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Por Henrique Packter 06/02/2023 - 08:50 Atualizado em 06/02/2023 - 08:52

Todos cantam sua terra,

Também vou cantar a minha,

Nas débeis cordas da lira

Hei de fazê-la rainha  (Casemiro José Marques de Abreu, poeta brasileiro, nascido em Barra de São João, 04.01.1839, morto em Nova Friburgo, RJ, 18.10.1860).

Vida e obra de Casemiro de Abreu

Filho do português José Joaquim Marques de Abreu e de Luísa Joaquina das Neves, ambos fazendeiros, ela de Barra de São João, viúva do primeiro casamento. Com José Joaquim teve 3 filhos. Casimiro nasceu na Fazenda da Prata, na Serra do Macaé, anteriormente localizada no território de Nova Friburgo hoje em Casimiro de Abreu, propriedade herdada por sua mãe em decorrência da morte do primeiro marido, de quem não teve filhos.

A localidade onde viveu parte de sua vida, Barra de São João, era a um tempo território de Macaé e hoje distrito do município de Casimiro de Abreu. Foi batizado na igreja da localidade daí a homenagem. Casemiro recebeu instrução primária dos 11 aos 13 anos, em Nova Friburgo, então cidade de maior porte da região serrana do estado do RJ.

Aos treze anos transfere-se para o RJ  onde trabalhou com o pai no comércio. Com ele, embarcou para Portugal (1853), onde entra em contato com o meio intelectual, escrevendo a maior parte de sua obra. Em Lisboa, foi representado seu drama Camões e o Jau (1856).

Seus versos mais conhecidos são Meus oito anos:

Oh! Que saudades que tenho

Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
À sombra das bananeiras,

Debaixo dos laranjais!

Em 1857 retornou ao Brasil para trabalhar no armazém do pai. Escreveu para jornais e fez amizade com Machado de Assis, ambos nascidos no mesmo ano de 1839. Em 1859 editou suas poesias reunidas sob o título de Primaveras.

Tuberculoso, retirou-se para a fazenda do pai, Indaiaçu, hoje sede do município que recebeu seu nome, onde inutilmente buscou recuperação da saúde, vindo ali a falecer. Foi sepultado conforme seu desejo em Barra de São João, estando sua lápide no cemitério da secular Capela de São João Batista, junto ao túmulo de seu pai.

Espontâneo e ingênuo, de linguajar simples, tornou-se um dos poetas mais populares do Romantismo Brasileiro. Como sói acontecer, o sucesso literário dá-se somente após sua morte, com numerosas edições de seus poemas, no Brasil e em Portugal. Sua obra aborda a casa paterna, a saudade da terra natal e o amor. A despeito da popularidade alcançada por sua obra poética, sua mãe e herdeira morreu em 1859 na mais absoluta pobreza, nada tendo recebido em termos de direitos autorais, tanto no Brasil como em Portugal. Ele é patrono da cadeira número 6 da ABL,  fundada por Machado de Assis.

LÍRIO ROSSO

Filho de Antonio e de Maria Pavei, nasceu a 18.12.1933 em Criciúma, vindo a falecer em Florianópolis em 17.06.2011.Viveu 77 anos. Formou-se em Odontologia na Faculfdade de Farmácia e Odonto da UFSC, em 1959. No mesmo ano de 1959 formei-me em Medicina na Universidade Federal de Medicina do Paraná.

Em 1966, data da formatura em Medicina de meu irmão Boris na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Santa Maria, RS, é também a data em que Boris vem para trabalhar em Criciúma na área de Otorrinolaringologia e Broncoesofagologia. Assustador, não é? Foi nesse ano que Lírio participou da fundação do PMDB. Até 1982, quando foi candidato a prefeito de Criciúma, ele foi 2 vezes vereador da cidade. Deputado estadual em 1987-1991, relator adjunto da Constituição da Assembleia Estadual Constitucional em 05.10.1989.

Lírio reelegeu-se deputado estadual pelo PMDB até 1995, ano em que eu passei a atender na áfrea da Oftalmologia, em Florianópolis no Hospital de Caridade. Firmei compromisso de atender por 10 anos, naquele local, promessa plenamente cumprida.  Lírio foi Secretário de Saúde de Criciúma de 1992-1996. Em 1994 é primeiro suplente a deputado federal. Também foi Secretário de Estado da Articulação Estadual nos governos Luiz Henrique da Silveira e Raymundo Colombo.

HOMENAGENS

Que se saiba, LÍRIO cedeu seu nome a um obscuro viaduto na BR101, proximidades de Criciúma. Uma grande injustiça cometida a homem que exerceu a arte política sem sujar as mãos. Uma figura exemplar no exercício da Odontologia, do Comércio e da Política.

UMA CURIOSIDADE

Em 1982 findo o período do bipartidarismo ARENA-PMDB, ambos esses partidos disputam a prefeitura de Criciúma com dobradinhas: JOSÉ AUGUSTO HÜLSE e ROSEVAL JOSÉ ALVES, do PMDB são prefeito e vice (34% dos votos), NEREU GUIDI e ENO STEINER, da Arena (30% dos votos), LÍRIO ROSSO e LUIZ DAL FARRA, também pelo PMDB, votação pouco expressiva e,  fechando a voz das urnas, inacreditavelmente, ADDO VIEIRA DE A.GUIMARÃES, do PTB.

Sim, e por que associar nomes aparentemente tão díspares como Casemiro de Abreu e Lírio Rosso? Em grande parte porque Lírio conhecia de cor os  versos maiores de nosso grande poeta.

Por Henrique Packter 23/01/2023 - 10:00 Atualizado em 23/01/2023 - 10:52

Síndrome do Transtorno Explosivo Intermitente ou Síndrome do Pavio Curto, ou de Hulk, Síndrome do Transtorno Explosivo Intermitente: é característica da pessoa que se irrita com facilidade; qualidade de quem se enfurece ou se enraivece facilmente.

Pavio curto é sinônimo de agressivo, irritadiço, genioso, irascível, colérico.

Cresce o número de assassinatos no Brasil, hoje em torno de 41 mil mortes anuais. Talvez em grande parte fruto da guerra de facções, fomentado por usuários que não veem o sangue escorrer quando cheiram uma carreira de cocaína.

Dados do Itamaraty em 2020 davam conta que 4,2 milhões de brasileiros estão lá fora, isto que somente no primeiro trimestre de 2021, 10 mil brasileiros correram a buscar refúgio no exterior.

O abismo se aprofunda após bebermos da cultura do medo, com a corrupção, a leniência com bandidos, a inoperância de certos órgãos ditos público (hoje siglas partidárias como tantas outras), os presídios lotados, contra a glamourização das drogas e a desimportância à educação, uma imprensa esquecida dos grandes problemas pátrios.

O governador em exercício no RS, Ranolfo não queria ficar muito tempo longe do estado porque não tinha vice. O próximo na linha de sucessão, o presidente da Assembleia, era candidato à reeleição, como deputado. Na ausência do governador o Executivo ficaria nas mãos da desembargadora Iris Helena Nogueira, presidente do Tribunal de Justiça.

Em SC já aconteceu fato similar. Sendo governador Espiridião Amin e vice Henrique Córdoba, viajam ambos ao exterior. O Executivo deveria, pela ordem sucessória caber a Epitácio Bittencourt, presidente da Assembleia, que também viaja imediatamente para não ficar inelegível. Assume, então, Francisco May Filho, presidente do Tribunal de Justiça, por pouco menos de 1 semana. Na sexta-feira à tarde, vê-se ele sem qualquer dinheiro nos bolsos e resolve sair do Palácio Cruz e Souza, atravessar a praça e recorrer ao Banco do Brasil, exatamente em frente e ter algum numerário para o fim de semana.

Imediatamente o chefe da Casa Militar do governo do Estado posta-se atrás do governador advertindo-o que ele não pode sair sem escolta ou sem a sua guarda pessoal. Francisco May Filho não era pessoa muito fácil. Olha o militar de cima abaixo e diz:

- Se você me seguir, um passo que seja, considere-se demitido! Sabe lá o que é aguentar a gozação dos manezinhos nos meses que virão?

BITTENCOURT, Epitácio - dep. fed. SC 1983-1986. Nascido em Imaruí (SC) em 30.11.1928, filho de Pedro Bittencourt e de Margarida Matos.

Em Florianópolis formou-se técnico em contabilidade pela Academia de Comércio de SC. Foi professor primário em Imaruí e tesoureiro dos Correios na capital catarinense. Bacharelou-se pela Faculdade de Direito de Florianópolis. Iniciou sua trajetória política em 1951, vereador de Imaruí pela legenda do Partido Social Democrático (PSD). Em janeiro desse mesmo ano assumiu a presidência da Câmara Municipal, função que exerceu até dezembro de 1954. Na qualidade de presidente da Câmara, esteve à frente da prefeitura de março de 1951 a dezembro de 1954, em virtude de licença do prefeito Pedro Manuel Albino para tratamento de saúde.

Deputado estadual pelo PSD (1954), iniciou seu mandato em 1955, reelegendo-se em 1958 e 1962 na mesma legenda. Com a extinção do pluripartidarismo e a instalação do bipartidarismo (Ato Institucional nº 2 – 27.10.1965), filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de apoio ao regime militar instaurado no país em abril de 1964. Nessa legenda foi reeleito para mais quatro mandatos consecutivos.

Durante esse período, foi líder da Arena na Assembleia Legislativa de SC entre 1972 e 1973; ocupou, por alguns meses, o cargo de secretário estadual de Justiça em 1974 e foi terceiro-secretário da Assembleia em 1975 e 1976. Findo o bipartidarismo e a consequente reorganização do quadro partidário em novembro de 1979, ingressou no Partido Democrático Social (PDS), agremiação de apoio ao governo que reuniu a maioria dos antigos arenistas. Nessa legislatura, entre 1980 e 1981 foi líder do partido na Assembleia e também presidente da casa. Entre 10 e 27.01.1982, quando presidia a Assembleia, exerceu interinamente o governo de SC, no impedimento do governador em exercício Henrique Córdova (1982-1983).

Em novembro de 1982 foi eleito deputado federal pelo PDS, empossado em 1º.02.1983. Ausentou-se da sessão da Câmara de 25.04.1984, quando foi votada a emenda Dante de Oliveira, que propunha o restabelecimento das eleições diretas para presidente da República em novembro daquele ano. A emenda não obteve número de votos indispensáveis à sua aprovação, faltando 22 para que o projeto pudesse ser encaminhado à apreciação pelo Senado. No Colégio Eleitoral, reunido em 15.01.1985, Epitácio Bittencourt votou no candidato do regime militar, Paulo Maluf, derrotado pelo oposicionista Tancredo Neves, eleito novo presidente da República pela Aliança Democrática, união do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) com a dissidência do PDS abrigada na Frente Liberal. Adoecendo, Tancredo não chegou a ser empossado na presidência, falecendo em 21.04.1985. Seu substituto, o vice José Sarney, já vinha exercendo interinamente o cargo desde 15 de março.

Nomeado para o Tribunal de Contas do Estado (TCE) de SC, Epitácio Bittencourt cedeu a Francisco Bastos sua vaga na Câmara dos Deputados em junho de 1986. Vice-presidente do TCE catarinense em 1988 e presidente entre janeiro de 1991 e janeiro de 1993.

Faleceu em Florianópolis no dia 10.07.1995.

Era casado com Helena Prada Bittencourt, com quem teve quatro filhos. Um deles, Pedro Bittencourt Neto, também seguiu a carreira política, exercendo mandato de deputado estadual entre 1983 e 1999, ano em que foi eleito deputado federal.

FRANCISCO MAY FILHO  Nasceu em 18 de junho de 1924, em Lages/SC.

Bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Santa Catarina, no ano de 1951.

Concluída a formação, ingressou na magistratura e atuou como Juiz Substituto na comarca de Chapecó/SC. Posteriormente, foi Juiz nas comarcas de: Joaçaba; Concórdia; Curitibanos; Criciúma; e Florianópolis.

Em 1971, recebeu nomeação para o cargo de Desembargador do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), sendo Presidente do Tribunal no biênio 1982-1984. 

Na condição de Presidente do TJSC, governou interinamente o Estado catarinense por alguns dias no ano de 1982, na ausência do titular, Henrique Córdova, que se encontrava em viagem ao exterior.

Entre 1979 e 1982, presidiu o Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC).

Faleceu em 15.04.2018, em Florianópolis/SC, aos 94 anos de idade.

Por Henrique Packter 16/01/2023 - 09:00 Atualizado em 16/01/2023 - 09:18

Alguém que ainda passa pela vida com extrema curiosidade, olhos e ouvidos bem afilados, na ânsia de aprender alguma coisa, e, em sendo útil esse conhecimento, transmiti-lo e, se possível, praticá-lo.  

Sofremos influência de toda ordem durante nossa curta existência de poucas décadas. O cinema, melhor dizendo, os filmes educaram gerações. In loco parentis (em lugar do pai), como falou Al Pacino em Perfume de Mulher. Falar nele, você lembra ainda da informação que ele passou a Diane Keaton sobre seu (dele) pai cinematográfico, no Poderoso Chefão, Marlon Brando?

- Meu pai fez a ele uma proposta irrecusável...

Orson Welles em Cidadão Kane disse, numa linguagem ainda muito atual:

- As pessoas vão pensar o que eu disser para elas pensarem!

Claude Rains, em Casablanca, apresenta-se a Humphrey Bogart:

- Eu sou apenas um pobre oficial corrupto!

Logo depois, ordena a um subalterno seu:

- Prenda os suspeitos de costume.

Marlon Brando interpreta um boxeador outrora promissor, agora um infeliz sonado, conversando com seu próspero e corrupto irmão (cinematográfico), banco traseiro de um taxi:

- Eu podia ter sido alguém... Eu podia ser um competidor. Eu podia ter classe e ser alguém. Classe de verdade e não um vagabundo que é o que eu sou. Foi você Charlie.

A cena teve de ser repetida inúmeras vezes. A genial interpretação de Brando era de tal forma comovedora que o grande Steiger chorava incontrolavelmente a cada vez que ouvia a fala de Marlon. Foi o fantástico Sindicato de Ladrões. 

Teve também Roy Scheider informando a Robert Shaw depois de ver o tamanho do bicho, em Tubarão:

- Vamos precisar de um barco maior...

Woody Allen conversa com sua última conquista, uma condessa, em A Última Noite de Boris Grushenko. Ela elogia:

- Foste o melhor amante que eu já tive!

- Bom, a verdade é que eu pratico muito quando estou sozinho!

Estelle Reiner, mãe do diretor de cinema Rob Reiner, pede ao garçon depois de ver Meg Ryan simular um orgasmo na mesa ao lado, no restaurante no qual almoçava:

- Eu vou querer o mesmo que ela! O filme é Harry e Sally, feitos um para o outro.

As pessoas só vão deixar que essas impressões de som, formas e imagens a conduzam se, em suas estruturas, estiverem presentes elementos capazes de gerar emoções.

A música é geralmente reconhecida como modalidade capaz de desenvolver a mente humana, promover o equilíbrio, proporcionar agradável estado de bem estar , facilitar a concentração e o incremento do raciocínio, em especial em questões reflexivas,  voltadas para o pensamento. A música verbaliza a emoção e contém quase sempre três elementos: as palavras, harmonia e ritmo.

Tem também o segundo movimento da Sinfonia Júpiter, Potato Head Blues com Louis Armstrong, Tocata e Fuga em Ré menor de Bach, Cézanne e suas incríveis peras e maçãs, A Dama de Azul de Modigliani, a escultura de Moisés por Michelangelo Buonarroti, A Vênus de Milo e Mona Lisa, esta  de Leonardo da Vinci, no Louvre. O Pensador de Rodin, o soneto de Manuel Bandeira dedicado ao poeta e soldado Camões:

Não morrerá sem poetas nem soldados,

A língua em que cantaste rudemente,

As armas e os barões assinalados!

E as Pombas de Raimundo Correia, talvez o mais belo soneto de nossa língua:

Também dos corações onde abotoam,

Os sonhos, um a um, céleres voam,

Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam, fogem...

Mas, aos pombais as pombas voltam,

E eles, aos corações não voltam mais.

Por Henrique Packter 06/01/2023 - 12:54 Atualizado em 06/01/2023 - 12:55

FELIZ ANO NOVO A TODOS!

BEM QUE GENTE JÁ FEZ POR MERECER!

Dona Virgínia era casada com o minerador de carvão mineral em Criciúma, Pedro Milanez.  O casal era adepto de viajar para outros continentes, especialmente a velha Europa e muito, muito especialmente para a Itália, no velho continente.

Pedro era governador Distrito 465 do Rotary e nesta qualidade, muito voou. Pedro deixou muita coisa escrita o que lhe valeu, merecidamente, dar seu nome ao ARQUIVO HISTÓRICO, órgão da FUNDAÇÃO CULTURAL DE CRICIÚMA.

Dos livros escritos por dona Virgínia, avulta DESCORTINANDO O MUNDO, texto de viagens, muito bem recebido aqui e além fronteiras.

Corria o ano de 1966 e meu irmão, Boris Pakter (assim mesmo, sem o C antes do K), aprestava-se para vir a Criciúma, onde juntos trabalharíamos no Hospital São José, as especialidade de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Broncoesofagologia. Naquela época era assim mesmo. Havia colegas médicos que exerciam legalmente todas essas quatro especialidades.  Com sua chegada Frida e eu partiríamos para nosso primeiro voo para a Europa onde eu pretendia participar do Congresso Europeu de Oftalmologia, reunião médica de grande prestígio naqueles dias.

Iriamos nos hospedar no Hotel São Petersburgo, de propriedade de uma família portuguesa e localizado a apenas 5 minutos a pé da Ópera Garnier e de La Madeleine. O Hôtel Saint-Pétersbourg Opéra de Paris, era próximo de tudo e dispunha de quartos com ar-condicionado e isolamento acústico.

O Hotel Saint-Petersbourg Opera estava a 200 m da Estação de Metrô Havre - Caumartin. As famosas lojas de departamento Printemps e Galeries Lafayette ficavam a apenas 5 minutos a pé.

Ainda existirá?

Numa outra ocasião, exatamente no dia em que os Aiatolás apearam do poder o Xá da Pérsia e sua adorável esposa Farah Diba. Frida e eu estávamos hospedado no hotel; era 11.02.1979. A aviação americana tentou resgatar reféns americanos homiziados na Embaixada Americana em Teerã, operação que representou por muito tempo em descrédito para o militarismo gringo, pelo seu fracasso.

Farah Pahlavi, nascida Farah Diba  (Teerã, 14.10.1938), viúva do último xá do Irã, Mohammad Reza Pahlavi,  foi a imperatriz consorte do Irã de 1959 a 1979.  Era mulher belíssima e estudou arquitetura em ParisFrança, na École Spéciale d'Architecture, onde foi aluna de Albert Besson. Enquanto estudante, foi apresentada ao Xá Mohammed Reza Pahlavi. Após algum tempo, o Xá a pediu em casamento e os dois contraíram núpcias em 21.12.1959.   Com o Xá, Farah deu à luz quatro filhos. Os dois primeiros casamentos do Xá não produziram filhos — necessário para a sucessão real.

Ao contrário do que ocorre hoje, quando as mulheres têm seu acesso negado nas escolas do país, Farah Diba fundou a primeira universidade de estilo americano do Irã, permitindo que mais mulheres lá se tornassem estudantes.

Em 1978, a crescente agitação anti-imperialista, alimentada pelo comunismo, socialismo e islamismo no Irã mostrava sinais claros de revolução iminente. O Xá e a imperatriz deixaram o país em janeiro de 1979 sob ameaça de sentença de morte.

Por esse motivo, a maioria dos países relutou em abrigá-los, sendo uma exceção o Egito de Anwar Al Sadat. O Xá morreu no exílio, julho de 1980. Na viuvez, Diba dividiu seu tempo entre Washington, D.C.EUA e Paris.

Farah Pahlavi até lançou um livro sobre seu casamento com o Xá, cujo título em inglês é An Enduring Love: My Life with the Shah- A Memoir.

Voltando no tempo a 1966, data de minha primeira viagem ao exterior para participar de um congresso, num sábado à tarde, Dona Virgínia Milanez fez-nos visita de surpresa. Vestia-se com grande simplicidade, como de costume. Despojada de joias, um anel de ouro no anular esquerdo, sapatos sem salto, vestido que primava por ser muito simples, velha bolsa de couro debaixo do braço, nenhum colar ou broche. De pé, encarou Frida:

- A senhora está vendo como me apresento em público no exterior. Minhas amigas, que fazem questão de apresentar-se com apuro e riqueza, já foram quase todas assaltadas em suas viagens; eu, até esmola já recebi na Itália.

Por Henrique Packter 19/12/2022 - 09:35 Atualizado em 19/12/2022 - 09:39

Zilda Arns, José Rogério Peressoni de Castro, Léo Cassetari e eu, nos graduamos em Medicina, na Universidade Federal do Paraná, todos na mesma turma 1959.

Zilda, médica pediatra e sanitarista, foi fundadora e coordenadora nacional da Pastoral da Criança, organismo de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Irmã de Dom Paulo Evaristo Arns, cardeal-arcebispo emérito de São Paulo, das maiores personalidades da Igreja Católica no mundo, Dom Paulo permaneceu 28 anos à frente da segunda maior comunidade católica do mundo, a Arquidiocese de São Paulo, na época com 7,8 milhões de fiéis. Assumindo o cargo de arcebispo em 1970, vendeu o Palácio Episcopal por 5 milhões de dólares, empregando o dinheiro na construção de 1.200 centros comunitários na periferia da cidade.

- Quem tiver dinheiro para comprar carne, em nome de Deus, eu libero para comê-la na Sexta-feira Santa, dizia.

Durante o governo militar em nosso país, impressionou o mundo na defendendo os direitos humanos, agindo corajosamente em favor das vítimas da repressão. Apoiou movimentos em defesa das eleições diretas e contra o desemprego. Lutou com desassombro pelo direito dos pobres e pelo fim da desigualdade social. Todas essas ações valeram-lhe conquistar títulos de doutor Honoris Causa em inúmeras Universidades norte-americanas, Alemanha, Canadá e Holanda. Prêmio de Alto Comissariado da ONU para refugiados (1985), do Fundo da ONU para a Infância (Unicef), entre outros.  

Filho de pequenos agricultores, nasceu em Forquilhinha em 14.9.1921, ordenando-se padre em 1945. Doutor em Letras pela Sorbonne, Paris, 1952, voltando ao Brasil, em Petrópolis foi professor de Teologia, vigário e jornalista. Bispo em 1966, é nomeado Arcebispo de São Paulo em 1970 e cardeal em 1973.

II

ZILDA é de 25.8.1934 em Forquilhinha, filha de Gabriel Arns e de Helena Steiner Arns. Viúva em 1978, Zilda foi mãe de 5 filhos, sendo Nelson Arns Neumann, médico como a mãe. Ele é Mestre em Epidemiologia, Doutor em Saúde Materno-Infantil.  Tese de Mestrado (Universidade Federal de Pelotas) e Doutorado na USP sobre “Qualidade de atenção prestada às gestantes em serviços públicos de acordo com seu nível econômico-social”.  

Em 1959, ano de nossa formatura, tínhamos a cadeira de Pediatria no sexto-ano de Medicina. Zilda desdobrava-se no afã de atender aquelas jovens vidas e de aprender sobre a especialidade. Pediatria Social era seu principal interesse. Meu interesse era dominar a técnica de Sluder para remoção extremamente facilitada das amígdalas e adenoides e aprender Oftalmopediatria com o Dr. Feliciano Leite Ferreira.

Cerca de 1900 Curitiba contava com 50.124 habitantes, em 1920 já tinha 78.896 moradores. As condições de higiene não eram boas; havia falta de água tratada e sistema de coleta de esgotos; o uso das famosas “casinhas”, muitas vezes próximas dos poços d’água, sujeira espalhada pelas ruas e animais vagando. A mortalidade infantil era bem alta. No caso específico das crianças, boa parte da mortalidade estava relacionada a questões de higiene. Cinquenta por cento das mortes registradas na cidade eram de crianças com menos de cinco anos de idade.

Curitiba possuía diversos grêmios de senhoras da sociedade (quase todos com nome de flores), muitos deles dedicados à filantropia. Grêmios que organizavam chás, bailes, coisas assim, alguns com preocupações culturais, educativas e assistenciais. Sob a liderança de um deles, o Grêmio das Violetas e apoio do Grêmio Bouquet, em 22.04.1917 fundaram a Cruz Vermelha Paranaense, cuja primeira diretoria era constituída exclusivamente por mulheres. Após a legalização da instituição e estatuto nos conformes com a instituição nacional, em 28.05.1917 foi eleita diretoria com 15 senhores e 15 senhoras. Mas isso já é outra história.

A Cruz vermelha teve notável atuação no auxílio aos menos favorecidos durante as epidemias de 1917 (febre tifoide) e 1918 (gripe espanhola).

Em outubro de 1919 a Cruz Vermelha, apoiada pelo Grêmio das Violetas, abriu o Instituto de Higiene Infantil, Rua Barão do Rio Branco, 96, num prédio emprestado pela família Gomm. O Instituto era dedicado ao atendimento de crianças, com consultas, distribuição de remédios, alimentos e vacinação. Desenvolveu também programa de educação das mães, informando-as sobre a importância de questões de higiene e da alimentação das crianças, dando ênfase ao aleitamento materno (além do leite de vaca e outros animais, tinha a questão das amas de leite), o que foi feito pela Escola de Puericultura. Cre scia a ideia de um hospital infantil e em janeiro de 1920, por sugestão de Margarida Laforge, foi criada comissão para a aquisição de terreno para o Hospital das Crianças.

Em 1920 o terreno para a instalação do hospital foi comprado pela Cruz Vermelha na Avenida Silva Jardim com pedra fundamental do futuro hospital lançada em 25.12.1922. O projeto do prédio foi elaborado por João Moreira Garcez, então prefeito de Curitiba.

Final de 1928, início de 1929, as instalações do Instituto de Higiene Infantil e da Escola de Puericultura (a Escola de Mãezinhas) foram transferidas para a Avenida Silva Jardim, inaugurada em 2.02.1930. A administração do hospital passou a ser feita por três membros indicados pela Cruz Vermelha do Paraná e outros três indicados pela Faculdade de Medicina do Paraná.

Em 1932 foram inauguradas as três primeiras enfermarias, com o início dos internamentos hospitalares. Ao longo dos anos o hospital sofreu várias ampliações, construído lentamente, na base de doações, listas de subscrições, rifas, sorteios e também com subvenções do poder público.

Em 1935 a Cruz Vermelha Paranaense passa, mediante contrato de uso e fruto, o hospital para a Faculdade de Medicina. Em 1937, durante o governo do interventor Manoel Ribas, o controle do hospital passa para o Estado do Paraná.

Em 1951 passou a chamar-se Hospital de Crianças César Pernetta, homenagem a um dos grandes pediatras do país e que foi diretor do hospital de 1937 a 1939. Em 1956 foi criada a Associação Hospitalar de Proteção à Infância Dr. Raul Carneiro, com a finalidade de ajudar na manutenção do hospital.

Em 1971 foi inaugurado ao lado do Hospital de Crianças César Pernetta, o Hospital Pequeno Príncipe. Realização patrocinada pela mesma Associação Hospitalar de Proteção à Infância Dr. Raul Carneiro. Em 1979 essa Associação Hospitalar, recebe em comodato a administração Hospital de Crianças e passa a integrá-lo com o Pequeno Príncipe.

Em 1990 o Hospital de Crianças César Pernetta é transferido de forma quase definitiva para a Associação Hospitalar de Proteção à Infância. A lei que autoriza o governo do estado a fazer a doação impõe algumas condições: “cláusula de inalienabilidade que deverá constar do respectivo título e será destinado ao atendimento médico hospitalar pediátrico multidisciplinar, ambulatorial e de internamento, …”, além de outras.

O prédio, Unidade de Interesse de Preservação, é simples, mas esteticamente bem aceitável, com detalhes decorativos típicos da época em que foi projetado. Sua parte central, na entrada principal, nesse aspecto é inigualável.

III

Houve um dia no qual Luiz Alencar de Moraes, dileto amigo e colega de turma, e eu, nos aprestávamos para adentrar no Hospital de Pediatria César Pernetta de Curitiba. Alencar planejava instalar-se em Dracena, cidade do interior de São Paulo, onde seria o primeiro pediatra. Era o final de 1959, ano de nossa formatura. Zilda, por sua vez, denotando grande cansaço por uma noite indormida, deixava o hospital.

Vendo-nos, animou-se. Dirigindo-se mais a Alencar que a mim, convidou-o a ver um caso admirável sob todos os aspectos. Era Adãozinho, que ganhara esse nome pela semelhança física com um grande centroavante gaúcho do glorioso Internacional de Porto Alegre. Menino de seus 5­-6 anos, preto, barriga saliente, pernas cambotas e pequenas, braços longos, cabeça enorme, tinha uma síndrome complicada e viveria pouco tempo. Na verdade estava em situação de ter alta hospitalar, mas sua situação em casa era problemática. Viviam todos com a mãe, 7 ou 8 filhos. O pai sumira e o sustento da casa vinha das faxinas que a mãe fazia em casas próximas. Nessas ocasiões as crianças não tinham quem olhasse por elas. A co mida às vezes vinha, mas, quase sempre, não. Os banhos no frio curitibano careciam de água quente, o que fazia os petizes tomarem chá de sumiço quando eram intimados a serem banhados.

Adãozinho pressente algo ruim ao ver Zilda voltar.

- Doutora, fiz alguma coisa errada? Não me mande para casa, por favor. Deixe-me ficar aqui. É tão bom! A água é quentinha e o sabonete cheiroso. Como todos os dias! Se quiser posso até repetir o prato. Eu não incomodo quase nada e minha mãe coitada nunca vem porque precisa trabalhar...

Tomou fôlego para continuar:

- Olhe minha roupa! É nova e limpinha e quase do meu tamanho! Sou tão feliz aqui com meus amiguinhos. Sabe, ontem esteve aqui o doutor Raul (Carneiro) e ele me deu um chocolate inteirinho, só para mim!

Por Henrique Packter 12/12/2022 - 08:20 Atualizado em 12/12/2022 - 08:26

Uma taça de vinho diariamente pode ser benéfico para o coração, informação que une o útil ao agradável e que, salvo melhor juízo, é endossada pelo ADELOR LESSA todas as sextas-feiras ao término de seu matinal programa diário. No início de 2022 a Federação Mundial de Cardiologia disse que não há nível seguro de álcool para o coração. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) ligada à OMS, álcool seria, possivelmente, a causa de mais de 200 doenças e lesões. O álcool causaria mais de 3 milhões de mortes/ano no Brasil sem mencionar os efeitos sociais e ligados à violência. Com respeito à metodologia científica, outros hábitos do grupo pesquisado e não o consumo de álcool seriam responsáveis por um efeito protetivo/positivo para a saúde.

15 míseros mililitros de vinho inundam seu organismo de prazerosa chuva de dopamina. Áreas dopaminérgicas brilham intensamente ao contrário do que quando se bebe água quando nada se modifica.

BEBIDA DEIXA A PESSOA MAIS CRIATIVA

Um teste envolvendo pessoas sóbrias e embriagadas resultou em que pessoas meio bêbadas acertaram 40% a mais nos testes, responderam mais rapidamente (12 segundos contra 15,5). Álcool reduz trabalhos de coordenação motora, mas alarga a criatividade. Sobriedade auxilia nos processos de problemas analíticos.

Lee Friedman, professor de Saúde Pública da Universidade de Illinois estudou pessoas acidentadas estando elas alcoolizadas ou não. Constatou, examinando mais de 190 mil acidentados entre 1995 e 2009, com algum tipo de traumatismo e que foram submetidas a exame para medir o nível alcoólico no sangue (todos estavam entre 0 e 500 mg/dl). Os mais embriagados tinham até 50% a mais de chances de sobreviver, sobretudo se algum objeto metálico (faca ou bala) tivesse penetrado o corpo, causando lesões internas, principalmente na medula, tronco e espinha. Não se sabe o motivo, especula-se que ao se machucar, o organismo desencadeia uma série de respostas fisiológicas que são melhores na pessoa alcoolizada.       

VINHO TINTO E DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA

Seriam os polifenóis (como o resveratrol), responsáveis pelas ações antioxidante e de resistência à insulina e a diminuição do LDL (o colesterol ruim)?

O resveratrol age contra os radicais livres produzidos pelo corpo que, em excesso causam lesões celulares e favorecem o desenvolvimento do Alzheimer e a aterosclerose. A vitamina C também age assim, mas não se pode  garantir que tudo se resolva com kiwi. Hábitos e alimentação saudáveis podem ser responsáveis pela proteção cardiovascular atribuída ao álcool consumido.

Em países produtores e consumidores de vinho como a Itália e a França, a dieta mediterrânea é reconhecida pela riqueza em alimentos frescos e antioxidantes como uva, peixe, azeite de oliva,  oleaginosas. Fábio Fernandes, diretor do grupo de miocardiopatias do Instituto do Coração, em artigo deste ano publicado no JAMA disse que não há nível de consumo de álcool totalmente seguro  para o coração. Disse mais: o risco seria pequeno consumindo em média 7 doses semanais, em  comparação com nenhuma dose.

Na medida em que a quantidade aumenta, cresce o risco. O trabalho avaliou quase 400 mil pessoas com idade  média de 56 anos e consumo médio de 9,2 doses por semana. Consumir álcool com moderação protege o coração porque bebedores moderados têm menos doenças cardíacas do que quem bebe muito ou não bebe. Bebedores moderados tendem a ter hábitos saudáveis como não fumar, exercitar-se e pesar menos daqueles que bebem mais ou não bebem.

Não se sabe porque bebedores moderados tendem a ser mais saudáveis do que aqueles que não bebem. Alguém já afirmou que a ação dos parafenois dos vinhos inibe a ação dos vírus, incluindo o tristemente célebre covid 19.  Que o polifenol tanino auxiliaria a controlar a carga viral do Sars-CoV-2 comprometendo a atividade enzimática e impedindo sua entrada nas células.

Não existe nenhum consumo de álcool totalmente isento de risco.

Pessoas metabolizam o álcool de maneiras diferentes. Diabéticos, ou com níveis altos de triglicérides terão alterações metabólicas importantes.  

Saúde! Salute! Prosit!  

Por Henrique Packter 05/12/2022 - 09:00 Atualizado em 05/12/2022 - 10:34

Vocês estão lembrados, não é? Estou tentando mostrar para a sociedade do sul de SC quem foi OCTÁVIO BESSA Jr, lagunense, formado em Medicina na FMUFPR em 1956. Nascido em 1931, certamente nasceu pelas mãos do célebre médico PAULO CARNEIRO que veio para trabalhar na cidade de Anita Garibaldi em 1930.

BESSA, do espanhol Baezo, foi médico internista em Osprey, Florida, EUA. Perfilou em sua formação médica o Stamford Hospital, Columbia University, College of Physician and Surgeon Stamford Hospital, Internship, 1962-1963. Também o Jacobi Medical Center, Albert Einstein College of Medicine, Residency, Internal Medicine, 1958-1959.

Escreveu, entre muitas outras coisas: 5 Fashion Choices That Are Bad For Your Health em 23.6.2015 (5 más escolhas de moda para sua saúde) e  Skinny Jeans Dangerous Fashion Sends Woman to the ER (Jeans apertados levam mulheres para o Pronto Socorro).

VARIZESA progesterona, hormônio feminino, produz dilatação das veias, favorecendo o surgimento de  varizes. Com o uso frequente de roupas apertadas a circulação fica prejudicada e contribui para o surgimento de veias nas pernas. Além disso, quem tem predisposição genética ou toma algum tipo de contraceptivo hormonal, tem mais chances de desenvolver o problema. Sapato salto alto provoca varizes nas pernas? A resposta é NÃO. Varizes são comuns em jovens e salto alto ajuda a prevenir.

Especula-se que forçar a perna sobre os saltos é prejudicial para a circulação e seria esse o motivo das varizes, porém, está comprovado que usar salto alto não prejudica, e até pode melhorar em 30% o bombeamento do sangue. Graças à contração que a musculatura da panturrilha faz para se manter em cima do salto, o sangue ganha mais força para ser impulsionado para cima, melhorando a circulação sanguínea.

Salto alto pode ser inimigo ortopédico, mas não vascular. Varizes são causadas por problemas de circulação, perda de tonicidade dos vasos e pré-disposição genética: salto não causa esta doença. Causas das varizes podem ser, também, gravidez, sobrepeso, sedentarismo, anticoncepcional e, sobretudo, herança genética.

Pode ocorrer, sobretudo em mulheres que muito usam saltos altos, surgimento de dores nas pernas pela posição e má distribuição do peso do corpo nos pés; porém, varizes não tem relação com uso de salto!

CINTO APERTADO pode aumentar o risco de câncer. Bessa acreditava, devidamente assessorado por minuciosas estatísticas pessoais, que usar cinto pode forçar o ácido clorídrico do estômago para o esôfago, danificando células e aumentando risco de câncer de esôfago. Pessoas com sobrepeso estão em maior risco.

CELULITE:  Roupa apertada piora celulite e pode causar azia. Traje muito justo aumenta retenção de líquidos e toxinas, risco de celulite e depósito de gordura em partes do corpo. Celulite prejudica a circulação sanguínea e, com o uso de roupas justas, a passagem do sangue fica mais comprometida e pode contribuir para a evolução do grau da celulite. Ou seja, quem tem celulite de grau 1 pode passar a ter o grau 2 ou 3. Além da ca lça jeans, muitas mulheres ainda usam cinta modeladora apertada que pode lesionar a pele e impedir a passagem do sangue na região abdominal, gerando problemas de circulação. Roupas justas, cinta modeladora e cintos apertados, prejudicam a circulação, causam azia e agravam o quadro da celulite.

DIFICULDADE PARA RESPIRAR também pode estar relacionada a roupa apertada. Às vezes a pessoa sente dores na coluna e tem dificuldade para respirar, notando algumas mulheres, corrimento vaginal. Esse tipo de roupas, especialmente jeans, não só prejudica a circulação como contribui para o surgimento de coágulos sanguíneos responsáveis por infartos pulmonares. Falta de ar, causada de uma hora para outra, pode estar associada ao uso de roupas justas. Não s&oacu te; calça jeans, mas cintos apertados impedem a passagem do ar pelo corpo, sem contar que o ar só consegue chegar à parte alta do tórax.  Esse processo é chamado de respiração curta, pois deixa o cérebro sem oxigênio e provoca diminuição de concentração e ansiedade.

CINTA MODELADORA APERTADA pode lesionar a pele e impedir a passagem do sangue na região abdominal, gerando problemas de circulação.

EMAGRECER utilizando cinta modeladora: boa parte das mulheres acredita nisso. Ledo engano. Cinta deve ser utilizada em pós-operatórios, pois auxiliam na cicatrização, reforçam a musculatura, diminuindo o inchaço, impedindo sangramentos ou deslocamento da pele. Havendo recomendação do uso de cinta modeladora, evite comprar número menor: o resultado pode ser indesejado.

DOR NA COLUNA com frequência, dificuldade de respirar e corrimento vaginal. Se não houver mudança no hábito de usar objetos apertados, esses sintomas podem se agravar e desencadear doenças. A vaidade pode custar caro para a saúde. Camisas que impedem o movimento dos braços ou combinação de roupas justas, exigem maior esforço para realizar um movimento.

DORES NAS COSTAS: camisas que impedem o movimento dos braços ou uma combinação de roupas justas, sobrecarrega os músculos e as vértebras, exigindo maior esforço na hora de realizar um movimento. Por isso, muitas vezes a pessoa reclama de dor na coluna, sensação de peso, ardência e formigamento nos ombros. Além da calça jeans, muitas mulheres ainda usam cinta modeladora apertada que pode machucar a pele e impedir a passagem do sangue na região abdominal, podendo gerar problemas de circulação.

MÁ DIGESTÃO: acessórios que apertam muito o estômago dificultam a digestão. A pressão dessas roupas pressiona o estômago, causando azia e refluxo. 

Bessa advogava o uso de suspensórios e implicava com seus pacientes que continuavam a usar cintos abdominais apertados.   

Por Henrique Packter 29/11/2022 - 08:45 Atualizado em 29/11/2022 - 08:48

Como todo mundo sabe, sou graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná em 1959. Já falei de vários colegas meus, entre eles, ZILDA ARNS, WALDYR MENDES ARCOVERDE (ministro da Saúde do Presidente Figueiredo), AFONSO ANTONIUK (professor de Neurocirurgia da FMUFPR), CORIOLANO CALDAS SILVEIRA DA MOTA (professor de Clínica de Doenças Infecciosas e de Higiene  e Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de SC; Livre Docente, depois professor titular de Higiene, Medicina Preventiva e Medicina do Trabalho, cadeira que foi subdividida em 3 outras: Epidemiologia, Medicina Preventiva e Medicina do Trabalho todas elas sob sua direção na FMUFPR, em Curitiba), LINO LIMA LENZ (professor de Urologia da UNI-RIO), além de outros sobre os quais falarei se oportunidade houver. De todos esses citados colegas apenas Antoniuk vive.

Há também outros colegas de outras turmas com os quais convivíamos e que adquiriram grande notoriedade dentro e fora de nosso país. Alguns deles eram originários de cidades próximas a Criciúma. Local de sociabilidade fácil era o DIRETÓRIO ACADÊMICO NILO CAIRO (DANC) na rua Monsenhor Celso, Curitiba. Além de ter bela quadra de basquete dotada de iluminação para jogos noturnos, o DANC era palco de animadas e concorridas reuniões dançantes, dispondo para isso de um conjunto o RITMOS MEDICINA, composto por seis colegas, sendo três de nossa turma: Carlos Roberto Roquete Lima (Betão, pianista) e os ritmistas Sebastião Farajala Bacila e Aramis Cavichiolo. Todos são falecidos.

Além disso, o DANC fornecia almoço e jantar para estudantes de Medicina, Odontologia e Farmácia. Comida limpa, gostosa, caseira, a preços módicos, sob a batuta de seu João, sequelado de AVC, locomovendo-se com a característica marcha ceifante desses pacientes.

Entre 1954 e 1959, anos em que fui aluno do curso de Medicina na federal do PR, utilizei-me do DANC, que servia refeições a um número limitado de colegas, em seu endereço, centro de Curitiba. Obviamente, chegava-se para a refeição e, em geral, todos os assentos estavam ocupados. Cada estudante dispunha de um cartão identificador que era depositado ao lado de colega que fazia placidamente sua refeição. Significava que se reservava o assento à mesa, assim que desocupado fosse.

Que fazer enquanto isso?

HERMES MACEDO, MIGUEL NAJDORF, MAURO ATHAYDE

Havia várias mesas para jogar xadrez, logo ocupadas por aqueles que aguardavam. Eram disputas ferozes, com assistentes idem.  Alguns “atletas” eram praticamente invencíveis. MAURO DE ATHAYDE, de Lages, SC, formado em 1960 era um desses. A princípio foi nosso colega de turma, mas sua dedicação ao xadrez era tamanha que, para participar de torneio internacional, perdeu um ano, formando-se em 1960. Foi tricampeão paranaense de xadrez em nossa época e disputou simultânea às cegas no Clube de Xadrez do Paraná, com o Grande Mestre MIGUEL NAJDORF, altos da Loja HERMES MACEDO, na XV de novembro, firma que não mais existe, mas que patrocinou o esporte por longos anos no Paraná.

Mieczysław Najdorf (5.4.1910, VarsóviaPolônia, 4.7.1997 Málaga, Espanha). Sua mais importante contribuição para a teoria das aberturas é a variante Najdorf da Defesa Siciliana, considerado um dos sistemas mais populares no enxadrismo moderno. Najdorf foi também respeitado jornalista que escrevia uma coluna sobre xadrez no jornal Buenos Aires Clarin.

NAJDORF, polonês naturalizado argentino, era enxadrista campeão mundial em simultâneas às cegas. Na verdade, a notável exibição de NAJDORF em Curitiba, no Clube de Xadrez, revestiu-se de lances inusitados. Ele observou cuidadosamente para saber em qual tabuleiro, Hermes Macedo jogava e logo perguntou se ele lhe concedia o empate. Najdorf estava em posição muito superior e logo venceria a partida. Já Mauro Athayde chamou várias pessoas para o seu tabuleiro e mostrou molecagem que pretendia fazer para demonstrar as qualidades de memória inigualáveis de grande mestre. Reintroduziu no tabuleiro uma torre que estava fora do jogo, eliminada pelo grande campeão. Najdorf pareceu hesitar por um momento. Depois, disse:

- Um momento!

Pensou por um instante, sentado em sua cômoda poltrona, pernas cruzadas, mão direita espalmada sobre a face do mesmo lado, dois dedos mais elevados e, logo falou:

- Impossível! Esta peça foi tomada por mim no 19º lance!

Reconstituíra toda a partida, daquele tabuleiro, em poucos minutos em sua memória! Aplaudido com entusiasmo a simultânea às cegas acabou apoteoticamente.

OCTÁVIO BESSA Jr, DA LAGUNA PARA O MUNDO

Mas, não era sobre isso que eu queria falar, mas sim sobre OCTÁVIO BESSA Jr, médico natural da Laguna, SC, (26.7.1931 e falecido aos 88 anos (17.5.2020) em Forth Myers, Flórida, EUA.

Bessa era formado em 1956 na FMUFPR e foi colega de grande número de colegas médicos de expressão. Entre eles, Francisco Ernesto Saboia (médico por muitos anos no Sombrio, SC), José Ramos May (irmão do juiz em Criciúma e depois desembargador em SC, Francisco May Filho), Joubert Barros de Almeida (um dos primeiros otorrinos e oftalmologistas em Lages), Luiz Fernando Bittencourt Beltrão  (natural de Santa Maria, RS, primeiro otorrino e oftalmologista em Joaçaba), Paulo  Dias Fernandes (de Santa Maria, RS, escritor, primeiro otorrino em Erechim, RS), Raul do Nascimento Athayde da Rosa (médico por muitos anos em Urussanga, SC), Thomaz Reis Mello (médico por muitos anos em Criciúma), Edmundo Castilho (fundador da UNIMED no Brasil), João Conrado Leal (anestesista em Criciúma por muitos anos), Klaus Wolffenbuttel (casado por algum tempo com minha colega Ayesha Batista de Assis).

Bessa, cujo telefone era (203) 323 -8700, na Flórida, e cujo divórcio com esposa americana que se dedicou à enfermagem foi ajuizado em 20.03.2017, notabilizou-se por artigo que publicou em revista médica nos EUA e cuja repercussão assegurou-lhe reconhecimento e fortuna.

Qual foi o assunto do artigo?

O hábito de usar cintos apertados, estrangulando a cintura.

(Continua próxima semana)

Por Henrique Packter 21/11/2022 - 10:00 Atualizado em 21/11/2022 - 10:07

Em 1962 graduaram-se no curso de Medicina da Universidade Federal do Paraná, entre outros, Anohar Zacharias, Antonio Osvaldo Teixeira de Freitas, Luiz Eduardo dos Santos e Arary Cardozo  Bittencooltaria. Os três primeiros médicos viriam para o recém criado Hospital Santa Catarina de Criciúma, Arary voltaria para Tubarão, dando início a uma carreira médica  brilhante na especialidade de Pediatria.

Nem vou citar outros nomes formados nesta Turma, como David Saute, que em 1954 apanhou em Carazinho, alta madrugada, o mesmo trem da Viação Férrea do RS que eu apanhara em Santa Maria, ambos rumando para Curitiba, onde iríamos prestar exame vestibular para a Faculdade de Medicina. Eu seria aprovado e iria formar-me em 1959, turma da Zilda Arns, Waldir Mendes Arcoverde, Padre José Raul Matte. Já David Saute ingressaria alguns anos depois, como ficou dito, formando-se em 1962.

Anohar fazia cirurgia-geral e, poucos anos depois, 1965-1966 deixaria Criciúma para dedicar-se à cirurgia cardio-vascular em Tolledo, Ohio, EUA. Casou-se por lá com americana legítima, do qual casamento resultaram quatro filhos.   Não há vácuos em Medicina e logo após a saída de Anohar, chega um novo cirurgião para a cidade, o Dr. Portiúncula Caesar Augustus Gorini, formado em Santa Maria, RS, em 1964. Chega para trabalhar em 1965.

Antônio Osvaldo, mais conhecido como Bola, também pouco trabalhou entre nós, voltando logo-logo  a Curitiba para a prática de clínica-geral. Faleceu em 13.03.2018 em Curitiba, terça-feira, aos 80 anos de idade.

Luiz Eduardo faleceu faz muitos anos. Participou da equipe de Alceni Ângelo Guerra, médico paranaense que assumiu o Ministério da Saúde no (des)governo Collor de Mello, que Deus nos livre e guarde. Parece que Luiz Eduardo não suportou o fardo que representou assessorar o ministro, demitido em favor de Adib Jatene. Luiz Eduardo casou com Santina, moça aqui de Criciúma, que se conheceram no Hospital Santa Catarina onde ela exercia enfermagem. Portiúncola, filho do célebre médico Dino Gaetano Fermo Gorini, também viria a casar-se com enfermeira do mesmo hospital Santa Catarina, Onei Chaucoski.

Já Arary, dedicou parte de seu tempo a escrever e publicar livros. Neles, fala da cidade de Tubarão, sua história, seus médicos e sua gente. Todas as publicações mereceram os mais rasgados elogios, são sucesso de crítica e de público, sendo de justiça ressaltar-se O MENINO DE OFICINAS, no qual o destaque é sua infância sofrida e a formação médica em Curitiba. Exerceu a Pediatria.

Luiz Eduardo dos Santos era profissional inteligente, dotado de rara sensibilidade e apreciável grau de cultura. Dedilhava o piano em contadas ocasiões e praticava futebol apesar de uma obesidade manifesta pela pronunciada protuberância da circunferência abdominal.

Em 1964 estoura a Revolução Redentora promovida por militares brasileiros. Criciúma foi especialmente visada pelo movimento militar. Logo o exército estava na cidade e muita gente foi presa, acusada de subversão. Para minha surpresa comandava a tropa o coronel Newton Machado que, na Curitiba de 1954-1955, comandara o CPOR quando fui chamado para servir à patria.

Luiz Eduardo apresentou-se na secretaria do HSC mal chegara à cidade. Havia necessidade de preencher certos papéis, alguns convênios, regularizar a situação médica; essas coisas. Na secretaria hospitalar trabalhava a sra. Marlene Scariot, mas coube ao sr. Morais atender a Luiz Eduardo. Moraes, era autoritário, vistosa calva luzidia. Aliás, ele explicava que há dois fatores diferentes que determinam se um homem tem uma cabeça calva brilhante. Um é a suavidade do seu couro cabeludo. Aqueles que são naturalmente carecas tendem a conseguir o aspecto brilhante muito mais facilmente do que aqueles que rapam a cabeça.

Moraes pergunta se Luiz Eduardo tem alguma habilidade especial, algum predicado, especialização médica ou não que possa ser aproveitada no hospital. Luiz Eduardo fala de eleições na Universidade que o tinham elevado a duas ou três vice-presidências de organismos médicos.

- Posso exercer vice-presidência da entidade mantenedora do hospital.

Moraes, olhando por cima dos óculos, informa:

- Já temos 12 vice-presidentes!

- Olha, não sou  nem um pouco supersticioso! 

Manif foi preso, Dauro Martinhago foi preso, Antonio Cologni, Addo Faraco, Jorge Feliciano, todos presos. 

A chefia do serviço médico do IAPETC local, deois INAMPS, e mais depois SUS, foi demitida sendo nomeado em seu lugar o médico Ângelo Lacombe, nascido em Cruz Alta, RS e formado em Medicina na URGS em 1937. Era médico em Criciuma desde 1944 e aqui viveu até aposentar-se em 1972 quando transfere residência para Florianópolis onde vem a falecer em 19.04.1991.

Lacombe, em Criciúma, aos poucos se desatualiza, pouco frequenta o meio médico, fica superado como profissional. Sua atuação resume-se em ser médico-chefe do Posto de Saúde, médico do ambulatório do IAPETC, membro da Junta Médica para concessão de CNH. Na chefia do IAPETC, Lacombe recebe orientação vinda de Brasília para negar todas as guias para realização de cirurgias eletivas, antes até estimuladas. Em Criciúma, por conta de autorização de chefias anteriores, havia uma espécie de Medicina social. Mineiros e seus familiares eram internados para tratamentos clínicos quando não dispunham de recursos para adquirir medicamentos de que necessitavam. Havia car diologistas na cidade que tinham número de leitos cativos em número elevado, 20 para ser exato permanentemente ocupados para tratamento de hipertensão arterial e outras mazelas, perfeitamente passíveis de tratamento em domicílio. Sofria agora a população realmente necessitada de internação por conta da orientação anterior. Tudo estava sendo coibido.

Luiz Edurado sofria para internar crianças, cujas baixas eram sistematicamente negadas. Certo dia, na agência local do INAMPS, LACOMBE brandia uma guia de internação para pediatria e solicitada por Luiz Eduardo. Exibia o documento, erguido bem alto com uma das mãos enquanto dizia:

- Essa sim é solicitação criteriosa! Ela está dentro do que a Revolução exige doravante!

Pedimos para olhar: Luiz Eduardo diante do absurdo de ver negada sua pedida para internar criança desidratada, escrevera no diagnóstico provisório: Síndrome Paradoxal de Flandres, não só aceita, como recomendada!

A síndrome nunca existiu.

Lacombe era dos quadros partidários da UDN, oposição ao PTB e outras siglas de esquerda. Oposição a Getúlio Vargas de quem Ângelo Lacombe e o pai foram defensores acérrimos em 1930.

(CONTINUA NA PRÓXIMA SEMANA)

Por Henrique Packter 14/11/2022 - 09:20 Atualizado em 14/11/2022 - 09:21

O acaso fez com que ANOAR, desconhecido médico de então pequena cidade do sul-catarinense e Walter Moreira Salles, viessem a encontrar-se nos EUA e tornar-se amigos. Walter era banqueiro no Brasil, político, e filantropo, diplomata, considerado um dos fundadores da moderna indústria bancária, eleito presidente da União de Bancos Brasileiros e do Museu de Arte Moderna do RJ (MAM-Rio), reeleito em 1971.

Estava sendo aplanado o caminho que levaria o jovem cirurgião-geral brasileiro a instalar-se nos EUA.

Na ocasião, Walter e João Moreira Salles deixavam de ser acionistas do Itaú. O próprio Itaú-Unibanco informou que recebera comunicado da Companhia E. Johnston de Participações (EJ), a respeito.

Como diplomata, Walther Moreira Salles foi figura central em renegociações da dívida externa que viabilizaram o segundo governo de Getúlio Vargas, os governos de JK e o de João Goulart.

Era Membro do Conselho Internacional e do Conselho de Notáveis do Museum of Modern Arts of New York, e financiador do Museu de Arte de SP.

Dr. ANOAR ZACHARIAS

Nascido em Curitiba em 1º.12.1937 e lá graduado em Medicina na FMUFPR em 1961, vem em 1962 a Criciúma para exercer as especialidades de clínica e cirurgia. Sobrinho de Manif Zacharias (clínico geral, formado em 1940, instala-se em Criciúma em 1945) e Naby Zacharias (cardiologista, de 1959 a 1963 em Criciúma).

Anoar assume a direção do HSC para deixar Criciúma em 1966. Em 1965 vai aos EUA, estagia em hospitais de Nova York e Cleveland, especializando-se em cirurgia cardiovascular.

Três anos depois está emToledo, Ohio. No Saint Vincent Hospital assume chefia da equipe de sua especialidade. Casado com Kathlen Mc Carthy Zacharias, cidadã norteamericana, foram pais de 4 filhos: Daniel, Eduard, Claudia, e Andrea.

Anoar tem endereços pelos quais pode ser acessado: www.drzacharias.yourmd.com;

2213 Cherry St, Toledo, OH 43608    +1 419-251-4364

2213 Cherry St, Toledo, OH 43608

Hoje, reside e trabalha em SEATTLE, WA

HISTÓRIA DE ANOAR E DAS PALOMETAS EM ROSÁRIO, RS

Existe uma superpiranha do rio Uruguai com peso e medidas dobradas em relação às outras piranhas. Era 2,1 quilos e 40cm contra 1,3 quilos e 28 cm da piranha comum.

Piranhas só trabalham em grupo. Um cardume desses vorazes e mortíferos peixes, devora um boi em menos de 5 minutos! Piranhas comem de tudo. Nos estômagos de piranhas já foram encontrados pregos enferrujados, pedaços de variados outros peixes, fragmentos de cascos de tartaruga, ossos humanos, anzóis e até discos antigos daqueles de 78 rotações. Anoar contou-me que viu abrir algumas palometas, as tais superpiranhas e, de dentro delas foram encontradas lascas de metal prateado, depois identificadas como discos de Ó Crides de Ronaldo Golias, Banho de Lua de Celly Campelo, Se acaso você chegasse, Me dá um dinheiro aí de Moacyr Franco, Pillow talk de Doris Day, A noite de meu bem, Presidente bossa nova, It’s now or never de Elvis Presley. Como se vê, as palometas tem gosto bastante eclético e estômago de causar inveja.

Qual a razão de tanta ferocidade das palometas? Parece que se trata apenas de sua natureza.  Socós pescam, sabiás cantam e piranhas atacam para devorar tudo.

Curioso é que palometas ou piranhas não se atacam ou se devoram entre si.

Nesse ponto estão atrasadas em relação à raça humana que literal ou metaforicamente vivemos nos matando uns aos outros. E nos matamos com o que estiver à mão, coisa de chocar. De chocar a quem? A uma piranha/palometa.

Por Henrique Packter 07/11/2022 - 13:57 Atualizado em 07/11/2022 - 13:58

THOMAZ teria hoje, vivo fosse, 95 anos de idade. Nasceu em Florianópolis, 27.10.1927, filho de Arnaldo Vieira de Mello e Noêmia Reis Mello. Casado com Maria de Souza Mello foram pais de Paulo Roberto, Maria da Glória, Thomaz, Ricardo, José Alberto e André Alberto.

Formado em 1956, 29 anos, pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná (FMUFPR), desde 1957 estava no Hospital São José de Criciúma. Agraciado por Decreto da edilidade criciumense com o título de Cidadão Honorário em 2.8.1994, faleceu em 7.7.1995, 27 anos atrás, 39 anos de atividade médica entre nós.  Nome de Unidade de Saúde no bairro Ana Maria e de rua no bairro Santo Antônio. No final da vida, THOMAZ submetia-se a diálise peritoneal.

1.       INSPEÇÃO

Quando entrava na sala dos médicos no Centro Cirúrgico do HSJ, THOMAZ anunciava-se relembrando seus tempos de serviço militar no RJ, bradando: INSPEÇÃOOO!

2.       NO CONSULTÓRIO

THOMAZ atendia jovem casal de Poço Verde, Meleiro, terra natal de Júlio Manfredini. O marido fica na sala de espera, encantado pela oportunidade de ver TV em dia útil, quando, normalmente deveria estar enfrentando a dura labuta da lavoura. Começa a anamnese e THOMAZ, a certa altura quer saber:

-A senhora tem orgasmo?

A mulher não responde. Olha demoradamente para o doutor, levanta-se resolutamente, caminha para a porta, abre-a e pergunta ao marido na sala de espera apinhada de clientes:

- Vitório, nós temos orgasmo?

- Não Quitéria, só UNIMED!

(De 40 ANOS DE OFTALMOLOGIA, Henrique Packter, pág., 92, Editora Garapuvu, 2001).

3.       THOMAZ ACADÊMICO DE MEDICINA

Foi colega na Faculdade de Medicina  de Francisco Ernesto Saboia (muitos anos médico no Sombrio, falecido), Edmundo Castilho (criador da UNIMED, em Santos, SP, falecido), Kit Abdalla (entertainer, aeronauta, globetrotter, político, médico em Francisco Beltrão-PR, animador de auditórios, implantador de LIONS Clubes no oeste paranaense, membro da OMS, escritor, poliglota,- falecido), Octávio Bessa Jr (da Laguna, clínico nos EUA), Raul do Nascimento Athayde da Rosa (médico em Urussanga, um dos criadores da Casa de Saúde Rio Maina, falecido), João Conrado Leal (anestesista em Criciúma, falecido). Colega e amigo de Paulo Dias Fernandes (Pablo Diaz Hernandes), natural de Santa Maria, RS, Otorrinolaringologista, escritor, fundador da Unimed Erechim, cidade onde residiu e clinicou por 62 anos, já falecido.

Paulo Fernandes não pensava em aposentadoria: “vou fazer o quê?  Medicina e livros são minha vida. Enquanto estiver bem continuarei a clinicar e escrever”. Publicou seu primeiro conto aos 17 anos, quando cursava o Científico em Santa Maria, onde fomos contemporâneos. Na época para escrever qualquer coisa, procurávamos no dicionário palavras difíceis para rechear o texto. Numa reunião do Grêmio Lítero-Cultural Fagundes Varela do Gymnásio Santa Maria, Paulo Fernandes, saiu-se com essa:

- Se você me compreendeu é porque devo ter me expressado mal!

Em 1960 publica o primeiro de muitos livros. Recebeu premiações por eles, podendo ter sido a maior delas a visita ilustre do escritor Jorge Amado e de Zélia Gatai. Com Jorge Amado, lançou dois livros de contos editado pela Editora Edelbra de Erechim.

Não sabia o número exato de livros publicados, estava sempre com olhos e cabeça no presente e escrevendo.

Há 60 anos em Erechim, chegou em final da década de 1950, convidado por amigo médico. Clinicou nos Hospitais Santa Terezinha e Caridade.

Convite para lecionar no Instituto Barão do Rio Branco mudou sua vida para sempre. Apaixonou-se por uma aluna, casou com ela, e viveram felizes para sempre.

Morreu na madrugada de 11.8.2020, aos 91 anos de idade, no Hospital de Caridade de Erexim, RS, onde trabalhou como otorrinolaringologista cerca de 65 anos.

Deixou a esposa Ivone Tozatti, casal de Filhos, Gil e Lis e quatro netos.

Homenageado em 2014 pela inauguração do Centro de Qualidade de Vida Unimed e espaço que leva seu nome: O Espaço Viver Bem, Dr. Paulo Dias Fernandes. Na ocasião recebeu placa das mãos do ex-presidente da Unimed Erechim e vice-presidente da Unimed do RS, Nilso Zaffari, dizendo: “A Unimed Erechim confere o título de Médico Cooperado Emérito ao Dr. Paulo Dias Fernandes, pelos relevantes serviços prestados a esta cooperativa”.

O Hospital de Caridade divulgou nota lamentando a perda.

Esses foram alguns dos colegas de Turma na FMUFPR.

O prefeito Luiz Francisco Schmidt decretou três dias de Luto Oficial pelo falecimento de Paulo Dias Fernandes.

4.       VIDA PROFISSIONAL

Também formado em 1956 na FMUFPR, THOMAZ chega em 1957. Chefiou o SAMDU e foi Coordenador do IAPTEC por vários anos em nossa cidade. Atendeu também no Hospital Santa Catarina.

    5. RELIGIÃO

THOMAZ era homem pouco ou quase nada religioso. Manifestou simpatia pela Igreja Presbiteriana de Criciúma, fundada nos anos 40 por Adalberto e Frida Braglia. Participei de culto por ocasião da morte de Thomaz no pequeno templo desta Igreja, então localizado na Rua João Pessoa. Na verdade, THOMAZ dizia-se agnóstico, mas devoto de santos... No Centro Cirúrgico ouvi o agnóstico THOMAZ dizer para o atônito crente SARTORI:

- Eu vou acabar acreditando em Deus. Tá difícil acreditar em qualquer outra coisa.

     6. COLEGA DE TURMA DE EDMUNDO CASTILHO

O médico Edmundo Castilho, (Penápolis, SP, 5.12.1929),  fez residência em Ginecologia e Obstetrícia na Santa Casa de Santos. Eleito presidente do Sindicato dos Médicos de Santos (18.12.1967), com 22 médicos fundou e presidiu a União dos Médicos de Santos (Unimed Santos), um modelo inédito. Presidiu a Unimed SP, a Federação SP e a Unimed do Brasil. Foi responsável pela fundação do maior Sistema Cooperativista Médico Mundial, a Unimed (1967).

Viajou o mundo apresentando o modelo cooperativista da Unimed na China, Japão, Suécia, Itália, França, Espanha, toda a América do Sul. Em Genebra (1996) elegeu-se vice-presidente da Organização Internacional Cooperativa de Saúde (IHCO), por representantes de entidades cooperativistas.

Causar impressão duradoura nas pessoas que encontra é característica do grande homem. Outra é ter, ao longo da vida, agido de tal forma que o curso dos eventos tenha sido afetado pelo que ele realizou. Castilho cumpriu as duas condições. Causava forte impressão. Alto, elegante, oratória vibrante, tudo que se refere ao cooperativismo médico brasileiro está ligado, influenciado ou inspirado por seus atos.

Inspirou a criação de 349 cooperativas médicas, 112 hospitais próprios, 14 hospitais dia, 208 pronto-atendimentos, 94 laboratórios. Criou trabalho para 113 mil médicos e credenciamento de 2.792 hospitais. Os números evidenciam o sucesso do trabalho iniciado há 55 anos. As origens da UNIMED situam-se em 1967, Santos (SP), quando Edmundo Castilho, aos 38 anos, propagava os princípios do cooperativismo médico. Assim, o maior sistema cooperativista médico do planeta nasceu no Brasil e cinco décadas depois serve de modelo para o mundo. Responsável pela saúde de 19 milhões de brasileiros, está presente em 84% do território nacional detendo 31% do mercado de planos de saúde do país. A marca UNIMED vale mais de R$ 2,8 bilhões, 21º lugar entre as mais valiosas do país.

Intelectualmente capaz, líder nato, polido, coerente e franco, teve de conviver com frágeis lealdades e estimas temporárias.  

Criado na rotina do campo seria fazendeiro pelos planos do pai. Mas, devido a problemas de saúde, a convivência com médicos acabou atraindo-o para a profissão. Durante a faculdade Castilho se questionava porque à época, só existiam dois modelos de atendimento: particular, acessado por quem tinha recursos, sendo alternativa a assistência por médico funcionário de hospital, que atendia pessoas desfavorecidas em ambulatórios ou precários consultórios. Castilho queria garantir acesso qualificado a todos os pacientes, respeitando a autonomia profissional.

Castilho sofria do Mal de Parkinson, teria infartado em casa, falecendo aos 86 anos em 9.6.2017. Foi sepultado no Cemitério Memorial, Santos, SP.

(CONTINUA NA PRÓXIMA SEMANA)

Por Henrique Packter 31/10/2022 - 08:00 Atualizado em 31/10/2022 - 09:02

Os tempos eram bicudos e mesmo a tradicional hospitalidade serrana era sacrificada em nome da economia. Nas mesas destinadas às refeições, gavetas ocultas foram colocadas. Ao menor sinal de visita não programada, a refeição era interrompida, pratos e talheres rapidamente colocados naqueles providenciais acessórios da mesa. Quando a visita se retirava a refeição era reaquecida e continuava seu curso.

Chega o compadre para tratar de assunto banal. Os pratos são rapidamente escamoteados, o compadre deixa-se ficar, fumando devagarzinho seu palheiro, o perfumado fumo do sítio de Dante Martorano. O compadre não se retira e é convidado para passar a noite. Levam-no ao quarto de visitas onde fumega bacia com água quase fervendo. Compadre fica olhando e não se decide a aceitar este gesto de pura cortesia serrana. Destinava-se a, após tirar as botas, lavar os pés, deitar-se para dormir.

- O que foi, compadre? Não vai lavar os pés?

O compadre olha a bacia demonstrando grande dúvida; afinal, indaga:

- Mas..., num fará mal lavar os pés em jejum?

No Governo de SC

Quando May assumiu a governança de SC por poucos dias, na  verdade um final de semana, estando ele em Palácio numa sexta-feira à tarde, lembrou-se estar sem dinheiro no bolso, um dinheirinho para aquelas pequenas despesas.

Cartão de crédito ainda dormia no útero do tempo; era ter cheque ou dinheiro vivo. May avisa que vai atravessar a Praça XV e apanhar o dinheiro no Banco Brasil, lá do outro lado da praça. Imediatamente o chefe da Casa Militar apresta-se a acompanha-lo, chega a dizer que enquanto ele estiver ocupando o cargo maior na hierarquia governamental política do Estado, vai ser assim. May, fecha a cara e já vai avisando que se alguém insistir nessa história, vai ser demitido na hora.

Por Henrique Packter 24/10/2022 - 09:15 Atualizado em 24/10/2022 - 12:10

Advogado e juiz, depois desembargador, presidente do tribunal de Justiça, governador interino, Chico May nasceu em Lages/SC a 18.6.1924 e faleceu em Florianópolis em 15.4.2018 aos 94 anos.

Filho de Francisco May e de Honorina Ramos May, foi pai de Maria Elói (juíza de Direito), Francisco (engenheiro), Luiz Alberto (oftalmologista), Maria Eloísa. Divorciado de Maria Eloy Neves May, casou com Jeanine Mendonça Pinheiro May.

Bacharel pela Faculdade de Direito de SC em 1951.

Concluída a formação ingressou na magistratura e atuou como Juiz Substituto na comarca de Chapecó/SC. Posteriormente, foi Juiz nas comarcas de Joaçaba, Concórdia, Curitibanos, Criciúma e Florianópolis. Em Criciúma foi juiz de 27.6.1956 a 11.4.1966. Em Florianópolis, foi lotado na Vara de Menores e a Vara da Fazenda.

Em 1975, recebeu nomeação para o cargo de Desembargador do Tribunal de Justiça de SC (TJSC), sendo Presidente do Tribunal no biênio 1982-1984. 

Na condição de Presidente do TJSC, governou interinamente o Estado catarinense por alguns dias no ano de 1982, na ausência do titular, Henrique Córdova, que se encontrava em viagem ao exterior.

Entre 1979 e 1982, presidiu o Tribunal Regional Eleitoral de SC (TRE-SC).

Em 24.2.1984 é cidadão honorário de Criciúma.

MAY MAGISTRADO EM CRICIÚMA POR 10 ANOS (1956-1966)

Chico May, como era tratado fora dos limites do fórum, e por mais um grupo seleto de criciumenses, dedicava-se com afinco à pesca e à caça nos fins de semana quando essas atividades eram permitidas. São Joaquim passava por crise econômica sem precedentes. Lá os negócios giravam em torno da indústria extrativa da madeira, os pinheirais, mas a predação sem limites logo fez secar este veio econômico-financeiro.

As serrarias antes numerosas vão cerrando as portas e logo estagnação e falta de recursos saltam aos olhos, pesa sobre a região. Já na região do sul catarinense dinheiro ganhava-se com a extração de carvão mineral.

No período de 1931-47 a economia apresenta a mesma diversificação, porém, a erva-mate foi superada pela madeira, tecidos, e a banha que, juntos delinearam a curva das exportações catarinenses. No período, a madeira passou a ser o produto mais exportado, porém sua predominância foi semelhante à da erva-mate no período anterior, seguida de perto que foi pelos tecidos e outros produtos alimentícios.

Embora o setor madeireiro estivesse em decadência devido ao esgotamento das reservas florestais, os ramos de beneficiamento na indústria de mobiliário e o ramo de derivados, no que respeita à indústria de papel, papelão e celulose, apresentavam perspectivas de expansão.

A partir de 1930, o número de serrarias instaladas em SC cresce continuamente. Os anos de 1957 e 1962 registraram diminuição do número de serrarias de madeiras de lei pela extinção das serrarias, consequência do esgotamento da reserva florestal. Passa a ser proibido pelo INP o registro de novas serrarias.

O trabalho de extração de toras de pinho da mata, até os anos 50, era bastante elementar com a utilização de carros de boi e da serra manual. Contudo, a partir desse período, trator de arrastro, com guincho e lâmina, além de caminhões, vão substituindo a tração animal. Na serraria, toros são industrializados e transformados em tábuas, pranchas e lâminas, para depois serem vendidos em sua maioria a exportadores atuando como armazenadores, manufaturadores.

Entre 1955-65, quando a produção esteve quase estacionária, May ministra a Justiça na região mineira, subindo eventualmente a serra para caçar e pescar. O INP estabelece vigilância mais séria sobre a produção madeireira, com proibição do registro de novas serrarias e reduzindo a produção já autorizada.

A queda de produção nos anos 1958-59, corresponde aos anos de superprodução de madeiras serradas em SC, o que parece estranho, uma vez que, geralmente, os industrializados acompanham o movimento da produção de serrados. Em 1964-65, pode ser justificada a queda da produção através da crise que, nestes anos, atingiu a economia brasileira. Compensados e laminados, no Sul, tem a produção liderada pelo PR, que domina a industrialização da madeira no País. SC está em plano secundário em relação à produção do PR, e o RS apresenta queda.

A partir de 1961, a tendência foi de baixa, refletindo assim, o esgotamento das reservas e a queda da exportação que, por sua vez, pode estar relacionada ao aumento dos preços.

Por Henrique Packter 17/10/2022 - 09:00 Atualizado em 17/10/2022 - 09:00

OLAVO DE ASSIS SARTORI clinicou por longos anos em Criciúma, tendo nascido em Ubá, MG, em 11.6.1916. Casou-se com Aracele Formel Sartori, tendo o casal dois filhos, Indaiá Maria e Djalma Poty.

Sartori formou-se em Medicina no RJ pela Faculdade Nacional de Medicina em 1938, chegando a Criciúma em 3.7.1943, convidado pelo conterrâneo, também médico, Paulo Carneiro, que clinicava desde 1930 na Laguna. Paulo Carneiro era também nascido em Ubá e também graduara-se no RJ.

Sartori trabalhou exclusivamente no Hospital São José de Criciúma.

Era clínico, cirurgião e obstetra embora tenha tido algum interesse na construção do Hospital São João Batista, juntamente com o médico Lourenço Cianci Filho e o empresário João Sorato, Isso, em 1961. Em 13.5.1962 o Hospital São João Batista foi inaugurado e em 1962, Lourenço Cianci Filho  transferiu residência para Joinville onde faleceu a 17.7.1992. 

Sartori atendeu como médico-chefe no Posto de Puericultura do bairro Operária Velha e também trabalhou no ambulatório da Caixa de Aposentadoria e Pensões dos Empregados da Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina, mais tarde incorporada ao INAMPS. Foi sócio fundador do Rotary  que presidiu na gestão 56/57. Presidiu também o clube de futebol Ouro Preto,, alvinegro (como o Botafogo do RJ). Cidadão honorário de Criciúma em 11 de junho de 1979.

Sartori faleceu em Criciúma a 19 de junho de 1989, aos 73 anos de idade.

Era pessoa admirável, bem humorada, profissional humanitário, atendendo gratuitamente a imensa maioria de seus clientes aos quais ainda fornecia amostras de medicamentos. Sempre declarou, para quem quisesse ouvir, que tinha três influências na vida: a sigla política UDN, o Botafogo do RJ e o Brigadeiro Eduardo Gomes, candidato à presidência da república, não eleito.

Sempre tinha uma piada, um fato pitoresco, algo engraçado para contar, mas sua história predileta era sobre Benedito Valadares, governador de MG de 15.12.1933   a 4.11.1945.  Benedito era, à época, modesto e tranquilo deputado federal, jornalista de profissão e nome impensável para exercer cargo dessa dimensão. Foi convidado pessoalmente por Getúlio Vargas para exercer a governadoria de MG.

O povo se perguntava:

- Será o Benedito?

Era início de 1945, o mundo estava em paz e modesto, mas sagaz operário do interior das Alterosas, vem até o Palácio do Governo em Belo Horizonte atrás de emprego como gari. Trazia algumas recomendações numa velha e já muito gasta pasta, provavelmente escolar. Espera o dia todo na antessala governamental. Tarde da noite, já sozinho, um ajudante de ordens apercebe-se da presença do pleiteante a emprego e diz-lhe:

- Aproveita que o governador está sozinho, vai lá e mostra o teu currículo para ele!

O bom mineiro, mostrando o muque, braço esquerdo elevado, mão cerrada e vibrando responde:

- Aqui, ó!

Por Henrique Packter 03/10/2022 - 11:30 Atualizado em 03/10/2022 - 11:32

Uma das ideias mais notáveis que algum político pudesse ter e executasse no tocante à Educação, seria, possivelmente, o CIEP do BRIZOLA. Idealizado por Darci Ribeiro, cada CIEP, construído e projetado em módulos por OSCAR NIEMAYER, parecia levar a marca de redenção da famélica, desnutrida e ignara juventude brasileira da época. Grande foi o prestígio e influência do engenheiro civil e político LEONEL DE MOURA BRIZOLA (nascido Leonel Itagiba de Moura BrizolaCarazinho, RS, 22.01.1922 -  RJ, 21.06.2004).  Foi líder trabalhista, governador do RJ e do RS, o único político eleito pelo povo para governar dois estados diferentes em toda a história do Brasil. Faleceu, em 2004, vítima de um infarto agudo do miocárdio.

Brizola nasceu em Carazinho, no distrito rural de São Bento, Noroeste do RS. Seu pai, José Oliveira, pequeno fazendeiro, foi assassinado por soldados de Borges de Medeiros durante a Revolução de 1923. A morte de José fez com que a esposa Onívia enfrentasse dificuldades para criar seus filhos, agravadas quando perdeu suas terras em litígio judicial. A família, então, vai morar em São Bento, próspera região de Carazinho, onde Onívia, trabalhou na lavoura, criando vacas e costurando. Casou-se novamente, com o agricultor viúvo José "Janguinho" Gregório Estery, tendo com ele mais dois filhos: Sadi e Jesus.

OS ESTUDOS

Brizola foi alfabetizado por sua mãe antes de ingressar no ensino primário. Estudou, por pouco tempo, como bolsista em escola de Não-Me-Toque. Aos dez anos de idade, morou sozinho num sótão de hotel em Carazinho, lavando pratos para ganhar comida e carregando malas até a estação de estrada de ferro. Graças à família de pastor metodista, recebeu bolsa de estudos que lhe permitiu concluir o primário no Colégio da Igreja Metodista. Em 1936, aos doze anos de idade, Brizola muda-se para POA onde trabalha como engraxate e ascensorista, concluindo curso de técnico rural no Ginásio Agrícola Senador Pinheiro Machado, em 1939.

TRABALHO E VIDA MODESTA EM POA

Recebendo o diploma de técnico rural, Brizola torna-se graxeiro da Refinaria Brasileira de Óleos e Graxas, em GravataíRegião Metropolitana de POA.  Anos depois, soube que a refinaria pertencia a Ildo Meneghetti, um de seus maiores opositores políticos. Foi aprovado em concurso do Ministério da Agricultura, indo trabalhar como técnico do ministério em Passo Fundo, ficando assim mais próximo de sua família. Permaneceu apenas por meio ano em Passo Fundo, onde, apesar de receber bom salário, contraiu muitas dívidas. Resolvidas suas pendências financeiras, retornou para POA, residindo em pensão e trabalhando como jardineiro do Departamento de Parques e Jardins da Prefeitura.

Em 1942, conclui o ensino fundamental como bolsista no Colégio Nossa Senhora do Rosário. Em seguida, licencia-se do trabalho na prefeitura e alista-se no 3.º Batalhão de Aviação do Exército (hoje, Base Aérea de Canoas). Com o término do serviço militar volta a trabalhar como jardineiro, concluindo o curso científico no Colégio Júlio de Castilhos além de curso de piloto privado. No Júlio de Castilhos, foi um dos fundadores e vice-presidente do Grêmio Estudantil. Em 1945, aprovado no vestibular da Escola de Engenharia da UFRS,  gradua-se como engenheiro civil (1949).

Estudante universitário na UFRGS, ingressou na política, organizando a ala jovem do Partido Trabalhista Brasileiro.

O CASAMENTO

Brizola e Goulart foram ambos deputados estaduais pelo PTB do RS.

Brizola conheceu Neusa Goulart, irmã de João Goulart e futuro presidente da república. Em 1º.03.1950, Brizola e Neusa Goulart casam-se, casamento  realizado na Fazenda de Iguariaçá, São Borja, tendo o ex-presidente da República Getúlio Vargas como um dos padrinhos. O casal se conhecera nas reuniões da Ala Moça do PTB. Tiveram três filhos juntos: Neusinha, José Vicente e João Otávio. Após a morte de Neusa (1993), manteve relação com Marília Guilhermina Martins Pinheiro.

INÍCIO DA VIDA POLÍTICA

Em 1947, Brizola foi eleito deputado estadual pelo PTB e em 1954 deputado federal, com votação recorde.

Dois anos depois, elegeu-se prefeito de POA e, em 1958, governador do RS. Pratica então políticas sociais e promove a Campanha da Legalidade, em defesa da democracia e da posse de Goulart como presidente. Em 1962, transfere seu domicílio eleitoral para a Guanabara, estado pelo qual se elegeu deputado federal. Durante o governo de Goulart, os dois políticos mantiveram relação tumultuada, mas uniram-se novamente antes do golpe militar de 1964. Brizola, então, exila-se no Uruguai. “Cunhado não é parente, Brizola para presidente”.

Voltou ao Brasil em 1979, depois de exílio de 15 anos no Uruguai, EUA Portugal. No mesmo ano, funda e preside o Partido Democrático Trabalhista (PDT), socialdemocrata e populista. Em 1982, é governador do RJ, iniciando o programa de construção dos Centros Integrados de Educação Pública. Na eleição presidencial de 1989, quase vai para o segundo turno. Um ano depois, volta a governar o RJ, eleito no primeiro turno. A partir daí, não logra êxito em nenhuma das quatro eleições que disputou, de vice-presidente de Lula da Silva em 1998 a senador pelo RJ em 2002.

(Continua)

Por Henrique Packter 26/09/2022 - 09:40 Atualizado em 26/09/2022 - 09:41

Fatores de risco na prevalência de doenças cardiovasculares são níveis elevados de colesterol, tabagismo, hipertensão arterial sistêmica, diabetes.

Nos últimos 70 anos houve redução de 50% da mortalidade por doenças cardíacas e circulatórias cardiovasculares. Efeitos profundos de distúrbios de órgãos e sistemas não cardíacos na estrutura e na função cardíaca cresceram acentuadamente: 20 a 30% dos pacientes não selecionados numa clínica de cardiologia, tem diabetes.

Até 2050 doenças cardiovasculares, como ataque cardíaco, derrame e doenças tromboembólicas venosas, serão responsáveis por 33% de todas as causas de morte no país.

Melhor saúde cardiovascular diminui o risco de doenças cardíacas e derrames e para isso é preciso pensar no diabetes como agente dessas doenças.

Dez são as medidas pra cuidar da saúde cardiovascular e evitar a condição de doente:

1. Ser mais ativo

2. Adotar alimentação saudável e equilibrada

3. Gerenciar o peso 

4. Combater o sedentarismo

5. Manter taxa saudável de colesterol não HDL

6. Cuidar da pressão arterial

7. Evitar fontes de estresse

8. Observar existência de antecedentes familiares

9 Dormir bem

10 Monitorar a Hemoglobina Alc (glicada) para quem é diabético ou pré-diabético é a melhor forma de controle da doença a longo prazo evitando seu avanço e complicações decorrentes.

Por Henrique Packter 19/09/2022 - 09:30 Atualizado em 19/09/2022 - 09:32

Antes de mais nada é preciso dizer que havia provas escritas sobre Biologia, Física, Bioquímica e Higiene. Terminadas essas provas escritas descritivas, poucos dias depois éramos submetidos a provas orais das mesmas matérias.

O professor Metry Bacila

Marcou muito meu exame vestibular a prova de Bioquímica oral.  Estávamos assustados com a notícia de que o Professor Dr. Metry Bacila iria participar da banca examinadora desta matéria. Ele doutorara-se em 1946 em Medicina, com a tese CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DO FATOR RH EM CURITIBA. Foi designado, em seguida, chefe dos laboratórios de Física Biológica e de Química Fisiológica da Faculdade de Medicina. Simultaneamente ingressou no Instituto de Biologia e Pesquisas Tecnológicas. Em abril de 1947 agraciado com a BOLSA JÚLIO A. ENZ, realiza estudos pós-graduados na Argentina. Seu interesse era os estudos enzimológicos em especial do metabolismo de carboidratos. Durante suas pesquisas demonstrou, pela primeira vez no mundo, a existência da galactoquinase em tecidos animais, enzima descoberto por Leloir na levedura Saccharomyces fragilis.

Retornando a Curitiba é nomeado professor assistente de Química Fisiológica da FM e passou a reger a cadeira de Química Orgânica e Biológica do Curso de Veterinária. Em 1949 prestou concurso de títulos e provas para professor catedrático daquela matéria, com a tese sobre O MECANISMO ENZIMÁTICO DO METABOLISMO INTERMEDIÁRIO DOS CARBOIDRATOS E, EM PARTICULAR, DA GALACTOSE E GALACTOQUINASE EM TECIDOS ANIMAIS.

Em 1950, Metry Bacila era docente-livre de Química Fisiológica na Faculdade de Medicina, com a tese OS ÉSTERES FOSFÓRICOS DOS CARBOIDRATOS E A DETERMINAÇÃO DA FOSFORILAÇÃO NO RIM.

Em 1952 realiza estudos pós-doutorais na Universidade de Chicago, como bolsista da Fundação Rockefeller.  

Na Universidade de Chicago desenvolveu pesquisas sobre metabolismo energético e em 1953 participou do Congresso Internacional de Fisiologia de Montreal, Canadá. Por algum tempo permaneceu na Universidade de Wisconsin onde pesquisou sobre compostos orgânicos de fosfato de alta energia. Retorna a Curitiba em novembro de 1953 a tempo de examinar os candidatos ao curso de Medicina da UFPR em fevereiro de 1954. Exerce na UFPR a chefia da Divisão de Patologia Experimental do Instituto de Biologia e Pesquisas Tecnológicas. Metry Bacila retornou aos EUA em 1958 também como bolsista da Fundação Rockefeller para período de pesquisas na Johnson Foundation, Universidade da Pensilvânia. Os estudos de bioenergética que realizou tiveram grande influência no desenvolvimento da linha de pesquisas sobre atividade mitocondrial. 

Pois foi com esse homem que tivemos de nos haver para cursar Medicina. Claro, não deu outra.

Como já falei, o vestibular tinha provas escritas com três questões discursivas e, dias depois, outra prova que era oral diante de banca composta por dois examinadores e um presidente da banca que também indagava quando o assunto era de seu interesse. Daí resultava que obtínhamos 3 notas cuja média era o resultado da prova oral. Havia dúvidas na cidade se Metry Bacila participaria do exame dos candidatos uma vez que seu sobrinho e mais tarde nosso colega, SEBASTIÃO FARAJA BACILA, era candidato a uma vaga no curso de Medicina. Ele foi aprovado e faleceu tragicamente anos mais tarde ao dirigir seu automóvel, sem companhia, rumo às praias, num dia quente de verão, fulminado por um enfarte do miocárdio.

Prova

Chamado, sentei-me à frente da notabilidade médica paranaense. Era gordo, baixo, abundância de pelos pretos, nem um pouco amistoso. Sorteei o ponto que ele conferiu com pouco interesse. Perguntou-me, enquanto rolava o papelucho do ponto sorteado entre dois dedos grossos:

- Num tubo em U, munido de dois orifícios, um em cada extremidade do tubo, você derrama 1 litro de mercúrio por um dos orifícios. Você sabe que mercúrio e água são imiscíveis.  Qual a quantidade de água que você deve derramar no outro orifício para equilibrar as duas colunas de líquidos?

Ele me examinava, agora com certa curiosidade, para ver o que eu iria fazer, não fosse eu aluno do célebre professor de Química do Ginásio Marista de Santa Maria, RS, o Irmão Segisberto.

Comecei dizendo que as alturas dos líquidos são inversamente proporcionais às densidades dos respectivos líquidos o que causou certa impressão na banca. Continuei:

- Supondo que a densidade do mercúrio seja 20 (eu não sabia quanto era), a altura da coluna de água que equilibra uma coluna de mercúrio de 1 metro, é de 20metros.

Bacila, então fez a pergunta inevitável:

- E quanto é a densidade do mercúrio?

Confessei que não sabia com certo constrangimento de aluno do interior diante dos sábios da cidade grande. Uma pequena tempestade teve origem, Metry Bacila irritou-se:

- Pois é sempre a mesma coisa! Ele não sabe algo que qualquer aluno do ginásio sabe. Ora vejam só! Ele ignora a densidade do mercúrio! Pode retirar-se! Não precisa nem passar pela colega examinadora a Dra. Maria Falce Macedo.

A professora era uma santa que auxiliava de todas as formas as almas desvalidas de estudantes a perigo, o meu caso!

Eu dera uma espiada para ver qual era a questão que teria de responder caso fosse inquirido pela velha professora: COMPOSTOS HETEROCÍCLICOS DE NÚCLEO PENTAGONAL E HEXAGONAL CONDENSADOS! O único ponto que eu não estudara em toda a matéria de Química!

Não era o meu dia... Os Correios e Telégrafos estavam bem ali, defronte ao edifício da Universidade. Escrevi para casa, cautelosamente, que a prova de Química não fora boa, mas que Deus era grande! Mais tarde, sendo divulgadas as notas soube que Metry Bacila me dera um nove, nota acompanhada por todos os examinadores.

Luiz Alencar de Moraes, primeiro pediatra em Dracena, SP  

Na prova de Biologia, das três questões discursivas, uma era sobre Higiene, matéria que não constava nos velhos livros da coleção FTD, adotada pelo Colégio Marista de Santa Maria, RS. Havia uma apostilada, já entrada em anos, que circulava de mão em mão e que utilizávamos para escrever sobre o assunto. Quem tinha recurso matriculava-se no curso Pré-Vestibular de Jayme Guelman e logo-logo sabia tudo sobre Higiene.

Eu e meu falecido amigo e colega Luiz Alencar de Moraes compartilhamos a mesma apostila cujo texto já era bem complicado de decifrar. Na prova escrita foi sorteado o assunto HIGIENE PRÉ-NATAL.

- Alencar, escreveste o quê sobre o assunto?

Alencar era aluno brilhante e espírito divertido:

- Escrevi: antes do Natal, data magna da cristandade, é bom tomar um banho de corpo inteiro, fazer a barba e o cabelo, não esquecendo de penteá-lo!

Por Henrique Packter 13/09/2022 - 09:15 Atualizado em 13/09/2022 - 09:18

Era grande a influência de LEONEL DE MOURA BRIZOLA quando governou o RJ. Elegeu, sem maiores dificuldades, o Juruna e Aguinaldo Timóteo (vejam só!), para a Câmara dos Deputados em Brasília.

Estão seguindo?

Darci Ribeiro, intelectual e professor universitário, além de autor de obras de grande repercussão dentro e fora do país, vai para o senado com as bênçãos de Brizola.

Certo dia, Aguinaldo corre ao encontro de Brizola em Palácio. Os dois discutem a portas fechadas e a falas elevadas. Por fim, abrem-se as portas com estrépito, por elas saindo o deputado Timóteo, extremamente irritado, declarando-se rompido com o governador, porque este o chamara de nego sem vergonha!

Correm os jornalistas, homens, radialistas, mulheres e carregadores de câmeras para o gabinete do governador:

- Dr. Brizola: o deputado Timóteo diz-se rompido com o senhor; alega ter sido ofendido em sua honra. Alega ter sido chamado de nego sem vergonha.

Brizola corre os olhos pela turba e com ar didático, como quem está prestes a dar uma aula magna, dedo em riste, rebate:

- Nego, não; nego, não!

BREVE BIOGRAFIA

Leonel Itagiba de Moura Brizola; Carazinho, 22.01.1922  – RJ, 21.06.2004), engenheiro civil e político brasileiro. Líder trabalhista, foi governador do RJ e do RS, único político eleito por voto popular para governar dois estados diferentes em toda a história do Brasil. Brizola (Leonel Itagiba); o nome Leonel era uma homenagem a Leonel Rocha, maragato local, enquanto Itagiba foi nome dado a um irmão seu, falecido ao nascer. Brizola não gostava de seu segundo nome, e aos quatorze anos de idade sua mãe alterou-o legalmente, permanecendo apenas Leonel

Brizola vive seus primeiros anos no interior do estado, mudando-se para POA em 1936. Lá, continuou a estudar, trabalhando como engraxate, graxeiro, ascensorista e servidor público. Ingressou no curso de engenharia civil na Universidade Federal do RS (URGS) em 1945, graduando-se em 1949. Enquanto estudava na UFRGS, inicia atividade política, organizando a ala jovem do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Em evento político, conhece Neusa Goulart, irmã de João Goulart. Casam-se (1950) e têm três filhos.

Em 1947, Brizola foi eleito deputado estadual pelo PTB. Torna-se político em ascensão no estado: em 1954, elege-se deputado federal com votação recorde; dois anos depois é prefeito de POA; em 1958, governador do RS. Destaca-se por suas políticas sociais e por promover a Campanha da Legalidade, em defesa da democracia e da posse de Goulart como presidente. Em 1962, transfere seu domicílio eleitoral para a Guanabara, estado pelo qual elege-se deputado federal. Durante o governo de Goulart, ambos mantiveram relação tumultuada, unindo-se apenas antes do golpe militar de 1964. Tendo suas propostas de resistência não bem-sucedidas, Brizola exila-se no Uruguai.

Voltou ao Brasil em 1979, depois de um exílio de quinze anos no Uruguai, EUA e Portugal. No mesmo ano, fundou e presidiu o Partido Democrático Trabalhista, social-democrata e populista. Em 1982, foi eleito governador do RJ, iniciando o programa de construção dos Centros Integrados de Educação Pública (CIEP), marco no ensino fundamental brasileiro.

OS CIEPs

Criados em 1983, no primeiro governo Brizola, por influência de Darcy Ribeiro. Mas a educação de qualidade oferecida aos filhos da classe trabalhadora não sobreviveu ao pensamento de que ao pobre basta uma educação pobre.

Modelo de educação, os CIEPs iniciam em 1983 no primeiro governo de Leonel Brizola. Fortemente influenciado pelo professor Darcy Ribeiro, um dos maiores mestres da educação no Brasil, Brizola resolve implantar um sistema de educação integral onde o aluno teria as aulas do currículo normal, faria suas refeições, estaria envolvido inclusive nos finais de semana em atividades culturais e teria assim uma educação de qualidade, situação inédita dentro da estrutura pública educacional. Os CIEPS seriam a forma dos filhos das famílias mais pobres terem acesso a uma educação de boa qualidade e também de estarem alimentados e ligados à cultura como forma de lazer e aprendizado, o que os afastariam da atração da atividade criminosa nas comunidades de baixa renda. 

O mestre-arquiteto Oscar Niemeyer e o engenheiro calculista José Carlos Sussekind criam uma escola ampla, funcional e 30% mais barata que um prédio escolar convencional. Para implantar no Estado um grande número de CIEPs com êxito, era necessário um projeto de arquitetura que desse origem a uma escola ampla, que fosse economicamente viável e permitisse rapidez na construção. O desafio de conciliar beleza, baixo custo e rapidez de execução foi confiado ao talento de Oscar Niemeyer.

Partindo da ideia de utilizar a técnica do concreto pré-moldado, que possibilita montar cada CIEP como um jogo de armar, num prazo de apenas quatro meses Niemeyer criou um projeto-padrão que é 30% mais barato que obra utilizando a técnica convencional de fazer a concretagem no próprio local de construção. Na obra do CIEP, como definiu o Engenheiro Calculista José Carlos Sussekind, “a arquitetura é inseparável da estrutura; existe uma especial integração arquitetura-engenharia”.   

Pela concepção de Niemeyer, cada CIEP é composto por três construções distintas: o Prédio Principal, o Salão Polivalente e a Biblioteca. O Prédio Principal possui três pavimentos ligados por uma rampa central. No pavimento térreo localizam-se o refeitório com capacidade para 200 pessoas e uma cozinha dimensionada para confeccionar o desjejum, almoço e lanche para até mil crianças. No outro extremo do pavimento térreo fica o centro médico e, entre este e o refeitório, um amplo recreio coberto. Nos dois pavimentos superiores estão localizadas as salas de aulas, um auditório, as salas especiais (Estudo Dirigido e outras atividades) e as instalações administrativas. No terraço, uma área reservada para atividades de lazer e dois reservatórios de água.

ESCOLA PENSADA POR OSCAR NIEMEYER

O Salão Polivalente é um ginásio desportivo coberto, dotado de arquibancada, vestiários e depósito para guarda de materiais. A terceira construção é a Biblioteca, idealizada para atender os alunos para consultas individuais e para grupos supervisionados, estando também à disposição da comunidade. Sobre a Biblioteca, existe uma verdadeira residência, com alojamentos para doze crianças (meninos ou meninas), que poderão morar na escola em caso de necessidade, sob os cuidados de um casal (que dispõe na casa de alojamento próprio, sala comum, sanitário exclusivo e cozinha). Para terrenos onde não seja possível instalar todas as três construções que integram o Projeto-Padrão, foi elaborada uma alternativa, o CIEP COMPACTO, composto apenas pelo Prédio Principal, ficando no terraço a quadra coberta, os vestiários, a Biblioteca e as caixas-d’água. 

Segundo o próprio Oscar Niemeyer, da ideia de construir escolas em série “surgiu naturalmente a utilização do pré-fabricado, para faze-las multiplicáveis, econômicas e rápidas de construir: nesses casos, é a economia que exige a repetição e o modulado”. Mas, a despeito de toda a lógica, surgiram diversas críticas ao Programa Especial de Educação, assentadas numa ideia equivocada: a de que o CIEP é uma escola “mastodôntica, suntuosa e muito cara”. 

SEM PRECARIEDADE DE RECURSOS

Estes ataques parecem ter como pano de fundo a crença de que os brasileiros devem conformar-se com a precariedade dos recursos públicos que os governos têm dedicado à rede pública de ensino, ao longo da história do país. CIEPs nada têm de “suntuosos”. Ao contrário: é simples, despojado, não utiliza material supérfluo. A utilização do concreto pré-moldado possibilita conter despesas. 

Na inauguração do primeiro de todos os CIEPS, o Tancredo Neves, Leonel Brizola comparou os custos da construção civil e do projeto de Niemeyer. Pelos seus cálculos, o CIEP Tancredo Neves custou, em 1985, Cr$ 3 bilhões e 978 milhões. Já edifício com a mesma metragem custaria, na mesma época, Cr$ 5 bilhões e 737 milhões.

Não teria o povo o direito de ter seus filhos estudando em escolas bonitas e funcionais, arejadas e eficientes? Há quem ache que não. Argumenta-se que somos um país pobre e que, por isso, as escolas devem ser pequenas e humildes. Por que se insiste em associar boa qualidade, beleza e funcionalidade com sofisticação e megalomania? A quem isso interessa? 

Às primeiras críticas sobre os CIEPS responde publicamente Oscar Niemeyer: “ (...) são tão levianas, demonstram tal desinformação que, a contragosto, sou obrigado a dar explicação desse projeto. Trata-se de um programa revolucionário sob o ponto de vista educacional. Escolas que não visam apenas, como as antigas — instruir seus alunos, mas sim dar um apoio efetivo a todas as crianças do bairro. Isto explica serem, no térreo, para elas, abertos sábados e domingos, ginásio, gabinete médico-dentário, biblioteca etc. Daí a dificuldade de usar as velhas escolas — vão sendo remodeladas — não foram projetadas para esse programa. 

Pré-fabricados, eles constituem economia de 30% em relação às construções do tipo comum — e mais econômicos ainda se tornam por serem de construção rápida, quatro meses, tendo em conta o aumento crescente dos materiais, da mão-de-obra etc.

Adaptam-se a qualquer lugar, junto às favelas inclusive, o que é sem dúvida importante, permitindo que filhos de favelados sintam que todo um conforto lhes é oferecido, sem a discriminação odiosa que mais tarde e, por ora, a vida lhes vai impor. E são simples, lógicos, destacando-se pela sua forma, diferente nos setores mais diversos da cidade, revelando assim a grandeza do programa adotado por Leonel Brizola, o que, por isso mesmo, parece não agradar a muita gente. 

(...) Revolta-me, principalmente a desenvoltura com que alguns comentam o programa educativo dos CIEPs sem levar em conta a presença de Darcy Ribeiro, sua autoridade internacional no campo da educação, convidado invariável para organizar o ensino em países do Novo e Velho Mundo. Essa revolta cresce quanto sinto que a maioria desses críticos nada entende dos problemas educacionais, limitando-se a superadas opiniões, fáceis de contestar e definir”. 

DESVIRTUAMENTO DA PROPOSTA ORIGINAL

Ao assumir o governo do estado, após dissentir politicamente de Brizola e estar em um novo campo político, Marcello Crivella não aceitava o sistema de educação integral, fazendo com que os CIEPs passassem a ter três turnos escolares desvirtuando completamente a ideia original de Darcy Ribeiro e Brizola.

Abandonou-se também várias obras de construção de CIEPS transformados em esqueletos inúteis. Finalmente, pelo problema na segurança pública que o RJ atravessa até os dias atuais, muitos CIEPs situados em áreas dentro ou muito próximos à comunidades dominadas pelo narcotráfico, as direções dos Cieps obrigaram-se a aceitar ou a presença de traficantes nos pátios dos CIEPS ou o uso de instalações das escolas para a guarda de drogas e armamento. 

Apesar dos CIEPs continuarem existindo formalmente, sua concepção original como modelo educacional hoje não existe mais.

Na eleição presidencial de 1989, por pouco não foi para o segundo turno. Um ano depois, voltou a governar o RJ, sendo eleito no primeiro turno. A partir daí, não logrou êxito em nenhuma das quatro eleições que disputou, de vice-presidente de Lula da Silva em 1998 a senador pelo RJ em 2002. Faleceu, em 2004, vítima de um infarto agudo do miocárdio.

Por Henrique Packter 05/09/2022 - 09:01 Atualizado em 05/09/2022 - 10:26

OSWALDO DORETO CAMPANARI (7.01.1930/27.07.2021), natural e residente em Marília, SP, faleceu aos 91 anos de idade. Era médico oftalmologista, formado em dezembro de 1959 pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná. Fomos colegas, amigos e parceiros quase de primeira hora. Doreto foi presidente da União Paranaense dos Estudantes Universitários.

Sua vida poderia ser subdividida em três terços, cada um de 30 anos. Os trinta primeiros anos de vida foram dedicados à sua formação médica. Doreto graduou-se aos 30 anos. Os seguintes trinta anos são de intensa atividade política e os trinta anos finais mostram declínio das atividades políticas, exercício da atividade médica oftalmológica, sua doença e morte aos 91 anos de idade. 

Em 1962 passou a clinicar em Marília e seis anos depois elegeu-se vereador pelo partido MDB (1969 a 1973); ele se opunha ao regime militar vigente no país naqueles anos. Foi deputado estadual de 1975 a 1979 e de 1979 a 1983, sempre pelo MDB de Marília, SP.

Eleito deputado federal, teve mandato de 1983-1987, SP, PMDB, empossado em 17.03.1983, novamente deputado federal - (Constituinte), exerceu mandato de 1987 a 1991, SP, PMDB, empossado que foi em 01.02.1987.

Doreto costumava dizer que nem a juventude sabe o que pode, nem a velhice pode o que sabe. Sobre suas notas nas matérias da Faculdade de Medicina dizia que elas não avaliavam a inteligência do aluno, apenas sua adaptação a um sistema.

Vereança em família

Vereador em 1969 pela Câmara Municipal de Marília, Doreto Campanari inicia trajetória na vida pública marcada pela dedicação ao próximo e pelo culto à democracia. Eleito pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), permaneceu na edilidade até 1973.

Assembleia Legislativa e deputação federal

No período de 1975 a 1982 exerceu mandatos na Assembleia Legislativa do Estado de SP. Em 1979, com a reorganização partidária, resultada do fim do bipartidarismo, ingressou no Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), partido criado na esteira da extinção do MDB. Em novembro de 1982 concorreu a deputado federal, ficando na suplência. Foi alçado para o mandato na Câmara dos Deputados porque o deputado federal Mário Covas (depois governador de SP), foi nomeado para o cargo de secretário estadual dos Transportes do governo de Franco Montoro. Assumiu, então, o mandato do deputado Mário Covas (1983-1987). Campanari permanece ainda no Legislativo por mais tempo em decorrência da indicação de Covas para assumir a prefeitura da cidade de SP. Em 25.4.1984 vota a favor da emenda Dante de Oliveira e, mais tarde, no candidato à presidência vitorioso, Tancredo Neves, após a emenda não ter sido aprovada.

Em 1986, Doreto elege-se deputado federal pelo PMDB e participa da Assembleia Nacional Constituinte, sendo primeiro vice-presidente da Subcomissão dos Negros, Populações Indígenas, Pessoas Deficientes e Minorias. Também cooperou na Comissão da Ordem Social, Comissão da Ordem Econômica e na Subcomissão da Questão Urbana e Transporte.

Doreto Campanari, um dos 512 deputados federais brasileiros, em 1988, sob o comando do então presidente da Câmara dos Deputados, Ulysses Guimarães (PMDB), coescreveu a Constituição Federal, conhecida como Constituição Cidadã.

Responsável por 102 projetos de lei, entre eles o que reduziu o tempo de serviço no emprego dos trabalhadores para obter estabilidade e o que instituiu jornada máxima de trabalho de 40 horas semanais e proibiu horas extras. Voltando Covas, após o fim de sua gestão na prefeitura de SP (1985), deixa a Câmara. Promulgada nova Constituição (5.10.1988), passa a exercer apenas o mandato ordinário na Câmara.

Medalhado

Entre outras homenagens, Doreto Campanari recebeu a medalha de mérito cívico Marília de Dirceu, em 29.3.2019, na Câmara Municipal de Marília, SP. Na ocasião declarou:

“É muito gratificante. Tenho amor e respeito por esta Casa de Leis. Fui vereador por 8 anos e aprendi muito aqui. Depois me elegi deputado estadual por duas vezes e também considero uma escola muito boa. (...) estive em Brasília como deputado federal. Fiz muitos amigos, entre eles André Franco Montoro e Fernando Henrique Cardoso. Sempre defendi política de princípio e moral”.

A morte

Doreto Campanari estava acamado fazia 2 anos, por ter sofrido AVC (Acidente Vascular Cerebral). Deixou 5 filhos e 11 netos, e a esposa Ester Pierini Doreto Campanari.

DORETO E FRANCISCO DE PAULA SOARES Fº INICIAM EM 1958 A ERA DOS TRANSPLANTES DE CÓRNEA EM CURITIBA, NA SANTA CASA.

O armamento com que o Exército Brasileiro contava em seu inventário passou, em consequência da Segunda Guerra, por notável salto tecnológico. Em termos de armamento individual o principal item do exército em 1945 era o Fuzil Ordinário 08 (F.O-08), o Mauser 1908, fabricado pela DWM Waffenfabrik para o Exército Brasileiro. Esta arma utilizava o calibre 7x57mm Mauser. Ainda havia outras armas, como a vz.24, a carabina FN-Mauser M1922, a Mauser Mod.1935, a carabina Itajubá M1908/34, entre outros. Todos estes fuzis eram em calibre obsoleto: 7x57mm Mauser.

Por Henrique Packter 29/08/2022 - 10:10

Oswaldo Doreto Campanati nasceu em 7 de janeiro de 1930 e faleceu a 27 de julho de 2021 em Marília, SP, aos 91 anos de idade. Era médico oftalmologista, formado em dezembro de 1959 pela Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Paraná. Fomos colegas, amigos e parceiros quase de primeira hora. Doreto foi presidente da União Paranaense dos Estudantes Universitários.

Em 1962 passou a clinicar em Marília e seis anos depois, a população da cidade elegeu-o vereador pelo partido MDB (1969 a 1973); foi deputado estadual de 1975 a 1979 e de 1979 a 1983, ambas as vezes pelo MDB de Marília, SP. Ele se opunha ao regime militar vigente naqueles anos.

Eleito deputado federal, teve mandato de 1983-1987, SP, PMDB, empossado em 17.03.1983, novamente deputado federal - (Constituinte), exerceu mandato de 1987 a 1991, SP, PMDB, empossado que foi em 01.02.1987.

Doreto costumava dizer que a arte existe porque a vida não se basta. Muitas vezes, no decorrer de nosso curso demonstrou a veracidade do que afirmava revelando ser possuidor de mente inventiva e poderosa.

Vereança em família

Vereador em 1969 pela Câmara Municipal de Marília, Doreto Campanari inicia trajetória na vida pública marcada pela dedicação ao próximo e pelo culto à democracia. Eleito pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido que opôs-se ao Regime Militar, permaneceu na edilidade até 1973.

Assembleia Legislativa e Deputação Federal 

No período de 1975 a 1982 exerceu mandatos na Assembleia Legislativa do Estado de SP. Em 1979, com a reorganização partidária, resultada do fim do bipartidarismo, ingressou no Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), partido criado na esteira da extinção do MDB. Em novembro de 1982 concorreu a deputado federal, ficando na suplência. Foi alçado para o mandato na Câmara dos Deputados porque o deputado federal Mário Covas (depois governador de SP), foi nomeado para o cargo de secretário estadual dos Transportes do governo de Franco Montoro. Em novembro de 1982 assumiu o mandato do deputado Mário Covas, devido ao pedido de licença deste para assumir a Secretaria Estadual de Transportes no governo Franco Montoro (1983-1987). Campanari permanece ainda no Legislativo por mais tempo em decorrência da indicação de Covas para assumir como prefeito da cidade de SP. Em 25.4.1984 vota a favor da emenda Dante de Oliveira e, mais tarde, no candidato à presidência vitorioso, Tancredo Neves, após a emenda não ter sido aprovada.

Em 1986, Doreto elege-se deputado federal pelo PMDB e participa da Assembleia Nacional Constituinte, atuando como primeiro vice-presidente da Subcomissão dos Negros, Populações Indígenas, Pessoas Deficientes e Minorias; também cooperou na Comissão da Ordem Social, Comissão da Ordem Econômica e na Subcomissão da Questão Urbana e Transporte.

Doreto Campanari foi um dos 512 deputados federais brasileiros que em 1988, sob o comando do então presidente da Câmara dos Deputados, Ulysses Guimarães (PMDB), ajudou a escrever a Constituição Federal, que ficou conhecida como Constituição Cidadã.

Foi responsável por 102 projetos de lei, entre eles o que reduziu o tempo de serviço para obter estabilidade no emprego dos trabalhadores e o que instituiu jornada máxima de trabalho de 40 horas semanais e proibiu as horas extras. Deixa a Câmara em 1985, com a volta de Mário Covas, após o fim de sua gestão na prefeitura de SP.

Promulgada a nova Constituição em 5.10.1988, passa a exercer apenas o mandato ordinário na Câmara.

Medalhado

Entre outras homenagens, Doreto Campanari recebeu a medalha de mérito cívico Marília de Dirceu, em 29.3.2019, na Câmara Municipal de Marília, SP. Na ocasião declarou:

“É muito gratificante. Tenho amor e respeito por esta Casa de Leis. Fui vereador por oito anos e aprendi muito aqui. Depois me elegi deputado estadual por duas vezes e também considero uma escola muito boa. Posteriormente estive em Brasília como deputado federal. Fiz muitos amigos, entre eles o André Franco Montoro e o Fernando Henrique Cardoso. Sempre defendi uma política de princípio e moral”.

A morte

Doreto Campanari encontrava-se acamado já há algum tempo, após ter sofrido um AVC (Acidente Vascular Cerebral), há dois anos. Deixou cinco filhos e 11 netos, além da esposa Ester Pierini Doreto Campanari.

Doreto inicia em 1958 a era doa transplantes de córnea em Curitiba na Santa Casa

Fiz o serviço militar no CPOR de |Curitiba em 1954. Nesse ano foi criado em todo o país o Serviço de Saúde da instituição. Era um Serviço, não uma arma, como a Infantaria, a Artilharia, Engenharia. No velho prédio fronteiro à Praça Oswaldo Cruz, durante um ano ficamos nós, estudantes de Medicina, Odonto e Farmácia, nas férias e nos sábados e domingos, cumprindo com nossa obrigação para com a pátria.

Muita gente boa fez sua estreia militar naquele ano de 1954, bastando citar apenas alguns deles: Lino Lima Lenz (depois professor de Urologia na  UERJ, Coriolano Caldas Silveira Motta (professor em várias cadeiras da Faculdade de Medicina da Federal do Paraná e da Evangélica), Afonso Antoniuk (professor de Neurocirurgia da Federal do Paraná), Luiz Alencar de Moraes (primeiro pediatra em Dracena, SP), Egídio Martorano (depois prefeito de São Joaquim em SC, deputado estadual e secretário de Estado), Vilson Cidral (professor de Otologia na Federal do Paraná)...

Pois foi pelo Serviço Militar no CPOR de Curitiba que Doreto andava atrás de mim. Queria ele começar a fazer transplantes de córnea e me oferecia a oportunidade de começarmos juntos. Mas, faltava o essencial: trépanos para remover córnea doadora e córnea a ser substituída. Não é que a Santa Casa não tivesse tais equipamentos, apenas seu uso era restrito aos professores. Também não tínhamos microscópio cirúrgico, mas sua ausência era suprida por lupas de quatro aumentos.

Doreto esperava-me à saída de uma das aulas com a grande ideia: que tal utilizar cartuchos não deflagrados, de metal vazios, dos velhos mosquetões Mauser do CPOR, cujos bordos seriam afiados à perfeição por ótico de sua confiança? Arregalei os olhos de pura surpresa: parecia mais um ovo de Colombo, ou melhor, um ovo de Doreto Campanari.

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