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O peru de Ação de Graças

Por Arthur Lessa Edição 25/03/2022

Mesmo que Ação de Graças não seja uma comemoração tradicional em terras brasileiras, como é nos Estados Unidos, certamente você já viu em algum filme ou seriado norte-americano.

O feriado, bastante comemorado também no Canadá, acontece na quarta quinta-feirado mês de novembro e nasceu como uma forma de agradecer a Deus pelas boas colheitas realizadas no ano. Para isso, orações, festas e banquetes, que tem como prato principal o peru.

E é sobre o peru que falaremos…

Imagine que você é um peru e está lá vivendo a sua vida peruana tranquilamente. Nada de muito bom acontece, mas também nada de preocupante. Apenas vivendo um dia após o outro. Comendo a ração que recebe, ciscando e dormindo.

Para o peru, a vida é isso. Sempre foi assim e assim será para sempre. Até que chega uma quinta-feira de outono, ele já cresceu bastante, está encorpado e PAM! Vai pra mesa.

Ele não tinha noção do que ia acontecer, afinal, é um peru! Não sabe de Ação de Graças, de tradição, de calendário,… Ele nasceu, viveu tranquilo e, do nada, morreu. E, tendo morrido, nem poderia alertar ao outros perus, que também vão viver tranquilamente até virar banquete.

Essa parábola, bem simples, pode ensinar muitas coisas.

Uma delas é que ausência de confirmação não é confirmação de ausência. Ou seja, você não ter prova de algo não significa que isso não exista. Um bom exemplo são as pirâmides financeiras e seus retornos abundantes de 10% ou 20% garantidos por mês.

Primeiro você coloca uma ninharia, porque sabe que vai perder. Depois de receber “religiosamente” o retorno garantido, reinveste esses recursos e ainda coloca muito mais dinheiro “novo”. Depois que muita gente aportou muito dinheiro, os resgates são bloqueados e os “gestores” somem do mapa.

Você passou meses recebendo aquele dinheiro fácil, então tudo indicava que essa seria a sua vida na perpetuidade. Até que chega o dia de Ação de Graças e a brincadeira perde a graça.

Outro exemplo, que vem do fato de que só morremos uma vez (por vida, pelo menos), o peru ser morto para virar assado é algo que acontece só uma vez na vida. Literalmente. E, sendo assim, não podemos nos preparar baseados na experiência, já que nunca experimentamos esse acontecimento.

Se houve uma segunda chance, provavelmente o mesmo peru seria mais comedido nas refeições e, assim, seria o menos suculento da turma.

Sabe o que também acontece Once in a lifetime, como diriam os americanos?

Dezembro de 2019, Wuhan, China. Muitas pessoas começam a ter sintomas respiratórios agudos, muitas delas morrendo. A causa apontada por especialistas é uma doença nova causada por uma mutação do agressivo coronavírus, nomeada COrona VIrus Disease 2019 (Covid19).

Meses depois essa mesma doença está alastrada pelo planeta, parando o mundo. Dois anos depois, seguimos tentando nos adaptar e retomar a vida normal.

O ponto aqui é: essas coisas, que nunca aconteceram, acontecem. E acontecerão.

O importante para ter em mente é que, como diz o gestor e autor Howard Marks, Não podemos prevê-las, mas podemos nos preparar.

E é o que devemos fazer com nossos negócios e nosso dinheiro. Reserva de emergência é para isso. Diversificação de carteira é para isso. Para estarmos prontos a enfrentar ou sobreviver ao que surgir, já que não sabemos o que será.

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