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O abominável homem das neves: o início de viagem para ser esquecida

Chatô em Florianópolis tenta alcançar o RS (1930)
Por Henrique Packter 05/10/2020 - 12:05

Já vimos que o jornalista Assis Chateaubriand embarcou a 3.10.1930 no RJ, noventa anos atrás,  em hidroavião da empresa Condor, pilotado por dois aviadores alemães, com destino a POA para se juntar às tropas revolucionárias comandadas por Getúlio Vargas e Góis Monteiro. Marchava o RS rumo ao RJ para derrubar o governo do presidente Washington Luís. A viagem de Chatô teria duração de poucas horas com escala prevista em Florianópolis. O terrível mau tempo, as chuvas incessantes e a revolução em marcha interrompem o voo na capital catarinense, onde Chatô soube que sua prisão fora decretada pelo governado Fúlvio Aducci, leal ao governo federal. Chatô procura Nereu Ramos (que estava em POA) e depois Henrique Rupp Jr.

Rupp  oferece refúgio em sítio seu, próximo a Florianópolis, coisa que CHATÔ recusa. Só aceita solução que o leve a POA. Então, de Florianópolis viajaria de carro a Bom Retiro (3 horas e meia), Dali a cavalo pelos altos da Serra do Mar a Urubici (37 km) e, sempre a cavalo, até São Joaquim (61 km). Onze horas de noite escura, CHATÔ mais motorista são embarcados por Rupp rumo a Bom Retiro. CHATÔ vestia batina negra.

Dois carros participam da fuga. Num dos carros vão motorista desarmado e CHATÔ. No carro de trás 3 homens armados davam proteção. Faltando 15 minutos para a meia-noite Rupp entrega 3 cartas a CHATÔ. Uma delas para Gerôncio Thibes  em Bom Retiro que forneceria meios para que alcançasse São Joaquim. A segunda e terceira  para João e Antônio Palma e ao farmacêutico Hilário Blayer,  todos conspiradores da Aliança Liberal,  liderada por Vargas.

Batina  sobre o terno, nas mãos  capa e chapéu, começa a viagem debaixo de chuva que  enlameava a estrada. O motorista para  o carro e coloca correntes nas rodas. O mesmo fez o carro de segurança 5 km atrás. Perto das 3 horas da manhã próximos a Bom Retiro dois troncos atravessados na estrada impedem a passagem do     carro. Era tosco posto policial, guardado por dois soldados armados de fuzil. Eles indagam se poderiam dar notícia do jornalista Assis Chateaubriand  cuja prisão fora decretada pelo governador. Teriam cruzado com algum veículo suspeito? CHATÔ pediu para ler o telegrama assinado por Marinho Lobo , chefe de polícia. Documento lido, CHATÔ denuncia o carro de segurança como possível viatura que estaria dando fuga ao jornalista. Passam a correr pela estrada estreita e sinuosa, parando adiante para derrubar o poste de telégrafo que foi atravessado na estrada com o fio   cortado. Chegam em Bom Retiro então vilazinha de meia dúzia de casas, igreja protestante, hospedaria, botequim e farmácia.. Acordam morador que os atende, lamparina numa das mãos, fuzil na outra. Dá o endereço de Gerôncio Thibes, morador numa chácara.

Hóspede de Thibes em Bom Retiro

Apresentada e lida a carta de Rupp Júnior, Chatô queima as cartas de apresentação de Rupp para São Joaquim,  mais a batina. 

Thibes explica que a trilha entre Urubici e São Joaquim fora destruída pelas chuvas incessantes. Precisava usar caminho alternativo, duas vezes mais longo, para São Joaquim. Melhor, aconselhou, era sair de Bom Retiro a cavalo até Canoa e Urupema. A cavalo porque a essa altura o carro utilizado já fora identificado pelos legalistas. Dormiria em Urupema seguindo até Painel onde atravessaria o rio e a serra do Lava-Tudo, só então chegando a São Joaquim

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