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* as opiniões expressas neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do 4oito
Por Arthur Lessa 08/11/2017 - 14:25 Atualizado em 08/11/2017 - 14:38

Uma das funções dos setoristas de futebol, que são aqueles jornalistas que passam muito mais tempo nos centros de treinamento que na própria redação do veículo, é informar sobre tudo o que envolve o clube que acompanha.

Tudo mesmo! Desde lesões, suspensões e treinamentos efetuados no dia até especular (normalmente com precisão) a escalação que iniciará a próxima partida. Todas as rádios, tvs, jornais, sites e afins fazem. E é o que o leitor/ouvinte/espectador/torcedor quer.

Até aí, tudo certo! É da função! Mas tem casos em que a abordagem pode ser diferente. Como no caso do repórter Cícero Mello, da ESPN, que, no lugar de perguntar pro próprio Renato Gaúcho, escalou o Grêmio pro jogo seguinte. Aí, meu querido... Mitagem do Renato! 

 

Por Arthur Lessa 01/11/2017 - 15:14 Atualizado em 01/11/2017 - 15:24

Tem gente que acha que o umbigo é o centro do universo. E são essas pessoas que, via de regra, usam a célebre e narcisística frase "você sabe com quem está falando"?

Esse é o tema de um dos discursos mais reproduzidos do Mário Sérgio Cortella na internet. O filósofo, que estará em Criciúma na próxima segunda-feira (6), usa matemática, física e história para explicar, cientificamente, que eu, você, Lula, Bolsonaro, Trump e Neymar somos de uma insignificância atronômica!  

O Romário não... O Romário é outro nível!

Bom, né?

Então não perde tempo e compra logo o ingresso pra palestra!

Por Arthur Lessa 19/10/2017 - 18:27 Atualizado em 19/10/2017 - 19:12

Comemorando dois anos de "nascimento" no próximo dia 29, a cervejaria Rio Carioca, do Rio de Janeiro, tem dado uma aula de comunicação nas redes sociais.

Na boa... Com as sacadas que tem apresentado nas postagens, sempre ligadas com os fatos do momento, se fosse uma pessoa humana, já estaria com Stand Up viralizando no You Tube.

A "cutucada" mais recente da Rio Carioca é baseada na vergonhosa votação que devolveu o mandato ao senador Aécio Neves, na última terça-feira (17).

No dia anterior, a vítima foi o prefeito de São Paulo, João Dória, e a sua "refeição de astronauta" (que não chega nem perto da comida nutritiva que a Nasa oferece aos tripulantes).

Além da política, o futebol também tem lugar nas tiradas da cervejaria., como quando nossos "hermanos" estavam a ponto de assistir a Copa do Mundo de 2018 pela televisão. 

Para ver mais dessas peças, acesse a fanpage da Rio Carioca.

Por Arthur Lessa 18/10/2017 - 19:03 Atualizado em 18/10/2017 - 19:14

Eu sei... Tá feio!

Faz tempo que não escrevo aqui e prometo que isso não se repetirá! 

Mas, enquanto isso, bora conversar?

O 4oito completou dois meses ontem (17) e, como foi dito desde o lançamento, queremos sempre evoluir. E, sendo assim, queremos saber o que você está achando do portal. 

Pode responder sinceramente a pesquisa abaixo que a gente aguenta! 

Por Arthur Lessa 22/09/2017 - 17:17 Atualizado em 22/09/2017 - 17:31

O vídeo começa com a imagem de um caminhão aberto, várias caixas brancas derrubadas no chão e uma grande poça em volta delas. Em princípio parecia  tratar-se de um acidente de carga, como tantos outros que circulam nas redes sociais. Até que, com toda a paz de espírito que é possível para o momento, aparece o sujeito com mais duas caixas e... pro chão!

Quem filma passa algumas informações sobre o caso. O homicídio etílico doloso de seis pallets de vodca teria acontecido nessa sexta-feira (22) e seria a reação do motorista do caminhão ao ter a carga rejeitada no Fort Atacadista, em Içara.

É fácil contar que, no momento da filmagem, já estavam estraçalhadas mais de 30 caixas. Seis garrafas de 1l por caixa... Mais de 180 litros de vodca animando uma das maiores festas open bar que os santos já presenciaram. 

 

Por Arthur Lessa 19/09/2017 - 13:21

É indiscutível! Mesmo nos maiores festivais internacionais de música, quando uma banda nacional sobe no palco o clima é outro!

Pode nem ser aquela banda que você mais ouve no Spotify, mas é uma sensação de identidade.

Aí vem o Skank e faz o show que fez! É igual Copa do Mundo!

E, pra quem não viu o show, assista esse video do Márcio Guerra, que é professor de canto e youtuber (no sentido bom da palavra) que avalia cantores e bandas.

 

Por Arthur Lessa 13/09/2017 - 12:43

Foi lançada, na manhã de terça-feira (12), [finalmente] a versão demo do game FIFA 18, da EA Sports. Passei o dia esperando pra experimentar o novo sistema dinâmico do jogo, anunciado como revolucionário, e a mudança dos cruzamentos, também bastante divulgado pela própria EA e outros sites especializados.

Estão disponíveis da versão demo 12 times do mundo, como Manchester United, Real Madrid, Bayern de Munique, Manchester City e PSG.

Joguei primeiro com o PSG, contra o Boca Juniors, empate em 1x1 e vitória nos pênaltis, depois de 14 cobranças pra cada lado. As cobranças de pênalti, que me incomodavam muito no FIFA 17 pela dificuldade de acertar, voltaram a ser divertidas. Em outra partida, tentei jogos mais pra cima, com arrancadas e dribles desde o meio campo, e perdi de 2x0 pro Toronto.

Gostei, e muito, do novo jogo. Está mais real, demanda mais feeling, mais calma pra jogar, tem hora que tocar a bola e esperar uma oportunidade de avançar, assim como acontece nos campos de verdade.

O FIFA 17 já deixava bem real a relação do jogador com a bola, que escapava se o passe não fosse redondo ou o domínio não fosse bem feito (ou o jogador fosse pouco habilidoso). Na versão nova, essa característica ficou mais sensível. Por outro lado, também melhorou a “sintonia fina” dos dribles, que fluem mais naturalmente que nas versões anteriores.

A defesa, que já não era tarefa fácil no ano passado, ficou ainda mais complicada. Tem que chegar na hora certa, na distância certa e dar o bote certo, senão come mosca. Esperar e cercar continua sendo a melhor tática.

O sistema de cruzamento realmente mudou. Em três jogos, ganhei uma bola no alto. Antes era só acertar a força e a bola ia certeira na cabeça de alguém. Agora tem que acertar a força, a mira e brigar com o zagueiro dentro da área. Esse dificultou de verdade. Precisa aprender de novo.

A Jornada - SPOILER (não que seja uma GRANDE spoiler, mas eu avisei)

Por fim, o modo Jornada tem só um pedaço de jogo. Alex Hunter, que iniciou a carreira no FIFA 17, onde encerrou a temporada com uma convocação para a Seleção Inglesa, agora se vê numa confusão causada pelo empresário.

A história começa com Michael anunciando que o Real Madrid quer contratar o atacante de 18 anos. Assim como acontece hoje com Coutinho no Liverpool, a iminente transferência coloca Hunter no banco do Chelsea, entrando no segundo tempo com a missão de reverter o placar de 3x0 para o Manchester United.

Encerrado o jogo, corta a cena para a casa de Alex Hunter, onde chega o empresário transtornado e os dois saem com pressa. No carro, Michael explica que a negociação com Real Madrid era falsa. Ele foi enrolado e a carreira de Alex Hunter está em jogo.

E fim... Volta pro menu inicial do jogo.

O FIFA 18 tem lançamento previsto pra 29 de setembro. Faltam 16 dias...

Por Arthur Lessa 12/09/2017 - 11:04 Atualizado em 12/09/2017 - 11:12

O canal em inglês da rede Al Jazeera no YouTube publicou, no último sábado (9), uma reportagem sobre as emissoras de televisão do Brasil. Duas delas, na verdade... A Globo e a Record. O texto é longo, a matéria mais ainda, mas é uma oportunidade de exercitar a análise crítica

A reportagem começa atacando a Rede Globo, sua influência política antierquerdista na história do país e como essa influência foi usada politicamente ao longo dos anos no apoio, por exemplo, ao Regime Militar, à eleição de Fernando Collor e ao Impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Seguindo a linha de colocar a emissora como responsável direta pela retirada de Dilma da presidência, o jornalista Paulo Henrique Amorim afirma que “Eles [Lula e Dilma] piscaram e a Globo os tirou do poder”.

Entre as críticas da matéria está a falta de uma regulação no mercado, o que permite, por exemplo, que políticos sejam donos de veículos de comunicação e que vários veículos pertençam à mesma empresa, criando monopólio.

Já na metade do vídeo, de quase 26 minutos, o ataque partiu para cima da Record, emissora de Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, citada com “a TV do cara da igreja com mais de oito milhões de fiéis”.

Além da influência também poderosa, nesse caso pela fé, a reportagem foca no aumento significativo das doações financeiras à igreja causado pelo poder da televisão, que difunde os cultos por todos os lares do país, também aponta a procura dos partidos por essa fatia dos eleitores.

“Beijam a mão de Edir Macedo os partidos de esquerda e direita”, afirma o cartunista Carlos Latuff, um dos entrevistados. Mas, adiante, Latuff é categórico ao afirma que essa igreja, reacionária e que desrespeita os direitos das mulheres, é ligada à extrema-direita do Brasil.

Tudo que escrevi acima está na matéria, as opiniões e as críticas. Apenas descrevi partes da matéria, que tem clara inclinação ideológica.

Inclusive, a falta de isonomia, de ouvir os dois lados, que é algo criticado na própria reportagem, é negativo em qualquer situação. Se fosse o contrário, jornalisticamente seria tão incompleto quanto.

É uma matéria interessante para se assistir, estimula a reflexão. Mas é importante ter em mente que não é, necessariamente a verdade absoluta. É uma versão do fato. É a visão de um lado.

A tradução abaixo foi feita pelo canal Mídia NINJA e publicada na segunda-feira (11).

 

Por Arthur Lessa 08/09/2017 - 16:19 Atualizado em 08/09/2017 - 16:28

O mundo assiste, atônito, à passagem devastadora do furacão Irma pelo Caribe e a chegada à costa dos Estados Unidos, que deve acontecer entre a noite de sábado (9) e as primeiras horas de domingo (10).

Por Arthur Lessa 06/09/2017 - 13:02 Atualizado em 06/09/2017 - 13:09

Você já pensou nessa situação? A Joelma Calypso, com toda sua "rocância", fazendo cover do Papito?

Pois é! Ela fez! Assim como os sertanejos João Lucas e Marcelo.

Pelo menos é isso que o youtuber Márcio Guerra afirma. Afirma e apresenta provas no vídeo abaixo!

 

Por Arthur Lessa 05/09/2017 - 11:52

Guitarra distorcida, vocalista salpicado de tatuagens e critica político-social. Essa era (e, pra muitos, ainda é) a cara do Detonautas quando explodiu, no início dos anos 2000.

Hoje, com 20 anos de estrada, a banda carioca prepara o lançamento do sexto álbum de estúdio, VI, gravado entre janeiro e abril desse ano no Estúdio Mobília Space, do baterista Fábio Brasil, e com lançamento programado pra outubro.

Um das músicas que compõe o novo trabalho é Dias Assim, fruto de uma parceria com Leoni. O clipe, baseado no viral First Kiss (que é um compilado de registros de pessoas que beijam assim que se conhecem), foi lançado nesta segunda-feira (4) no You Tube.

Detonautas faz parte da minha adolescência musical e, assim como outras bandas, evoluiu com a idade e segue encaixada na minha rotina, hoje de 31 anos de idade e pai de família.

Parabéns pra eles. Sigo seguindo...

Por Arthur Lessa 30/08/2017 - 13:48 Atualizado em 30/08/2017 - 13:57

Transtorno Obsessivo Compulsivo é o assunto de hoje do Programa do Avesso.

Um baita tema! Tão interessante que eu me dei a liberdade de invadir o estúdio e participar um pouco.

Aí, quando entrou o intervalo comercial, lembrei de ter visto esse vídeo há alguns meses e como encaixa na discussão.

É um poeta chamado Neil Hilborn, que sofre de TOC e tem uma incrível sensibilidade em traduzir seus sentimentos e confusão em palavras.

No vídeo abaixo, que é por onde eu o conheci, ele fala sobre o quanto a doença o atrapalha na vida amorosa e o quanto se apaixonou por uma garota em certo momento da vida. Paixão que, de tão forte, passou por cima do TOC.

 

Por Arthur Lessa 29/08/2017 - 17:16

“Tu tá me devendo um livro”. Tive que ouvir isso do Marlon, que trabalha aqui na Som Maior, hoje de manhã.

Ele, assim como eu, estava ontem no auditório Jaime Zanatta, na ACIC, assistindo Tim Gallwey sobre o Inner Game.

Vi reações das mais variadas sobre a palestra. Espectadores impressionados, outros nem tanto, e alguns decepcionados.

Eu gostei, e muito! Comprei o livro assim que anunciamos a vinda dele. Coincidiu com o fato de eu voltar a treinar tênis, depois de anos. Juntou o aprendizado sobre o que estávamos anunciando com algo que poderia me ajudar no esporte. Por que não tentar?

Pra mim, o que é apresentado no livro (O Jogo Interior do Tênis) funciona. O método de focar a atenção de modo a distrair o lado julgador do cérebro, a liberdade para que o corpo “jogue sozinho”, funcionou pra mim. Quando me lembro de aplicar, de desligar o medo de errar, melhora o meu jogo. Meu saque, que sempre foi deplorável, está evoluindo.

O que notei, levando em conta livros, palestras e cursos que já tive sobre liderança, coaching e afins foi o “você consegue” ligado ao raciocínio, e não ao sentimento. A palestra trata também de felicidade, de se valorizar, mas o método é focado em eficiência mental.

Na apresentação de ontem, foi apresentado um vídeo de como ele ensina tênis sem dar instruções mecânicas ao aluno. Como aquele era muito longo, segue abaixo um semelhante, em que ele ensina alguém que nunca jogou.

Pra melhor entendimento, ele apenas pede pra que a pessoa fale bounce (quique) quando a bola pega na quadra e hit (bater) quando ela bate na raquete. Primeiro só olhando, depois batendo.

Não... Eu não fico cantando "Da Da Dá"... Não em voz alta...

Por Arthur Lessa 01/06/2023 - 12:25 Atualizado em 09/06/2023 - 11:08

O livro de hoje é tão bom que virou filme. E, provavelmente, você já assistiu a ele ou alguma das sequencias. 

Estrelada por Leandro Hassum, Até que a sorte nos separe é uma comédia que fala de um casal que vivia com as contas apertadas, ganhou R$ 100 milhões na loteria e, sem planejamento e gastando sem dó, acabou perdendo tudo. De tão bem recebido, o filme conta ainda com duas sequencias. 

Esse filme, que é um sucesso do cinema nacional, é baseado no livro Casais inteligentes enriquecem juntos, de Gustavo Cerbasi, que é a indicação dessa semana. Não por acaso, esse é o livro mais vendido dos 16 já escritos pelo Cerbasi.

Além de apresentar os problemas causados pela falta de planejamento financeiro e investimentos com foco no futuro, que são mote principal que marca o filme e outros livros do Cerbasi, nesse ele acrescenta um ingrediente que extremamente subestimado pelos casais: as duas pessoas envolvidas na relação.

Um dos pontos que torna isso importante é o fato de, diferente de tempos passados, em que era comum apenas um membro da família ser o provedor, o que acabava criando uma hierarquia de decisão sobre o que fazer com o dinheiro, atualmente os dois tem suas carreiras, com seus rendimentos e, assim, "direito igual" de decidir o que fazer. E é aí que surgem os impasses.

Baseado nesse impasse, Cerbasi aborda pontos específicos como, por exemplo, se cada um terá o seu dinheiro e vão ratear as despesas do dia a dia, e como dividir esse rateio, ou juntar os recursos e tomar decisões juntos sobre despesas, investimentos, lazer e afins. E, mais do que isso, traz ferramentas de prevenção de problemas que devem ser aplicadas desde a fase do namoro, passando pelo noivado, casamento, nascimento dos filhos e por aí vai. 

Entre testes de conhecimento do casal, autoconhecimento e (juro que tem) horóscopo financeiro do casal, tem uma lição que, por si só, já vale a leitura do livro! Enquanto juntar todo o dinheiro e decidir tudo pensando no melhor para o casal parece ser o raciocínio mais adequado para um casamento com os dois alinhados aos mesmo objetivos, Cerbasi traz uma pulga do tamanho de um elefante para trás da nossa orelha: Se todas as decisões são para os dois, ou para a família, onde fica cada um? Duas pessoas são duas pessoas, com suas individualidades, seu desejos, seus gastos bobos que só ela entende. Esse trecho do livro, inclusive, apresenta uma afirmação que parece desafiar a lógica comum:

Planos comuns jamais serão construídos de modo eficiente se tudo no relacionamento for dividido. Perde-se eficiência, em organização e em resultados.

Muitos casamentos terminam por problemas financeiros. E desses, em muitos nem falta dinheiro, mas sim a rotina da conversa sobre o uso dele naquilo que é importante para cada um.   

Então, se você já passou por algum desses impasses e quer melhorar a parte financeira do seu relacionamento, esse é o livro que você precisa. Se você acabou de casar ou decidiu morar junto com sua cara-metade, é o momento ideal para esse livro.

Me agradeçam depois.

Te convenci a comprar Casais inteligentes enriquecem juntos, de Gustavo Cerbasi? Se sim, clique aqui e compre seu livro.

*DISCLAIMER: Os links para compra apresentados nesse texto me rendem comissões pelas vendas como parte do programa Associados Amazon. Vale ressaltar que o preço final não sofre nenhuma alteração por conta dessa parceria. A única diferença é você entender que se eu mereço ou não ser remunerado pela indicação.

Por Arthur Lessa 02/12/2021 - 09:07 Atualizado em 02/12/2021 - 14:11

Todo investidor que se dá o trabalho de estudar ou pesquisar algo sobre investimentos em Bolsa de Valores se depara, logo cedo, com um dos mais conhecidos mantras do Mercado, atribuído a Warren Buffett: “compre ao som dos canhões e venda ao som dos violinos”.

A frase tem um sentido bastante simples, na verdade: Compre na baixa, venda na alta. Mas, pra simplificar ainda mais, vamos antes falar de uma característica do mercado de renda variável: ele “vareia”. Mais do que isso, se move em ciclos, subindo e descendo. E note pela imagem que são ciclos dentro de ciclos.

Existem diversos fatores que interferem nesse comportamento cíclico da economia, que acontece também nas taxas de desemprego, crescimento de PIB, taxas de juros e tal. Mas o foco aqui são os efeitos deles na psicologia de investimentos. Veja na imagem seguinte que estes ciclos vão do pico da Euforia, quando tudo sobe e os preços dos ativos vão às alturas, ao fosso da Depressão, quando tudo cai todo dia e parece que você nunca deveria ter acreditado nessa história de “apostar na Bolsa”.

No pico tocam violinos, enquanto no fosso só se ouvem canhões.

De 2018 até hoje, o número de investidores se multiplicou em cerca de cinco vezes. Um dos motivos deve ser a valorização de mais de 100% registrada entre o fim de 2017 e o começo de 2020, pouco antes da Crise da Covid-19. De dezembro de 2017 a dezembro de 2018, foram 50% de valorização.

Aí você vê seu vizinho com essa rentabilidade toda, enquanto suas seguras aplicações em renda fixa seguiram uma Selic que derreteu lentamente de 7% para 4,5% ao ano, pouco tempo depois de se manter em 14,25% a.a. por 13 meses (2015/2016). A providência é uma só: “Vou entrar nessa festa!”. Estamos subindo a ladeira para a Euforia.

Tudo bem, tudo bom. A Selic seguiu caindo, passou meses no patamar de 2% a.a., e as excursões para a B3 seguiram mais lotadas. A própria crise trouxe várias barganhas no meio de 2020 e deixou tudo mais atraente. Mas… Malditos ciclos!

Após os sucessivos circuit breaks do primeiro semestre do ano passado, vimos o índice Bovespa dobrando de março de 2020 a junho de 2021 (15 meses) e, desde então, queda de 20%. Depois da festa, estamos na ressaca. Daquelas que, além de acordar mal, você vai piorando nas horas seguintes.

Onde estamos agora no gráfico acima? Não sei ao certo… Nunca sabemos no momento quando chegamos no fundo, na Depressão. Mas acredito que devemos estar perto do Pânico, talvez chegando, talvez já rumando para o Desânimo.

Mas voltemos ao mantra. E como é difícil segui-lo!

Primeiramente porque é preciso tomar atitudes contraintuitivas. O natural é fazer o contrário. É olhar os R$ 10.000 que você converteu em ações virando R$ 15.000 e comprar mais, porque você “sabe” que ele vai crescer. Por outro lado, ao ver o mesmo investimento reduzido a 7.500 você vai vender esses “papéis micados” antes que perca tudo. Aí o movimento é o que a imagem abaixo ilustra.

Agora é a prova de fogo. Se quiser continuar, é preciso pegar o seu dinheiro e investi-lo em algo que provavelmente vai desvalorizar agora, para dar frutos no futuro, no sentido oposto do ciclo. É comprar uma ação enquanto as vozes ao seu redor afirmam que a empresa está em vias de quebrar. Ou a Bolsa vai quebrar. Ou o Brasil vai quebrar!

Os grandes rendimentos só são vistos quando olhamos em retrospectiva, sempre iniciando em momentos de crise, quando os ativos (ações e FIIs) estavam muito baratos porque ninguém queria, quem confiou nas suas convicções colheu os rendimentos.

Como está a sua convicção? Se está em dia, escolha boas empresas, feche o home broker e só abra no Natal (de 2023, 2025 ou um pouco mais...)

Por Arthur Lessa 05/11/2021 - 10:08 Atualizado em 05/11/2021 - 10:18

Em meio às incertezas que assombram a economia nesse fim de 2021, a Wise Investimentos trouxe a Criciúma o economista Álvaro Frasson, responsável pelas análises macroeconômicas e políticas do BTG Pactual, para um painel sobre o cenário atual e expectativa futura da economia brasileira. O evento, para clientes e convidados, aconteceu nesta quinta-feira, 4, no condomínio San Simoni.

Entre os pontos principais abordados por Frasson está a inflação, que não atinge apenas o Brasil, mas o mundo. A diferença, segundo ele, é que cada país sofre um impacto e tem uma atitude diferente frente a essa situação. Ao ser questionado sobre o motivo de um país como os Estados Unidos ter inflação alta com juros baixos e no Brasil ser necessário elevar a Selic para conter a inflação, Frasson destaca dois pontos "eles tem controle sobre o maior lastro do mundo, que é o dólar, e tem investment grade [classificação de segurança para investimentos]".

O investment grade, inclusive, é um dos motivos para o desempenho abaixo do ideal da Bolsa brasileira. "Lá eles tem nota AAA+, aqui temos BB-. Essa diferença tira muito investimento daqui. Quando o Brasil tinha investment grade, até 2013, eles olhavam pra cá e viam um investimento seguro com juros a 12% a.a. e riam", lembra Frasson.

Sobre o câmbio, assunto que abriu a palestra, o economista destacou que o Real é a terceira moeda que mais desvalorizou em 2021 num grupo de 24 países emergentes. "Os outros foram a Aregentina, que nem preciso falar os problemas que tem enfrentado, e a Turquia, onde o presidente troca sempre que quer o presidente do Banco Central. Fora eles, somos a pior moeda". Frente a esse fato, e mesmo após ilustrar o cenário atual brasileiro e o que pode acontecer em 2022 com as Eleições para presidente, Frasson afirmou seguramente que tentar adivinhar o câmbio para um, dois, 10 anos, é "achologia". Existe uma piada no Mercado que diz que 'câmbio' surgiu pra fazer com que os economistas sejam humildes".

 

Por Arthur Lessa 04/11/2021 - 09:23 Atualizado em 04/11/2021 - 12:46

O Nubank é hoje o maior player da nova leva de instituições que tem tirado os bancos tradicionais da zona de conforto. Ao contrário do Banco Inter, por exemplo, o Nubank já nasceu digital e nem gosta de ser chamado de banco, mesmo oferecendo, cada vez mais, serviços bancários (empréstimo, CDB, seguro,...). É uma espécie de suco do Chaves, que é de limão, parece de tamarindo mas tem gosto de groselha.

Com uma estratégia mais que bem sucedida de posicionamento de marketing, apresentando um novo modelo de relação com o cliente e com um base de cerca de 24 milhões de cadastros, a fintech já pode ser consolidada no mercado financeiro e dará o próximo passo: IPO.

Onde abrir capital?

Na ultima segunda-feira (1º), o Nubank anunciou que fez pedido de registro na SEC (Securities and Exchange Commission) para a realização de seu IPO na NYSE (Bolsa de Nova Iorque). Simultaneamente, a empresa entrou com pedido de listagem no Brasil. Com isso, ao mesmo tempo que forem iniciadas as negociações na NYSE, os BDRs começam a circular na B3 (Bolsa de São Paulo), diferente, por exemplo, da XP Inc, que demorou quase dois anos entre os dois movimentos.

Assim como XP, Stone e PagSeguro, o roxinho também fará sua abertura de capital original nos EUA. Mas, ao contrário dos compatriotas, após ser disputado pelas principais Bolsas do país, escolheu a NYSE (New York Securities Exchange), mais tradicional que a NASDAQ, que é focada em tecnologia e conta com Google, Facebook, Uber e afins. Já a Nyse conta com a economia mais "física", com destaques como Bank of America, Boeing, Chevron.

Mais que o Nubank

Vale ressaltar que, assim como o IPO da XP Inc não foi só abertura de capital da corretora de mesmo nome (a empresa tem também as corretoras Clear e Rico, o site Infomoney e a research Spiti), esse IPO será da Nu Holdings Ltd., que  é a empresa-mãe dos vários outros Nus (Nubank Brasil, Nu Colômbia, Nu México, Nu Invest…). 

Tickers

Aproveitando a maior liberdade oferecida no mercado norte-americano (na B3 precisa ter 4 caracteres e um número), nos EUA o ticker do Nubank será NU e a stock deve estrear com preço entre US$ 10 e US$ 11. No Brasil, cada BDR representará 1/6 da NU e o ticker será NUBR33, com preço inicial esperado entre R$ 9,25 e R$ 10,39.

Início das negociações

No prospecto não está claro o início das negociações na NYSE, mas, partindo do principio de que a empresa vai abrir negociação simultânea nos dois países, vamos nos basear no cronograma do BDR, que define:
07/12/21 - Encerramento do período de reservas
08/12/21 - Fixação do preço
09/12/21 - Início das negociações na B3 

BDRs de brinde

O que tem chamado muito a atenção na oferta é a possibilidade de os clientes do Nubank receberem gratuitamente um BDR NUBR33 apenas respeitando alguns requisitos nada restritivos. Segundo o blog da fintech, é preciso "ser um cliente ativo, ter uma conta do Nubank que não esteja bloqueada para transações, não estar inadimplente por mais de oito dias corridos e ter realizado ou recebido pelo menos uma operação em qualquer produto do Nubank nos últimos 30 dias antes de aderir ao programa". 

O pedido poderá ser feito a partir do dia 9 de novembro pelo próprio aplicativo do Nubank. Em comunicado, a empresa reforça também que esses produtos são do Nubank, e não Nu Invest, que é o nome da Easynvest, adquirida em setembro de 2020, desde agosto de 2021.

Esse, inclusive, foi um ponto que criou certa polêmica (descabida, na minha opinião). Muitos analistas e influenciadores, em suas redes sociais, afirmaram que essa prática poderia ser usada para inflar o artificialmente o contingente de investidores da empresa, poderia criar problema para aqueles que receberiam sem querer as ações e não saberiam o que fazer (como declarar IR, por exemplo) e coisas do tipo.

Vale ressaltar que a adesão ao programa não é compulsória, não vai aparecer uma ação na conta do cidadão "do nada". Quem quiser, pede. Provavelmente (saberemos no dia 9) no pedido o investidor apontará em que conta de que corretora deve ser alocado o ativo. Talvez seja necessário que o investidor abra uma conta no Nu Invest, mas a plataforma está "fora" da campanha. 

Para mais informações sobre a campanha, intitulado NuSócios, acesse o Blog do Nubank.

Prospectos diferentes

Ainda sobre os IPOs, agora entrando em algo mais técnico, vale destacar algumas mudanças identificadas pelo site Brazil Journal.

Sobre a relação da cantora e empresária Anitta com a empresa, da qual é conselheira, o prospecto em inglês, encaminhado à SEC, detalha o contrato de R$ 36 milhões com a empresa Rodamoinho, controlada por Larissa Macedo Machado (Anitta), foi fechado em 30 de junho de 2021, com duração de cinco anos, em troca de serviços de marketing e publicidade. Já o prospecto em português economiza palavras e sequer cita o nome de Anitta (ou Larissa).

Outro fato importante que foi amplamente divulgado, mas parece ter sido esquecido nos prospectos, é o tamanho da participação da Berkshire Hathaway, de Warren Buffet, que aportou US$ 500 milhões há poucos meses. Segundo fontes ouvidas pelo Brazil Journal,  "o investimento de Buffett foi na forma de preferred equity [um tipo de dívida com retorno garantido], e não common stock, a ação ordinária, que expõe o investidor 100% ao risco do negócio".

Por Arthur Lessa 05/08/2021 - 18:18

Eu defendo há anos que o caminho para que os cidadãos entendam e participem da gestão pública é voltar alguns passos e simplificar.

A minha simplificação para esse tema é o condomínio, que pode ser um prédio, um loteamento, um grupo de empresas ou até um fundo de investimento. O prefeito é o síndico, a Câmara é o conselho, os contribuintes são os moradores. O mesmo vale para governadores e assembleias; presidente e Congresso.

Ai vão as comparações

O síndico tem como função cotidiana receber a taxa de condomínio de cada unidade (imposto de cada empresa, por exemplo) e administrar os recursos arrecadados para pagar as contas geradas pelos serviços contratados (serviços públicos) para o bom funcionamento do condomínio (cidade). Entre esses serviços está a segurança (polícia), a zeladoria (garis e coleta de lixo), água, energia e outros. Em resumo, deixar tudo funcionando da porta pra fora das unidades, seguindo as diretrizes (leis) do estatuto (constituição / legislação) do grupo.

Na função secundária entra a política interpessoal, com as reuniões de condomínio. Nesses encontros, que podem ser facilmente comparados com as sessões legislativas, são discutidas questões como possíveis mudanças de regras, que pode ser autorizar ou não, como animais de estimação; contratação de serviços como pintura da fachada do prédio; ou definição de padrão para fechamento de sacadas.

E os comparativos seguem

Nessas reuniões pode-se definir, inclusive, que tipo de decisão deve ser tomada apenas pelos membros do conselho (câmara de vereadores) e que decisões precisam ser pautadas em reunião geral (plebiscitos).

Há também decisões que podem atender apenas parte dos contribuintes, como a autorização de instalação de CNPJ em algum apartamento. Mas, se há uma votação que aprova pelos parâmetros definidos em estatuto (maioria simples, maioria absoluta, unanimidade...), faça-se cumprir.

E, é claro, assim como o prefeito, o síndico é eleito pelos contribuintes.

Simples, não? Não é o que esperamos de um gestor público?

Vamos olhar para o Executivo, que vai da prefeitura à presidência. Aí podemos colocar a discussão de tamanho de Estado. Estado Mínimo, atendendo apenas educação, saúde e segurança, ou maior, atendendo também Previdência, FGTS, auxílios sociais, empresas públicas e por aí vai.

Podemos ter uma entrega mínima de serviços públicos, que tende a afetar principalmente quem necessita deles, mas retira dos trabalhadores e empresas poucos recursos, deixando mais para investimento individual. Podemos, por outro lado, ter um Estado que cobra uma fatia grande das receitas geradas, mas entrega muito do que a população demanda, tirando dos orçamentos estes custos fixos, deixando o que resta mais livre para uso. 

O problema que enfrentamos no Brasil atualmente é que pagamos pelo Estado grande e recebemos menos que o Estado Mínimo ofereceria. Pagamos como se recebêssemos educação pública, mas pagamos por escolas particulares. Pagamos pela saúde pública, mas contratamos planos de saúde. Não que não existam os serviços, nem que sejam desnecessários, mas a relação de entrega pelo custo é absurdamente discrepante.

Como resolver então, cara pálida?

Vou sugerir algumas medidas baseado única e exclusivamente na minha experiência profissional e de vida.

Redistribuição de renda

Não entre pessoas, mas entre Executivos. Ninguém mora no Brasil. Ninguém mora em Santa Catarina. As pessoas moram nas cidades. Sendo assim, não faz sentido o pacto federativo atual que define que a maior parte dos impostos vá pra Brasília (que foi fundada no meio do nada para fugir da pressão popular) para depois voltar “descontado” para os Estados e Municípios, sendo que esses precisam pedir com pires na mão migalhas que sobram. É como se você entregasse metade do seu salário para o síndico e precisasse pedir pra ele o suficiente para pagar a luz do seu apartamento.

Simplificação dos impostos

Não tem motivo para o seu síndico saber o que você faz, de onde vem a sua renda, e levar isso em conta para definir a sua taxa de condomínio. O padrão normal é basear o seu pedaço do rateio no tamanho da sua unidade. Em prédios com mais de um tamanho de apartamento, paga mais quem tem o espaço maior. Estamos assistindo a discussão da Reforma Tributária e vendo que a simplificação apresentada ficará muito aquém da prometida. Mais que pagar impostos gigantescos, nem sabemos direito o que estamos pagando.

Meu objetivo nessa semana foi estimular a reflexão, principalmente levando em conta que temos eleições no ano que vem e, assim como na Bolsa, quando deixamos a paixão vencer a razão na escolha, o prejuízo é certo.

 

Por Arthur Lessa 29/07/2021 - 18:06 Atualizado em 29/07/2021 - 18:06

Sem muita convicção sobre o que escrever nessa semana para o Toda Sexta, me peguei agora há pouco montando minha equipe do Cartola FC para a próxima rodada do Brasileirão e lembrei do João Luiz Braga, sócio e analista de investimentos da gestora de fundos Encore Asset. (Talvez eu pense muito em mercado financeiro, mas por enquanto não acho que seja caso para tratamento).

Pra quem não conhece, essa espécie de jogo baseado na realidade consiste em montar uma escalação com 11 jogadores de times que disputam a Série A do Campeonato Brasileiro e torcer para o bom desempenho de cada um deles nos seus jogos. Cada passe, gol, defesa, falta, cartão e afins conta pontos a mais ou a menos para o seu time. Se o Gabigol fizer um gol (+8) e receber um cartão amarelo (-2), ele soma 6 pontos para os “cartoleiros” que o escalaram.

Feito esse esclarecimento, voltamos ao assunto que é o que tem a ver o Cartola com o  mercado financeiro. A resposta é: stock picking (termo em inglês para o ato de escolher a dedo cada ativo que receberá investimento).

Faz anos que participo do fantasy game do Globo Esporte, sem muita disciplina, é verdade. Às vezes esqueço de reorganizar a equipe entre uma rodada e outra. Mas uma prática que sempre mantenho é começar cada equipe do zero.

Antes de preparar o time para a próxima rodada, eu vendo todos os jogadores da rodada anterior, deixando o campinho vazio. A partir daí eu escolho minhas 17 apostas (11 jogadores + técnico + 5 reservas) para os próximos jogos, um a um, posição por posição. É comum que alguns recém vendidos sejam reintegrados. Acontece também que um ou outro se repitam por diversas escalações. Mas a rotina é sempre a mesma. Sai todo mundo e depois eu vejo quem entra.

O Braga, além de um baita nome da gestão de fundos no Brasil, é conhecido pela maneira como a economia comportamental faz parte de suas estratégias, com destaque para os métodos como anula (quando possível) os vieses cognitivos que atrapalham tanto o lado emocional dos investidores.

Uma rotina que adotara em outras gestoras e que é bastante alinhada com essa minha prática cartoleira. Para começar cada dia, os analistas do fundo são orientados a olhar os ativos que tem na carteira e se fazer a pergunta: “se tivéssemos vendido a carteira toda ontem, compraríamos tudo novamente no preço que estão agora?”. Aqueles que forem analisados e a resposta for “sim” devem, de acordo com as premissas da equipe, estar bem precificados e são mantidos. Aqueles que recebem um “não” devem, seguindo as mesmas premissas, estar caros e o ideal é vender para rebalanceamento da carteira.

Obviamente não é possível, como no Cartola, que o investidor venda e recompre carteiras inteiras a torto e a direito, seja por custos de corretagem e impostos, seja pelo trabalho despendido para tal. Mas o raciocínio serve para qualquer tamanho de carteira.

Já tratei de vieses em alguns textos para o Toda Sexta, sendo o mais recente com esse tema o Sobre flores e ervas daninhas, da edição 041. Lá citei Peter Lynch e a ancoragem que nos impede de vender as ações que nos dão prejuízo (como se nos devessem um lucro prometido) e nos incentivam a vender as vencedoras (como se já tivessem cumprido seu papel). Mas ancoragem pode ser platônica também.

Acontece que muitas vezes podemos nos interessar numa ação e não ter convicção (ou dinheiro) para investir naquele momento. Mas o preço fica gravado na mente e vira a âncora de todas as análises futuras. “Eu queria investir na XPTO3 (fictícia), mas quando eu vi, há dois meses, ela estava a R$ 10 por ação. Agora que subiu pra R$ 12 não consigo, perdi o bonde”. Por outro lado, alguém que esteja analisando a mesma ação pela primeira vez (sem âncora) consegue ver que ela está ainda extremamente barata e vale o investimento.

Faça esse exercício. Olhe para o que você tem e se pergunte se compraria de novo pelo preço que vale no mercado. Pode ser com ações, carro, guitarra,...

Só não faça com a esposa ou o marido. Ou faça, mas não me responsabilizo!

Por Arthur Lessa 22/07/2021 - 18:11

Me peguei pensando nisso nessa semana se não estamos assistindo a uma versão 2.0 da Corrida Espacial, sendo que a primeira edição foi protagonizada por Estados Unidos e União Soviética, as duas grandes potências do período seguinte à 2ª Guerra Mundial.

À época o objetivo era imprimir os máximos esforços para superar o outro. Enquanto Iuri Gagarin colocou os soviéticos na dianteira ao ser a primeira pessoa a viajar pelo espaço, em abril de 1961, foram os norte-americanos que levaram o homem à Lua, com Neil Armstrong e companhia em julho de 1969.

Mais de meio século depois, testemunhamos a cores e pela internet, em menos de 10 dias, dois famosos bilionários também levando ao espaço suas ambições. O primeiro foi o britânico Richard Branson, do Grupo Virgin, que teve sua nave VSS Unity “carregada” por um avião até entrar em órbita, onde permaneceu por cerca de 20 minutos e desceu planando de volta à sua base espacial (construída para fins comerciais). Estavam com ele dois pilotos e quatro especialistas. A viagem aconteceu no dia 11 de julho.

Nove dias depois, o americano Jeff Bezos, fundador da Amazon e homem mais rico do mundo, foi parabenizado pelo próprio Branson ao decolar do Texas com um foguete autônomo (sem piloto) e orbitar a Terra por cerca de 10 minutos. Estavam com ele o irmão Mark Bezos, Wally Funk (pioneira do setor aeroespacial de 82 anos) e Oliver Daemen (estudante de física de 18 anos), respectivamente as pessoas mais velha e mais nova a viajar ao espaço.

Várias semelhanças, não?

Primeiramente o fato de estarmos tratando de duas potências. Ao contrário do embate dos anos 60, quando o clima era bélico e as potências eram nações, agora acompanhamos grandes forças financeiras e privadas. Branson tem fortuna avaliada em cerca de US$ 4,3 bilhões, enquanto Bezos acumular patrimônio que supera os US$ 200 bilhões. Ambos podem ser chamados de self-made man, como são chamados aqueles que construíram com os próprios esforços suas fortunas. E por aí vão as semelhanças.

E nem coloquei na conversa o sul-africano Elon Musk, CEO da Tesla e fundador da SpaceX, que já vem lançando foguetes não tripulados há tempos. A disputa na verdade é um triângulo.

Voltando ao período da Guerra Fria, muitos se perguntam por que motivo, depois de chegar na Lua, não fomos (ou a Nasa) mais longe? Depois de tanto esforço para chegar lá, por que se dar por satisfeito?

Ao que tudo indica, o que acontecia era uma guerra de egos. Eram dois machos-alfa medindo forças, trocando ameaças, mostrando suas armas (muitas vezes armas mesmo). Além disso, as pesquisas e desenvolvimento dos foguetes eram extremamente custosos aos cofres públicos.

Agora, pelo que é divulgado, as viagens que assistimos não são o fim em si mesmas, mas o início de planos ambiciosos, mesmo que diferentes.

A Virgin Galactic tem objetivo de trabalhar como uma companhia aérea. Seu voo decolou de uma pista aeroespacial construída por ele mesmo para fins comerciais. Dali devem partir cerca de 400 voos espaciais com passageiros pagantes por ano. Além disso, a Virgin estuda os voos suborbitais para transporte de carga.

Com a Blue Origin, Bezos já adentra mais no que hoje ainda nos soa como ficção cientifica: junto à Nasa, construir assentamentos humanos permanentes na Lua, que orbita a 384 mil quilômetros da Terra.  

Já Musk tem planos parecidos, mas olha mais longe. O objetivo da SpaceX é colonizar Marte, que está a uma distância de cerca de 230 milhões de quilômetros.

Se e como estas três frentes vão evoluir, só o tempo dirá. Mas estamos vendo a história ser escrita. E, diferente de antes, os projetos atuais contam com tecnologia mais avançada e recursos financeiros que não são públicos, não vem de impostos pagos por nenhum povo.

E, se cada um gasta seu dinheiro como quer, melhor viajar para Lua que se empanturrar de caviar e Don Perrignon, não acham?

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