda de casos de Covid-19 (04/2020)

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·         ATENÇÃO DESMASCARADOS: tosse sem máscara perdigotos chegam a 6 metros, já os espirros chegam a 8 metros (04/2020).

·         Índia proíbe sem exceções exportar cloroquina (04/2020)

·         CFM estabelece diretrizes para uso da cloroquina (04/2020)

·         Coronavírus persiste em máscaras faciais por mais de 7 dias (4/2020)

·         Governantes histéricos estão quebrando o Brasil (04/2020)

·         Contágio por coronavírus é mais rápido no Brasil, diz Paulo Guedes (03/2020).

·          Coronavírus pode causar lesões na retina (O Globo, 14.5.2020)

Cientistas brasileiros descobriram nova alteração causada pela Covid-19. Algumas pessoas infectadas pelo coronavírus sofrem lesões na retina que podem ser indicadoras de complicações no sistema nervoso central (Rubens Belfort de Mattos Júnior, oftalmologista, professor na USP). (3.052)

Por Henrique Packter 12/05/2020 - 08:07

8) Luz azul causa cegueira: verdade ou mito? Mito, mas tenha cuidado.

Principais problemas de visão e doenças dos olhos que uma exposição sem cuidados ao computador, no dia a dia, pode causar:
    *Cansaço visual, olhos secos ou vermelhos, irritação ocular, cefaleia, ardume;

*Perda gradativa de visão.

*L.E.R  (Lesão por esforço repetitivo)

Tudo isso se deve, principalmente, a dois fatores:

Radiação da luz azul dos computadores afeta diretamente as células da retina e a musculatura ocular. Quando estamos em frente ao computador, piscamos menos, o que resulta no ressecamento dos olhos.

9)Escolha uma tela apropriada

Utilize uma tela com tecnologia antirreflexo. Os modelos atuais (LCD, LED) em sua grande maioria já possuem esse recurso, uns com melhor desempenho que outros. O ideal é evitar a utilização de antigos monitores de CRT (conhecidos como monitores de tubo) que emitem muito mais luz, além de consumirem mais energia, prejudicando a visão e o bolso.

10)Limpeza das telas e lentes
Mantenha lentes dos óculos, lentes de contato e a tela sempre limpos, uma vez que as partículas da poeira podem alcançar os olhos e causar desconforto para a visão. Para limpar a tela do computador, recomenda-se a utilização de flanela que não solte fiapos. Passe-a seca se for para retirada apenas de poeira; umedeça-a com álcool isopropílico para a remoção de manchas de gordura. As lentes dos óculos devem ser higienizadas com água corrente e as lentes de silicone com soro fisiológico.

11) Cores são as melhores amigas das pessoas com baixa visão.

 Temos no Brasil 6,5 milhões de deficientes visuais e 80% deles são portadores de visão subnormal ou baixa visão. Isto significa ter menos de 30% de visão no olho de melhor visão. Em muitos, uso de óculos pouco ou nada ajudam. É uma deficiência não aparente. Enxergando as coisas sem definição e nitidez uma pessoa de baixa visão é capaz de ver uma linha preta sobre fundo branco e uma formiga andando sobre piso branco! Por que? Pelo contraste de cores, pelo volume e pelo movimento. Branco é a ausência de cores, preto é a soma de todas as cores: há uma gama infinita de cores.

 Cores puras ou primárias (amarelo, azul e vermelho) dão origem a todas as outras. Maneira de obter o contraste indispensável para quem tem baixa visão é alterar a tonalidade da cor , acrescentando o preto e o branco. Quanto mais próximo do preto e do branco estiver a cor teremos diferença de tonalidade  e assim o contraste, a cor em tonalidades opostas. Todas as outras cores que existem são provenientes da mistura das cores primárias. Nas calçadas usamos amarelo contrastando com a cor do piso escuro. Piso de uma cor e móveis de cor contrastante auxilia a localizá-los. Portas em cor contrastante com a parede definem onde é a passagem. Faixas amarelas nas bordas de degraus escuros são fotoluminescentes e visíveis no escuro. 

Por Henrique Packter 09/05/2020 - 08:06 Atualizado em 10/05/2020 - 14:07

3) Faça pausas a cada 45-60 minutos

Em uma rotina de atividades frente ao computador, você precisa reservar intervalos para descansar a sua visão. Por isso, faça pequenas pausas de cerca de 5-15 minutos a cada uma hora. Isto vai depender de sua capacidade de leitura, sendo o tempo, portanto, variável e somente conhecido pelo interessado.

Aproveite para levantar, ir ao banheiro, fazer um lanche, telefonar. Faça qualquer coisa útil  ou prazerosa. Qualquer coisa que sirva para tirar os olhos da frente do computador por uns momentos. Mas, não vale ir para a TV ou pegar para ler os livros de Jorge Daros (Padre Estanislau Um Líder Em Seu Tempo ou A Saga Daros).

4) Cuidado com o ar-condicionado

Evite o ressecamento dos olhos: ar-condicionado, ou mesmo ventilador, desidratam os olhos. deixando-os mais vulneráveis a qualquer problema ocular. Quem usa lentes de contato deve ter atenção redobrada, já que as lentes deixam naturalmente os olhos mais secos. Evitar que o ar esteja direcionado para você.

5) Coloque o brilho da tela no automático

Luminosidade é uma das principais causas dos problemas da visão no trabalho. Por isso, configure o brilho da tela do seu computador no automático. Evite a incidência de brilho excessivo sobre a superfície na qual está fixando a visão. Regulando também o contraste você estará garantindo maior legibilidade de textos e imagens em geral.

Com isso, o brilho irá se regular automaticamente de acordo com a luminosidade do ambiente em que utiliza o computador e você não terá desconforto nos olhos. Melhor ainda: trabalhar sempre que possível com luz artificial que será a mesma todo dia. Sem discrepâncias de iluminação, de acordo com  as horas do dia, os olhos sofrerão menos. No caso de ser artificial, é aconselhável utilização simultânea de duas fontes de luz: uma para o ambiente e uma sobre a mesa, de modo a não existir contrastes significativos entre o que está dentro e fora do foco da visão.

6) Corrija o tamanho das fontes

Você não precisa ficar forçando sua visão. Corrija o tamanho das fontes dos textos (deixando-as maiores e legíveis) e aumente o zoom sempre que necessário, para visualizar melhor páginas da internet. Escolher fontes grandes e legíveis, mesmo que a versão final do arquivo precise ser alterada para apresentações ou impressão.

7) Use óculos com proteção UV

A luz ultravioleta (luz azul), também é emitida pela tela dos computadores e é prejudicial à visão. Por isso, certifique-se de que a tecnologia de proteção contra esse tipo de luz está presente nas lentes dos seus óculos de grau, lentes de contato e até mesmo óculos escuros. Acautele-se: há quem forneça lentes de óculos solares (para uso no sol), como se tivessem filtro solar e até cobram por isso. Às vezes, não é verdade que elas tenham essa proteção. Tendo dúvidas pergunte sempre ao seu oftalmologista por ocasião da conferência dos óculos: minhas lentes de grau ou solares têm proteção de filtros? 3.200
 

Por Henrique Packter 07/05/2020 - 13:27

Nesses tempos de COVID-19 as pessoas, ainda reclusas, buscam ocupar-se e até a trabalhar em casa, bem sendo possível. É o tal de home-office que, ao contrário do que pensam certos membros do governo federal, não significa homem oficial.
  
Falando nisso, a saída de Moro a menos de uma semana após a demissão de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde aprofundou a crise no Brasil, já afetada pela covid-19. Crise que só faz piorar. O vírus provocou até hoje, sábado, 2 de maio, 7.218 mortes no país e 239.000 no mundo. Os EUA amargam a perda de 65.605 vidas pelo vírus nesses poucos meses. A guerra de 10 anos EUA x Vietname do Norte produziu 58 mil mortes entre os yankes.

O que os idosos fazem em casa para ocupar-se?

Cliente meu de Sanga da Toca, Araranguá, disse que estava acordando mais cedo, para ficar mais tempo sem fazer nada. Mas, televisão, internet, exercícios físicos e trabalhos domésticos ajudam a preencher o tempo das pessoas. Aprender a lidar e organizar o tempo é essencial. 

O primeiro desconhecido com quem vamos lidar é a gente mesmo o que é também a pior solidão. O bicho homem tem a necessidade de pertencer a grupo social, saber o que se passa em seu redil. A qualidade de vida fica prejudicada em situações diferentes, porque na rotina normal fica-se mais tempo fora de casa. Vamos aprender a ficar no presente, a lidar com o tempo e com a doença. Também vamos aprender a filtrar as informações e o medo de não poder enfrentar todos os problemas, o que gera ansiedade. O computador é o refúgio maior das pessoas com quem tenho conversado. Você sabe como utilizá-lo?

1)Tela do computador deve estar 4 a 5 dedos abaixo da linha dos olhos

Portanto: suba sua cadeira giratoria ou corte os pés de sua mesa. A maioria das dicas centram-se num ponto: não forçar a visão. Pensando nisso, o primeiro cuidado é adequar a tela do computador/monitor à sua visão, deixando-a abaixo da altura dos olhos — sem que se precise levantar ou abaixar a cabeça. Nessa situação, as pálpebras superiores caem um pouco (olhos semicerrados), com exposição menor da superfície ocular, e necessidade de  menor quantidade de lágrimas nos olhos, o que e previne ressecamento ocular.. Por outro lado, se você usa lentes multifocais ou bifocais, nesta posição não precisará elevar a cabeça para poder ler com os graus mais fortes que nestes óculos estão na parte inferior das lentes.

2) Deixe o computador na distância correta

A distância entre os seus olhos e a tela do aparelho é importante para evitar problemas de visão, já que a luminosidade da tela causa desconforto e fadiga ocular.

O ideal é que você coloque o computador à uma distância de 50 a 60 centímetros do seu rosto. Maneira prática de medir essa distância é esticar o braço até  tocar a tela. Mantenha a cabeça e pescoço em posição ereta, com as costas apoiadas na cadeira. Os ombros e braços devem ficar relaxados, com estes últimos em um ângulo de 90°. Verificar se o cotovelo está junto ao corpo. O antebraço, punhos e mãos devem estar em linha reta em relação ao teclado. E quanto aos membros inferiores, os pés devem estar apoiados no chão com os joelhos também em um ângulo de 90º. 3.190
 

Por Henrique Packter 25/04/2020 - 08:26

Mais contribuições do psiquiatra Joacy Casagrande Paulo sobre Fiobo Minatto:

Proprietário de algumas casas alugadas para boates, manda construir lá no Santo Antônio mais uma. As mulheres do bairro ficam sabendo e incendeiam a casa. FIOVO, informado na hora, corre com a gaita mais capa e chapelão, deixa-se fotografar por Zappelini tocando gaita em meio aos escombros fumegantes. O senso artístico de Fiovo Minatto (que se zangava chamado FIOBO) era apurado, impecável.

FIOVO almoçara com a companheirada que já se mandara. A turma esvaziou algumas guampas de canha vindas lá das bandas de Santo Antônio da Patrulha e se fartara com carne de borrego, regabofe roído até mais que branquear os ossos, sem falar na rapadura de açúcar mascavo lá do Maruim. Almoço especial de bueno. Depois haviam se espichado, estirados sobre pelegos, ficando a olhar prá riba, arrotando e peidando.

É quando bate à porta da chácara Sandra Regina na Henrique Lage, um andarilho alemão, faminto. Pede de comer e FIOVO que não era de negar comida a ninguém, ordena macarrão, galinha e feijão com arroz, que surgem como por encanto. Ele, o filho Riquinho e a mulher, ficam admirando o espetáculo de homem faminto esvaziar o prato por três vezes. Duas vezes e meio para ser exato. Da última enchida sobrou quase metade da comida. FIOVO fez cara de quem não estava gostando do que via. O alemão fez menção de levantar-se da cadeira no que foi impedido por FIOVO. Perguntou ao hóspede se não cabia mais nada. Empachado, fez que não, por gestos. O dono da casa com um gesto mais uma palavra (sentadinho!), impede que abandone a mesa. Diz que ele não vai levantar sem limpar o prato. Dá a espingarda a Riquinho, apontada para a testa do apavorado viajante, comandando que atire caso ele queira levantar-se sem esvaziar o prato. O relutante conviva a caro custo dá conta da empreitada. Pálido, suando muito, deixa-se permanecer como morto. FIOVO já encomendara à patroa uma pratada de polenta. Agora o suor aumenta, é grosso e desce em bagas do rosto sobre o prato vazio. Chega a polenta que FIOVO vira sem-cerimoniosamente no prato do alemão, obrigado, sabe-se lá como, a engolir a iguaria. FIOBO arremata a lição de civilidade dizendo que infeliz nenhum tem o direito de vir pedir comida e jogar o resto fora e, tem mais: ia tomar um café para rebater! 

Dia desses, encontro Frederico Minatto na Rádio SOMMAIOR. Conversa vai, conversa vem, pergunto qual é seu parentesco com FIOVO MINATTO. Era meu tio, responde. Morreu quase na miséria, acrescenta.  Gostava de tocar gaita, mas só fingia, tocava quase nada. Frequentava casas de mulheres, em especial a Casa Verde. Ia de taxi, que o esperava à porta até o fim dos folguedos noturnos. Lá dentro, às vezes, com uma adaga perfurava o fole da gaita e a enchia de vinho! De taxi voltava para casa. No dia seguinte, às dez da manhã ia até o Ponto de Taxi acertar a corrida. Pontualmente.

Perguntei de Riquinho. Mora em Florianópolis, respondeu e que pensava em retornar de vez a Criciúma. Mas, era coisa de momento, logo esquecida. ANTONIO ZANETTE observou que FIOVO MINATTO era pessoa de posses e que frequentemente buscava seu pai para troca de informações comerciais.

Por Henrique Packter 23/04/2020 - 12:25

Não tem como estimar a contribuição de JOACY CASAGRANDE PAULO às muitas vertentes de nossa história abrangendo inclusive o Futebol, como atleta e prócer. Dedicando-se à Medicina Psiquiátrica, também cuidou da preservação da cultura de nossa gente, doando com generosidade e desprendimento à cidade e seus cidadãos valorizada propriedade destinada a Museu da Colonização. Doação para ampliar o conhecimento sobre nossa evolução enquanto povo, além de outros aportes.

FIOBO MINATTO FAZ DAS SUAS

JOACY me contava de personagens antigos de nossa história. Lá na Veneza, Arno Amboni demonstrava aos amigos as virtudes de asseio dos sapos, colocando-os na boca, para repugnância de todos. FIOVO MINATTO resolve fazer o mesmo. Gosta tanto que passa a caçá-los, soltando-os dentro de casa para dar sumiço nos insetos. O processo, precursor da moderna dedetização, funcionou tão bem que sua casa passou a ser apontada como modelo de higiene e limpeza, zona livre de mosquitos, moscas e baratas. Um tanto quanto contraditório, se lembrarmos das demonstrações orais com batráquios.

Desafiado por um bamba lá do Rio Morto, FIOVO acaba seriamente ferido à faca e levado ao Hospital São Marcos de Veneza onde é salvo por DINO GORINI. Não saia à rua sem seu chapelão à cabeça, em cuja aba escrevera: LAMPIÃO DO SUL. Capa preta e espingarda alemã 16 à mão, desfilava por aí, montado no Martim, quase sempre com a gaita pendurada às costas e muitas vezes com o cachorro Dodge.

FIOVO residia na Rua Henrique Laje, chácara REGINA HELENA, nome de uma de suas mulheres. Mais tarde os Irmãos Althoff construíram seu famoso e já extinto atacado nesse local.

Luiz Português tinha carro de praça que FIOVO alugava com frequência. Uma vez saiu pela cidade no taxi vendendo os caquis da única árvore desta fruta existente no município e que estava na sua chácara. Ninguém comprou, quem sabia que negócio era aquele? Seria mais uma do FIOVO? Doutra feita saiu sem destino por 16 dias, com Luiz Português pilotando Mercury 46. Gastou 60 contos, o preço daquele automóvel. Inspecionou todas as casas suspeitas do litoral, bebeu todas e acabou retornando sem seu cachorro, até então, inseparável. 15 dias passados, bebia ele sossegadamente no Café São Paulo quando Dodge pula no seu colo na maior alegria.

Tocava (mal) sua gaita à exaustão. Pendurava-a então às costas, os baixos tocando os calcanhares. O som produzido ao caminhar alertava os cães que faziam a guarda da casa, para sua chegada.

O único ponto de taxi da cidade ficava na central Praça Nereu Ramos frente ao estabelecimento do fotógrafo Zappelini. No Ponto trabalhavam o Ghedin (pai do ortopedista Zé Carlos), Luiz Português Ramires (sogro do futuro prefeito de Criciúma José Augusto Hülse), Serafim (sogro do reumatologista Antônio Carlos Althoff e do ortopedista José Carlos Ghedin). FIOVO adorava dar voltas e mais voltas num desses taxis ao redor da Praça Nereu Ramos.

FULVIO NASPOLINI contou-me que FIOVO tantas fez a ponto de sofrer proibição de tocar sua gaita no Café São Paulo. Não se deu por achado: dentro do carro de Luiz Português, estrategicamente estacionado frente ao Café, portas do taxi abertas, danou-se a tocar seu repertório por inteiro.

Por Henrique Packter 16/04/2020 - 13:06

Fábio Silva, amigo pessoal de Otto Feuerschuette, que foi segundo médico em Tubarão e três vezes prefeito da Cidade Azul, em Criciúma Fábio foi proprietário de pequeno prédio que foi hotel, hospital e concentração do glorioso Esporte Clube Metropol. O prédio estava localizado na atual Avenida Centenário, proximidades do Banco Santander. Fábio foi vereador em Criciúma (1926-1928) e nas horas vagas construía a rodovia Florianópolis-Anitápolis onde, em 1930, já abrira 6km. Quando transferiu residência para a Capital do Carvão éramos distrito de Araranguá.  

Fábio projeta-se como comerciante atilado. Em 1925 lá estava ele entre os criciumenses que foram ao governador Antonio Pereira da Silva e Oliveira pedir a emancipação de Criciúma. Foram 8 dias de luta, sobretudo contra o deputado Coronel João Fernandes, ex-prefeito da cidade das Avenidas.

Victor Konder, irmão de Adolpho Konder, seria o próximo governador de SC. Passou a apoiar as reivindicações criciumenses e elaborou Lei de 4.11.1925 criando o município de Criciúma, instalado em 1º.1.1926, um século em breve. Fábio é escolhido como Secretário do Conselho Municipal.

Estrada Anitápolis-Tubarão, via Braço do Norte e Rio Fortuna, foi aberta em 1927 (Pe. Leonir Dall’Alba, pág. 296 de O Vale do Braço do Norte). Para Fábio Silva faltava ligar Anitápolis a Florianópolis..

O Patronato Agrícola de Anitápolis (1918), é obra do governo federal, uma espécie de colônia correcional para jovens transviados do RJ. A primeira turma compunha-se de 200 jovens entre 11 e 18 anos.

O hotel de Anitápolis, de José Goebert (Gato Preto), abrigou 35 oficiais revolucionários por 10 dias antes de transporem a Serra da Garganta.  Estamos falando, claro, de revolucionários de 1930, gente de Getúlio Vargas, que invadira SC. Vitorino Goebert, telegrafista do Patronato, denunciado e preso teve como prêmio terminar o trabalho na Bahia

Fábio Silva levou para a estrada ainda inconclusa 60 civis e 35 soldados da Polícia Militar de SC comandados pelo temível tenente Mira. Entrincheirados na Serra da Garganta ofereceram séria resistência às tropas revolucionárias. O jornal Revolução de 14.10, no seu primeiro número, publicou que tropas comandadas pelo major Camilo Diogo haviam desalojado Fábio Silva e comandados, acrescentando que Fábio mais oito de seus homens haviam morrido na batalha.

Esse seria o único encontro armado e sangrento nos avanços de tropas no sul de SC. A família de Fábio guardou luto ao saber da notícia infausta. Mandou rezar missa e tudo mais que tinha direito, pela alma do finado legalista. Dias depois, ressurge nosso herói, vivo e lampeiro. Teria dito:

-Há um certo exagero nas notícias de minha morte...

Por Henrique Packter 07/04/2020 - 10:09 Atualizado em 07/04/2020 - 10:10

A primeira, Santa Maria, RS, idos de 40

Ao longo de muitas décadas de minha vida enfrentei e derrotei algumas epidemias. Algumas delas passaram insuspeitas e nem sequer contabilizadas foram.

A primeira delas ocorreu no início dos anos 40 em minha cidade natal, Santa Maria, no RS. Residi nesta cidade para concluir o curso científico no Colégio Marista, 1953.

Até onde a memória alcança, minhas lembranças dos meus dois, três anos de idade incluem um gordo avô materno, açougueiro de profissão, precocemente falecido. Bigodes fartos, cabelo escasso, corrente do relógio cruzando o peito largo, presenteou-me com uma nota novinha de 5 mil réis. Na opinião insuspeita de minha mãe eu era a criança mais linda do universo conhecido. Gordinho, risonho, cabelos crespos e louros até os ombros, as poucas fotos que restaram da época são lisonjeiras.

Mais que depressa, naquela manhã de vento norte frio em Santa Maria, corri para a cozinha e seu calor de fogão a lenha chiando e estalando, para fazer um cigarrinho. Como aqueles cigarros de palha que nosso vizinho enrolava e lambia. O tenente Adonaldo, da Travessa Dona Luiza, esquecida via urbana santa-mariense, fundos do colégio Sant’Ana, sem calçada e piso de rolamento sem calçamento. Foram duas ou três baforadas se tanto. Dizem que fiquei enjoado o resto do dia ou da semana, não sei bem, sem mencionar o dolorido beliscão no antebraço, aplicado com justiça por minha mãe. 

Depois, com três anos, morando na mesma casa da rua Dona Luiza, então estranha e desolada região de Santa Maria, um surto de paratifo esvaziaria a rua, normalmente cheia de crianças. Segundo meus pais, os médicos da pacata cidade passaram a revezar-se na modesta residência-padaria, fazendo o que ainda hoje se denomina conferência médica.

Mas, não se entendiam. Alguns inclinavam-se por banhos mornos. A água daqueles tempos era um perigo. Outros discordavam: água, não! Houve quem recomendasse banhos frios. Sabiamente minha mãe decidiu: nada de banho! Passei quase um mês sem banho algum e fiquei curado! Não havia antibióticos na Santa Maria dos anos 40. Os tratamentos eram empíricos e caros e, no intervalo das visitas médicas uma que outra afamada benzedeira também comparecia.

Meus pais eram gente de posses modestas. Endividavam-se com minha doença. Viviam (mal) de pequena padaria alojada no subsolo da moradia. Meu pai levantava às três da madrugada fazia o pão e saia a distribuí-lo, na carroça coberta com lona, puxada por velho pangaré.

Manhãzinha chegando, nossa mãe abria a lojinha e vendia o pão para a vizinhança. Alfaiate vizinho, era pai de futuro colega na FMUFPR, Walter Goetz, depois anestesista em Ponta Grossa. Já o tenente Adonaldo seria pai de outro médico também formado em Curitiba, dez/55 na mesma faculdade, Glênio José Barbosa, cirurgião geral e gineco-obstetra. Glênio nasceu em 1932, Santa Maria, RS, e morreria em 2014, 82 anos, Curitiba. Foi tenente-coronel médico e diretor do Hospital da PM do PR.

Com a possível exceção minha, de Walter Goetz e de Glênio Barboza, o restante das crianças da travessa, engrossaram as alarmantes estatísticas de taxa de mortalidade infantil brasileira.  Ainda lembro de sentar-me na soleira da porta da padaria, pálido, fraco e emagrecido, cabelos compridos, apanhando o sol da convalescença. 3206

Por Henrique Packter 28/03/2020 - 08:37 Atualizado em 28/03/2020 - 08:38

Confirmadas 15 mortes por CORONAVÍRUS em São Paulo e mais três no Rio de Janeiro, sábado 21 de março, João Doria anuncia estado de calamidade pública no estado de São Paulo

Estudo feito pelo Observatório CONID-19 Brasil, apontou que o ritmo da disseminação no país está igual ao da Itália no início do surto. De acordo com a pesquisa, o número de pessoas infectadas dobra a cada 54 horas — o que projeta uma perspectivas sombrias.

Nos últimos dias tenho relembrado leituras de antanho. . Sem dúvidas, a mais lembrada é a A Peste, do franco-argelino Albert Camus vulto maior do pensamento no século 20 e vencedor do Nobel de Literatura.

Camus constrói cenário caótico e sufocante. No entanto, sobretudo na perspectiva do autor, a leitura de desolação absoluta  pode ser feita  como de humana esperança.

Na ficção de Camus, um surto de peste toma a bela e real cidade branca de Orã, banhada pelo Mar Mediterrâneo, na costa da Argélia. Sua população é empurrada para a solidariedade e para tocar a consciência sobre nosso papel como seres humanos. Mesmo que isso respingue num certo egoísmo  comparado por vezes ao tal senso de preservação. Mesmo em nossa realidade atual, frente a essa repentina pandemia, quem ainda não se perguntou como ficarão as coisas?, ou então como posso me precaver para evitar privações que assolarão as pessoas?

FOLHA DE SÃO PAULO X BOLSONARO

A Folha pede isolamento de Bolsonaro para Brasil enfrentar a crise
Jornal afirma que "diante da enormidade do desafio, cujo sucesso será avaliado em vidas e empregos poupados, seria desperdício de tempo preocupar-se com as bizarrices de Bolsonaro". O governador paulista Doria já criticou a falte de liderança que deveria ser exercida pelo presidente, neste momento.

Em editorial publicado na segunda-feira (17), a Folha critica a "atitude estúpida de ir ao encontro de sua diminuta seita de extremistas neste domingo (15)" e afirma que "o melhor, pois, é deixar o ocupante, intelectual e politicamente isolado do Planalto falando e fazendo asneiras sozinho, enquanto os capacitados se incumbem da tarefa monumental".

De acordo com o texto, "Jair Bolsonaro ameaça tornar-se obstáculo à extraordinária coordenação de esforços e recursos necessária para mitigar o impacto que a disseminação do Covid-19 exercerá no sistema de saúde, no bem-estar de dezenas de milhões de brasileiros e na economia, duramente atingida".

O editorial lembra que "o fluxo de informações e decisões necessita ser fluido e ancorado em evidências. Planos de contingência para hipóteses extremas, como o bloqueio de circulação em regiões com vasto contingente populacional, precisam estar delineados em questão de poucos dias".

Outro problema apontado pela Folha é a "enorme parcela dos trabalhadores na informalidade e de desempregados; milhões de famílias poderão ter queda vertiginosa em seu poder de compra. Será preciso garantir a alimentação desses brasileiros"

A Folha reitera em editorial que "diante da enormidade do desafio, cujo sucesso será avaliado em vidas e empregos poupados, seria desperdício de tempo preocupar-se com as bizarrices de Bolsonaro". E pede que ele "permaneça em seu confinamento de fato até que a crise esteja superada. Todos terão a ganhar".3206

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