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O abominável homem das neves

Chatô voa para Porto Alegre
Por Henrique Packter 29/09/2020 - 19:35

O jornalista FRANCISCO DE ASSIS CHATEAUBRIAND BANDEIRA DE MELLO (Chatô) dono do poderoso DIÁRIOS ASSOCIADOS, chega ao aeroporto do cais Pharoux, RJ, para apanhar o hidroavião que o levaria a juntar-se às forças revolucionárias gaúchas. Inicia viagem RJ-POA às 5,30 horas de chuvosa sexta-feira, 3.10.1930, embarcando no Junkers G-24 da CONDOR. Soubesse ele dos dissabores que o esperavam nos 7 dias seguintes, esqueceria a viagem.
Era proibido fumar em qualquer momento do voo ou portar arma de fogo nos hidroaviões. CHATÔ entregou revólver e charutos.
Más condições meteorológicas obrigam o piloto Heinz Puetz voar a 50 m de altura com 9 passageiros, enfrentando tempo terrível no avião lotado.  Vencem os 300 km até Santos em 4 angustiantes horas.

Reabastecido, o avião decola e  avança menos de 150 km. Tempo ruim, teto precário faz Puetz pousar na estreita faixa entre Ilha Comprida e continente. Voa os 50 km seguintes com os flutuadores esquiando sobre as águas do canal. Pelo meio-dia piora o tempo que já era ruim, Puetz desliga os motores e o avião flutua diante de Cananéia e seus dois canhões coloniais. Às 3 da tarde, quando deveria sobrevoar POA, Puetz decola, avisando que avançariam 70 km até Paranaguá, onde pernoitariam.

Chegam às 17 horas  e partem às 6,30 da manhã seguinte com sol e tudo, mas ainda sem notícias do movimento revolucionário. Puetz calcula em duas horas a viagem a POA com rápida escala em Florianópolis. Aqui, telegrama em alemão aguarda o piloto: a situação está muito difícil em POA, única frase que CHATÔ consegue ler. Cancelado restante do voo, a viagem terminava em Florianópolis. O pior estava por vir. Em São Joaquim, a 120 km, a cidade preparava-se para acontecimentos verdadeiramente inacreditáveis na história da revolução e do país. 

O império de Chatô

Começa a montar seu império jornalístico a partir do final dos anos 20. Reúne sob seu comando mais de 100 jornais, revistas, estações de rádio e TV. Nos anos 40 e 50, é um dos homens mais influentes do país, temido pelas campanhas jornalísticas que encabeça como aquela contrária à criação da Petrobrás. Pioneiro na transmissão do sinal de televisão no país, cria a TV Tupi em 1950. No Estado Novo, consegue de Getúlio Vargas a promulgação de decreto que lhe dá direito à guarda da filha, após separar-se da mulher. Na ocasião, cunhou a frase: Se a lei é contra mim, vamos mudar a lei. Criou o Museu de Arte de São Paulo (Masp) (1947) com Pietro Maria Bardi. Senador pela Paraíba (1952) e pelo Maranhão (1955), redigia seus artigos a lápis, exceto após trombose  que o deixou tetraplégico(1960).  Trabalha até o final da vida e morre em São Paulo (1968). 

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