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* as opiniões expressas neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do 4oito
Por Henrique Packter 29/11/2022 - 08:45 Atualizado em 29/11/2022 - 08:48

Como todo mundo sabe, sou graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná em 1959. Já falei de vários colegas meus, entre eles, ZILDA ARNS, WALDYR MENDES ARCOVERDE (ministro da Saúde do Presidente Figueiredo), AFONSO ANTONIUK (professor de Neurocirurgia da FMUFPR), CORIOLANO CALDAS SILVEIRA DA MOTA (professor de Clínica de Doenças Infecciosas e de Higiene  e Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de SC; Livre Docente, depois professor titular de Higiene, Medicina Preventiva e Medicina do Trabalho, cadeira que foi subdividida em 3 outras: Epidemiologia, Medicina Preventiva e Medicina do Trabalho todas elas sob sua direção na FMUFPR, em Curitiba), LINO LIMA LENZ (professor de Urologia da UNI-RIO), além de outros sobre os quais falarei se oportunidade houver. De todos esses citados colegas apenas Antoniuk vive.

Há também outros colegas de outras turmas com os quais convivíamos e que adquiriram grande notoriedade dentro e fora de nosso país. Alguns deles eram originários de cidades próximas a Criciúma. Local de sociabilidade fácil era o DIRETÓRIO ACADÊMICO NILO CAIRO (DANC) na rua Monsenhor Celso, Curitiba. Além de ter bela quadra de basquete dotada de iluminação para jogos noturnos, o DANC era palco de animadas e concorridas reuniões dançantes, dispondo para isso de um conjunto o RITMOS MEDICINA, composto por seis colegas, sendo três de nossa turma: Carlos Roberto Roquete Lima (Betão, pianista) e os ritmistas Sebastião Farajala Bacila e Aramis Cavichiolo. Todos são falecidos.

Além disso, o DANC fornecia almoço e jantar para estudantes de Medicina, Odontologia e Farmácia. Comida limpa, gostosa, caseira, a preços módicos, sob a batuta de seu João, sequelado de AVC, locomovendo-se com a característica marcha ceifante desses pacientes.

Entre 1954 e 1959, anos em que fui aluno do curso de Medicina na federal do PR, utilizei-me do DANC, que servia refeições a um número limitado de colegas, em seu endereço, centro de Curitiba. Obviamente, chegava-se para a refeição e, em geral, todos os assentos estavam ocupados. Cada estudante dispunha de um cartão identificador que era depositado ao lado de colega que fazia placidamente sua refeição. Significava que se reservava o assento à mesa, assim que desocupado fosse.

Que fazer enquanto isso?

HERMES MACEDO, MIGUEL NAJDORF, MAURO ATHAYDE

Havia várias mesas para jogar xadrez, logo ocupadas por aqueles que aguardavam. Eram disputas ferozes, com assistentes idem.  Alguns “atletas” eram praticamente invencíveis. MAURO DE ATHAYDE, de Lages, SC, formado em 1960 era um desses. A princípio foi nosso colega de turma, mas sua dedicação ao xadrez era tamanha que, para participar de torneio internacional, perdeu um ano, formando-se em 1960. Foi tricampeão paranaense de xadrez em nossa época e disputou simultânea às cegas no Clube de Xadrez do Paraná, com o Grande Mestre MIGUEL NAJDORF, altos da Loja HERMES MACEDO, na XV de novembro, firma que não mais existe, mas que patrocinou o esporte por longos anos no Paraná.

Mieczysław Najdorf (5.4.1910, VarsóviaPolônia, 4.7.1997 Málaga, Espanha). Sua mais importante contribuição para a teoria das aberturas é a variante Najdorf da Defesa Siciliana, considerado um dos sistemas mais populares no enxadrismo moderno. Najdorf foi também respeitado jornalista que escrevia uma coluna sobre xadrez no jornal Buenos Aires Clarin.

NAJDORF, polonês naturalizado argentino, era enxadrista campeão mundial em simultâneas às cegas. Na verdade, a notável exibição de NAJDORF em Curitiba, no Clube de Xadrez, revestiu-se de lances inusitados. Ele observou cuidadosamente para saber em qual tabuleiro, Hermes Macedo jogava e logo perguntou se ele lhe concedia o empate. Najdorf estava em posição muito superior e logo venceria a partida. Já Mauro Athayde chamou várias pessoas para o seu tabuleiro e mostrou molecagem que pretendia fazer para demonstrar as qualidades de memória inigualáveis de grande mestre. Reintroduziu no tabuleiro uma torre que estava fora do jogo, eliminada pelo grande campeão. Najdorf pareceu hesitar por um momento. Depois, disse:

- Um momento!

Pensou por um instante, sentado em sua cômoda poltrona, pernas cruzadas, mão direita espalmada sobre a face do mesmo lado, dois dedos mais elevados e, logo falou:

- Impossível! Esta peça foi tomada por mim no 19º lance!

Reconstituíra toda a partida, daquele tabuleiro, em poucos minutos em sua memória! Aplaudido com entusiasmo a simultânea às cegas acabou apoteoticamente.

OCTÁVIO BESSA Jr, DA LAGUNA PARA O MUNDO

Mas, não era sobre isso que eu queria falar, mas sim sobre OCTÁVIO BESSA Jr, médico natural da Laguna, SC, (26.7.1931 e falecido aos 88 anos (17.5.2020) em Forth Myers, Flórida, EUA.

Bessa era formado em 1956 na FMUFPR e foi colega de grande número de colegas médicos de expressão. Entre eles, Francisco Ernesto Saboia (médico por muitos anos no Sombrio, SC), José Ramos May (irmão do juiz em Criciúma e depois desembargador em SC, Francisco May Filho), Joubert Barros de Almeida (um dos primeiros otorrinos e oftalmologistas em Lages), Luiz Fernando Bittencourt Beltrão  (natural de Santa Maria, RS, primeiro otorrino e oftalmologista em Joaçaba), Paulo  Dias Fernandes (de Santa Maria, RS, escritor, primeiro otorrino em Erechim, RS), Raul do Nascimento Athayde da Rosa (médico por muitos anos em Urussanga, SC), Thomaz Reis Mello (médico por muitos anos em Criciúma), Edmundo Castilho (fundador da UNIMED no Brasil), João Conrado Leal (anestesista em Criciúma por muitos anos), Klaus Wolffenbuttel (casado por algum tempo com minha colega Ayesha Batista de Assis).

Bessa, cujo telefone era (203) 323 -8700, na Flórida, e cujo divórcio com esposa americana que se dedicou à enfermagem foi ajuizado em 20.03.2017, notabilizou-se por artigo que publicou em revista médica nos EUA e cuja repercussão assegurou-lhe reconhecimento e fortuna.

Qual foi o assunto do artigo?

O hábito de usar cintos apertados, estrangulando a cintura.

(Continua próxima semana)

Por Henrique Packter 21/11/2022 - 10:00 Atualizado em 21/11/2022 - 10:07

Em 1962 graduaram-se no curso de Medicina da Universidade Federal do Paraná, entre outros, Anohar Zacharias, Antonio Osvaldo Teixeira de Freitas, Luiz Eduardo dos Santos e Arary Cardozo  Bittencooltaria. Os três primeiros médicos viriam para o recém criado Hospital Santa Catarina de Criciúma, Arary voltaria para Tubarão, dando início a uma carreira médica  brilhante na especialidade de Pediatria.

Nem vou citar outros nomes formados nesta Turma, como David Saute, que em 1954 apanhou em Carazinho, alta madrugada, o mesmo trem da Viação Férrea do RS que eu apanhara em Santa Maria, ambos rumando para Curitiba, onde iríamos prestar exame vestibular para a Faculdade de Medicina. Eu seria aprovado e iria formar-me em 1959, turma da Zilda Arns, Waldir Mendes Arcoverde, Padre José Raul Matte. Já David Saute ingressaria alguns anos depois, como ficou dito, formando-se em 1962.

Anohar fazia cirurgia-geral e, poucos anos depois, 1965-1966 deixaria Criciúma para dedicar-se à cirurgia cardio-vascular em Tolledo, Ohio, EUA. Casou-se por lá com americana legítima, do qual casamento resultaram quatro filhos.   Não há vácuos em Medicina e logo após a saída de Anohar, chega um novo cirurgião para a cidade, o Dr. Portiúncula Caesar Augustus Gorini, formado em Santa Maria, RS, em 1964. Chega para trabalhar em 1965.

Antônio Osvaldo, mais conhecido como Bola, também pouco trabalhou entre nós, voltando logo-logo  a Curitiba para a prática de clínica-geral. Faleceu em 13.03.2018 em Curitiba, terça-feira, aos 80 anos de idade.

Luiz Eduardo faleceu faz muitos anos. Participou da equipe de Alceni Ângelo Guerra, médico paranaense que assumiu o Ministério da Saúde no (des)governo Collor de Mello, que Deus nos livre e guarde. Parece que Luiz Eduardo não suportou o fardo que representou assessorar o ministro, demitido em favor de Adib Jatene. Luiz Eduardo casou com Santina, moça aqui de Criciúma, que se conheceram no Hospital Santa Catarina onde ela exercia enfermagem. Portiúncola, filho do célebre médico Dino Gaetano Fermo Gorini, também viria a casar-se com enfermeira do mesmo hospital Santa Catarina, Onei Chaucoski.

Já Arary, dedicou parte de seu tempo a escrever e publicar livros. Neles, fala da cidade de Tubarão, sua história, seus médicos e sua gente. Todas as publicações mereceram os mais rasgados elogios, são sucesso de crítica e de público, sendo de justiça ressaltar-se O MENINO DE OFICINAS, no qual o destaque é sua infância sofrida e a formação médica em Curitiba. Exerceu a Pediatria.

Luiz Eduardo dos Santos era profissional inteligente, dotado de rara sensibilidade e apreciável grau de cultura. Dedilhava o piano em contadas ocasiões e praticava futebol apesar de uma obesidade manifesta pela pronunciada protuberância da circunferência abdominal.

Em 1964 estoura a Revolução Redentora promovida por militares brasileiros. Criciúma foi especialmente visada pelo movimento militar. Logo o exército estava na cidade e muita gente foi presa, acusada de subversão. Para minha surpresa comandava a tropa o coronel Newton Machado que, na Curitiba de 1954-1955, comandara o CPOR quando fui chamado para servir à patria.

Luiz Eduardo apresentou-se na secretaria do HSC mal chegara à cidade. Havia necessidade de preencher certos papéis, alguns convênios, regularizar a situação médica; essas coisas. Na secretaria hospitalar trabalhava a sra. Marlene Scariot, mas coube ao sr. Morais atender a Luiz Eduardo. Moraes, era autoritário, vistosa calva luzidia. Aliás, ele explicava que há dois fatores diferentes que determinam se um homem tem uma cabeça calva brilhante. Um é a suavidade do seu couro cabeludo. Aqueles que são naturalmente carecas tendem a conseguir o aspecto brilhante muito mais facilmente do que aqueles que rapam a cabeça.

Moraes pergunta se Luiz Eduardo tem alguma habilidade especial, algum predicado, especialização médica ou não que possa ser aproveitada no hospital. Luiz Eduardo fala de eleições na Universidade que o tinham elevado a duas ou três vice-presidências de organismos médicos.

- Posso exercer vice-presidência da entidade mantenedora do hospital.

Moraes, olhando por cima dos óculos, informa:

- Já temos 12 vice-presidentes!

- Olha, não sou  nem um pouco supersticioso! 

Manif foi preso, Dauro Martinhago foi preso, Antonio Cologni, Addo Faraco, Jorge Feliciano, todos presos. 

A chefia do serviço médico do IAPETC local, deois INAMPS, e mais depois SUS, foi demitida sendo nomeado em seu lugar o médico Ângelo Lacombe, nascido em Cruz Alta, RS e formado em Medicina na URGS em 1937. Era médico em Criciuma desde 1944 e aqui viveu até aposentar-se em 1972 quando transfere residência para Florianópolis onde vem a falecer em 19.04.1991.

Lacombe, em Criciúma, aos poucos se desatualiza, pouco frequenta o meio médico, fica superado como profissional. Sua atuação resume-se em ser médico-chefe do Posto de Saúde, médico do ambulatório do IAPETC, membro da Junta Médica para concessão de CNH. Na chefia do IAPETC, Lacombe recebe orientação vinda de Brasília para negar todas as guias para realização de cirurgias eletivas, antes até estimuladas. Em Criciúma, por conta de autorização de chefias anteriores, havia uma espécie de Medicina social. Mineiros e seus familiares eram internados para tratamentos clínicos quando não dispunham de recursos para adquirir medicamentos de que necessitavam. Havia car diologistas na cidade que tinham número de leitos cativos em número elevado, 20 para ser exato permanentemente ocupados para tratamento de hipertensão arterial e outras mazelas, perfeitamente passíveis de tratamento em domicílio. Sofria agora a população realmente necessitada de internação por conta da orientação anterior. Tudo estava sendo coibido.

Luiz Edurado sofria para internar crianças, cujas baixas eram sistematicamente negadas. Certo dia, na agência local do INAMPS, LACOMBE brandia uma guia de internação para pediatria e solicitada por Luiz Eduardo. Exibia o documento, erguido bem alto com uma das mãos enquanto dizia:

- Essa sim é solicitação criteriosa! Ela está dentro do que a Revolução exige doravante!

Pedimos para olhar: Luiz Eduardo diante do absurdo de ver negada sua pedida para internar criança desidratada, escrevera no diagnóstico provisório: Síndrome Paradoxal de Flandres, não só aceita, como recomendada!

A síndrome nunca existiu.

Lacombe era dos quadros partidários da UDN, oposição ao PTB e outras siglas de esquerda. Oposição a Getúlio Vargas de quem Ângelo Lacombe e o pai foram defensores acérrimos em 1930.

(CONTINUA NA PRÓXIMA SEMANA)

Por Henrique Packter 14/11/2022 - 09:20 Atualizado em 14/11/2022 - 09:21

O acaso fez com que ANOAR, desconhecido médico de então pequena cidade do sul-catarinense e Walter Moreira Salles, viessem a encontrar-se nos EUA e tornar-se amigos. Walter era banqueiro no Brasil, político, e filantropo, diplomata, considerado um dos fundadores da moderna indústria bancária, eleito presidente da União de Bancos Brasileiros e do Museu de Arte Moderna do RJ (MAM-Rio), reeleito em 1971.

Estava sendo aplanado o caminho que levaria o jovem cirurgião-geral brasileiro a instalar-se nos EUA.

Na ocasião, Walter e João Moreira Salles deixavam de ser acionistas do Itaú. O próprio Itaú-Unibanco informou que recebera comunicado da Companhia E. Johnston de Participações (EJ), a respeito.

Como diplomata, Walther Moreira Salles foi figura central em renegociações da dívida externa que viabilizaram o segundo governo de Getúlio Vargas, os governos de JK e o de João Goulart.

Era Membro do Conselho Internacional e do Conselho de Notáveis do Museum of Modern Arts of New York, e financiador do Museu de Arte de SP.

Dr. ANOAR ZACHARIAS

Nascido em Curitiba em 1º.12.1937 e lá graduado em Medicina na FMUFPR em 1961, vem em 1962 a Criciúma para exercer as especialidades de clínica e cirurgia. Sobrinho de Manif Zacharias (clínico geral, formado em 1940, instala-se em Criciúma em 1945) e Naby Zacharias (cardiologista, de 1959 a 1963 em Criciúma).

Anoar assume a direção do HSC para deixar Criciúma em 1966. Em 1965 vai aos EUA, estagia em hospitais de Nova York e Cleveland, especializando-se em cirurgia cardiovascular.

Três anos depois está emToledo, Ohio. No Saint Vincent Hospital assume chefia da equipe de sua especialidade. Casado com Kathlen Mc Carthy Zacharias, cidadã norteamericana, foram pais de 4 filhos: Daniel, Eduard, Claudia, e Andrea.

Anoar tem endereços pelos quais pode ser acessado: www.drzacharias.yourmd.com;

2213 Cherry St, Toledo, OH 43608    +1 419-251-4364

2213 Cherry St, Toledo, OH 43608

Hoje, reside e trabalha em SEATTLE, WA

HISTÓRIA DE ANOAR E DAS PALOMETAS EM ROSÁRIO, RS

Existe uma superpiranha do rio Uruguai com peso e medidas dobradas em relação às outras piranhas. Era 2,1 quilos e 40cm contra 1,3 quilos e 28 cm da piranha comum.

Piranhas só trabalham em grupo. Um cardume desses vorazes e mortíferos peixes, devora um boi em menos de 5 minutos! Piranhas comem de tudo. Nos estômagos de piranhas já foram encontrados pregos enferrujados, pedaços de variados outros peixes, fragmentos de cascos de tartaruga, ossos humanos, anzóis e até discos antigos daqueles de 78 rotações. Anoar contou-me que viu abrir algumas palometas, as tais superpiranhas e, de dentro delas foram encontradas lascas de metal prateado, depois identificadas como discos de Ó Crides de Ronaldo Golias, Banho de Lua de Celly Campelo, Se acaso você chegasse, Me dá um dinheiro aí de Moacyr Franco, Pillow talk de Doris Day, A noite de meu bem, Presidente bossa nova, It’s now or never de Elvis Presley. Como se vê, as palometas tem gosto bastante eclético e estômago de causar inveja.

Qual a razão de tanta ferocidade das palometas? Parece que se trata apenas de sua natureza.  Socós pescam, sabiás cantam e piranhas atacam para devorar tudo.

Curioso é que palometas ou piranhas não se atacam ou se devoram entre si.

Nesse ponto estão atrasadas em relação à raça humana que literal ou metaforicamente vivemos nos matando uns aos outros. E nos matamos com o que estiver à mão, coisa de chocar. De chocar a quem? A uma piranha/palometa.

Por Henrique Packter 07/11/2022 - 13:57 Atualizado em 07/11/2022 - 13:58

THOMAZ teria hoje, vivo fosse, 95 anos de idade. Nasceu em Florianópolis, 27.10.1927, filho de Arnaldo Vieira de Mello e Noêmia Reis Mello. Casado com Maria de Souza Mello foram pais de Paulo Roberto, Maria da Glória, Thomaz, Ricardo, José Alberto e André Alberto.

Formado em 1956, 29 anos, pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná (FMUFPR), desde 1957 estava no Hospital São José de Criciúma. Agraciado por Decreto da edilidade criciumense com o título de Cidadão Honorário em 2.8.1994, faleceu em 7.7.1995, 27 anos atrás, 39 anos de atividade médica entre nós.  Nome de Unidade de Saúde no bairro Ana Maria e de rua no bairro Santo Antônio. No final da vida, THOMAZ submetia-se a diálise peritoneal.

1.       INSPEÇÃO

Quando entrava na sala dos médicos no Centro Cirúrgico do HSJ, THOMAZ anunciava-se relembrando seus tempos de serviço militar no RJ, bradando: INSPEÇÃOOO!

2.       NO CONSULTÓRIO

THOMAZ atendia jovem casal de Poço Verde, Meleiro, terra natal de Júlio Manfredini. O marido fica na sala de espera, encantado pela oportunidade de ver TV em dia útil, quando, normalmente deveria estar enfrentando a dura labuta da lavoura. Começa a anamnese e THOMAZ, a certa altura quer saber:

-A senhora tem orgasmo?

A mulher não responde. Olha demoradamente para o doutor, levanta-se resolutamente, caminha para a porta, abre-a e pergunta ao marido na sala de espera apinhada de clientes:

- Vitório, nós temos orgasmo?

- Não Quitéria, só UNIMED!

(De 40 ANOS DE OFTALMOLOGIA, Henrique Packter, pág., 92, Editora Garapuvu, 2001).

3.       THOMAZ ACADÊMICO DE MEDICINA

Foi colega na Faculdade de Medicina  de Francisco Ernesto Saboia (muitos anos médico no Sombrio, falecido), Edmundo Castilho (criador da UNIMED, em Santos, SP, falecido), Kit Abdalla (entertainer, aeronauta, globetrotter, político, médico em Francisco Beltrão-PR, animador de auditórios, implantador de LIONS Clubes no oeste paranaense, membro da OMS, escritor, poliglota,- falecido), Octávio Bessa Jr (da Laguna, clínico nos EUA), Raul do Nascimento Athayde da Rosa (médico em Urussanga, um dos criadores da Casa de Saúde Rio Maina, falecido), João Conrado Leal (anestesista em Criciúma, falecido). Colega e amigo de Paulo Dias Fernandes (Pablo Diaz Hernandes), natural de Santa Maria, RS, Otorrinolaringologista, escritor, fundador da Unimed Erechim, cidade onde residiu e clinicou por 62 anos, já falecido.

Paulo Fernandes não pensava em aposentadoria: “vou fazer o quê?  Medicina e livros são minha vida. Enquanto estiver bem continuarei a clinicar e escrever”. Publicou seu primeiro conto aos 17 anos, quando cursava o Científico em Santa Maria, onde fomos contemporâneos. Na época para escrever qualquer coisa, procurávamos no dicionário palavras difíceis para rechear o texto. Numa reunião do Grêmio Lítero-Cultural Fagundes Varela do Gymnásio Santa Maria, Paulo Fernandes, saiu-se com essa:

- Se você me compreendeu é porque devo ter me expressado mal!

Em 1960 publica o primeiro de muitos livros. Recebeu premiações por eles, podendo ter sido a maior delas a visita ilustre do escritor Jorge Amado e de Zélia Gatai. Com Jorge Amado, lançou dois livros de contos editado pela Editora Edelbra de Erechim.

Não sabia o número exato de livros publicados, estava sempre com olhos e cabeça no presente e escrevendo.

Há 60 anos em Erechim, chegou em final da década de 1950, convidado por amigo médico. Clinicou nos Hospitais Santa Terezinha e Caridade.

Convite para lecionar no Instituto Barão do Rio Branco mudou sua vida para sempre. Apaixonou-se por uma aluna, casou com ela, e viveram felizes para sempre.

Morreu na madrugada de 11.8.2020, aos 91 anos de idade, no Hospital de Caridade de Erexim, RS, onde trabalhou como otorrinolaringologista cerca de 65 anos.

Deixou a esposa Ivone Tozatti, casal de Filhos, Gil e Lis e quatro netos.

Homenageado em 2014 pela inauguração do Centro de Qualidade de Vida Unimed e espaço que leva seu nome: O Espaço Viver Bem, Dr. Paulo Dias Fernandes. Na ocasião recebeu placa das mãos do ex-presidente da Unimed Erechim e vice-presidente da Unimed do RS, Nilso Zaffari, dizendo: “A Unimed Erechim confere o título de Médico Cooperado Emérito ao Dr. Paulo Dias Fernandes, pelos relevantes serviços prestados a esta cooperativa”.

O Hospital de Caridade divulgou nota lamentando a perda.

Esses foram alguns dos colegas de Turma na FMUFPR.

O prefeito Luiz Francisco Schmidt decretou três dias de Luto Oficial pelo falecimento de Paulo Dias Fernandes.

4.       VIDA PROFISSIONAL

Também formado em 1956 na FMUFPR, THOMAZ chega em 1957. Chefiou o SAMDU e foi Coordenador do IAPTEC por vários anos em nossa cidade. Atendeu também no Hospital Santa Catarina.

    5. RELIGIÃO

THOMAZ era homem pouco ou quase nada religioso. Manifestou simpatia pela Igreja Presbiteriana de Criciúma, fundada nos anos 40 por Adalberto e Frida Braglia. Participei de culto por ocasião da morte de Thomaz no pequeno templo desta Igreja, então localizado na Rua João Pessoa. Na verdade, THOMAZ dizia-se agnóstico, mas devoto de santos... No Centro Cirúrgico ouvi o agnóstico THOMAZ dizer para o atônito crente SARTORI:

- Eu vou acabar acreditando em Deus. Tá difícil acreditar em qualquer outra coisa.

     6. COLEGA DE TURMA DE EDMUNDO CASTILHO

O médico Edmundo Castilho, (Penápolis, SP, 5.12.1929),  fez residência em Ginecologia e Obstetrícia na Santa Casa de Santos. Eleito presidente do Sindicato dos Médicos de Santos (18.12.1967), com 22 médicos fundou e presidiu a União dos Médicos de Santos (Unimed Santos), um modelo inédito. Presidiu a Unimed SP, a Federação SP e a Unimed do Brasil. Foi responsável pela fundação do maior Sistema Cooperativista Médico Mundial, a Unimed (1967).

Viajou o mundo apresentando o modelo cooperativista da Unimed na China, Japão, Suécia, Itália, França, Espanha, toda a América do Sul. Em Genebra (1996) elegeu-se vice-presidente da Organização Internacional Cooperativa de Saúde (IHCO), por representantes de entidades cooperativistas.

Causar impressão duradoura nas pessoas que encontra é característica do grande homem. Outra é ter, ao longo da vida, agido de tal forma que o curso dos eventos tenha sido afetado pelo que ele realizou. Castilho cumpriu as duas condições. Causava forte impressão. Alto, elegante, oratória vibrante, tudo que se refere ao cooperativismo médico brasileiro está ligado, influenciado ou inspirado por seus atos.

Inspirou a criação de 349 cooperativas médicas, 112 hospitais próprios, 14 hospitais dia, 208 pronto-atendimentos, 94 laboratórios. Criou trabalho para 113 mil médicos e credenciamento de 2.792 hospitais. Os números evidenciam o sucesso do trabalho iniciado há 55 anos. As origens da UNIMED situam-se em 1967, Santos (SP), quando Edmundo Castilho, aos 38 anos, propagava os princípios do cooperativismo médico. Assim, o maior sistema cooperativista médico do planeta nasceu no Brasil e cinco décadas depois serve de modelo para o mundo. Responsável pela saúde de 19 milhões de brasileiros, está presente em 84% do território nacional detendo 31% do mercado de planos de saúde do país. A marca UNIMED vale mais de R$ 2,8 bilhões, 21º lugar entre as mais valiosas do país.

Intelectualmente capaz, líder nato, polido, coerente e franco, teve de conviver com frágeis lealdades e estimas temporárias.  

Criado na rotina do campo seria fazendeiro pelos planos do pai. Mas, devido a problemas de saúde, a convivência com médicos acabou atraindo-o para a profissão. Durante a faculdade Castilho se questionava porque à época, só existiam dois modelos de atendimento: particular, acessado por quem tinha recursos, sendo alternativa a assistência por médico funcionário de hospital, que atendia pessoas desfavorecidas em ambulatórios ou precários consultórios. Castilho queria garantir acesso qualificado a todos os pacientes, respeitando a autonomia profissional.

Castilho sofria do Mal de Parkinson, teria infartado em casa, falecendo aos 86 anos em 9.6.2017. Foi sepultado no Cemitério Memorial, Santos, SP.

(CONTINUA NA PRÓXIMA SEMANA)

Por Henrique Packter 31/10/2022 - 08:00 Atualizado em 31/10/2022 - 09:02

Os tempos eram bicudos e mesmo a tradicional hospitalidade serrana era sacrificada em nome da economia. Nas mesas destinadas às refeições, gavetas ocultas foram colocadas. Ao menor sinal de visita não programada, a refeição era interrompida, pratos e talheres rapidamente colocados naqueles providenciais acessórios da mesa. Quando a visita se retirava a refeição era reaquecida e continuava seu curso.

Chega o compadre para tratar de assunto banal. Os pratos são rapidamente escamoteados, o compadre deixa-se ficar, fumando devagarzinho seu palheiro, o perfumado fumo do sítio de Dante Martorano. O compadre não se retira e é convidado para passar a noite. Levam-no ao quarto de visitas onde fumega bacia com água quase fervendo. Compadre fica olhando e não se decide a aceitar este gesto de pura cortesia serrana. Destinava-se a, após tirar as botas, lavar os pés, deitar-se para dormir.

- O que foi, compadre? Não vai lavar os pés?

O compadre olha a bacia demonstrando grande dúvida; afinal, indaga:

- Mas..., num fará mal lavar os pés em jejum?

No Governo de SC

Quando May assumiu a governança de SC por poucos dias, na  verdade um final de semana, estando ele em Palácio numa sexta-feira à tarde, lembrou-se estar sem dinheiro no bolso, um dinheirinho para aquelas pequenas despesas.

Cartão de crédito ainda dormia no útero do tempo; era ter cheque ou dinheiro vivo. May avisa que vai atravessar a Praça XV e apanhar o dinheiro no Banco Brasil, lá do outro lado da praça. Imediatamente o chefe da Casa Militar apresta-se a acompanha-lo, chega a dizer que enquanto ele estiver ocupando o cargo maior na hierarquia governamental política do Estado, vai ser assim. May, fecha a cara e já vai avisando que se alguém insistir nessa história, vai ser demitido na hora.

Por Henrique Packter 24/10/2022 - 09:15 Atualizado em 24/10/2022 - 12:10

Advogado e juiz, depois desembargador, presidente do tribunal de Justiça, governador interino, Chico May nasceu em Lages/SC a 18.6.1924 e faleceu em Florianópolis em 15.4.2018 aos 94 anos.

Filho de Francisco May e de Honorina Ramos May, foi pai de Maria Elói (juíza de Direito), Francisco (engenheiro), Luiz Alberto (oftalmologista), Maria Eloísa. Divorciado de Maria Eloy Neves May, casou com Jeanine Mendonça Pinheiro May.

Bacharel pela Faculdade de Direito de SC em 1951.

Concluída a formação ingressou na magistratura e atuou como Juiz Substituto na comarca de Chapecó/SC. Posteriormente, foi Juiz nas comarcas de Joaçaba, Concórdia, Curitibanos, Criciúma e Florianópolis. Em Criciúma foi juiz de 27.6.1956 a 11.4.1966. Em Florianópolis, foi lotado na Vara de Menores e a Vara da Fazenda.

Em 1975, recebeu nomeação para o cargo de Desembargador do Tribunal de Justiça de SC (TJSC), sendo Presidente do Tribunal no biênio 1982-1984. 

Na condição de Presidente do TJSC, governou interinamente o Estado catarinense por alguns dias no ano de 1982, na ausência do titular, Henrique Córdova, que se encontrava em viagem ao exterior.

Entre 1979 e 1982, presidiu o Tribunal Regional Eleitoral de SC (TRE-SC).

Em 24.2.1984 é cidadão honorário de Criciúma.

MAY MAGISTRADO EM CRICIÚMA POR 10 ANOS (1956-1966)

Chico May, como era tratado fora dos limites do fórum, e por mais um grupo seleto de criciumenses, dedicava-se com afinco à pesca e à caça nos fins de semana quando essas atividades eram permitidas. São Joaquim passava por crise econômica sem precedentes. Lá os negócios giravam em torno da indústria extrativa da madeira, os pinheirais, mas a predação sem limites logo fez secar este veio econômico-financeiro.

As serrarias antes numerosas vão cerrando as portas e logo estagnação e falta de recursos saltam aos olhos, pesa sobre a região. Já na região do sul catarinense dinheiro ganhava-se com a extração de carvão mineral.

No período de 1931-47 a economia apresenta a mesma diversificação, porém, a erva-mate foi superada pela madeira, tecidos, e a banha que, juntos delinearam a curva das exportações catarinenses. No período, a madeira passou a ser o produto mais exportado, porém sua predominância foi semelhante à da erva-mate no período anterior, seguida de perto que foi pelos tecidos e outros produtos alimentícios.

Embora o setor madeireiro estivesse em decadência devido ao esgotamento das reservas florestais, os ramos de beneficiamento na indústria de mobiliário e o ramo de derivados, no que respeita à indústria de papel, papelão e celulose, apresentavam perspectivas de expansão.

A partir de 1930, o número de serrarias instaladas em SC cresce continuamente. Os anos de 1957 e 1962 registraram diminuição do número de serrarias de madeiras de lei pela extinção das serrarias, consequência do esgotamento da reserva florestal. Passa a ser proibido pelo INP o registro de novas serrarias.

O trabalho de extração de toras de pinho da mata, até os anos 50, era bastante elementar com a utilização de carros de boi e da serra manual. Contudo, a partir desse período, trator de arrastro, com guincho e lâmina, além de caminhões, vão substituindo a tração animal. Na serraria, toros são industrializados e transformados em tábuas, pranchas e lâminas, para depois serem vendidos em sua maioria a exportadores atuando como armazenadores, manufaturadores.

Entre 1955-65, quando a produção esteve quase estacionária, May ministra a Justiça na região mineira, subindo eventualmente a serra para caçar e pescar. O INP estabelece vigilância mais séria sobre a produção madeireira, com proibição do registro de novas serrarias e reduzindo a produção já autorizada.

A queda de produção nos anos 1958-59, corresponde aos anos de superprodução de madeiras serradas em SC, o que parece estranho, uma vez que, geralmente, os industrializados acompanham o movimento da produção de serrados. Em 1964-65, pode ser justificada a queda da produção através da crise que, nestes anos, atingiu a economia brasileira. Compensados e laminados, no Sul, tem a produção liderada pelo PR, que domina a industrialização da madeira no País. SC está em plano secundário em relação à produção do PR, e o RS apresenta queda.

A partir de 1961, a tendência foi de baixa, refletindo assim, o esgotamento das reservas e a queda da exportação que, por sua vez, pode estar relacionada ao aumento dos preços.

Por Henrique Packter 17/10/2022 - 09:00 Atualizado em 17/10/2022 - 09:00

OLAVO DE ASSIS SARTORI clinicou por longos anos em Criciúma, tendo nascido em Ubá, MG, em 11.6.1916. Casou-se com Aracele Formel Sartori, tendo o casal dois filhos, Indaiá Maria e Djalma Poty.

Sartori formou-se em Medicina no RJ pela Faculdade Nacional de Medicina em 1938, chegando a Criciúma em 3.7.1943, convidado pelo conterrâneo, também médico, Paulo Carneiro, que clinicava desde 1930 na Laguna. Paulo Carneiro era também nascido em Ubá e também graduara-se no RJ.

Sartori trabalhou exclusivamente no Hospital São José de Criciúma.

Era clínico, cirurgião e obstetra embora tenha tido algum interesse na construção do Hospital São João Batista, juntamente com o médico Lourenço Cianci Filho e o empresário João Sorato, Isso, em 1961. Em 13.5.1962 o Hospital São João Batista foi inaugurado e em 1962, Lourenço Cianci Filho  transferiu residência para Joinville onde faleceu a 17.7.1992. 

Sartori atendeu como médico-chefe no Posto de Puericultura do bairro Operária Velha e também trabalhou no ambulatório da Caixa de Aposentadoria e Pensões dos Empregados da Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina, mais tarde incorporada ao INAMPS. Foi sócio fundador do Rotary  que presidiu na gestão 56/57. Presidiu também o clube de futebol Ouro Preto,, alvinegro (como o Botafogo do RJ). Cidadão honorário de Criciúma em 11 de junho de 1979.

Sartori faleceu em Criciúma a 19 de junho de 1989, aos 73 anos de idade.

Era pessoa admirável, bem humorada, profissional humanitário, atendendo gratuitamente a imensa maioria de seus clientes aos quais ainda fornecia amostras de medicamentos. Sempre declarou, para quem quisesse ouvir, que tinha três influências na vida: a sigla política UDN, o Botafogo do RJ e o Brigadeiro Eduardo Gomes, candidato à presidência da república, não eleito.

Sempre tinha uma piada, um fato pitoresco, algo engraçado para contar, mas sua história predileta era sobre Benedito Valadares, governador de MG de 15.12.1933   a 4.11.1945.  Benedito era, à época, modesto e tranquilo deputado federal, jornalista de profissão e nome impensável para exercer cargo dessa dimensão. Foi convidado pessoalmente por Getúlio Vargas para exercer a governadoria de MG.

O povo se perguntava:

- Será o Benedito?

Era início de 1945, o mundo estava em paz e modesto, mas sagaz operário do interior das Alterosas, vem até o Palácio do Governo em Belo Horizonte atrás de emprego como gari. Trazia algumas recomendações numa velha e já muito gasta pasta, provavelmente escolar. Espera o dia todo na antessala governamental. Tarde da noite, já sozinho, um ajudante de ordens apercebe-se da presença do pleiteante a emprego e diz-lhe:

- Aproveita que o governador está sozinho, vai lá e mostra o teu currículo para ele!

O bom mineiro, mostrando o muque, braço esquerdo elevado, mão cerrada e vibrando responde:

- Aqui, ó!

Por Henrique Packter 03/10/2022 - 11:30 Atualizado em 03/10/2022 - 11:32

Uma das ideias mais notáveis que algum político pudesse ter e executasse no tocante à Educação, seria, possivelmente, o CIEP do BRIZOLA. Idealizado por Darci Ribeiro, cada CIEP, construído e projetado em módulos por OSCAR NIEMAYER, parecia levar a marca de redenção da famélica, desnutrida e ignara juventude brasileira da época. Grande foi o prestígio e influência do engenheiro civil e político LEONEL DE MOURA BRIZOLA (nascido Leonel Itagiba de Moura BrizolaCarazinho, RS, 22.01.1922 -  RJ, 21.06.2004).  Foi líder trabalhista, governador do RJ e do RS, o único político eleito pelo povo para governar dois estados diferentes em toda a história do Brasil. Faleceu, em 2004, vítima de um infarto agudo do miocárdio.

Brizola nasceu em Carazinho, no distrito rural de São Bento, Noroeste do RS. Seu pai, José Oliveira, pequeno fazendeiro, foi assassinado por soldados de Borges de Medeiros durante a Revolução de 1923. A morte de José fez com que a esposa Onívia enfrentasse dificuldades para criar seus filhos, agravadas quando perdeu suas terras em litígio judicial. A família, então, vai morar em São Bento, próspera região de Carazinho, onde Onívia, trabalhou na lavoura, criando vacas e costurando. Casou-se novamente, com o agricultor viúvo José "Janguinho" Gregório Estery, tendo com ele mais dois filhos: Sadi e Jesus.

OS ESTUDOS

Brizola foi alfabetizado por sua mãe antes de ingressar no ensino primário. Estudou, por pouco tempo, como bolsista em escola de Não-Me-Toque. Aos dez anos de idade, morou sozinho num sótão de hotel em Carazinho, lavando pratos para ganhar comida e carregando malas até a estação de estrada de ferro. Graças à família de pastor metodista, recebeu bolsa de estudos que lhe permitiu concluir o primário no Colégio da Igreja Metodista. Em 1936, aos doze anos de idade, Brizola muda-se para POA onde trabalha como engraxate e ascensorista, concluindo curso de técnico rural no Ginásio Agrícola Senador Pinheiro Machado, em 1939.

TRABALHO E VIDA MODESTA EM POA

Recebendo o diploma de técnico rural, Brizola torna-se graxeiro da Refinaria Brasileira de Óleos e Graxas, em GravataíRegião Metropolitana de POA.  Anos depois, soube que a refinaria pertencia a Ildo Meneghetti, um de seus maiores opositores políticos. Foi aprovado em concurso do Ministério da Agricultura, indo trabalhar como técnico do ministério em Passo Fundo, ficando assim mais próximo de sua família. Permaneceu apenas por meio ano em Passo Fundo, onde, apesar de receber bom salário, contraiu muitas dívidas. Resolvidas suas pendências financeiras, retornou para POA, residindo em pensão e trabalhando como jardineiro do Departamento de Parques e Jardins da Prefeitura.

Em 1942, conclui o ensino fundamental como bolsista no Colégio Nossa Senhora do Rosário. Em seguida, licencia-se do trabalho na prefeitura e alista-se no 3.º Batalhão de Aviação do Exército (hoje, Base Aérea de Canoas). Com o término do serviço militar volta a trabalhar como jardineiro, concluindo o curso científico no Colégio Júlio de Castilhos além de curso de piloto privado. No Júlio de Castilhos, foi um dos fundadores e vice-presidente do Grêmio Estudantil. Em 1945, aprovado no vestibular da Escola de Engenharia da UFRS,  gradua-se como engenheiro civil (1949).

Estudante universitário na UFRGS, ingressou na política, organizando a ala jovem do Partido Trabalhista Brasileiro.

O CASAMENTO

Brizola e Goulart foram ambos deputados estaduais pelo PTB do RS.

Brizola conheceu Neusa Goulart, irmã de João Goulart e futuro presidente da república. Em 1º.03.1950, Brizola e Neusa Goulart casam-se, casamento  realizado na Fazenda de Iguariaçá, São Borja, tendo o ex-presidente da República Getúlio Vargas como um dos padrinhos. O casal se conhecera nas reuniões da Ala Moça do PTB. Tiveram três filhos juntos: Neusinha, José Vicente e João Otávio. Após a morte de Neusa (1993), manteve relação com Marília Guilhermina Martins Pinheiro.

INÍCIO DA VIDA POLÍTICA

Em 1947, Brizola foi eleito deputado estadual pelo PTB e em 1954 deputado federal, com votação recorde.

Dois anos depois, elegeu-se prefeito de POA e, em 1958, governador do RS. Pratica então políticas sociais e promove a Campanha da Legalidade, em defesa da democracia e da posse de Goulart como presidente. Em 1962, transfere seu domicílio eleitoral para a Guanabara, estado pelo qual se elegeu deputado federal. Durante o governo de Goulart, os dois políticos mantiveram relação tumultuada, mas uniram-se novamente antes do golpe militar de 1964. Brizola, então, exila-se no Uruguai. “Cunhado não é parente, Brizola para presidente”.

Voltou ao Brasil em 1979, depois de exílio de 15 anos no Uruguai, EUA Portugal. No mesmo ano, funda e preside o Partido Democrático Trabalhista (PDT), socialdemocrata e populista. Em 1982, é governador do RJ, iniciando o programa de construção dos Centros Integrados de Educação Pública. Na eleição presidencial de 1989, quase vai para o segundo turno. Um ano depois, volta a governar o RJ, eleito no primeiro turno. A partir daí, não logra êxito em nenhuma das quatro eleições que disputou, de vice-presidente de Lula da Silva em 1998 a senador pelo RJ em 2002.

(Continua)

Por Henrique Packter 26/09/2022 - 09:40 Atualizado em 26/09/2022 - 09:41

Fatores de risco na prevalência de doenças cardiovasculares são níveis elevados de colesterol, tabagismo, hipertensão arterial sistêmica, diabetes.

Nos últimos 70 anos houve redução de 50% da mortalidade por doenças cardíacas e circulatórias cardiovasculares. Efeitos profundos de distúrbios de órgãos e sistemas não cardíacos na estrutura e na função cardíaca cresceram acentuadamente: 20 a 30% dos pacientes não selecionados numa clínica de cardiologia, tem diabetes.

Até 2050 doenças cardiovasculares, como ataque cardíaco, derrame e doenças tromboembólicas venosas, serão responsáveis por 33% de todas as causas de morte no país.

Melhor saúde cardiovascular diminui o risco de doenças cardíacas e derrames e para isso é preciso pensar no diabetes como agente dessas doenças.

Dez são as medidas pra cuidar da saúde cardiovascular e evitar a condição de doente:

1. Ser mais ativo

2. Adotar alimentação saudável e equilibrada

3. Gerenciar o peso 

4. Combater o sedentarismo

5. Manter taxa saudável de colesterol não HDL

6. Cuidar da pressão arterial

7. Evitar fontes de estresse

8. Observar existência de antecedentes familiares

9 Dormir bem

10 Monitorar a Hemoglobina Alc (glicada) para quem é diabético ou pré-diabético é a melhor forma de controle da doença a longo prazo evitando seu avanço e complicações decorrentes.

Por Henrique Packter 19/09/2022 - 09:30 Atualizado em 19/09/2022 - 09:32

Antes de mais nada é preciso dizer que havia provas escritas sobre Biologia, Física, Bioquímica e Higiene. Terminadas essas provas escritas descritivas, poucos dias depois éramos submetidos a provas orais das mesmas matérias.

O professor Metry Bacila

Marcou muito meu exame vestibular a prova de Bioquímica oral.  Estávamos assustados com a notícia de que o Professor Dr. Metry Bacila iria participar da banca examinadora desta matéria. Ele doutorara-se em 1946 em Medicina, com a tese CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DO FATOR RH EM CURITIBA. Foi designado, em seguida, chefe dos laboratórios de Física Biológica e de Química Fisiológica da Faculdade de Medicina. Simultaneamente ingressou no Instituto de Biologia e Pesquisas Tecnológicas. Em abril de 1947 agraciado com a BOLSA JÚLIO A. ENZ, realiza estudos pós-graduados na Argentina. Seu interesse era os estudos enzimológicos em especial do metabolismo de carboidratos. Durante suas pesquisas demonstrou, pela primeira vez no mundo, a existência da galactoquinase em tecidos animais, enzima descoberto por Leloir na levedura Saccharomyces fragilis.

Retornando a Curitiba é nomeado professor assistente de Química Fisiológica da FM e passou a reger a cadeira de Química Orgânica e Biológica do Curso de Veterinária. Em 1949 prestou concurso de títulos e provas para professor catedrático daquela matéria, com a tese sobre O MECANISMO ENZIMÁTICO DO METABOLISMO INTERMEDIÁRIO DOS CARBOIDRATOS E, EM PARTICULAR, DA GALACTOSE E GALACTOQUINASE EM TECIDOS ANIMAIS.

Em 1950, Metry Bacila era docente-livre de Química Fisiológica na Faculdade de Medicina, com a tese OS ÉSTERES FOSFÓRICOS DOS CARBOIDRATOS E A DETERMINAÇÃO DA FOSFORILAÇÃO NO RIM.

Em 1952 realiza estudos pós-doutorais na Universidade de Chicago, como bolsista da Fundação Rockefeller.  

Na Universidade de Chicago desenvolveu pesquisas sobre metabolismo energético e em 1953 participou do Congresso Internacional de Fisiologia de Montreal, Canadá. Por algum tempo permaneceu na Universidade de Wisconsin onde pesquisou sobre compostos orgânicos de fosfato de alta energia. Retorna a Curitiba em novembro de 1953 a tempo de examinar os candidatos ao curso de Medicina da UFPR em fevereiro de 1954. Exerce na UFPR a chefia da Divisão de Patologia Experimental do Instituto de Biologia e Pesquisas Tecnológicas. Metry Bacila retornou aos EUA em 1958 também como bolsista da Fundação Rockefeller para período de pesquisas na Johnson Foundation, Universidade da Pensilvânia. Os estudos de bioenergética que realizou tiveram grande influência no desenvolvimento da linha de pesquisas sobre atividade mitocondrial. 

Pois foi com esse homem que tivemos de nos haver para cursar Medicina. Claro, não deu outra.

Como já falei, o vestibular tinha provas escritas com três questões discursivas e, dias depois, outra prova que era oral diante de banca composta por dois examinadores e um presidente da banca que também indagava quando o assunto era de seu interesse. Daí resultava que obtínhamos 3 notas cuja média era o resultado da prova oral. Havia dúvidas na cidade se Metry Bacila participaria do exame dos candidatos uma vez que seu sobrinho e mais tarde nosso colega, SEBASTIÃO FARAJA BACILA, era candidato a uma vaga no curso de Medicina. Ele foi aprovado e faleceu tragicamente anos mais tarde ao dirigir seu automóvel, sem companhia, rumo às praias, num dia quente de verão, fulminado por um enfarte do miocárdio.

Prova

Chamado, sentei-me à frente da notabilidade médica paranaense. Era gordo, baixo, abundância de pelos pretos, nem um pouco amistoso. Sorteei o ponto que ele conferiu com pouco interesse. Perguntou-me, enquanto rolava o papelucho do ponto sorteado entre dois dedos grossos:

- Num tubo em U, munido de dois orifícios, um em cada extremidade do tubo, você derrama 1 litro de mercúrio por um dos orifícios. Você sabe que mercúrio e água são imiscíveis.  Qual a quantidade de água que você deve derramar no outro orifício para equilibrar as duas colunas de líquidos?

Ele me examinava, agora com certa curiosidade, para ver o que eu iria fazer, não fosse eu aluno do célebre professor de Química do Ginásio Marista de Santa Maria, RS, o Irmão Segisberto.

Comecei dizendo que as alturas dos líquidos são inversamente proporcionais às densidades dos respectivos líquidos o que causou certa impressão na banca. Continuei:

- Supondo que a densidade do mercúrio seja 20 (eu não sabia quanto era), a altura da coluna de água que equilibra uma coluna de mercúrio de 1 metro, é de 20metros.

Bacila, então fez a pergunta inevitável:

- E quanto é a densidade do mercúrio?

Confessei que não sabia com certo constrangimento de aluno do interior diante dos sábios da cidade grande. Uma pequena tempestade teve origem, Metry Bacila irritou-se:

- Pois é sempre a mesma coisa! Ele não sabe algo que qualquer aluno do ginásio sabe. Ora vejam só! Ele ignora a densidade do mercúrio! Pode retirar-se! Não precisa nem passar pela colega examinadora a Dra. Maria Falce Macedo.

A professora era uma santa que auxiliava de todas as formas as almas desvalidas de estudantes a perigo, o meu caso!

Eu dera uma espiada para ver qual era a questão que teria de responder caso fosse inquirido pela velha professora: COMPOSTOS HETEROCÍCLICOS DE NÚCLEO PENTAGONAL E HEXAGONAL CONDENSADOS! O único ponto que eu não estudara em toda a matéria de Química!

Não era o meu dia... Os Correios e Telégrafos estavam bem ali, defronte ao edifício da Universidade. Escrevi para casa, cautelosamente, que a prova de Química não fora boa, mas que Deus era grande! Mais tarde, sendo divulgadas as notas soube que Metry Bacila me dera um nove, nota acompanhada por todos os examinadores.

Luiz Alencar de Moraes, primeiro pediatra em Dracena, SP  

Na prova de Biologia, das três questões discursivas, uma era sobre Higiene, matéria que não constava nos velhos livros da coleção FTD, adotada pelo Colégio Marista de Santa Maria, RS. Havia uma apostilada, já entrada em anos, que circulava de mão em mão e que utilizávamos para escrever sobre o assunto. Quem tinha recurso matriculava-se no curso Pré-Vestibular de Jayme Guelman e logo-logo sabia tudo sobre Higiene.

Eu e meu falecido amigo e colega Luiz Alencar de Moraes compartilhamos a mesma apostila cujo texto já era bem complicado de decifrar. Na prova escrita foi sorteado o assunto HIGIENE PRÉ-NATAL.

- Alencar, escreveste o quê sobre o assunto?

Alencar era aluno brilhante e espírito divertido:

- Escrevi: antes do Natal, data magna da cristandade, é bom tomar um banho de corpo inteiro, fazer a barba e o cabelo, não esquecendo de penteá-lo!

Por Henrique Packter 13/09/2022 - 09:15 Atualizado em 13/09/2022 - 09:18

Era grande a influência de LEONEL DE MOURA BRIZOLA quando governou o RJ. Elegeu, sem maiores dificuldades, o Juruna e Aguinaldo Timóteo (vejam só!), para a Câmara dos Deputados em Brasília.

Estão seguindo?

Darci Ribeiro, intelectual e professor universitário, além de autor de obras de grande repercussão dentro e fora do país, vai para o senado com as bênçãos de Brizola.

Certo dia, Aguinaldo corre ao encontro de Brizola em Palácio. Os dois discutem a portas fechadas e a falas elevadas. Por fim, abrem-se as portas com estrépito, por elas saindo o deputado Timóteo, extremamente irritado, declarando-se rompido com o governador, porque este o chamara de nego sem vergonha!

Correm os jornalistas, homens, radialistas, mulheres e carregadores de câmeras para o gabinete do governador:

- Dr. Brizola: o deputado Timóteo diz-se rompido com o senhor; alega ter sido ofendido em sua honra. Alega ter sido chamado de nego sem vergonha.

Brizola corre os olhos pela turba e com ar didático, como quem está prestes a dar uma aula magna, dedo em riste, rebate:

- Nego, não; nego, não!

BREVE BIOGRAFIA

Leonel Itagiba de Moura Brizola; Carazinho, 22.01.1922  – RJ, 21.06.2004), engenheiro civil e político brasileiro. Líder trabalhista, foi governador do RJ e do RS, único político eleito por voto popular para governar dois estados diferentes em toda a história do Brasil. Brizola (Leonel Itagiba); o nome Leonel era uma homenagem a Leonel Rocha, maragato local, enquanto Itagiba foi nome dado a um irmão seu, falecido ao nascer. Brizola não gostava de seu segundo nome, e aos quatorze anos de idade sua mãe alterou-o legalmente, permanecendo apenas Leonel

Brizola vive seus primeiros anos no interior do estado, mudando-se para POA em 1936. Lá, continuou a estudar, trabalhando como engraxate, graxeiro, ascensorista e servidor público. Ingressou no curso de engenharia civil na Universidade Federal do RS (URGS) em 1945, graduando-se em 1949. Enquanto estudava na UFRGS, inicia atividade política, organizando a ala jovem do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Em evento político, conhece Neusa Goulart, irmã de João Goulart. Casam-se (1950) e têm três filhos.

Em 1947, Brizola foi eleito deputado estadual pelo PTB. Torna-se político em ascensão no estado: em 1954, elege-se deputado federal com votação recorde; dois anos depois é prefeito de POA; em 1958, governador do RS. Destaca-se por suas políticas sociais e por promover a Campanha da Legalidade, em defesa da democracia e da posse de Goulart como presidente. Em 1962, transfere seu domicílio eleitoral para a Guanabara, estado pelo qual elege-se deputado federal. Durante o governo de Goulart, ambos mantiveram relação tumultuada, unindo-se apenas antes do golpe militar de 1964. Tendo suas propostas de resistência não bem-sucedidas, Brizola exila-se no Uruguai.

Voltou ao Brasil em 1979, depois de um exílio de quinze anos no Uruguai, EUA e Portugal. No mesmo ano, fundou e presidiu o Partido Democrático Trabalhista, social-democrata e populista. Em 1982, foi eleito governador do RJ, iniciando o programa de construção dos Centros Integrados de Educação Pública (CIEP), marco no ensino fundamental brasileiro.

OS CIEPs

Criados em 1983, no primeiro governo Brizola, por influência de Darcy Ribeiro. Mas a educação de qualidade oferecida aos filhos da classe trabalhadora não sobreviveu ao pensamento de que ao pobre basta uma educação pobre.

Modelo de educação, os CIEPs iniciam em 1983 no primeiro governo de Leonel Brizola. Fortemente influenciado pelo professor Darcy Ribeiro, um dos maiores mestres da educação no Brasil, Brizola resolve implantar um sistema de educação integral onde o aluno teria as aulas do currículo normal, faria suas refeições, estaria envolvido inclusive nos finais de semana em atividades culturais e teria assim uma educação de qualidade, situação inédita dentro da estrutura pública educacional. Os CIEPS seriam a forma dos filhos das famílias mais pobres terem acesso a uma educação de boa qualidade e também de estarem alimentados e ligados à cultura como forma de lazer e aprendizado, o que os afastariam da atração da atividade criminosa nas comunidades de baixa renda. 

O mestre-arquiteto Oscar Niemeyer e o engenheiro calculista José Carlos Sussekind criam uma escola ampla, funcional e 30% mais barata que um prédio escolar convencional. Para implantar no Estado um grande número de CIEPs com êxito, era necessário um projeto de arquitetura que desse origem a uma escola ampla, que fosse economicamente viável e permitisse rapidez na construção. O desafio de conciliar beleza, baixo custo e rapidez de execução foi confiado ao talento de Oscar Niemeyer.

Partindo da ideia de utilizar a técnica do concreto pré-moldado, que possibilita montar cada CIEP como um jogo de armar, num prazo de apenas quatro meses Niemeyer criou um projeto-padrão que é 30% mais barato que obra utilizando a técnica convencional de fazer a concretagem no próprio local de construção. Na obra do CIEP, como definiu o Engenheiro Calculista José Carlos Sussekind, “a arquitetura é inseparável da estrutura; existe uma especial integração arquitetura-engenharia”.   

Pela concepção de Niemeyer, cada CIEP é composto por três construções distintas: o Prédio Principal, o Salão Polivalente e a Biblioteca. O Prédio Principal possui três pavimentos ligados por uma rampa central. No pavimento térreo localizam-se o refeitório com capacidade para 200 pessoas e uma cozinha dimensionada para confeccionar o desjejum, almoço e lanche para até mil crianças. No outro extremo do pavimento térreo fica o centro médico e, entre este e o refeitório, um amplo recreio coberto. Nos dois pavimentos superiores estão localizadas as salas de aulas, um auditório, as salas especiais (Estudo Dirigido e outras atividades) e as instalações administrativas. No terraço, uma área reservada para atividades de lazer e dois reservatórios de água.

ESCOLA PENSADA POR OSCAR NIEMEYER

O Salão Polivalente é um ginásio desportivo coberto, dotado de arquibancada, vestiários e depósito para guarda de materiais. A terceira construção é a Biblioteca, idealizada para atender os alunos para consultas individuais e para grupos supervisionados, estando também à disposição da comunidade. Sobre a Biblioteca, existe uma verdadeira residência, com alojamentos para doze crianças (meninos ou meninas), que poderão morar na escola em caso de necessidade, sob os cuidados de um casal (que dispõe na casa de alojamento próprio, sala comum, sanitário exclusivo e cozinha). Para terrenos onde não seja possível instalar todas as três construções que integram o Projeto-Padrão, foi elaborada uma alternativa, o CIEP COMPACTO, composto apenas pelo Prédio Principal, ficando no terraço a quadra coberta, os vestiários, a Biblioteca e as caixas-d’água. 

Segundo o próprio Oscar Niemeyer, da ideia de construir escolas em série “surgiu naturalmente a utilização do pré-fabricado, para faze-las multiplicáveis, econômicas e rápidas de construir: nesses casos, é a economia que exige a repetição e o modulado”. Mas, a despeito de toda a lógica, surgiram diversas críticas ao Programa Especial de Educação, assentadas numa ideia equivocada: a de que o CIEP é uma escola “mastodôntica, suntuosa e muito cara”. 

SEM PRECARIEDADE DE RECURSOS

Estes ataques parecem ter como pano de fundo a crença de que os brasileiros devem conformar-se com a precariedade dos recursos públicos que os governos têm dedicado à rede pública de ensino, ao longo da história do país. CIEPs nada têm de “suntuosos”. Ao contrário: é simples, despojado, não utiliza material supérfluo. A utilização do concreto pré-moldado possibilita conter despesas. 

Na inauguração do primeiro de todos os CIEPS, o Tancredo Neves, Leonel Brizola comparou os custos da construção civil e do projeto de Niemeyer. Pelos seus cálculos, o CIEP Tancredo Neves custou, em 1985, Cr$ 3 bilhões e 978 milhões. Já edifício com a mesma metragem custaria, na mesma época, Cr$ 5 bilhões e 737 milhões.

Não teria o povo o direito de ter seus filhos estudando em escolas bonitas e funcionais, arejadas e eficientes? Há quem ache que não. Argumenta-se que somos um país pobre e que, por isso, as escolas devem ser pequenas e humildes. Por que se insiste em associar boa qualidade, beleza e funcionalidade com sofisticação e megalomania? A quem isso interessa? 

Às primeiras críticas sobre os CIEPS responde publicamente Oscar Niemeyer: “ (...) são tão levianas, demonstram tal desinformação que, a contragosto, sou obrigado a dar explicação desse projeto. Trata-se de um programa revolucionário sob o ponto de vista educacional. Escolas que não visam apenas, como as antigas — instruir seus alunos, mas sim dar um apoio efetivo a todas as crianças do bairro. Isto explica serem, no térreo, para elas, abertos sábados e domingos, ginásio, gabinete médico-dentário, biblioteca etc. Daí a dificuldade de usar as velhas escolas — vão sendo remodeladas — não foram projetadas para esse programa. 

Pré-fabricados, eles constituem economia de 30% em relação às construções do tipo comum — e mais econômicos ainda se tornam por serem de construção rápida, quatro meses, tendo em conta o aumento crescente dos materiais, da mão-de-obra etc.

Adaptam-se a qualquer lugar, junto às favelas inclusive, o que é sem dúvida importante, permitindo que filhos de favelados sintam que todo um conforto lhes é oferecido, sem a discriminação odiosa que mais tarde e, por ora, a vida lhes vai impor. E são simples, lógicos, destacando-se pela sua forma, diferente nos setores mais diversos da cidade, revelando assim a grandeza do programa adotado por Leonel Brizola, o que, por isso mesmo, parece não agradar a muita gente. 

(...) Revolta-me, principalmente a desenvoltura com que alguns comentam o programa educativo dos CIEPs sem levar em conta a presença de Darcy Ribeiro, sua autoridade internacional no campo da educação, convidado invariável para organizar o ensino em países do Novo e Velho Mundo. Essa revolta cresce quanto sinto que a maioria desses críticos nada entende dos problemas educacionais, limitando-se a superadas opiniões, fáceis de contestar e definir”. 

DESVIRTUAMENTO DA PROPOSTA ORIGINAL

Ao assumir o governo do estado, após dissentir politicamente de Brizola e estar em um novo campo político, Marcello Crivella não aceitava o sistema de educação integral, fazendo com que os CIEPs passassem a ter três turnos escolares desvirtuando completamente a ideia original de Darcy Ribeiro e Brizola.

Abandonou-se também várias obras de construção de CIEPS transformados em esqueletos inúteis. Finalmente, pelo problema na segurança pública que o RJ atravessa até os dias atuais, muitos CIEPs situados em áreas dentro ou muito próximos à comunidades dominadas pelo narcotráfico, as direções dos Cieps obrigaram-se a aceitar ou a presença de traficantes nos pátios dos CIEPS ou o uso de instalações das escolas para a guarda de drogas e armamento. 

Apesar dos CIEPs continuarem existindo formalmente, sua concepção original como modelo educacional hoje não existe mais.

Na eleição presidencial de 1989, por pouco não foi para o segundo turno. Um ano depois, voltou a governar o RJ, sendo eleito no primeiro turno. A partir daí, não logrou êxito em nenhuma das quatro eleições que disputou, de vice-presidente de Lula da Silva em 1998 a senador pelo RJ em 2002. Faleceu, em 2004, vítima de um infarto agudo do miocárdio.

Por Henrique Packter 05/09/2022 - 09:01 Atualizado em 05/09/2022 - 10:26

OSWALDO DORETO CAMPANARI (7.01.1930/27.07.2021), natural e residente em Marília, SP, faleceu aos 91 anos de idade. Era médico oftalmologista, formado em dezembro de 1959 pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná. Fomos colegas, amigos e parceiros quase de primeira hora. Doreto foi presidente da União Paranaense dos Estudantes Universitários.

Sua vida poderia ser subdividida em três terços, cada um de 30 anos. Os trinta primeiros anos de vida foram dedicados à sua formação médica. Doreto graduou-se aos 30 anos. Os seguintes trinta anos são de intensa atividade política e os trinta anos finais mostram declínio das atividades políticas, exercício da atividade médica oftalmológica, sua doença e morte aos 91 anos de idade. 

Em 1962 passou a clinicar em Marília e seis anos depois elegeu-se vereador pelo partido MDB (1969 a 1973); ele se opunha ao regime militar vigente no país naqueles anos. Foi deputado estadual de 1975 a 1979 e de 1979 a 1983, sempre pelo MDB de Marília, SP.

Eleito deputado federal, teve mandato de 1983-1987, SP, PMDB, empossado em 17.03.1983, novamente deputado federal - (Constituinte), exerceu mandato de 1987 a 1991, SP, PMDB, empossado que foi em 01.02.1987.

Doreto costumava dizer que nem a juventude sabe o que pode, nem a velhice pode o que sabe. Sobre suas notas nas matérias da Faculdade de Medicina dizia que elas não avaliavam a inteligência do aluno, apenas sua adaptação a um sistema.

Vereança em família

Vereador em 1969 pela Câmara Municipal de Marília, Doreto Campanari inicia trajetória na vida pública marcada pela dedicação ao próximo e pelo culto à democracia. Eleito pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), permaneceu na edilidade até 1973.

Assembleia Legislativa e deputação federal

No período de 1975 a 1982 exerceu mandatos na Assembleia Legislativa do Estado de SP. Em 1979, com a reorganização partidária, resultada do fim do bipartidarismo, ingressou no Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), partido criado na esteira da extinção do MDB. Em novembro de 1982 concorreu a deputado federal, ficando na suplência. Foi alçado para o mandato na Câmara dos Deputados porque o deputado federal Mário Covas (depois governador de SP), foi nomeado para o cargo de secretário estadual dos Transportes do governo de Franco Montoro. Assumiu, então, o mandato do deputado Mário Covas (1983-1987). Campanari permanece ainda no Legislativo por mais tempo em decorrência da indicação de Covas para assumir a prefeitura da cidade de SP. Em 25.4.1984 vota a favor da emenda Dante de Oliveira e, mais tarde, no candidato à presidência vitorioso, Tancredo Neves, após a emenda não ter sido aprovada.

Em 1986, Doreto elege-se deputado federal pelo PMDB e participa da Assembleia Nacional Constituinte, sendo primeiro vice-presidente da Subcomissão dos Negros, Populações Indígenas, Pessoas Deficientes e Minorias. Também cooperou na Comissão da Ordem Social, Comissão da Ordem Econômica e na Subcomissão da Questão Urbana e Transporte.

Doreto Campanari, um dos 512 deputados federais brasileiros, em 1988, sob o comando do então presidente da Câmara dos Deputados, Ulysses Guimarães (PMDB), coescreveu a Constituição Federal, conhecida como Constituição Cidadã.

Responsável por 102 projetos de lei, entre eles o que reduziu o tempo de serviço no emprego dos trabalhadores para obter estabilidade e o que instituiu jornada máxima de trabalho de 40 horas semanais e proibiu horas extras. Voltando Covas, após o fim de sua gestão na prefeitura de SP (1985), deixa a Câmara. Promulgada nova Constituição (5.10.1988), passa a exercer apenas o mandato ordinário na Câmara.

Medalhado

Entre outras homenagens, Doreto Campanari recebeu a medalha de mérito cívico Marília de Dirceu, em 29.3.2019, na Câmara Municipal de Marília, SP. Na ocasião declarou:

“É muito gratificante. Tenho amor e respeito por esta Casa de Leis. Fui vereador por 8 anos e aprendi muito aqui. Depois me elegi deputado estadual por duas vezes e também considero uma escola muito boa. (...) estive em Brasília como deputado federal. Fiz muitos amigos, entre eles André Franco Montoro e Fernando Henrique Cardoso. Sempre defendi política de princípio e moral”.

A morte

Doreto Campanari estava acamado fazia 2 anos, por ter sofrido AVC (Acidente Vascular Cerebral). Deixou 5 filhos e 11 netos, e a esposa Ester Pierini Doreto Campanari.

DORETO E FRANCISCO DE PAULA SOARES Fº INICIAM EM 1958 A ERA DOS TRANSPLANTES DE CÓRNEA EM CURITIBA, NA SANTA CASA.

O armamento com que o Exército Brasileiro contava em seu inventário passou, em consequência da Segunda Guerra, por notável salto tecnológico. Em termos de armamento individual o principal item do exército em 1945 era o Fuzil Ordinário 08 (F.O-08), o Mauser 1908, fabricado pela DWM Waffenfabrik para o Exército Brasileiro. Esta arma utilizava o calibre 7x57mm Mauser. Ainda havia outras armas, como a vz.24, a carabina FN-Mauser M1922, a Mauser Mod.1935, a carabina Itajubá M1908/34, entre outros. Todos estes fuzis eram em calibre obsoleto: 7x57mm Mauser.

Por Henrique Packter 29/08/2022 - 10:10

Oswaldo Doreto Campanati nasceu em 7 de janeiro de 1930 e faleceu a 27 de julho de 2021 em Marília, SP, aos 91 anos de idade. Era médico oftalmologista, formado em dezembro de 1959 pela Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Paraná. Fomos colegas, amigos e parceiros quase de primeira hora. Doreto foi presidente da União Paranaense dos Estudantes Universitários.

Em 1962 passou a clinicar em Marília e seis anos depois, a população da cidade elegeu-o vereador pelo partido MDB (1969 a 1973); foi deputado estadual de 1975 a 1979 e de 1979 a 1983, ambas as vezes pelo MDB de Marília, SP. Ele se opunha ao regime militar vigente naqueles anos.

Eleito deputado federal, teve mandato de 1983-1987, SP, PMDB, empossado em 17.03.1983, novamente deputado federal - (Constituinte), exerceu mandato de 1987 a 1991, SP, PMDB, empossado que foi em 01.02.1987.

Doreto costumava dizer que a arte existe porque a vida não se basta. Muitas vezes, no decorrer de nosso curso demonstrou a veracidade do que afirmava revelando ser possuidor de mente inventiva e poderosa.

Vereança em família

Vereador em 1969 pela Câmara Municipal de Marília, Doreto Campanari inicia trajetória na vida pública marcada pela dedicação ao próximo e pelo culto à democracia. Eleito pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido que opôs-se ao Regime Militar, permaneceu na edilidade até 1973.

Assembleia Legislativa e Deputação Federal 

No período de 1975 a 1982 exerceu mandatos na Assembleia Legislativa do Estado de SP. Em 1979, com a reorganização partidária, resultada do fim do bipartidarismo, ingressou no Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), partido criado na esteira da extinção do MDB. Em novembro de 1982 concorreu a deputado federal, ficando na suplência. Foi alçado para o mandato na Câmara dos Deputados porque o deputado federal Mário Covas (depois governador de SP), foi nomeado para o cargo de secretário estadual dos Transportes do governo de Franco Montoro. Em novembro de 1982 assumiu o mandato do deputado Mário Covas, devido ao pedido de licença deste para assumir a Secretaria Estadual de Transportes no governo Franco Montoro (1983-1987). Campanari permanece ainda no Legislativo por mais tempo em decorrência da indicação de Covas para assumir como prefeito da cidade de SP. Em 25.4.1984 vota a favor da emenda Dante de Oliveira e, mais tarde, no candidato à presidência vitorioso, Tancredo Neves, após a emenda não ter sido aprovada.

Em 1986, Doreto elege-se deputado federal pelo PMDB e participa da Assembleia Nacional Constituinte, atuando como primeiro vice-presidente da Subcomissão dos Negros, Populações Indígenas, Pessoas Deficientes e Minorias; também cooperou na Comissão da Ordem Social, Comissão da Ordem Econômica e na Subcomissão da Questão Urbana e Transporte.

Doreto Campanari foi um dos 512 deputados federais brasileiros que em 1988, sob o comando do então presidente da Câmara dos Deputados, Ulysses Guimarães (PMDB), ajudou a escrever a Constituição Federal, que ficou conhecida como Constituição Cidadã.

Foi responsável por 102 projetos de lei, entre eles o que reduziu o tempo de serviço para obter estabilidade no emprego dos trabalhadores e o que instituiu jornada máxima de trabalho de 40 horas semanais e proibiu as horas extras. Deixa a Câmara em 1985, com a volta de Mário Covas, após o fim de sua gestão na prefeitura de SP.

Promulgada a nova Constituição em 5.10.1988, passa a exercer apenas o mandato ordinário na Câmara.

Medalhado

Entre outras homenagens, Doreto Campanari recebeu a medalha de mérito cívico Marília de Dirceu, em 29.3.2019, na Câmara Municipal de Marília, SP. Na ocasião declarou:

“É muito gratificante. Tenho amor e respeito por esta Casa de Leis. Fui vereador por oito anos e aprendi muito aqui. Depois me elegi deputado estadual por duas vezes e também considero uma escola muito boa. Posteriormente estive em Brasília como deputado federal. Fiz muitos amigos, entre eles o André Franco Montoro e o Fernando Henrique Cardoso. Sempre defendi uma política de princípio e moral”.

A morte

Doreto Campanari encontrava-se acamado já há algum tempo, após ter sofrido um AVC (Acidente Vascular Cerebral), há dois anos. Deixou cinco filhos e 11 netos, além da esposa Ester Pierini Doreto Campanari.

Doreto inicia em 1958 a era doa transplantes de córnea em Curitiba na Santa Casa

Fiz o serviço militar no CPOR de |Curitiba em 1954. Nesse ano foi criado em todo o país o Serviço de Saúde da instituição. Era um Serviço, não uma arma, como a Infantaria, a Artilharia, Engenharia. No velho prédio fronteiro à Praça Oswaldo Cruz, durante um ano ficamos nós, estudantes de Medicina, Odonto e Farmácia, nas férias e nos sábados e domingos, cumprindo com nossa obrigação para com a pátria.

Muita gente boa fez sua estreia militar naquele ano de 1954, bastando citar apenas alguns deles: Lino Lima Lenz (depois professor de Urologia na  UERJ, Coriolano Caldas Silveira Motta (professor em várias cadeiras da Faculdade de Medicina da Federal do Paraná e da Evangélica), Afonso Antoniuk (professor de Neurocirurgia da Federal do Paraná), Luiz Alencar de Moraes (primeiro pediatra em Dracena, SP), Egídio Martorano (depois prefeito de São Joaquim em SC, deputado estadual e secretário de Estado), Vilson Cidral (professor de Otologia na Federal do Paraná)...

Pois foi pelo Serviço Militar no CPOR de Curitiba que Doreto andava atrás de mim. Queria ele começar a fazer transplantes de córnea e me oferecia a oportunidade de começarmos juntos. Mas, faltava o essencial: trépanos para remover córnea doadora e córnea a ser substituída. Não é que a Santa Casa não tivesse tais equipamentos, apenas seu uso era restrito aos professores. Também não tínhamos microscópio cirúrgico, mas sua ausência era suprida por lupas de quatro aumentos.

Doreto esperava-me à saída de uma das aulas com a grande ideia: que tal utilizar cartuchos não deflagrados, de metal vazios, dos velhos mosquetões Mauser do CPOR, cujos bordos seriam afiados à perfeição por ótico de sua confiança? Arregalei os olhos de pura surpresa: parecia mais um ovo de Colombo, ou melhor, um ovo de Doreto Campanari.

Por Henrique Packter 22/08/2022 - 16:49 Atualizado em 22/08/2022 - 16:54

Numa outra sexta-feira pela manhã, como de costume, estive no Programa Adelor Lessa, da Rádio Som Maior de Criciúma, fazendo a segunda coisa de que mais gosto: falar sobre a vida e suas manifestações. Lessa e eu, dávamos vaza a uma permanente inquietação existencial e a um profundo respeito e zelosa guarda do imortal idioma pátrio.

Comentamos o livro, velho de 20 anos, FATOS E RELATOS PITORESCOS, do falecido jornalista catarinense LUIZ ANTONIO SOARES, publicado em 2003 pela Editora e Gráfica Odorizzi Ltda. Prefácio do jornalista Moacir Pereira, o que não é pouca coisa, fica conferido ao trabalho, este galardão de elevado valor intelectual. Moacir, classifica o autor de exemplo vivo de profissional que vai às últimas consequências quando se trata de advogar princípios, valores, convicções. Vai mais longe e identifica o autor como jornalista competente, punido em sua própria terra pela inveja dos medíocres. Imagino que a obra está esgotada o que não causa nenhuma admiração: é assim mesmo, em se tratando de trabalhos que tais.

Quanto a Luiz Antônio Soares, falecido em 20.9.2013, aos 72 anos, foi o primeiro jornalista de SC a receber o reconhecido prêmio Esso Regional Sul. Iniciou sua carreira no Jornal A Nação, dos Diários Associados, em Blumenau, e colaborou com o semanário O Lume, de Honorato Tomelin. Sepultado no Cemitério São José, Blumenau, Luiz Antônio Soares morreu numa sexta-feira no Hospital Santa Isabel, onde estava internado desde terça-feira, ao sofrer um traumatismo craniano, após queda em casa. Soares atuou como colunista do Jornal A Notícia e também trabalhou no Jornal de Santa Catarina por 27 anos, onde foi editor-chefe entre 1970 e 1980 e ganhou o prêmio mais valorizado da imprensa brasileira com série de reportagens defendendo a preservação da Ponte do Salto. 

No livro de Luiz Antônio Soares de 206 páginas, há alguns notáveis relatos de não menos notáveis personalidades que desfilaram pelo cenário de nosso estado. Logo na página 13, Lessa e eu encontramos excelente matéria, intitulada NOMINHO.
Nesse local Luiz Antônio Soares descreve caloroso debate entre os deputados PEDRO KUSS do antigo PSD de Mafra e PAULO KONDER BORNHAUSEN, o PKB, da UDN, irmão de JORGE BORNHAUSEN.  Pedro Kuss (Lapa, 4.04.1897, 22.03.1978), foi fazendeiro e político, filho de José Kuss Filho e de Ernestina Weinhardt Kuss. Kuss, Kuss, Kuss.

Foi vereador, prefeito de Joaçaba e Mafra, deputado estadual-, cargos alcançados tanto por nomeação (escolha política), quanto por eleição direta (pelo voto popular). 

Revolucionário, integrou o grupo liderado pelo coronel José Severiano Maia, articulador dos desdobramentos da Revolução de 1930 que retirou do poder o presidente Washington Luís, impediu a posse do presidente eleito Júlio Prestes e levou Getúlio

Vargas à presidência da República. Fez parte da preparação mafrense para participação nos combates da Revolução Constitucionalista de 1932, como subcomandante do 5º Batalhão da Reserva da Força Pública de SC, tropa de voluntários que ficou popularmente conhecida como Batalhão Come-Vaca.

Após as revoluções do início da década de 1930, Pedro Kuss assumiu em 1933, por nomeação, a prefeitura de Joaçaba e, dois anos depois (1935), também por nomeação, tornou-se prefeito de Mafra. Assumiu por outras duas oportunidades a prefeitura de Mafra: mais uma vez nomeado em 1946, e eleito ano seguinte. 

Em 1950 conquistou uma cadeira na Assembleia Legislativa de SC, cargo que voltaria a exercer também na década seguinte, após vencer novas eleições e, cumprir novo mandato de deputado estadual na 3ª legislatura (1955 — 1959), eleito pelo  PSD. É quando o deputado Pedro Kuss resolve inticar com PKB, acusando o deputado Paulinho (sempre citado dessa maneira), disso e daquilo e mais aqueloutro. Até que PKB levanta questão de ordem, autorizada pelo presidente da Casa.

Chama PKB no diatribe, de deputado Paulinho, sendo interrompido, por questão de ordem, levantada por PKB.

- Senhor Presidente, senhores deputados! Meu nome é Paulo Konder Bornhausen. Dou ao meu oponente o direito de me tratar por PKB, Paulo, Paulo Konder, Konder, Konder Bornhausen, Paulo Bornhausen – como queira, pode escolher! Mas, se o deputado KUSS continuar a me chamar do jeito como o faz, vou trata-lo da mesma forma. Só ainda não sei se pelo aumentativo ou pelo diminutivo de seu   sobrenome!

Por Henrique Packter 15/08/2022 - 09:41 Atualizado em 15/08/2022 - 09:41

OLHO MÍOPE É OLHO DOENTE

Toda prevenção deve estar destinada para a ocasião em que a criança ainda não é míope. A miopia que surge cedo na vida é potencialmente grave, podendo levar à cegueira.

1.      Tem aumentado número de jovens míopes?  Sim, por influências genéticas (70% tem pais ou parentes míopes), do meio e de comportamento (excessivo uso de smartphones, híbridos entre celular e computador, desde a infância e falta de atividades ao ar livre).

2.     E, nas outras faixas etárias? A miopia ocorre quando o olho encomprida mais do que o normal. Aparece entre os 8 e os 12 anos quando o olho está em desenvolvimento. Mas, pode acometer outras idades, entre 18 e 21 anos, época em que o crescimento em comprimento do olho já deveria ter cessado. É A MIOPIA DE APARECIMENTO TARDIO, RELACIONADA AO EXCESSO DE USO DE TELAS DIGITAIS. Importância maior é a miopia em crianças que pode determinar alterações graves levando até a cegueira, algo que aflige a humanidade de nossos dias. No Japão e no leste asiático (China, Coréia do Norte e do Sul, Mongólia, Taiwan), a miopia é considerada causa número 1 de cegueira no adulto pelo surgimento na infância e pela progressão para a vida adulta. 

3.     Quais práticas podem ser adotadas para evitar a miopia? Podem diminuir ou retardar a miopia: A – exposição à luz solar: Escolas asiáticas adotam paredes de vidro para facilitar entrada da luz solar. Dentro das moradas deve-se melhorar a iluminação natural; ela provoca secreção do hormônio DOPAMINA na retina, impedindo o crescimento excessivo dos olhos. B- praticar atividades físicas desde cedo: 2 horas/dia e reduzir radicalmente acesso às telas digitais. Até 2 anos de idade acesso às telas deve ser ZERO. Depois dos 2 anos, 1 hora/dia, com supervisão. As telas emitem luz azul que pode colaborar para aumento da miopia. Na Ásia, crianças costumam ficar 2 períodos na escola. Voltando para casa fazem as lições sob luminária com luz LED. Acabam se tornando mais míopes do que as que usam outro tipo de iluminação. Hoje, sumiu a luz incandescente e a LED está em todas as telas digitais, na tela de Tv e às vezes na luz interna. Na França, a Agencia Nacional de Saúde e Alimentação produziu documento sobre a luz LED sugerindo que não se usasse em berçários e hospitais tal iluminação porque ela pode influenciar no crescimento ocular.

4.      Haveria no mundo de hoje epidemia global de miopia? Seria correto dizer que há uma pandemia de miopia. No Leste Europeu (Bulgária, República Tcheca, Hungria, Polônia, Romênia, Federação Russa, Eslováquia, Bielorrússia, Moldávia, Ucrânia, Bulgária, Bósnia, Grécia, Macedônia, Sérvia, Montenegro, Romênia e Turquia), e no leste asiático, há um século atrás, a prevalência da miopia alcançava 25%. Hoje esse número é de 96%, aumento de 3 vezes ou metade da população mundial míope logo, logo. Olhos míopes têm mais glaucoma, talvez a principal causa de cegueira irrecuperável. Haverá mais cataratas, descolamentos de retina, degeneração miópica da alta miopia.

No Brasil, temos de tomar medidas e agora.  Olhemos para a criança escolar e pré-escolar. É ela que vai ser a alta míope daqui a 10, 15 ou 20 anos e vai ficar cega aos 60 anos. Cegueira induzida por complicações da miopia.

5.     Com que idade fazer a primeira consulta oftalmológica? Ao nascer, o teste do olhinho, obrigatório na rede pública, pode identificar algum problema congênito, como a catarata. Três ou quatro anos seria a idade ideal e depois exame oftalmológico ao iniciar a alfabetização. Percebendo os pais, ou pessoas chegadas, algum problema (desvio de um ou ambos os olhos, mal estar na claridade, vermelhidão, secreção ocular, reflexo “olho de gato”, mancha branca na menina do olho exposta à luz e especialmente visível em fotos com flash: buscar orientação oftalmológica imediata). Esta última condição pode remeter ao diagnóstico de retinoblastoma, o temível tumor ocular maligno em crianças.

6.     Há sinais de que a criança ou o adolescente podem estar desenvolvendo miopia ou outro problema visual?  Até os 3 anos os graus de lentes para corrigir problemas visuais variam. O normal da criança é ser HIPERMETROPE (defeito característico de quem tem o olho curto, pequeno, que melhorará com o crescimento por aumento do comprimento ocular); hipermetropia pequena não atrapalha a visão, nem o desempenho escolar. Já a miopia, olho comprido, atrapalha a visão mesmo em graus pequenos, miopia essa que vai aumentar com o crescimento. HIPERMETROPIA GRANDE em criança atrapalha a visão e o desenvolvimento e faz com que o olho entorte, fique estrábico, aí pelos 2 e 1/2 anos de idade. Logo, criança com desvio ocular, dificuldade de aprendizado ou demonstração de desinteresse pela leitura e escrita, necessita de avaliação especializada. Míopes aproximam os textos; quando não enxergam de longe, levantam-se para ficar mais próximos da lousa, franzem a testa. Tudo isso sinaliza para falta de visão. O hipermEtrope, se perde um pouco de interesse tem sonolência ou desconforto visual e dor de cabeça.

Por Henrique Packter 08/08/2022 - 12:58 Atualizado em 08/08/2022 - 14:52

No dia 5 de agosto, como de hábito nas sextas-feiras, lá pelas 9 e alguma coisa da manhã, Lessa e eu sempre comentamos os fatos e atos relevantes da semana, encerrando o programa que leva seu nome. José Eugênio Soares, o Jô Soares, falecera poucas horas antes, no Hospital Sírio-Libanês de São Paulo, onde fora internado em 28 de julho. Nasceu em 1938, tendo portanto 84 anos ao partir. Sua morte nos aproxima e atrai para rescaldo de um tempo perdido, afinal ele foi entretenimento para os brasileiros durante seis décadas. 

Humor elitizado das madrugadas

Jô Soares, humorista que fazia todo mundo rir, ao mesmo tempo fazia pensar. Era um humorista-ator intelectualizado. Raridade na cena televisiva-teatral e literária brasileira, criava personagens para combater preconceitos. Nos seus livros misturava ficção e realidade. Showman, deixava-nos insones, televisão ligada até altas horas, conduzindo o melhor programa de entrevistas de nossa Tv, qualidade ainda não igualada entre nós. Músico, tocando bongô de maneira admirável, entrevistava seus convidados nas várias línguas que dominava: francês, inglês, italiano, português, espanhol; tinha conhecimentos em alemão. Mas, acima de tudo falava a língua das ruas com seus causos e piadas.

O início na TV

Estudou em Lausanne na Suiça. Viu Tv pela vez primeira em 1952 nos EUA e, seis anos depois – aos 20 anos – escrevia e atuava em peças policiais na Tv Rio. Logo depois seria comediante na Tv Continental. Em 1960 estava na Tv Excelsior, no Simonetti Show. Na Record, em 1966, escrevia e atuava no premiadíssimo Família Trapo. Dividia a redação do programa com Carlos Alberto Nóbrega. Estreou na Globo em 1970 onde brilhou com Faça Humor, Não Faça a Guerra, toda sexta-feira à noite, show substituído por Satiricom e, depois, por Planeta dos Homens.

Em 1981 Jô reivindicava programa só seu, o Viva o Gordo. Em 1987 muda para o SBT e encena o Veja o Gordo, passando depois a dedicar-se em tempo integral ao Jô Soares Onze e Meia, referência na Tv brasileira de talk show. No seu talk show, já se disse, demolia qualquer embuste com seu sarcasmo e reconhecia todo puro talento com sua generosidade.  Raciocínio surpreendentemente veloz, improvisava porque tinha cultura.

Em 2000 volta para a Globo onde apresenta até 2016, Programa do Jô. Max Nunes, redator de seus programas faleceu em 2014, ano da morte de seu único filho, Rafael, autismo agravado por tumor cerebral, aos 50 anos. Jô era, então, casado com a atriz Teresa Austregésilo, primeira de três núpcias.

Trabalhou no teatro, cinema e na produção literária. Pertenceu à Academia Brasileira de Letras. Com Matinas Suzuki lançou o Livro de Jô- Uma Autobiografia Desautorizada, em dois volumes. 

 Os finalmentes  

No VIVA O GORDO (Globo, 1981-1987) e no VEJA O GORDO (SBT, 1988-1980), satirizou a política e costumes pátrios. Seu humor emergente refletia o momento que o país vivia. Criador de personagens icônicos, Jô muito auxiliou na restauração do Theatro São Pedro de Porto Alegre, reforma idealizada por Eva Sopher que faleceu em 2018. Eva, na ausência de verbas, apelou para que artistas doassem seus trabalhos para as obras do teatro. Jô apresentou seu show em Porto Alegre, pagando as passagens do próprio bolso. O espetáculo foi encenado em meio a escombros e paredes reconstruídas do velho teatro.   

Vai em paz, Jô Soares.

Por Henrique Packter 01/08/2022 - 15:46 Atualizado em 01/08/2022 - 15:51

O que é a córnea?

A córnea é um tecido transparente situado na parte anterior do olho (na superfície do olho – a primeira interface que a luz atravessa). É uma lente natural e transparente situada na frente da íris (a parte colorida do olho) e da pupila. Se a córnea opacificar (embaçar), perder a transparência – por enfermidades hereditárias, lesões, infecções, queimaduras por substâncias químicas, enfermidades congênitas ou outras causas –, a pessoa pode perder ou ter a visão bastante reduzida.

A doação de órgãos em geral e da córnea em particular

Por que ser um doador? Porque suas córneas vão beneficiar pessoas com deficiência visual e porque os exemplos fazem outras pessoas interessar-se.
 
Qualquer pessoa pode ser doadora de tecidos oculares? Sim, exceto aquelas portadoras de problemas nas córneas.
 
Mesmo que a pessoa não tenha manifestado o desejo de doar, a família pode entrar em contato com o Banco de Olhos? Preferivelmente, não. Doar é um ato  solidário e espontâneo.
 
Como posso manifestar o desejo de, algum dia, vir a ser doador? Quando estiver decidida procure o Banco de Olhos mais próximo.
 
A retirada dos tecidos oculares provoca alguma deformidade no doador? Não.
 
Até quanto tempo após o óbito os tecidos oculares podem ser retirados? Antes de seis horas.
 
Após o óbito, existe algum cuidado que deva ser tomado para que as córneas não sejam danificadas? Auxilia bastante se pequenos torrões de gelo envolvidos em saquinhos plásticos forem colocados sobre os olhos, delicadamente, até a hora de remoção das córneas.
 
Se alguém quiser, em vida, doar uma córnea para um familiar inscrito na lista de espera para transplante de córnea, poderá? Não.
 
Se a família quiser autorizar a doação para que a córnea seja transplantada em alguém da própria família ou em algum amigo da família, é possível? Não.
 
Se os familiares do doador quiserem conhecer os receptores dos tecidos oculares doados ou se os pacientes receptores destes tecidos quiserem obter informações sobre o doador ou sobre os familiares que autorizaram a doação, poderão? Temos sempre desestimulado essa prática. Há pessoas que se aproveitam desse conhecimento para auferir vantagens.
 
Qual é o custo da doação para os familiares do doador? Custo zero.
 
Existem objeções religiosas com relação à doação? Não. Delegação brasileira chefiada pelo Professor Hilton Rocha, de Belo Horizonte, procurou no  Vaticano Papa Pio XII que declarou ser a doação de órgãos ato de amor para com o próximo.

Banco de Olhos

Banco de olhos é uma entidade sem fins lucrativos que recebe doações, prepara e distribui córneas para transplante, ensino e pesquisa.

A importância dos Bancos de Olhos para o Brasil 

As ações implementadas pela APABO levaram o Brasil a conquistar, mundialmente, o segundo lugar como referência na área de Banco de Olhos (atrás, apenas, dos Estados Unidos). Os poucos e antigos Bancos de Olhos foram reestruturados, de acordo com padrões internacionais, e novos centros foram criadas em quase todo o país.

Apabo

O escritório Brasil da Associação Pan-Americana de Bancos de Olhos, APABO, entrou em funcionamento em 1991 e foi criado para que as equipes dos Bancos de Olhos e os oftalmologistas brasileiros – que solicitavam a assessoria e o respaldo da Associação – pudessem ser atendidos em português e receber orientação de acordo com as peculiaridades de cada região do território brasileiro.

A atuação da APABO no Brasil resultou em importantes transformações no panorama das doações e dos transplantes de córnea no país.

Os poucos e antigos Bancos de Olhos foram reestruturados, de acordo com padrões internacionais, e novas unidades foram criadas em quase todas as regiões do país. Importante sistema de controle da qualidade dos tecidos oculares doados foi estabelecido e consolidado.

A formação oferecida pela APABO para os profissionais brasileiros, médicos e técnicos – para a atuação nos Banco de Olhos –, é reconhecida, internacionalmente, como de excelência.

Regulamentações para o funcionamento dos Bancos de Olhos foram criadas, aprovadas e seguem sendo aperfeiçoadas.

As doações e os transplantes de córnea aumentaram de forma significativa  – o que possibilitou a redução do número de pacientes à espera de um transplante de córnea e, também, do tempo de espera em lista.

Mais cirurgiões puderam ser treinados, de forma regular e intensiva, e melhores resultados cirúrgicos passaram a ser obtidos.

Por Henrique Packter 25/07/2022 - 08:51 Atualizado em 25/07/2022 - 08:53

BANCO DE OLHOS DE CRICIÚMA

EDITAL DE CONVOCAÇÃO

De conformidade com o artigo 22 do Estatuto do Banco de olhos de Criciúma (BOC), ficam convocados todos os sócios da entidade para a eleição da diretoria para o biênio 91-93 que vai acontecer no próximo dia 11 de novembro de 1991 na Regional Médica da Zona Carbonífera (rua Pedro Benedet, 363, sala 202, fone 33-5919.

Outrossim, adianta que as chapas concorrentes poderão ser inscritas até o próximo dia 15 de outubro às 18 horas, também na Regional Médica.

Desidério Meller – Presidente.

Em 15 e 16 de novembro de 1991 é o VI CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE BANCO DE OLHOS e IV SIMPÓSIO DO BANCO DE OLHOS DE CURITIBA, em Curitiba/PR.

JORNAL DA MANHÃ 05.12.1991

BANCO DE OLHOS:  DIRETORES VIAJAM EM BUSCA DE SUBSÍDIO

Diretores e colaboradores do BOC viajam na madrugada desta sexta-feira para Joinville onde, às 13,30 horas, vão realizar oficialmente a primeira visita ao banco de olhos daquela cidade. Além da presidente do BOC professora Maria Dal Farra Naspolini e de membros da diretoria o médico oftalmologista Anilton Antonelli acompanha a delegação. (...) Ela está muito otimista com o resultado das primeiras reuniões do BOC e acredita que em breve vai poder começar a divulgar em toda a região a campanha visando a conscientização da doação de córneas e a conquista de sócios para o BOC.

Na avaliação da presidente, o grupo que trabalha voluntariamente no BOC está unido e disposto a trabalhar bastante. “Nós só estamos dando continuidade a uma ideia nascida há 10 anos em nosso município e que até há pouco era administrada por pessoas sérias, idôneas, e, acima de tudo disposta a doar pelos outros”, ponderou ela.

Os dois primeiros

16.08.1992

BOC realiza dois transplantes

A presidente do BOC prof. Maria Dal Farra Naspolini confirmou a realização dos dois primeiros transplantes na gestão da atual diretoria, foi no dia 16, domingo, no Hospital São João Batista pelos diretores clínicos Anilton Antonelli e Benito Juarez Gorini Borges.

JORNAL A NOTÍCIA 13.08.1992

Após um ano e meio de funcionamento do banco (com nova diretoria) foram realizados domingo dois transplantes de córnea.

BANCO DE OLHOS VIABILIZA TRANSPLANTES EM CRICIÚMA

(...) O BOC foi fundado no final de 1981 e somente funcionou durante dois anos. (Equívoco evidente, nunca deixou de funcionar até que seu único transplantador demitiu-se por questões de saúde após grave acidente que sofreu em 2007. Necessário ressaltar que este trabalho foi possível graças às ações de sua Diretora ELIANE ANDRADE, colaborador ALMIR DE SOUZA FERNANDES, VOLUNTÁRIOS e OFTALMOLOGISTA HENRIQUE PACKTER. O grupo que pretendia substituir o trabalho dos pioneiros demitiu-se, alegando os médicos que não tinham mais pacientes na lista de espera! Que tinham zerado a fila!).

Depois de ficar desativado por quase oito anos novamente entrou em ação a partir de novembro do ano passado. Em Criciúma 5 médicos fazem transplante de córnea. Na lista do BOC 17 pacientes esperam doadores.

Outro responsável pela recuperação (?) de córneas é o BANCO DE OLHOS SUL CATARINENSE (BOSC), fundado em Tubarão há dois anos pelo oftalmologista Henrique Packter (observação: pelo Dr. OTTO FEUERSCHUTTE NETO, VLADIMIR CASTILHA de Laguna e EVALDO MEDEIROS DE OLIVEIRA de ARARANGUÁ, HENRIQUE D. DE CAMPOS de Içara, DAVID PEREIRA, VALTER PEREIRA de Criciúma. As ações deste Banco de Olhos foram descontinuadas após os médicos e voluntários que haviam ocupado os cargos da instituição por eleição, terem deixado os mesmos). Em um ano e meio este banco de olhos que abrange todos os municípios do sul do estado foi responsável pelo transplante de 24 córneas. Hoje, mais 60 aguardam na fila por doação. (...)

“Há uma semana, 12.08.1992, o BOSC promoveu (NA CIDADE DE GRAVATAL/SC) um seminário para saber quais os últimos avanços no transplante de córnea. Estavam palestrando profissionais como o médico Francisco Mais, presidente da Associação Brasileira dos Bancos de Olhos, Thadeu Cvintal, secretário-MÉDICO do Banco de Olhos de São Paulo, Amilton Moreira, secretário-MÉDICO do Banco de Olhos de Curitiba e professor da Universidade de Medicina do Paraná e Sérgio Kvitko chefe do Departamento de Córnea do Hospital das Clínicas de Porto Alegre”.

JORNAL DA MANHÃ PÁG. 03 de 03.05.1993

O BOC agora é oficialmente uma entidade de utilidade pública. A Câmara Municipal de Criciúma aprovou por unanimidade projeto de lei da vereadora e presidente licenciada do BOC, Maria Dal Farra, nesse sentido.

BANCO DE OLHOS DE CRICIÚMA

EDITAL DE ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA

A presidente do BOC no uso de suas atribuições estatutárias convoca todos os associados para comparecerem à Assembleia Geral Ordinária a ser realizada no dia 14.11.1993 1993 às 19,30 horas em 1ª convocação com a presença de 2/3 de todos os associados e às 20 hs em 2ª convocação com a presença de qualquer número de associados à rua Dom Joaquim Domingos de Oliveira, 65, salão de festas do Edifício Villa Lobos para tratar da seguinte ordem do dia:

1º aprovação das contas da Diretoria período 91/93

2º eleição e posse da nova diretoria, conselho técnico e fiscal

3º outros assuntos de interesse geral e da entidade

Criciúma, 25.10.1993

Maria Dal Farra-Presidenta

5.226   (Cont)

Por Henrique Packter 18/07/2022 - 08:55 Atualizado em 18/07/2022 - 09:07

A HISTÓRIA DOS TRANSPLANTES DE CÓRNEA EM CRICIÚMA E REGIÃO

JORNAL LUTA DEMOCRÁTICA DO RJ

JORNAL DE MAIOR PÚBLICO LEITOR

Fundador: TENÓRIO CAVALCANTI

Ano XVIII * 7 de dezembro de 1971* Nº 5.513

Médico catarinense aprovado em 1º lugar em concurso no Hospital dos Servidores do Estado

O Dr. Henrique Packter, médico oftalmologista, radicado em Criciúma (SC), vem de ser aprovado em primeiro lugar no concurso para provimento de cargo de oftalmologista do Hospital dos Servidores do Estado (IPASE) da Guanabara. O Dr. Henrique Packter, conhecido oftalmologista catarinense é o atual presidente do Departamento de Oftalmologia da Associação Catarinense de Medicina.

Dedica-se à especialidade no Hospital São José de Criciúma e vem de realizar estágio de um ano no RJ no Serviço de Oftalmologia do HSA, Serviço do Dr. Orlando Rebello, além de Curso na Sociedade Brasileira de Oftalmologia e Curso de Pós Graduação em otoneuroftalmologia  na Pontifícia Universidade Católica do RJ.

No HSE (IPASE) da Guanabara, o Dr. Henrique Packter foi assistente entre outros conhecidos oftalmologistas, do Dr. Aderbal de Albuquerque Alves, que é reconhecida autoridade em questões ligadas à refração ocular.  

CORREIO DO SUDESTE de 15.10.1981 e TRIBUNA CRICIUMENSE de 17.10.1981.

“Um grupo de médicos oftalmologistas e outras pessoas interessadas estão se mobilizando no sentido de criar o banco de olhos cde Criciúma”. (...) “Em nossa cidade os transplantes são realizados há mais de 10 anos. A exemplo de outros locais, a imprensa falada, escrita e televisada de Criciúma tem emprestado grande apoio e incentivo a essa iniciativa”. 

Florianópolis somente teria uma Central de Transplantes de Órgãos no final de 1999, mas, o primeiro transplante de córnea data de 14.05.1972 e foi realizado pelo SUS por uma equipe constituída pelos doutores Henrique Packter (cirurgião oftalmólogo), Boris Pakter e David Groisman Raskin (oftalmologistas), Sérgio Luiz Bortoluzzi (anestesista), Maria Formentim Fernandes, circulante.

Em 1998, os TC tinham listas de espera regionalizadas, Criciúma tinha a sua. Isso significa que córneas captadas na região eram implantadas na região.  Graças a ALMIR FERNANDES DE SOUZA e ELIANA ANDRADE um Banco de Olhos virtual coletava córneas, principalmente no IML. O trabalho do Banco de Olhos era executado por esses dois abnegados voluntários. Com o tempo, outros voluntários se incorporaram, temporariamente, a nós. 

O Hospital Regional de São José Dr. Homero de Miranda Gomes, ativado a 02.03.1987, iniciou atividades oftalmológicas sob direção dos Drs. Otávio Nesi e Eulina T.S. Rodrigues Cunha, em 01.10.1987.  Em 1993 e 1997, SC adquiriu aparelhos de laser e microscópio cirúrgico.

Em 15.9.2007, viajando a Florianópolis a trabalho, sofri grave acidente automobilístico tendo de interromper meu trabalho e em especial cirurgias de TC e de Descolamento de retina, as mais trabalhosas. Na minha lista de candidatos a transplante de córnea constavam, então, 34 clientes à cirurgia. Em 8.1.2008 solicitei à Central de Transplantes que não mais remetessem córneas para TC tendo em vista minha situação quanto à saúde. Em 7.8.2009 e 12.8.2009 minha secretária alertou a todos os inscritos do que ocorria. Já em Fev/2010 a Central de Transplantes comunica a todos, por carta que devem migrar para outra equipe transplantadora, nos seguintes termos:

“Informamos que esta equipe (do HSJ) está indisponível para a realização de TC, sem previsão de retorno às suas atividades e que o senhor poderá solicitar transferência de sua equipe em outro serviço de transplante sem prejuízo de tempo em lista, para isso deverá marcar consulta médica com oftalmologista credenciado a uma equipe do estado”.

DO SISTEMA NACIONAL DE TRANSPLANTE

O SNT, concebido a partir do disposto no artigo 199, # 4º da Constituição da República, encontra-se estruturado na Lei nº 9.434/97 (Lei dos Transplantes) a qual foi regulamentada pelo Decreto nº 2.268/97 e, particularmente pela Portaria MS 3.407 de 05/08/98.   (...)

Esta portaria ainda não surtira efeitos em SC, nem a CENTRAL DE TRANSPLANTES estava em operação em 7.2.1998.

“... o motivo para a não realização do procedimento foi a indisponibilidade do profissional transplantador no HSJ que se deu a partir de janeiro de 2008” (bilhete de 8.1.08). “Importante ainda asseverar que os pacientes do HSJ, sob a responsabilidade do Dr. HP, estavam inscritos para procedimentos eletivos (não urgentes)...” 

0 decreto  4.02.1997– Lei 9.434 regulamentada pelo Decreto 2.268 de 30.6.1997 cria o SNT e as Centrais Estaduais de Transplantes com listas de espera regionalizadas, lista única, sendo as normas estabelecidas em Portaria nº 91 de 23.01.2001. A Lei do Transplante (9434, Fev/97), iniciativa do Legislativo, sem participação do Ministério da Saúde e associações médicas, adota consentimento presumido para doação de órgãos: se em vida não tivesse o falecido expressamente  declarado que não era doador, sua córnea poderia ser removido.

Nunca adotamos este procedimento. O BOC apenas removia córneas com a concordância dos familiares. 

Desta forma, SC que vira seu primeiro transplante de córnea ser executado com sucesso em 14 de maio de 1972, veria em 07.2.1998 quando essas regulamentações ainda não se achavam implantadas no país a Portaria do Ministério da Saúde nº 263, 31.3.1999 e Portaria nº 905 de 16.8.2000 criar a Comissão Intra-Hospitalar de Transplantes de órgão.

SC TRANSPLANTES

Criada por Decreto Estadual (21.9.1999), credenciada pelo Ministério da Saúde (27.10.1999), foi inaugurado em 16.12.1999,  27 anos depois do transplante pioneiro. Muitos transplantes de córnea foram realizados em SC neste período, antes que houvesse qualquer tipo de legislação contemplando essas cirurgias!

Por Henrique Packter 08/07/2022 - 09:49 Atualizado em 08/07/2022 - 09:50

Florianópolis somente teria uma Central de Transplantes de Órgãos no final de 1999, mas, o primeiro transplante de córnea data de 14.05.1972 e foi realizado pelo SUS por uma equipe constituída pelos doutores Henrique Packter (cirurgião oftalmólogo), Boris Pakter e David Groisman Raskin (oftalmologistas), Sérgio Luiz Bortoluzzi (anestesista), Maria Formentim Fernandes, circulante.

Em 1998, os TC tinham listas de espera regionalizadas, Criciúma tinha a sua. Isso significa que córneas captadas na região eram implantadas na região.  Graças a ALMIR FERNANDES DE SOUZA e ELIANA ANDRADE um Banco de Olhos virtual coletava córneas, principalmente no IML. O trabalho do Banco de Olhos era executado por esses dois abnegados voluntários e, também por mim. Com o tempo, outros voluntários se incorporaram, temporariamente, a nós. 

O Hospital Regional de São José Dr. Homero de Miranda Gomes, ativado a 02.03.1987, iniciou atividades oftalmológicas sob direção dos Drs. Otávio Nesi e Eulina T.S. Rodrigues Cunha, em 01.10.1987.  Em 1993 e 1997, SC adquiriu aparelhos de laser e microscópio cirúrgico.

Em 15.9.2007, viajando a Florianópolis a trabalho, sofri grave acidente automobilístico tendo de interromper meu trabalho e em especial cirurgias de TC e de Descolamento de retina, as mais trabalhosas. Na minha lista de candidatos a transplante de córnea constavam, então, 34 candidatos à cirurgia. Em 8.1.2008 solicitei à Central de Transplantes que não mais remetessem córneas para TC tendo em vista minha situação quanto à saúde. Em 7.8.2009 e 12.8.2009 minha secretária alertou a todos os inscritos do que ocorria. Já em Fev /2010 a Central de Transplantes comunica a todos, por carta que devem migrar para outra equipe transplantadora, nos seguintes termos:

“Informamos que esta equipe (do HSJ) está indisponível para a realização de TC, sem previsão de retorno às suas atividades e que o senhor poderá solicitar transferência de sua equipe em outro serviço de transplante sem prejuízo de tempo em lista, para isso deverá marcar consulta médica com oftalmologista credenciado a uma equipe do estado”.

DO SISTEMA NACIONAL DE TRANSPLANTE

O SNT, concebido a partir do disposto no artigo 199, # 4º da Constituição da República, encontra-se estruturado na Lei nº 9.434/97 (Lei dos Transplantes) a qual foi regulamentada pelo Decreto nº 2.268/97 e, particularmente pela Portaria MS 3.407 de 05/08/98.   (...)

Esta portaria ainda não surtira efeitos em SC, nem a CENTRAL DE TRANSPLANTES estava em operação em 7.2.1998.

“... o motivo para a não realização do procedimento foi a indisponibilidade do profissional transplantador no HSJ que se deu a partir de janeiro de 2008” (bilhete de 8.1.08). “Importante ainda asseverar que os pacientes do HSJ, sob a responsabilidade do Dr. HP, estavam inscritos para procedimentos eletivos (não urgentes)...” 

0 decreto  4.02.1997– Lei 9.434 regulamentada pelo Decreto 2.268 de 30.6.1997 cria o SNT e as Centrais Estaduais de Transplantes com listas de espera regionalizadas, lista única, sendo as normas estabelecidas em Portaria nº 91 de 23.01.2001. A Lei do Transplante (9434, Fev/97), iniciativa do Legislativo, sem participação do Ministério da Saúde e associações médicas, adota consentimento presumido para doação de órgãos: se em vida não tivesse o falecido expressamente  declarado que não era doador, sua córnea poderia ser removido.

Nunca adotamos este procedimento. O BOC apenas removia córneas com a concordância dos familiares. 

Desta forma, SC que vira seu primeiro transplante de córnea ser executado com sucesso em 14 de maio de 1972, veria em 07.2.1998 quando essas regulamentações ainda não se achavam implantadas no país a Portaria do Ministério da Saúde nº 263, 31.3.1999 e Portaria nº 905 de 16.8.2000 criar a Comissão Intra-Hospitalar de Transplantes de órgão.

SC TRANSPLANTES

Criada por Decreto Estadual (21.9.1999), credenciada pelo Ministério da Saúde (27.10.1999), foi inaugurado em 16.12.1999,  27 anos depois do transplante pioneiro. Muitos transplantes de córnea foram realizados em SC neste período, antes que houvesse qualquer tipo de legislação contemplando essas cirurgias!

Por isso, MEUS Transplantes de Córnea, REALIZADOS ATRAVÉS DO SUS NUNCA FORAM REMUNERADOS APESAR DE, EM VÁRIAS OCASIÕES, EU TER RECLAMADO DA SITUAÇÃO, INCLUSIVE DIRIGINDO-ME PESSOALMENTE À CENTRAL DE TRANSPLANTES EM FLORIANÓPOLIS, ÀS VEZES ACOMPANHADO PELO DELEGADO ALMIR FERNANDES DE SOUZA E UMA VEZ COM ELIANA ANDRADE, DIRETORES DO BANCO DE OLHOS VIRTUAL DE CRICIÚMA.

MANCHETES

O ESTADO de 27.10.1981 (terça-feira). SC GANHA O SEGUNDO BANCO DE OLHOS. É EM CRICIÚMA EM 23.10.1981.

FAZIA QUASE 10 ANOS DO PRIMEIRO TRANSPLANTE DE CÓRNEA NO ESTADO.

“CRICIÚMA – em solenidade realizada na noite de sexta-feira, 23 de outubro, a criação e consequente fundação de um Banco de Olhos na região da Bacia Carbonífera foi oficializada, estando presentes ao ato todos os integrantes da primeira diretoria efetiva da entidade. Segundo Desidério Meller, o DÉIO, presidente do Banco de Olhos de Criciúma, a reunião teve por objetivo oficializar a formação desta primeira diretoria “que irá permitir a estruturação e funcionamento do Banco”.

“A finalidade dessa iniciativa, aliás a segunda do Estado catarinense, o primeiro ‘Banco de Olhos” já funciona em Joinville, é a de permitir o aproveitamento de córneas doadas voluntariamente e que possam da mesma maneira virem a ser doadas a pacientes carentes desta matéria;”  “não vai se falar em comercialização de córneas de forma alguma” advertiu Meller: “esta iniciativa precisamente visa recolher, aceitar doações para posteriormente doá-las a quem tiver necessidade, o nosso ponto de vista”. Por ora o BOC conta apenas com relação de pacientes carentes, cerca de 50 nomes. Esse número disse o presidente do BOC ‘já passa a servir de meta para que venhamos a obter tão logo possível a quantidade de córneas suficientes para o devido transplante’.

Meller garantiu que a intenção da diretoria do BOC é a de “estender a sua utilidade a toda a Região carbonífera e se for possível até o extremo sul do Estado. Esta é inclusive o nosso ponto de partida.” “Mas, a partir do momento em que nosso estatuto assim como a entidade estejam já regularizados haveremos de requerer a sua utilidade pública no âmbito municipal, estadual e federal, onde poderemos conseguir recursos que assegurem o total funcionamento do BOC” (...)

A diretoria do BOC é composta por Desidério Meller - presidente, Otto Luiz Farias - vice e gerente do BESC, Henrique Packter - diretor médico, Anilton Antonelli- vice-diretor médico, Carlos Augusto Borba - secretário, Orlando Nicoladelli - vice-secretário, Aires Dal Pont - tesoureiro, Pedro Milanez - vice-tesoureiro. A assessoria jurídica da entidade está com Benedito Narciso da Rocha. Paralelamente, está se constituindo um Conselho Técnico a ser composto pelos demais oftalmologistas da região”.

Desdidério Meller é de 22.4.1919. Casado com Laura Neves Meller foram pais de Leatrice, Roberto e Beatriz.  Já fora proprietário de Loja de calçados associado a Antenor Longo e Mário Carneiro.  Com Balthazar Gomes criou a Agência Ford em Criciúma. Depois, ocupou por longos anos atividades securitárias, fiscal de tributos estaduais. Aposentado em 1970 era Maçon. Foi fundador da loja Presidente Roosevelt, e do Rotary. Faleceu em 8.11.1997.

BENEDITO NARCISO DA ROCHA – Nascido em União, Piauí em 28.04.1919, era casado com Amélia Alygia Tonon e pai de Eduardo, Paulo Henrique e Maria das Graças.  Advogado e professor, fixou residência em Criciúma,1958. Na área jurídica prestou assistência a entidades públicas e privadas em Parnaíba (PI), Carlópolis, Imbituva e São José dos Pinhais (PR) e Criciúma. Professor e diretor em Recife, na FUCRI foi Diretor Administrativo.  Fundador das CNEC (Escolas da Comunidade), presidente da APAE, sócio e diretor do Círculo Operário Criciumense, membro do Rotary e da Loja Maçônica Presidente Roosevelt e da Associação Ecológica Mina Verde. Cidadão Honorário de Criciúma (29.7.1972). Faleceu em 09.03.1994.  (CONT)

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