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* as opiniões expressas neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do 4oito
Por Benito Gorini 23/07/2024 - 07:30

Assistindo ao programa Paesi che Vai sobre os tesouros de Pádua, na Rai International, me ocorreu escrever sobre o Juízo Final. Reginaldo degli Scrovegni,  rico e usurário,  pelas suas más ações foi colocado no sétimo círculo do inferno na fabulosa Divina Comédia de Dante. Na Idade Média o pecado era considerado muito grave, condenando o pecador à danação eterna, conceito que sobre certo aspecto persiste até os nossos dias. Seu filho Enrico construiu uma capela em Pádua e contratou Giotto para decorá-la, uma tentativa de expiar os pecados do pai. Giotto, o primeiro pintor a romper com a tradição medieval de pinturas estáticas, pintou afrescos maravilhosos dando a impressão de profundidade em uma superfície bidimensional. O Juízo Final, no altar da capela, retrata Cristo no paraíso condenando os pecadores e concedendo aos eleitos a bem aventurança eterna.

O Juízo Final, Giotto di Bondone,  1306
Afresco,1 000 x 840 cm, Cappella degli Scrovegni, Pádua

Hieronimus Bosch, no seu famoso tríptico O Jardim das Delícias Terrenas, retrata o paraíso no painel da direita, o julgamento no centro e a condenação dos pecadores no painel da esquerda (direita do espectador). Bosch era um moralista com uma visão pessimista da humanidade, julgando que o ser humano, pelos atos que praticava, estava definitivamente condenado às trevas. Os temas dos quadros de Bosch são alegorias sobre os pecados, as virtudes e a insensatez dos seres humanos. Sua pintura era tão bizarra que elementos fantásticos, demônios, criaturas meio humanas, meio animais, povoavam um ambiente arquitetônico e paisagístico imaginário. Suas obras influenciaram os poetas simbolistas e pintores expressionistas e surrealistas. O perfil psicológico de seus personagens também auxiliou Freud a desenvolver seus conceitos psicanalíticos.

O Jardim das Delícias Terrenas, Tríptico de Hieronimus Bosch, 1504
Óleo sobre Madeira, 220 × 389 cm, Museu do Prado, Madri 

 

A fachada do Duomo de Orvieto - uma transição do românico para o gótico - é uma das mais belas da Europa. Na Capela San Brizio está a obra-prima de Luca Signorelli, uma série de enormes afrescos sobre o apocalipse e o juízo final. A Ascensão dos Justos para o Céu, a Queda dos Condenados no Inferno e a Ressurreição dos Mortos são retratadas. A obra do pintor caracteriza-se por rigoroso estudo anatômico, enfatizando os nus e dando realce à musculatura. Sua precisão certamente revela dissecções em cadáveres, proibidas na época. SIgnorelli participou da decoração das paredes laterais da Capela Sistina juntamente com Botticelli, Perugino, Ghirlandaio, Pinturucchio e Rosselli, contratados pelo papa Sisto IV, que deu origem ao nome da capela.

Condenados ao inferno, parte da obra-prima de Luca Signorelli , 1499-1502
Afresco, 670 cm, Capela de São Brízio, Duomo de Orvieto

Michelangelo se inspirou nos trabalhos de Signorelli para compor o magnífico Juízo Final, trinta anos após concluir o teto da Capela Sistina. Utiliza o mesmo recurso dos pintores que o precederam, colocando Cristo no centro da composição julgando os vivos e os mortos.  No entanto não tem uma visão tão severa e implacável em relação aos condenados. Os eleitos sobem para o céu o os condenados aguardam o barqueiro Caronte que os conduzirá ao inferno. O artigo “Orelhas de Burro, o Juízo Final e Il Braghettone”, sobre o mesmo tema, pode ser acessado. Clique aqui.

O Juízo Final, Michelangelo, 1535-41
Afresco, 13,7 m x 12,2 m, Capela Sistina, Vaticano

 

Por Benito Gorini 16/07/2024 - 07:36

O Brasil é um dos líderes mundiais em acidentes de trânsito. A taxa de mortalidade é muito alta, com 31.174 óbitos em 2023 por acidentes com meios de transporte terrestres. O custo socioeconômico é imenso, com mortes e sequelas incapacitantes acometendo geralmente pessoas em plena atividade laborativa. E o mais grave é que os acidentes ocorrem em sua maioria por desrespeito à legislação de trânsito. Dirigir embriagado, excesso de velocidade, ultrapassagens em locais proibidos, avanço de sinais vermelhos e utilização de celulares ao volante são infrações frequentes com consequências severas. Felizmente a   utilização do cinto de segurança, tão rejeitada inicialmente, já foi incorporada pela grande maioria da população. Dois eventos de grande importância aconteceram em Criciúma.  

O “Maio Amarelo”, iniciativa mundial com o tema central “Paz no trânsito começa por você”, contou com a participação de várias entidades públicas e privadas, com palestras na Satc, blitz educativa na Avenida Centenário e simulação de um acidente automobilístico com vítimas, sendo uma fatal.  O realismo da apresentação impressionou o enorme público presente no Parque das Nações, composto principalmente por jovens.


Entidades voluntárias que participaram do Maio Amarelo

Em junho foi realizada a palestra “Educando para o Trânsito”, na SIPAT do Bairro da Juventude. 400 jovens acompanharam a apresentação audiovisual, com programação abrangente. André Marcelino, Murialdo Romancini e Almir Fernandes apresentaram dados, imagens e vídeos impressionantes sobre acidentes de trânsito e suas consequências, como mortes e graves sequelas, a imensa maioria causados por falha humana. A plateia - composta por jovens entre 14 e 18 anos - participou ativamente com muitas perguntas sobre legislação, infrações e normas para obtenção da CNH. Alguns assuntos despertaram bastante interesse, como a direção sem habilitação, uso do celular ao volante e a utilização de bebidas alcoólicas. 

A palestra “Educando para o Trânsito” no Auditório do Bairro da Juventude I  

Crédito: Equipe Bairro da Juventude 



 

Os palestrantes Murialdo Romancini, André Marcelino e Almir Fernandes

E a Semana Nacional do Trânsito em setembro se aproxima. Extensa programação já está sendo desenvolvida pelos vários órgãos ligados ao trânsito. E toda a equipe da  Transmed -  Centro de Avaliação de Condutores –  coloca-se à disposição dos organizadores de tão importante evento. 

 

Por Benito Gorini 02/07/2024 - 10:19 Atualizado em 02/07/2024 - 11:31

Na última quinta-feira tivemos o lançamento do livro “QUEM tem MEDO da CULTURA”, de Edson Busch Machado. O autor é descrito na orelha do livro como “artista irrequieto, curador independente, gestor atuante e controverso, crítico visceral, articulador, provocador, comunicador, professor aloprado, viajante, curioso, operário da cultura, colono social”. Pode parecer um exagero, mas tivemos a oportunidade de comprovar quase tudo em longo e agradável papo em petit-comité logo após a sessão de autógrafos. A composição do livro, de forma não cronológica, permite aos leitores selecionarem os assuntos de maior interesse no sumário, tornando a leitura leve e agradável.

Conversamos bastante sobre Joinville, onde Edson e o famoso irmão Juarez Machado moraram muitos anos.  Exerci por quatro anos atividades profissionais na Clínica Sadalla Amin Ghanen  e relembramos de eventos, fatos e pessoas da época. Enfim, um excelente livro para ser curtido não só como fruição, mas principalmente como aprimoramento cultural.


Duo Cerqueira-Alexandre

Na abertura do lançamento do livro de Edson Busch Machado tivemos o excelente concerto Encanto e Graciosidade. No programa obras dos compositores clássicos  Schubert, Bruni, Fuchs e dos populares Carlos Gardel e Astor Piazzolla. O violinista Josenir Alves Cerqueira Júnior está concluindo o mestrado em música performance na West Texas A & M University, nos Estados Unidos. O violista Jaison Alexandre de Oliveira é graduado no Curso de Bacharelado em Música da Udesc. Muito interessante a apresentação do Duo, com informações sobre cada música e seu autor. Me fez lembrar dos Concertos para a Juventude da Ospa no Salão de Atos da Urgs, O formato educativo da iniciativa deveria ser seguido por outros produtores de eventos, principalmente os relacionados à música erudita, mais difícil de ser compreendida. O maestro Luiz Fernando São Thiago também tem realizado o mesmo conceito nos vários concertos da Camerata di Venezia. Por isso, como bem diz Edson Machado, NÃO devemos ter MEDO DA CULTURA.
 

Por Benito Gorini 25/06/2024 - 06:15

     Os nossos antepassados emigraram para o Brasil em situação de grave penúria, motivados pela grande instabilidade política, religiosa e econômica.  As lutas pela unificação da Itália, a perda do poder temporal da igreja, a industrialização e o desemprego, com o consequente empobrecimento da população, foram importantes fatores da imigração, principalmente no norte da Itália, situado no meio do teatro de operações do conflito contra o império austro-húngaro. Aqui, I nostri antenati enfrentaram toda a sorte de problemas, transformando-se em autênticos desbravadores. Com a força de seus braços, a criatividade e a ousadia empresarial, forneceram o arcabouço para o enorme crescimento econômico e material de nossa região. A gastronomia, as danças folclóricas e o canto coral contribuíram sobremaneira na preservação das tradições.

Este importante legado, no entanto, não se fez acompanhar do desejado desenvolvimento de atividades artísticas mais elaboradas, em virtude das limitadas condições socioculturais da maioria de nossos colonizadores.  Esta   falta   de harmonia no crescimento de nossa cidade persiste até hoje, caracterizada pela supremacia de valores transitórios e superficiais em detrimento de formas mais elevadas do pensamento humano que caracterizam a evolução de uma sociedade.

 Este fato ficou bem evidenciado no grande evento realizado na Acic na semana passada por ocasião da comemoração dos  80 anos da entidade. O Auditório Jayme Antônio Zanatta estava lotado durante o desenrolar das atividades previstas no protocolo, como depoimentos, discursos, vídeos institucionais, etc. No início da brilhante apresentação da Camerata di Venezia a plateia começou a encolher. No final do concerto, pelo menos metade do público havia deixado o local. Infelizmente tenho observado que a frequência a atividades culturais tem diminuído acentuadamente.  Talvez muitos prefiram conferir o que ocorreu acessando o YouTube ou acompanhando os comentários nas redes sociais. 

 Como contamos com apenas 9 anos de existência do Cultura Acic tenho esperança em uma maior participação da comunidade, principalmente   em 2025, com uma ótima programação para comemorar os 10 anos do projeto.

Aliás, na próxima quinta-feira às 20h teremos o concerto do Duo Cerqueira-Alexandre e na sequência o lançamento do livro “QUEM tem MEDO da CULTURA” de Edson Busch Machado, com distribuição gratuita e sessão de autógrafos. Eventos imperdíveis.

Música: Encanto e Graciosidade, Concerto do Duo Cerqueira-Alexandre às 20h da próxima quinta-feira na ACIC    I     Fonte: Instagram:@duocerqueira.alexandre

Lançamento do livro QUEM tem MEDO da CULTURA, de Edson Machado     I   Foto encaminhada pelo auto
Por Benito Gorini 18/06/2024 - 06:34

Há poucos dias li um interessante artigo na BBC que descrevia o tempo como mera ilusão, após a comprovação da Teoria da Relatividade Geral de Einstein. Mas deixando as elucubrações científicas e filosóficas de lado, o tempo é bem real para o comum dos mortais. Carlos Gardel e Alfredo Le Pera compuseram Volver, em 1934. Um trecho da letra do brasileiro Le Pera já demonstrava preocupação com a inexorável passagem do tempo: “Volver, con la frente marchita las nieves del tiempo platearon mi sien; sentir que es um soplo la vida, que veinte años nos es nada”. E talvez tenha sido até uma premonição, pois Gardel e Le Pera faleceram no ano seguinte em um acidente aéreo em Medellin na Colombia.   Lá se vão 90 anos do famoso tango. E embora o tempo passe da mesma forma para todos, a sensação para muitos é que ele passa mais rapidamente, principalmente para os que têm mais passado que futuro.

 Mas toda essa conversa relacionada ao tempo e à música é só uma introdução para um evento muito importante: os 80 anos da ACIC, instituição com grande participação no progresso e pujança de Criciúma.  As ilustres personalidades de nossa região que já comandaram a entidade estão retratadas em quadros expostos no hall principal.  Na Galeria de Arte serão exibidos oito painéis, com textos do professor e historiador Alcides Goulart Filho e da jornalista e assessora de comunicação da ACIC Deize Felisberto.  Cada painel relata uma década de relevantes acontecimentos que guardam relação com a associação empresarial. 

Particularmente tenho uma dívida de gratidão com o ex-presidente César Smielevski e sua grande visão de futuro, que percebeu a importância de envolver a entidade - primordialmente dedicada a atividades econômicas - com educação e cultura, formas de elevar o nível da cidade e situá-la em melhor posição no ranking do IDH, importante indicador da qualidade de vida. Moacir Dagostin e Valcir Zanette, que o sucederam na presidência, continuaram a apoiar a iniciativa, sendo a única entidade empresarial do estado a contar com um projeto e   espaço cultural.
E hoje teremos no Auditório Jayme Zanatta o recital da Camerata di Venezia, sob a competente regência do maestro Luiz Fernando São Thiago. No programa um repertório variado, com músicas clássicas mas também um approach mais moderno, como Hey Jude e The best of Queen, agradando a todos os gostos. E no próximo ano os integrantes do Cultura ACIC - Iara Gaidzinski, Salete Budni Milanesi, Julita Volpato Gomes e Benito Gorini Borges - estarão programando grandes eventos, como comemoração aos dez anos do Projeto.   

 

Por Benito Gorini 11/06/2024 - 06:36

Procurando material para a exposição “Acic 80 anos” – que ocorrerá na próxima semana na sede da entidade – aproveitei para selecionar alguns livros para releitura. Entre eles   “Crônicas”, de Gundo Steiner, um compêndio de textos publicados entre 1965 e 2000, selecionados pelo autor e revisados por Nei Manique.  

No dia 19 de setembro de 2003 muita felicidade por comemorar os meus 50 anos junto aos familiares. Mas, ao mesmo tempo, grande tristeza pelo falecimento de Gundo Steiner, aos 60 anos de idade. Brilhante advogado de nossa cidade, era natural de Forquilhinha,  que gerou – entre outros -  eminentes personalidades do nosso país, como os irmãos Dom Paulo Evaristo e Zilda Arns, por sinal parentes de Gundo. Destacou-se em diversas atividades e setores do conhecimento humano, como atleta, poeta, escritor, presidente da OAB de Criciúma e primeiro Presidente da Academia Criciumense de Letras, entre outros. Tive a honra e o prazer de conviver com Gundo nos encontros semanais no Restaurante Don Nilton, dos saudosos Nilton Gaidzinski e esposa. Embora não fizesse parte do seu seleto grupo de amizades, eu me considerava um amigo, pela gentileza e respeito com que recebia um aspirante às letras. Sempre me convidava para sentar à sua mesa com um asseyez vous, embora creio que preferisse o idioma alemão, utilizado em muitos artigos do seu livro.  Os elogios de alguém já consagrado nos meios literários aos meus artigos nos extintos Jornal da Manhã e Tribuna do Dia, me incentivavam, mas, ao mesmo tempo, exigiam um cuidado redobrado, pois Gundo, com sua maior experiência, também sabia ser crítico. Por mais de uma vez sugeriu o meu ingresso na ACLe. Argumentei que me sentia muito honrado com o convite, mas que não me julgava merecedor porque até então não havia escrito nenhum livro. Ele contra argumentava dizendo que este detalhe não era uma condição sine qua non para a admissão na academia.  Mas o tempo foi passando até a triste notícia de sua morte. Pensei então em me candidatar a sua vaga na ACLe, com a grande honra que teria em substituir figura de tamanha envergadura. Mas os acadêmicos preferiram um outro candidato e eu recusei convites futuros. O que pretendia era ingressar na cadeira 12, deixada vaga por Gundo. Como não foi possível, esqueci do assunto. Mas continuo a escrever, esperando que lá do alto me venha a inspiração para bons textos. Como os artigos produzidos por Gundo nas suas “Crônicas” obra de refinado humor e boutades inteligentes, que já acabei de reler. 

 Capa do livro Crônicas, de Gundo Steiner     I    Crédito: Tadeu D´Agostin e Doris Becke Machado Freitas
Contracapa do livro Crônica, de Gundo Steiner, com texto de Sérgio da Costa Ramos    I    Crédito: Tadeu D´Agostin e Doris Becke Machado Freita
Por Benito Gorini 04/06/2024 - 06:55

O desastre de proporções bíblicas que se abateu sobre o estado do Rio Grande do Sul vem corroborar o que os ambientalistas já falam há muito tempo. Medidas urgentes são necessárias, mas poderosos interesses de fortes economias poluidoras retardam todo o processo. Muitos negacionistas afirmam que o planeta já experimentou ciclos de resfriamento e aquecimento, o que é verdade.  No entanto, os estudiosos do assunto informam que desequilíbrios extremos de temperatura, como fortes ondas de frio ou calor, estão ocorrendo muito rapidamente e têm relação com o aquecimento global.   

A UNESCO relacionou as geleiras que fazem parte do Patrimônio Natural da Humanidade e que vão desaparecer em 30 anos caso não sejam revertidas as políticas climáticas.  A Internet aceita tudo em todas as áreas do conhecimento humano. As opiniões e comentários sem embasamento científico proliferam nas redes sociais, pródigas em fake news.  Por isso temos que pesquisar e avaliar o que foi postado e nada melhor do que uma experiência pessoal sobre o assunto. Tive a oportunidade de conhecer bem os Alpes em viagens de trem, ônibus, carro ou moto, e posso afirmar com certeza que as geleiras estão diminuindo assustadoramente e modificando as paisagens alpinas. A Geleira do Ródano, ao lado do Passo Furka, uma das estradas mais bonitas da Suíça, está com uma cobertura de lona branca para reduzir o derretimento do gelo. 

Rhonegletscher, a Geleira do Ródano. A cobertura plástica reduz o derretimento em torno de 70%    l   Vídeo: Mazinho Rocha

Na Geleira Morteratsch, próxima a St. Moritz e ao lado de uma estação de trem do famoso Bernina Express, placas foram colocadas informando o recuo do gelo de acordo com o ano. 

Mas o efeito mais notável se encontra na Geleira Pasterze, a maior dos  Alpes do leste. No início do século XX a geleira ocupava todo o espaço, quase ao nível do mirante Kaiser Franz Joseph Höhe. Hoje a geleira recuou e perdeu grande parte de sua cobertura, permanecendo no fundo do vale. O local é um dos maiores destinos turísticos da Áustria, com magnífica visão do Grossglockner, a montanha mais alta do país com 3.797 m. 

O belvedere Francisco José, com hotel, restaurante, museu e funicular descendo até a Geleira Pasterze l Foto : Arquivo Pessoal
A Geleira Pasterze, na base da montanha.  I   Foto : Arquivo Pessoal

Na Itália há pouco tempo uma avalanche com 11 mortos atingiu a Marmolada, a montanha mais alta das Dolomitas, na bela região entre o Vêneto e o Trentino.  As altas temperaturas causaram o destacamento de um “serac”, um enorme bloco de gelo. No nosso Giro Alpino passamos por Canazei, ao lado da Marmolada. E em Bolzano, bem próximo, a temperatura era de 42°C.
Nos Alpes não é mais possível esquiar em muitos locais em que  a neve ocorria com frequência. E infelizmente a situação tende a piorar, mesmo se medidas forem tomadas agora para minimizar as consequências do efeito estufa. 

Por Benito Gorini 28/05/2024 - 06:04 Atualizado em 28/05/2024 - 08:16

O Brasil é um dos líderes mundiais em acidentes de trânsito. A taxa de mortalidade é muito alta, com 31.174 óbitos em 2023 por acidentes com meios de transporte terrestres. O custo socioeconômico é imenso, com mortes e sequelas incapacitantes acometendo geralmente pessoas em plena atividade laborativa.

E o mais grave é que os acidentes ocorrem em sua maioria por desrespeito às normas de trânsito. Dirigir embriagado, excesso de velocidade, ultrapassagens em locais proibidos, avanço de sinais vermelhos e utilização de celulares ao volante são infrações frequentes com consequências severas.

Felizmente, a utilização do cinto de segurança, tão rejeitada inicialmente, já foi incorporada pela grande maioria da população.

Eu e meu colega, o Dr Anilton Antonelli, operamos dezenas de casos de perfurações dos globos oculares causados por colisões, às vezes em baixa velocidade. Lembro de um caso de um condutor que perdeu a visão de um olho e permaneceu apenas com percepção de vultos no outro olho. E ele estava a 40 km/h.

Por isso merece todo o nosso reconhecimento aos voluntários que realizaram a campanha “Maio Amarelo”, iniciativa mundial com o tema central “Paz no trânsito começa por você”. Várias entidades públicas e privadas participaram do evento, com palestras na Satc, blitz educativa na Avenida Centenário e uma simulação muito realista de um acidente automobilístico com vítimas, sendo uma fatal.

Almir Fernandes - que presta importante voluntariado em diversas ações sociais em parceria com uma grande equipe multi-institucional - me revelou que pelo menos 34 entidades poderiam participar de um programa mais abrangente, talvez de periodicidade mensal. E contando com tantos colaboradores seria muito fácil o planejamento de palestras educativas junto às escolas. E os meses de maio e setembro (semana nacional do trânsito) ficariam reservados para atividades mais abrangentes. Podem contar com a colaboração dos 14 médicos-peritos do Centro de Avaliação de Condutores-Transmed.

Entidades voluntárias que participaram do “Maio Amarelo”

Simulação de acidente de trânsito I Equipe de voluntários do Maio Amarelo:

Por Benito Gorini 21/05/2024 - 06:03

Que falta nos faz o Papa João XXIII. No Jubileu do Ano 2000, visitando a Basílica de São Pedro, eu fazia comentários a um grupo de brasileiros sobre os Papas e o que eles colaboraram na construção da enorme basílica. Notei que um senhor nos observava.

Quando o grupo se dispersou ele se aproximou e ficou curioso sobre os comentários que eu havia feito. Ele estava aposentado como funcionário do Vaticano e havia trabalhado para seis papas. Falou sobre o severo e conservador Pio XII, o bondoso João XXIII, o culto e reservado Paulo VI e o papa sorriso João Paulo I. Não fez muitos comentários sobre João Paulo II, o papa em exercício.

Eu havia lido o livro “Em Nome de Deus”, em que o escritor britânico David Yallop descreve um complô envolvendo o Monsenhor Marcinkus, do IOR – Istituto per le Opere di Religione, o Banco do Vaticano - Roberto Calvi, do Banco Ambrosiano, Michele Sindona, da Máfia e Lício Gelli, da Loja Maçônica P2.

Perguntei sobre o livro e a morte suspeita do papa João Paulo I. “Non si può parlare”, foi a sucinta resposta. Mas rasgou elogios ao papa João XXIII, segundo ele o melhor de todos. Em 1962, no incidente da Baía dos Porcos em Cuba, o papa foi fundamental na mediação entre Kennedy e Kruschev, evitando o que poderia ter sido uma guerra nuclear.

E na encíclica “Pacem in Terris” demonstrou todo o seu pacifismo e amor pela humanidade, oferecendo sugestões sobre desarmamento e fraternidade entre os povos. Mas os inúmeros conflitos, como a guerra entre a Rússia e a Ucrânia e Israel e os Palestinos, mostram que seus belos ensinamentos não foram ouvidos, preponderando o “si vis pacem para bellum”, a máxima seguida à risca pelos estados armamentistas.

No nosso país, no desastre que se abateu sobre os nossos vizinhos e irmãos gaúchos, ao invés de se buscar a conciliação e a união na tentativa de mitigar o sofrimento e desespero de milhares de pessoas, o discurso de ódio produzido por grupos ideológicos de extrema esquerda e direita nas redes sociais nos enche de repulsa e indignação. Como já dizia Aristóteles, “o sábio não diz tudo o que pensa mas pensa sobre tudo o que diz”.

Os idiotas, ao contrário, não pensam sobre o que dizem, espalhando fake news e comentários abomináveis, típicos de indivíduos de baixa estatura moral.

O corpo de João XXIII foi transladado do Grotto, no subsolo do Vaticano, para o interior da basílica por ocasião da canonização do papa I Crédito : Wikipedia/Basílica de São Pedro

Interessante é a coincidência de Ângelo Roncalli (João XXIII) e Albino Luciani (João Paulo I) serem naturais de cidades intimamente ligadas à imigração italiana para a nossa região. Roncalli nasceu em Sotto il Monte, na província de Bérgamo, e Luciani em Canale d’Agordo (denominada Forno di Canale até 1964), na província de Belluno. Luciani foi padre em Belluno e bispo em Vittorio Veneto, cidade irmã de Criciúma. O pai de Albino Luciani, embora não tenha emigrado, foi obrigado a trabalhar na Suíça para poder sustentar sua família. Cidades do Vêneto e da Lombardia forneceram o principal contingente de imigrantes para o sul-catarinense. Além disso, ambos os papas foram Patriarcas de Veneza.

Por Benito Gorini 30/11/2023 - 06:28

4 de maio de 1949. Um avião, proveniente de Lisboa com escala em Barcelona, chocou-se contra a Basílica de Superga, numa colina próxima de Turim. A bordo jogadores do Torino, dirigentes, jornalistas, além da tripulação. Todos morreram.  O Torino Football Club era o maior time europeu da época. Tetracampeão nacional, estava liderando a competição em 1949. Faltavam quatro jogos e a equipe teve que jogar com os juvenis. Os adversários, em respeito ao grande rival, também escalaram suas equipes de base. O Torino sagrou-se pentacampeão. No acidente faleceu Valentino Mazzola, capitão da equipe e craque da seleção italiana. O Grande Torino chegou a ter dez titulares na Squadra Azzurra em 1947,  porém    nunca mais recuperou a antiga glória e ainda viu o seu principal adversário, a Juventus, conquistar vários títulos italianos.  Como curiosidade, o ítalo-brasileiro José João Altafini, conhecido como Mazola no Brasil por sua semelhança com o craque italiano, foi campeão mundial em 1958 e disputou a copa de 1962 pela Itália. Jogou no Milan, Napoli e encerrou sua carreira na Itália jogando pela Juve, “La Vecchia Signora”. Com 85 anos vive em Alessandria, cidade próxima a Turim.

Reportagem da RedeTv  sobre o acidente com o time do Torino

6 de fevereiro de 1958. Das 44 pessoas a bordo, 23 perderam a vida. Nevava em Munique mas o piloto resolveu desafiar as péssimas condições climáticas e tentou decolar. Não conseguiu, derrapando na pista, atravessando uma cerca e explodindo ao atingir um caminhão tanque. Sobreviveram nove  dos 17 atletas do Manchester United e dois não voltaram a jogar em consequência das várias lesões sofridas.  Entre os sete que continuaram jogando estava Bobby Charlton, capitão do “English Team” em 1966, no único título conquistado pela Inglaterra. Sir Robert Charlton é considerado um dos maiores jogadores de todos os tempos e faleceu recentemente, em 21 de outubro aos 86 anos. 

Reportagem do Globo Esporte sobre o acidente com o time do Manchester United, os “Diabos Vermelhos”   I  Crédito: globoesporte (tvzoieira)

29 de novembro de 2016. Há exatos sete anos ocorria o acidente com o time da Chapecoense. O avião da LaMia, empresa boliviana, fez escala em Santa Cruz de la Sierra a caminho de Medellin, onde a equipe faria o primeiro jogo da final contra o Atlético Nacional. No entanto, sem combustível, o avião não conseguiu chegar ao destino. Morreram 71 pessoas, entre jogadores, comissão técnica, jornalistas e tripulação. Sobreviveram dois tripulantes, o jornalista Rafael Henzen e os jogadores Neto, Jackson Follmann e Alan Ruschel, o único que voltou a jogar. A Chape conquistou o Campeonato Catarinense em 2017 e 2020 mas só o futuro dirá se terá o destino do Torino ou do Manchester United, guardadas as devidas proporções.

Reportagem italiana sobre os desastres aéreos envolvendo times de futebol. Além dos três supracitados, os acidentes com o The Strongest, o Alianza de Lima e a seleção de Zâmbia    I   Crédito : TG2000

Por Benito Gorini 23/11/2023 - 06:32

Comemora-se a 24 de junho o dia de São João Batista. A data tem relação com o solstício de verão no hemisfério norte, ou seja, o sol encontra-se sobre o trópico de câncer, com dias longos e noites curtas nas altas latitudes da Europa. Neste dia grandes festas eram realizadas pelos povos pagãos e enormes fogueiras eram acesas para comemorar o poder do sol. A tetralogia “As Brumas de Avalon”, da escritora Marion Zimmer Bradley, narra a saga do rei Arthur e descreve as fogueiras de Beltane, em homenagem ao deus Sol. Com a posterior invasão romana e a cristianização da Grã-Bretanha, as manifestações pagãs e os poder dos druidas foram sendo exterminados. A religião católica incorporou as datas das festas pagãs, que eram baseadas em eventos astronômicos, para elaborar seu próprio calendário. O equinócio da primavera no hemisfério norte, comemorado nos dia 23 de março, foi adaptado para a determinação da data da Páscoa. O dia 25 de dezembro corresponde ao fim do solstício de inverno no hemisfério norte, ou seja, o sol estava sobre o Trópico de Capricórnio, no sul, no seu ponto mais afastado em relação ao hemisfério setentrional. A data era comemorada com grandes festas pelos povos pagãos e o evento foi incorporado pela religião católica. Hinos eram cantados nas igrejas e um deles, em particular, foi muito importante na história da música, graças ao monge beneditino Guido Monaco, mais conhecido como Guido d´Arezzo, que utilizou as sílabas iniciais (acróstico) de um hino gregoriano a São João para designar as notas musicais. As principais obras de Guido são Micrologus, na qual expõe seus métodos de ensino, e De Ignoto Cantu, um tratado sobre o canto não educado, com uma cáustica introdução na qual afirma que “os homens mais ignorantes do nosso tempo são os cantores”. Guido d´Arezzo colocou as notas numa pauta de quatro linhas, precursoras do atual pentagrama, que eram cantadas pelos monges na missa do dia dedicado ao santo:

  • UT queant laxis,
  • REsonare fibris,
  • MIra gestorum,
  • FAmuli tuorum,
  • SOLve polluti,
  • LAbii reatum,
  • Sancte Ioannes

(Para que possam com voz clara teus feitos admiráveis os teus fâmulos exaltar, retira-lhes toda a impureza dos lábios, ó São João).

Monumento em homenagem a Guido Monaco em uma praça de Arezzo I Fonte: visititaly.com

O sistema do monge d´Arezzo, em que todas as notas tinham a mesma duração era muito limitado, tendo sido aperfeiçoado no século XIII. O “UT”, que ainda se conserva em alguns países, foi substituído pelo DÓ na Itália por razões de solfejo. Em notações modernas também se utilizam as sete primeiras letras do alfabeto para designar as notas musicais (A,B,C,D,E,F,G correspondem ao Lá, Si, Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, respectivamente).

O famoso ciclo “A Lenda da Verdadeira Cruz”, de Piero della Francesca, na Cappella Bacci, também conhecida como capela maior, na Basílica de São Francisco em Arezzo. A cidade aparece no canto superior esquerdo. Fonte: discoverarezzo.com

Nossa cidade vinha se destacando na arte do canto. Nos Festivais Internacionais de Corais de Criciúma, que não se realizam há alguns anos, tínhamos a oportunidade de retificar a afirmação do frade beneditino, comprovando que o canto evoluiu de forma magistral através do tempo, exigindo persistência, conhecimento e grande treinamento dos cantores.

Por Benito Gorini 09/11/2023 - 06:36 Atualizado em 09/11/2023 - 13:10

Com o ritmo alucinante da vida nos dias atuais, onde a maioria dos contatos nas redes sociais são rápidos, breves, superficiais e desprovidos de análise e qualidade, os acontecimentos cotidianos são rapidamente esquecidos. Creio que é o caso de Paulo Alberto Moretzsohn Monteiro de Barros e também do escultor Paulo de Siqueira, assunto de um futuro blog. Paulo Alberto adotou o pseudônimo de Artur da Távola e foi professor, advogado, jornalista, escritor e político carioca. Foi eleito deputado estadual em 1962 mas teve seus direitos cassados e exilou-se na Bolívia e Chile. Retornando ao Brasil participou da fundação do PSDB, tendo sido eleito deputado  federal e senador pelo Rio de Janeiro.

Foi colunista nos jornais Última Hora, O Globo e O Dia e escreveu 23 livros, alguns prefaciados por artistas e jornalistas famosos como Fernanda Montenegro, Carlos Vereza, Beth Faria e Pedro Bial. Távola foi um dos grandes oradores do Senado onde foi líder no governo Fernando Henrique Cardoso. Apresentava o programa “Quem tem medo da música clássica ?” na TV da instituição, onde demonstrava sua paixão e conhecimento da música erudita. Sempre encerrava o programa com uma frase: 

"Música é vida interior e quem tem vida interior jamais padecerá de solidão"

 Abertura do programa “A Música Erudita e seus Mestres” da Rádio Senado

Comentários de Artur da Távola sobre a música sacra de Mozart no programa “Quem tem medo da Música Clássica”, da TV Senado. O Kyrie Eleison da Grande Missa é o ponto culminante, principalmente o solo da soprano Arleen Auger

Eu era um espectador assíduo do seu programa, onde o autor narrava com brilhantismo as obras-primas dos grandes compositores da música clássica.  Artur da Távola tinha predileção pelas Quatro Estações de Vivaldi. Faleceu em maio de 2008 aos 72 anos.

Em 16 de junho de 2007 foi inaugurado na Tijuca o “Centro da Música Carioca Artur da Távola”, dedicado à memória, criação e pesquisa da música carioca em todas as suas manifestações.

Por Benito Gorini 02/11/2023 - 07:22

Retornamos de uma viagem à Europa há pouco tempo e tivemos a oportunidade de conhecer um dos lugares mais fantásticos da Áustria, o Franz Josef Höhe. Chega-se a ele pela Estrada Alpina do Grossglockner, uma das mais icônicas rodovias de montanha do mundo.  No local encontra-se um complexo turístico com museus, lojas e restaurantes, além do observatório Swarovski, construído pela famosa empresa austríaca de cristais. Um funicular descendo a montanha permite o acesso à Geleira Pasterze, a maior dos alpes do leste e que sofreu grande redução do tamanho pelo aquecimento global. Do terraço em frente ao complexo podemos admirar o Grossglockner, o ponto culminante do país com 3.870 m.  Visitamos os museus do automóvel, das motos e várias salas documentando toda a história da construção da estrada a partir de uma antiga trilha medieval transalpina. Nas salas ouvia-se música clássica e em uma delas uma bem apropriada, “No Topo”, trecho da Sinfonia Alpina de Richard Strauss com predominância dos metais.  Lembrei do nosso Parque Astronômico Albert Einstein, que recebe novos equipamentos esta semana.  Os visitantes poderiam observar os astros ou participar das atividades enquanto ouvem trechos selecionadas de músicas, como a Suíte Orquestral “Os Planetas”, do compositor inglês Gustav Holst, com sete movimentos principais:

Marte, o Mensageiro da Guerra;
Vênus, a Mensageira da Paz;
Mercúrio, o Mensageiro Alado;
Júpiter, o Mensageiro da Alegria;
Saturno, o Mensageiro da Velhice;
Urano, o Mágico;
Netuno, o Místico. 

Outras obras interessantes seriam Sonata ao Luar, de Beethoven, Clair de Lune, de Debussy, Sagração da Primavera, de Stravinsky, As Quatro Estações, de Vivaldi e a sinfonia Titã, de Mahler.    E obras mais recentes como The Dark Side of the Moon, do Pink Floyd, Planeta Água, de Guilherme Arantes e Sun is Shining, com Bob Marley. Apesar de todas as maravilhas do mundo –música, artes em geral, paisagens fantásticas- parece que estamos revivendo as trevas de eras passadas.  E seria muito apropriado ouvirmos “Saturn”, de Stevie Wonder, a sabedoria do Mensageiro da Velhice em contraponto aos conturbados e irracionais tempos comandados pelo Mensageiro da Guerra:  

“We have come here many times before
To find your strategy to peace is war
Killing helpless men, women and children
That don't even know what they're dying for
We can't trust you when you take a stand
With a gun and bible in your hand
And the cold expression on your face
Saying give us what we want or we'll destroy”

E como sugestão para se aprofundar no fascinante universo da astronomia o livro e a série Cosmos, de Carl Sagan, e a versão moderna com seu aluno Neil de Grasse Tyson.

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Por Benito Gorini 26/10/2023 - 05:49

Uma caminhada de duas horas nos transportará do local da execução de Luís XVI, Maria Antonieta, Danton e Robespierre, a Place de la Concorde, à Opera Garnier , cenário de grandes espetáculos do Bel Canto. No centro da magnífica praça encontra-se o Obelisco de Luxor, com 3200 anos de idade. Duas fontes barrocas, semelhantes às da Praça São Pedro, em Roma, e oito estátuas simbolizando cidades francesas, conferem harmonia à praça. Do local tem-se uma bela vista da avenida Champs-Elysées, Jardim das Tulherias, Madeleine e, na outra margem do sena, da Assembléia Nacional e Torre Eiffel.

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Os Jardins das Tulherias, com o obelisco da Place de la Concorde e o Arco do Triunfo no final da Avenida Champs Élysées
A Place de la Concorde, com a Torre Eiffel ao fundo

Deixando a praça pela Rue Royale, chega-se à Madeleine, igreja em estilo neoclássico, semelhante aos templos gregos. Atrás da igreja fica a célebre Fauchon, paraíso gastronômico, onde Jaqueline Kennedy encomendava produtos para suas festas na Casa Branca. Pelo Boulevares de la Madeleine e Capucines chega-se ao Olympia, a mais antiga casa de espetáculos de Paris ainda em atividade. Retornando um pouco, pela  Rue de Capucines, adentramos a luxuosa Place Vêndome, com joalherias famosas como Cartier, Rolex, Boucheron, Piaget e, é claro, o suntuoso Hotel Ritz, de onde saíram Lady Di e Dodi al Fayed e vieram a falecer poucos minutos após, no terrível acidente no túnel de Alma, ao lado do embarcadouro dos Bateaux Mouches.  No centro da praça, no alto de uma coluna construída com o bronze derretido dos canhões apreendidos na Batalha de Austerlitz, ergue-se a majestosa estátua de Napoleão Bonaparte.

A Place de la Concorde com a Madeleine ao fundo

 

A Place Vêndome, com a coluna de Napoleão e o Hotel Ritz

Pela Rue de la Paix retornamos ao Boulevard des Capucines, passando em frente do requintado e caro Café de la Paix.  Mais alguns passos e, voilá, a Opera Garnier, o magnífico teatro que testemunhou maravilhas do canto lírico como Renata Tebaldi, Maria Callas, Beniamino Gigli e Caruso.  E atrás do teatro encontram-se as Galerias Lafayette, uma das maiores lojas de departamentos do mundo.

Café de La Paix, ao lado da Ópera Garnier
A fachada da Ópera Garnier, construída pelo imperador Napoleão III
O interior da Ópera Garnier
A cúpula das Galerias Lafayette

Sugestões

  • Paris é uma Festa, de Ernest Hemingway
  • Place Vêndome, filme com Catherine Deneuve
  • O Cisne, do Carnaval dos Animais  de Camille Saint-Saens, organista da Madeleine
  • O Fantasma da Ópera, livro de Gaston Leroux e musical da Broadway
  • Elis Regina cantando Samba da Benção no Olympia
Por Benito Gorini 19/10/2023 - 06:00

As termas são conhecidas desde a antiguidade, como bem demonstram as ruínas das Termas de Caracalla em Roma e as Termas do Fórum em Pompeia. O auge das estações termais e de repouso ocorreu no século XIX, celebrizando diversas cidades europeias. St.Moritz, na Suíça, famosa pelas curas milagrosas de suas águas e Davos, pela excelência de seu clima frio e seco, atraíam os portadores de doenças osteo-articulares e pulmonares, na tentativa de mitigar seus sofrimentos. Baden-Baden, na Alemanha, atraía as cabeças coroadas e a aristocracia do século passado em busca das águas curativas e de seu magnífico cassino. A cidade orgulhava-se de suas termas, alardeando o poder de “torná-lo 5 anos mais jovem e alguns quilos mais leve”.

Muito interessante é a visita às cidades austríacas de Hallstatt e Bad-Ischl, nas proximidades de Salzburgo, a terra natal de Mozart. A região é internacionalmente conhecida pelas suas minas de sal do VI século a.C., as mais antigas do mundo. O sal era extremamente valioso por ser o melhor método de conservar os alimentos, sendo a origem do termo salário. A qualidade das fontes termais sobreviveu ao declínio das minas de sal por algum tempo. O grand-mond da época frequentava suas águas mas a Revolução Francesa e as Guerras Napoleônicas causaram um empobrecimento da nobreza. Além disso, a posterior descoberta de antibióticos, quimioterápicos, anti-inflamatórios, insulina e os enormes avanços da medicina no diagnóstico e tratamento das doenças acabaram ocasionando uma grande queda na procura pelas termas como opção paliativa ao alívio dos sintomas. Mas ainda é uma experiência única relaxar em uma estação termal após um exaustivo dia de visitas às inúmeras atrações turísticas da Europa. Ou então mergulhar nas tépidas águas de um resort depois de um cansativo giro de moto pelos fantásticos passos alpinos, como fizemos nos Bagni Vecchi em Bormio, da época do Império Romano (clique aqui se quiser acompanhar o artigo “O Milagre das Mãos). Mas não precisamos ir tão longe para desfrutar desta grande experiência sensorial. O estado de Santa Catarina é pródigo em fontes termais e uma delas, Gravatal, fica ao nosso lado.

As Termas de Caracalla em Baden-Baden I Crédito: travelcircus.de
Amigos do Giro Alpino I nos Bagni Vecchi em Bormio

DESTAQUES

O Heidi-Bernina Express, trem transalpino que passa em St. Moritz e Davos
As minas de sal e fontes termais das proximidades de Salzburgo
As termas e o cassino de Baden-Baden

O Bernina Express chegando ao teleférico da Estação Diavolezza I Crédito: Powderhounds
Hallstat. A mina de sal está aberta a visitações

SUGESTÕES

Sissi, trilogia com Romy Schneider
A Montanha Mágica, romance de Thomas Mann
A música de Brahms, assíduo frequentador de Bad-Ischl e Baden-Baden

Por Benito Gorini 05/10/2023 - 05:43

No artigo da semana anterior, “As Maravilhas do Giro Alpino III”, relatamos os três primeiros dias de viagem de moto e carro pelos passos alpinos (clique aqui para conferir). No quarto dia percorremos o Sella Ronda, como é conhecido o roteiro pelos Passos Pordoi, Campolongo, Gardena e Sella, com o magnífico panorama das Dolomitas como pano de fundo. O percurso circular começa por Canazei. Subimos em direção ao Pordoi e enfrentamos um grande congestionamento, causado por um ônibus de turismo que subia lentamente pelas fechadas curvas do passo. Parecia a Serra do Rio do Rastro nos finais de semana. As motos foram ultrapassando mas eu e o Celso, que estávamos de carro, sofremos para chegar ao ponto mais alto, onde se localiza o teleférico que leva ao Saas Pordoi, um pico com 2.950 m e com grande afluxo turístico. Descemos em direção a Arabba e viramos à esquerda para Corvara, passando pelo Passo Campolongo (seguindo reto chega-se ao Passo Falzarego e em seguida Cortina d´Ampezzo). Corvara in Badia é uma das mais belas cidades das Dolomitas, porta de entrada para o Passo Gardena, por onde passamos em direção ao Passo Sella e o retorno a Canazei.

Keka, Márcio e Celso, os Irmãos Menezes nos passos alpinos I Foto: Giro Alpino III

Corvara, bela cidade das dolomitas I Crédito: Mazinho Rocha

O espetacular Passo Gardena I Crédito: Beto Rizzotto

O nosso destino final foi Limone sul Garda, após passar pelo estreito e isolado Passo Manghen, Borgo Valsugana, Lago di Caldonazzo, Trento e Riva del Garda.

O grupo em Limone sul Garda I Foto: Giro Alpino III

No quinto dia os destaques foram as magníficas paisagens da Strada della Forra, Terrassa del Brivido e Tignale, no alto da montanha. Descendo chegamos à Gardesana Ocidentale, estrada que margeia o Lago di Garda e passamos por Toscolano Maderno, com um serviço de ferry-boat que a conecta com Torre di Benaco, no outro lado do lago. Mas seguimos direto para Sirmione, a “Pérola do Lago”, o maior destino turístico da região. E no caminho para Riva di Solto paramos para compras no Franciacorta Outlet, para agradar as esposas e obter alvará para o próximo giro, em junho de 2024 nos alpes franceses e suíços. Franciacorta é uma região da Lombardia próxima a Brescia com o melhor espumante da Itália, produzido pelo método “champenoise”, o mesmo utilizado na região de Champagne, na França. E pouco conhecido no Brasil em virtude de não ter uma grande produção, sendo o mercado europeu o destino principal.

O Lago di Garda, visto da Terrassa del Brivido I Crédito: Celso Menezes

Márcio, Gelson e Tiago no Hotel Miranda, em Riva di Solto, com o Lago d´Iseo ao fundo I Foto: Giro Alpino III

E no último dia o retorno a Milão, com devolução das motos e retorno ao Brasil. Os irmãos Menezes e o Tiago ficaram mais dois dias e visitaram o Museo da Ferrari.

Tiago e Márcio, pilotando uma Ferrari I Foto: Giro Alpino III

 

Por Benito Gorini 28/09/2023 - 07:30

Em 2016 um grupo de amigos organizou o giro de moto pelos alpes italianos, suíços e pelas montanhas que acompanham o vale do Reno, a Floresta Negra do lado Alemão e os Vosges na França. Apesar de estarmos no final de junho, início do verão europeu, e das paisagens magníficas, não tivemos muita sorte. Choveu o tempo todo com muito frio e neve nas montanhas. Toda a preparação e os equipamentos utilizados não foram suficientes para enfrentar dias seguidos de chuva e temperaturas abaixo de zero. Mas nos dois giros seguintes, na mesma época do ano, tudo mudou: sol e calor o tempo todo, com neve só nos passos alpinos.

Swiss Alps Tour no Passo dello Spluga – Junho de 2016
Amigos do Giro Alpino I em Limone sul Garda – Junho 2018
Os parceiros do Giro Alpino II no Grimsel Pass – Junho 2019

E agora no início de setembro fizemos o Giro Alpino III, organizado em parceria com a Linktur Turismo. Tempo bom, neve só no topo das montanhas mais altas.

Retiramos as motos em Milão e seguimos margeando o Lago de Como por vários túneis, até Tirano, onde tem início o Bernina Express, um dos melhores passeios de trem dos Alpes, com destino a St. Moritz, Davos ou Chur, a capital do maior cantão da Suíça, o Graubunden (Grisões em português). Seguimos pelo Passo del Bernina até Livigno, cidade livre de impostos e sempre repleta de turistas em busca de mercadorias a bom preço. Continuamos pelos passos Eira e Foscagno e nos hospedamos em Bormio, local dos Bagni Vecchi, termas da época do Império Romano.

Túneis ao lado do Lago de Como

Bagni Vecchi em Bormio, no Giro Alpino I

No dia seguinte subimos os 2.757 m do icônico Stelvio, o mais alto da Itália, com 88 curvas fechadas (tornanti em italiano). O passo, muito utilizado pelo Giro d´Italia, é um local de encontro de ciclistas, que chegam extenuados após enfrentarem a forte subida e as desafiadoras curvas. E na descida eles ultrapassam muitos carros e alguns motociclistas menos habilidosos. Continuamos pela medieval cidade de Glorenza, seguindo pelo Passo Resia, Innsbruck e Passo Gerlos até o hotel em Fusch.

O fantástico Passo dello Stelvio, o mais alto da Itália com suas 88 curvas I Crédito: Carlos Salvalaggio

O grupo do Giro Alpino III no lago artificial do Passo di Resia

No terceiro dia percorremos a Estrada Alpina Grossglockner (Grossglockner Hochalpenstrasse, em alemão), o mais alto passo asfaltado da Áustria e também a maior montanha, com 3.797 m de altitude. No Franz Josef Hohe, grande centro turístico com restaurantes, lojas e o Mirante Swarovski, encontra-se um museu de carros e motos. Descemos a montanha e almoçamos em Lienz, onde deixei a moto com problemas eletrônicos (as BMW também quebram). Felizmente os irmãos Menezes estavam com um carro de apoio e segui viagem com o Celso, amigo e colega de profissão. Conversamos muito sobre Criciúma e lembramos de antigas histórias, muitas impublicáveis. Até chegarmos ao nosso hotel em Canazei passamos por Cortina d’Ampezzo e os passos Giau e Fedaia, local de cenas do filme Italian Job.

O acesso ao Edelweiss sptize, o ponto mais alto da Estrada Alpina do Grossglockner I Crédito: Mazinho Rocha

Na semana que vem, continuação da viagem.

Por Benito Gorini 21/09/2023 - 08:18 Atualizado em 21/09/2023 - 13:14

Um grupo de amigos motociclistas integrantes do Giro Alpino III chegou há uma semana de uma viagem pelos Alpes da Itália, Suíça e Áustria. Antes do início do roteiro com as motos uma parte do grupo assistiu o GP de F1 em Monza enquanto outro preferiu visitar Cinque Terre, ambos ótimos programas. Embora sendo um entusiasta da F1 preferi conhecer a maravilhosa Cinque Terre, menos conhecida que a Costa Amalfitana mas de idêntica beleza. Como o próprio nome indica são 5 pequenos vilarejos na região da Ligúria. Deixamos o carro em Sestri Levante  - bela cidade com duas baías que lembram Zimbros e Mariscal - e nos dirigimos de trem para Monterosso al Mare. Em seguida visitamos Vernazza - a mais bonita, com o Castello Doria no topo da colina - e Riomaggiore. O trem regional é a melhor maneira de se conhecer Cinque Terre. O “Cinque Terre Treno MS Card” passe válido por 1 dia com viagens ilimitadas custa 18,20 euros. O trem para em todas as estações e no percurso podemos contemplar a paisagem deslumbrante nos espaços abertos entre os diversos túneis. Continuamos o passeio de barco até Manarola e retornamos de trem para Sestri Levante no final da tarde. Não visitamos Corniglia, o único vilarejo que não fica à beira mar. No outro dia atravessamos os Apeninos por estradas sinuosas e participamos do “Festival del Prosciutto” em Langhirano, pequena cidade próxima a Parma e célebre pela qualidade de seus produtos. O Museu da Ferrari em Maranello fechou com chave de ouro a programação do dia, antes do retorno à Milão.

E na segunda-feira iniciou o giro de 6 dias pelos alpes, com paisagens fantásticas. Mas isso é assunto para o próximo artigo.

Dicas

  • Levanto e La Spezia, importante porto italiano, são bons locais de hospedagem e estão incluídos no passe de trem
  • Fique no lado direito do trem se estiver indo para o sul e do lado esquerdo no sentido contrário, para aproveitar a paisagem
  • Experimente o Sciacchetrà, famoso vinho licoroso produzido com as uvas que crescem nas íngremes colinas de Cinque Terre
  • O Passeio de barco entre Riomaggiore e Manarola custa 8 euros
Mapa de Cinque Terre I Fonte: cinqueterre.eu.com
Com os amigos Mazinho, Carlos e Beto em Vernazza
Divisa entre a Liguria e a Emilia Romagna nos Apeninos. O interessante é a diferença do asfalto, de boa qualidade na Liguria. Mas as colinas da Emilia Romagna são muito mais bonitas
A “Cittadella del Prosciutto di Parma” em Langhirano
Beto pilotando uma Ferrari

 

Por Benito Gorini 17/08/2023 - 09:31 Atualizado em 17/08/2023 - 09:41

A Holanda é um país inovador, à frente de seu tempo em muitos aspectos. Há poucos dias, o portal G1 mencionava a inexistência de cães de rua em Amsterdam, graças a um programa conjunto do governo e instituições de proteção aos animais. E segundo a matéria, o projeto existe há mais de 100 anos. E isso não é novidade. Mauricio de Nassau, nos 7 anos como governador-geral da colônia holandesa, no Nordeste brasileiro, introduziu grandes aperfeiçoamentos, melhorando as normas de higiene, incentivando o desenvolvimento científico e artístico e garantindo a liberdade religiosa. Aliás, o Museu Mauritshuis, em Haia, com importante acervo de arte, foi construído por ele. Pude comprovar na prática o pioneirismo do holandeses em uma viagem pela Europa no ano 2000.  Depois de visitar o Louvre e o Uffizi onde adquiri reproduções e slides de obras-primas dos grandes pintores, me dirigi ao Rijksmuseum, em Amsterdam. Comprei uma reprodução da ”Ronda Noturna”, de Rembrandt  e perguntei sobre a coleção de slides do museu. Me informaram que não existia. Argumentei que havia comprado em Paris e Florença e que estava surpreso por não encontrar em um museu tão conceituado. O atendente me olhou com ar superior e respondeu simplesmente: “old fashioned”. Realmente, os holandeses já estavam utilizando tecnologias que ainda não existiam ou eram incipientes em outros países. E ele tinha razão. Hoje as minhas reproduções estão guardadas no sótão e os slides e o projetor (os mais jovens não devem nem saber o que é isso) em um armário. Quem sabe um dia sirvam para uma apresentação “vintage”. Afinal, os discos de vinil não fazem sucesso hoje? 

Reprodução da “Ronda Noturna”, obra-prima de Rembrandt adquirida no Rijksmuseum I Foto: Acervo pessoal
 
O Rijksmuseum em Amsterdam I Foto: Arquivo pessoal

 

O Museu Uffizi em Florença I Foto: Arquivo pessoal
A Pirâmide de Pei, no Louvre I Foto: Arquivo pessoal

 

Por Benito Gorini 10/08/2023 - 16:19 Atualizado em 10/08/2023 - 16:25

No artigo “A Calúnia”,  sobre Rossini (clique aqui para conferir) fiz referência à Basílica de Santa Croce, onde ocorreu um fato interessante com Henri-Marie Beyle, mais conhecido pelo pseudônimo de Stendhal, um dos maiores romancistas franceses autor de “O Vermelho e o Negro”, “A Cartuxa de Parma” e “Napoleão”. Bonapartista convicto, participou das campanhas napoleônicas na Itália em 1797-98 e auxiliou as tropas francesas na fracassada invasão da Rússia em 1812. Com a queda de Napoleão na Batalha de Waterloo em 1815, exilou-se em Milão onde permaneceu muitos anos, tendo a oportunidade de viajar pela Itália. Ao visitar a Basílica de Santa Croce foi acometido de um “ataque de nervos”. Stendhal descreveu os sintomas: “Eu caí numa espécie de êxtase, ao pensar na ideia de estar em Florença, próximo aos grandes homens cujos túmulos eu tinha visto. Absorto na contemplação da beleza sublime, cheguei ao ponto em que uma pessoa enfrenta sensações celestiais. Tudo falava tão vividamente à minha alma.  Eu senti palpitações no coração, o que em Berlim chamam de 'nervos'. A vida foi sugada de mim. Eu caminhava com medo de cair.” O evento passou a ser conhecido como “Síndrome de Stendhal” e afeta os turistas todos os anos. Esse fenômeno bizarro faz com que as pessoas que visitam Florença sofram forte estresse psicológico ao se sentirem impressionadas com a abundância de obras de arte da cidade. Mas isso só acontece com uma ínfima parcela dos que visitam a cidade. A maioria só deseja conhecer os principais pontos turísticos, registrar tudo em fotos e selfies e se deliciar com as opções enogastronômicas da cidade, como a bisteca à fiorentina e um bom vinho toscano. E como sobremesa mergulhar o popular cantuccini em vin santo. 

Cantuccini em Vin Santo em uma tratoria em Florença I Foto: Arquivo pessoal

Mas se sentir os sintomas da síndrome, basta procurar os serviços médicos do “Ospedale di Santa Maria Nuova”, no centro histórico de Florença. O hospital, inaugurado em 1288 pelo banqueiro Folco Portinari, pai de Beatriz, a musa de Dante, é um dos   mais antigos do mundo ainda em atividade. 

Em Florença, até o hospital é uma obra de arte I Fonte: firenzetoday.it

 

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