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Henrique Dauro Martignago no Café São Paulo

Por Henrique Packter 11/08/2020 - 10:10

Em 28.10.2010 DAURO presenteou-me com o livro CRICIÚMA: EVOLUÇÃO E SUCESSO. Trata-se de narrativa autobiográfica relatada  à filha Gabriela Gorini Martignago Coral, ex-juíza de Direito, autora da obra.

Quando trata da colonização italiana, a partir da página 35, Dauro descreve a ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM CRICIÚMA embora sem demorar-se em datar dados relativos a este aspecto político. Cita o cemitério da cidade que se situava no mesmo local onde, mais tarde, Abílio Paulo construiria  o prédio do  Café São Paulo. Ponto de encontro e de decisões históricas desde a década de 30, o Café São Paulo fecha as portas em 5.9.2007. O edifício Filhinho foi construído em 1946, e é um dos exemplares originais arquitetônicos da época que mais preservam sua característica, hoje referência na cidade.

Localizado na esquina das ruas 6 de janeiro e Conselheiro João Zanette, antes da construção do edifício, o Café São Paulo já existia desde a década de 1920 numa casa no mesmo local, há mais de 80 anos. Propriedade de Henrique Lodetti, este a vendeu para Abílio Paulo, que decidiu pela demolição da casa e construção do edifício Filhinho. O Café São Paulo se manteve no local, ocupando o andar térreo.

Num dos andares superiores, em agosto de 1947, foi instalada central com 50 aparelhos para instalação da primeira rede telefônica em Criciúma. No outro andar, logo após o término da construção, nasceu a Rádio Eldorado. As atividades da rádio acontecem nos altos do Café São Paulo até 1955, quando, adquirida por Diomício Freitas foi transferida para o edifício São Joaquim.

Os cafés São Paulo e Rio eram locais de encontro diário dos trabalhadores, comerciantes, juízes, médicos, advogados, engenheiros e recém-chegados à cidade. Era ali que notícias e informações se espalhavam, e ali, na Praça Nereu Ramos e nos prédios do entorno, todo o processo de expansão, de articulação de apropriação e de identificação acontecem. Desnecessário falar da importância do núcleo inicial de uma cidade e seu processo de desenvolvimento. No centro da cidade está sua primeira área urbana, e é através dela que surgem suas primeiras manifestações históricas, sociais, culturais, políticas, atividades de encontro, lazer, espaços de contemplação.

CONTOS DO VIGÁRIO

A cidade sempre teve seus vigaristas. Alguns executavam golpes mais elaborados, outros eram simples assaltantes. Talvez o mais célebre desses vigaristas tenha sido o Doutorzinho responsável por várias façanhas, sobretudo logo após o movimento militar de 1964. Aproveitando-se do temor da população daqueles dias, apavorada  pelos vizinhos sumidos na calada das noites, levados para prisão, submetidos a  interrogatórios, Doutorzinho geralmente usava fardas militares de coronel fazendo-se acompanhar por cúmplice, um major ou capitão fictício.

Trajados dessa maneira assaltaram seu Teixeira, gerente local da Força e Luz criciumense. Dauro descreve o assalto noturno à casa do idoso cidadão. Divorciado, por questões de repartição dos bens não tinha propriedades imóveis em seu nome, somente moedas estrangeiras rentáveis e joias,  no cofre da moradia. Coronel Doutorzinho é recebido pelo dono da casa, arma em punho. Consegue dissuadi-lo e Teixeira guarda a arma, chama a segunda esposa de sobrenome Gaidzinski para auxiliá-lo. Os militares queriam ver os dólares, supostamente falsificados e que escondia em casa para levá-los à delegacia de polícia onde seriam examinados pelo delegado Helvídio de Castro Veloso Filho. Embarcam no jipe militar de onde Teixeira é arrojado quando se achavam longe da cidade, proximidades de Maracajá. Os ladrões levaram consigo duas fronhas de travesseiro repletas de dólares americanos.   

Segundo Dauro os fatos foram comemorados pelo baixo, médio e alto submundo da cidade no Café São Paulo (pág. 83). Um dos comparsas teria comentado a respeito do assalto ao gerente da Força Elétrica:

- Cobrou em quilowatts e perdeu em quilates!

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