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DEIXE AQUI SEU PALPITE PARA O JOGO DO CRICIÚMA!
* as opiniões expressas neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do 4oito
Por Arthur Lessa 08/12/2022 - 09:31 Atualizado em 08/12/2022 - 09:33

É possível que você tenha visto alguma notícia sobre a nova regra da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), umas das reguladoras do mercado de investimentos do Brasil, que altera para marcação a mercado a exibição dos valores investidos em títulos de renda fixa. Se não viu, mais importante ainda que tenha chegado nesse texto.

A matéria com os detalhes mais técnicos já foram publicadas no 4oito (clique aqui e confira a matéria), então fiz questão de gravar o vídeo abaixo explicando o que significa essa mudança e qual impacto na sua carteira. Vale ressaltar que o uso de títulos do Tesouro Direto foram usados para facilitar a compreensão, já que não entram na nova regra.

[texto continua após o vídeo]

Afinal, o que muda?

Atualmente, quando você abre o app ou site da sua corretora e olha o rendimento de alguns títulos de renda fixa (CRAs, CRIs, debêntures e títulos públicos, exceto Tesouro Direto), o que aparece é a projeção de rendimento parcial do título se este for levado até o vencimento. Ou seja, pega o rendimento contratado de 10% ao ano, transforma em rendimento diário (que fica 0,0265%) e vai atualizando esse valor a cada dia. O nome disso é marcação na curva.

Mas, tirando títulos de liquidez diária, como é o caso de alguns CDBs e do Tesouro Selic, os títulos de renda fixa são investimentos com prazo de rendimento, o que significa que até a data definida, o dinheiro está praticamente "preso". Praticamente porque, mesmo não sendo possível resgatar o investimento junto à instituição que recebeu seu investimento, você pode vender essa dívida para um terceiro, que terá o direito de receber o dinheiro na data prevista. É nessa negociação, chamada de mercado secundário, que entra a marcação a mercado.

Marcação a mercado, como boa parte dos termos do mercado financeiro, é autoexplicativo e significa que "o mercado vai marcar o preço justo a pagar pela dívida que você está vendendo". E faz isso levando em conta o quanto ainda renderá de hoje até o vencimento em comparação com as perspectivas econômicas (selic e/ou inflação vai subir ou descer?) e opções semelhantes disponíveis no mercado.

Por exemplo, se você tem uma debênture com rendimento contratado de IPCA + 9% enquanto o mercado está oferecendo no máximo IPCA + 6%, você tem uma preciosidade na mão. E essa preciosidade será precificada pelo mercado acima do que o rendimento "normal" prevê. Ou seja, pela marcação a mercado, o título será vendido mais caro. O mesmo acontece ao contrário, quando o que você está vendendo é menos interessante que o que tem nas "prateleiras" do mercado.

Por Arthur Lessa 31/03/2023 - 20:58 Atualizado em 31/03/2023 - 22:48

 

Na entrevista especial desta sexta-feira, no 60 Minutos, tive a oportunidade de conversar com o analista e consultor de investimentos Ricardo Schweitzer sobre diversos assuntos, como carreira, experiências na área de research, mudanças recente na relação dos investidores com as informações difundidas por veículos e produtores de conteúdo nas reds sociais e, não poderia deixar de fora, o cenário econômico atual e os impactos nos pequenos investidores. 

Em dado momento, baseado no caso do FII (fundo de investimento imobiliário) DEVA11, o Schweitzer explicou o risco não visto por boa parte dos investidores dos chamados "Fundos de Papel", que são FIIs que não investem em imóveis (ativos reais), mas em títulos de dívida.

O texto continua após o vídeo

O DEVA11 sofreu uma queda de 20% no preço da cota em poucas horas ,no dia 29 de março, por conta de uma decisão judicial que possibilitou o não pagamento de títulos de dívida (CRIs) que compõe praticamente 20% da carteira do fundo.

De acordo com o site Clube FII News, outros 13 FIIs foram atingidos pela decisão. São eles o Hectare CE (HCTR11), Versalhes Recebíveis Imobiliários (VSLH11), Serra Verde (SRVD11), Tordesilhas EI (TORD11), Iridium Recebíveis Imobiliários (IRDM11), Blue Recebíveis Imobiliários (BLUR11), Iridium (IRIM11), Kilima Volkano Recebíveis (KIVO11), Suno Recebíveis (SNCI11), NCH Brasil Recebíveis Imobiliários (NCHB11), TG Ativo Real (TGAR11), Devant Properties (DPRO11) e Banestes Recebíveis Imobiliários (BCRI11).

Por Arthur Lessa 11/04/2023 - 21:13 Atualizado em 11/04/2023 - 21:22

Não são poucos os casos registrados na história da gestão de empresas que registram o fechamento de filiais, divisões e descontinuidade de produtos como estratégia de otimização do negócio. O movimento, muito comum em holdings, é conhecido como downsizing (diminuição, na tradução livre do inglês) e tem o objetivo de aumentar o foco dos sócios nos ativos que trazem maior retorno. 

Um exemplo recente registrado no sul catarinense é a venda, ainda em processo de conclusão, das nove unidades da rede de supermercado P e G, dos irmãos Paulo e Gustavo Althoff. A saída do setor de varejo alimentício foi motivada pelo falecimento do pai e sócio Flaris Althoff. "Éramos nós três administrando as empresas. Sem ele, ficamos com menos 'braços'  e entendemos que era o momento de vender o negócio menor para depositar nossa energia nos maiores", explicou Paulo. 

Os negócios maiores citados por ele são uma indústria de descartáveis Totalplast e a financeira GPA Fomento.

Sobre o desinvestimento, as tratativas para venda das unidades para as redes MM Rosso, Manentti, Bistek, Castagneti e Moniari iniciaram por volta de fevereiro e a entrega das primeiras lojas deve acontecer ainda em abril. No "pacote" adquirido pelas redes estão o maquinário, o estoque e o ponto de cada unidade. Vale ressaltar que apenas dois dos nove imóveis são próprios e devem seguir no patrimônio da família, sendo locados para o MM Rosso (próximo ao City Club) e Moniari (Laguna).

Apenas uma das operações, de Tubarão, segue sem destino definido. Das outras, em maio já devemos ver uma ou outra de cara nova

Por Arthur Lessa 25/05/2023 - 12:32 Atualizado em 25/05/2023 - 13:44

Está prevista para o início de junho a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre quem tem o direito do nome iPhone no Brasil. A disputa acontece entre a tech brasileira Gradiente e a gigante mundial Apple, conhecida pelo... iPhone.

O que parece piada é, na verdade, uma questão bastante burocrática. Por volta de 2000 a Gradiente pediu registro do nome Iphone, algo bastante comum no mercado de marcas e patentes para garantir que, por exemplo, um empresa de bebidas faça um isotônico chamado Gatorade e coloque ao lado do original, causando confusão e prejuízos ao detentor da marca.

Acontece que, nos anos seguintes, a Gradiente não lançou nenhum aparelho com esse nome e, mais que isso, só conseguiu o registro em 2008. Ou seja, um ano após o lançamento do primeiro iPhone por Steve Jobs e cia. Ou seja (pt. 2), a demora jurídica brasileira criou uma situação insólita que poderia muito bem ser um filme com Adam Sandler, Owen Wilson ou Steve Carell no elenco.

Para melhorar a história, a Gradiente chegou a lançar em 2012 um aparelho da linha IPHONE chamado Neo One que, ironicamente, contava com o sistema operacional Android, concorrente direto do iOS da Apple.

Outra informação importante do caso é que, seguindo a lógica dos apostadores de Mega Sena, a empresa já fez promessa com o "prêmio". Se sair vencedora da disputa, parte da receita desses royalties será encaminhada para acionistas que aderirem à sua Oferta Pública de Aquisição (OPA).

Pelo sim, pelo não, a nossa Suprema Corte tem de 2 a 12 de junho para bater o martelo e decidir se, no Brasil, se o nome do smartphone mais famoso do mundo vai render ou não algumas "verdinhas" para a Gradiente.

Por Arthur Lessa 02/06/2023 - 18:12 Atualizado em 02/06/2023 - 18:55

Uma das principais informações da semana para os pequenos investidores é o início da vigência das novas práticas definidas pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a xerife da Bolsa brasileira, para a atividade de assessor de investimentos, chamado até pouco tempo de agente autônomo de investimentos (AAI).

O site BM&C News publicou em abril, quando foram anunciadas as mudanças, uma matéria com cada mudança bem explicada. Mas, para otimizar o seu tempo, vou ser mais conciso e focar no ponto que interessa mais aos investidores que são atendidos por esses profissionais.

Não tem almoço grátis

Começo pela mudança mais impactante, na minha opinião, que é a transparência de remuneração dos assessores de investimento. Quem abre uma conta em corretora que oferece serviço de atendimento pessoal, normalmente as grandes como BTG e XP, podem ter ouvido ouvir que não pagarão nada pelo serviço, salvo os impostos sobre a rentabilidade e as corretagens geradas em caso de operações de bolsa com ações, opções e afins. E daqueles que não ouviram, podem ter tido essa impressão e ninguém se esforçou para desmentir.

Acontece que ninguém trabalha de graça, certo? Muito menos profissionais do coração do mercado financeiro nacional, que vivem, basicamente, envoltos em dinheiro. Na realidade esses profissionais são remunerados indiretamente pelo investidor, através dos chamados "rebates", que são comissões pagas por instituições como fundos e bancos de investimento.

De onde vem esse dinheiro?

Essas comissões, que eu imagino serem chamadas de rebate por ser um dinheiro que "vai e volta", saem de custos de operações financeiras que são pagos pelo investidor sem que ele se dÊ conta. Vamos usar como exemplo um fundos de investimento. Se você olhar com atenção, ele cobra uma taxa de administração, que pode ir de 0,5% a 2,0% ao ano. O que, num montante de R$ 500 milhões investidos pelos cotistas, são arrecados R$ 5 milhões para o custeio de toda a estrutura de analistas, gestores, plataformas de informações, taxas, impostos e, aqui entra o nosso ponto, distribuição. 

Distribuição é basicamente o que o assessor de investimento faz ao indicar ao cliente investidor que aporte seu dinheiro no Fundo XPTO. Feito esse investimento, é gerado uma comissão (rebate) percentual ao volume investido e esse valor é rateado entre a corretora (XP, BTG, Ágora, Órama,...), o escritório (EQI, Wise, Messem,...) e o assessor.

Ou seja... O dinheiro vai, "bate" e volta. Rebate. E o que pega nesse modelo é que, muito semelhante ao que acontece nos bancos de varejo (Itaú, Santander, Bradesco, BB,...), a dinâmica desse comissionamento gere incentivos ruins, como indicar um produto "menos bom" porque este paga uma comissão maior.

Não digo que todos os profissionais desse meio estão enrolando ou explorando os clientes, mas muitos certamente estão. E, assim, "comendo" muita rentabilidade que poderia ser gerada para o investidor desavisado.

Transparência

Nesse ponto, a grande mudança não está na política de remuneração, mas sim na obrigatoriedade de os assessores e escritorios encaminharem trimestralmente a cada cliente investidor um relatório das remuenrações geradas aos profissionais pelos investimentos feitos por ele por meio dessa instituição.

O objetivo dessa medida é diminuir o efeito do incentivo ruim que citei anteriormente. E, assim, proteger os investidores, principalmente os mais desavisados, daqueles profissionais menos éticos do mercado, que colocam o próprio bolso acima da rentabilidade dos clientes.

Por Arthur Lessa 14/11/2023 - 09:25 Atualizado em 14/11/2023 - 09:54

Principal rede de shopping centers em Santa Catarina, com o Nações Shopping, de Criciúma, entre suas operações, a Almeida Júnior finalmente estreou na B3. Está em negociação desde 9 de novembro, o fundo imobiliário AJ Malls (AJFI11), primeiro FII de uma única rede de shoppings da bolsa brasileira. Para saber mais sobre esse fundo, confira a minha análise no vídeo abaixo.

A oferta inicial, que é quando são distribuídas cotas aos primeiros investidores do fundo, captou quase R$ 317 milhões, com a aquisição de 31.625.978 cotas, ao preço de R$ 10,00. De acordo com a apresentação divulgada em agosto pela Capitânia Investimentos, gestora que do fundo AJFI11, o objetivo inicial era captar R$ 500 milhões nesse lançamento. Se por um lado a captação foi abaixo do esperado, por outro é importante levar em conta que o cenário atual, de incertezas e juros altos, não está fértil para IPOs.

Em homenagem à estréia, o CEO da Almeida Júnior, Jaimes Almeida Júnior, teve a oportunidade de tocar o sino da B3, abrindo os negócios desta segunda-feira, na bolsa. Na oportunidade, Jaimes lembrou o caminho percorrido até o início das negociações. "Iniciamos os 'road shows' do IPO da AJ MALLS em setembro e concluímos a oferta em 26 de outubro com mais de 5 mil investidores pessoas físicas e institucionais". 

Quanto ao "finalmente" do parágrafo inicial, é interessante lembrar que antes de lançar o FII AJFI11, com uma cesta de participações nos shoppings da rede, a Almeida Júnior ensaiou o lançamento de ações da empresa na B3. O processo foi iniciado em fevereiro de 2020, um mês antes do estouro da pandemia de 2020. O processo foi suspenso até janeiro de 2021, quando foi interrompido.

Por Arthur Lessa 29/11/2023 - 06:27 Atualizado em 29/11/2023 - 11:55

O importante para o controle das finanças pessoais (empresarial também) é apenas gastar o que cabe no orçamento. Mas o que cabe no orçamento? Que orçamento? O que é, de onde vem, de que se alimenta?

Parece óbvio o que é um orçamento. É um planejamento financeiro onde você define limitações (até onde pode ir) e limites (até onde quer ir tendo como base as limitações). Mas passado essa definição básica, abre-se um mundo de possibilidades.

Existem vários tipos de orçamento e cada um pode ser visto de diversas perspectivas diferentes. Você pode, por exemplo, fazer um planejamento mensal definindo que vai gastar 90% do seu salário líquido e ter esses outros 10% como margem de erro ou reserva. É um jeito de planejar e muito comum, principalmente por seguir a periodicidade mensal e a constância do salário, sempre “chegando” sempre no mesmo dia e o mesmo montante.

Esse mesmo orçamento pode evoluir para “caixinhas” destinadas para despesas especificas, como 30% para a casa, 25% para o mercado, 20% para lazer e assim por diante. Nesse ponto já começa a aparecer, o quanto antes possível, a caixinha da reserva de emergência e, um passo adiante, investimento (mas isso é assunto pra outro texto).

Podemos evoluir para metas de gastos semanais, que aumentam a possibilidade de cumprimento do orçamento do começo ao fim do mês e por aí vai. Ao mesmo tempo, em casos onde o fluxo de caixa acontece em períodos longos, como no caso de agricultores, o orçamento pode ser semestral ou anual. Acho que você já pegou a ideia...

Acontece que esse texto não é (apenas) sobre orçamento, mas sobre crédito. E a ligação entre os pontos é: respeite a linha temporal. É nesse ponto que eu, Marília Fontes (craque de Renda Fixa da Nord Research) e milhares de outras pessoas já encontramos o lado negro no crédito.

Já que é público, vou contar primeiro a história da Marília. Ela conta que, ainda adolescente, ganhou uma conta bancária do pai e recebia uma mesada. Digamos que fosse R$ 500. Em tese, ela teria que gastar, no máximo, esse valor a cada mês, ou uma média de R$ 125 por semana. Era isso... Se perdesse o controle, sobraria mês no fim da mesada.

Acontece que com a conta bancária veio o mágico cartão de crédito, que tem o poder universal de pulverizar as despesas de compras em pequenas parcelas mensais. Aí a lógica é simples: a possibilidade de parcelamento em 10 vezes, por exemplo, amplia o poder de compra de R$ 500 para R$ 5.000. Lógica simples, mas errada. Maldita linha temporal!

O que aconteceu na verdade não foi o aumento do poder de compra, mas sim o seu congelamento. No lugar de poder comprar mais, Marília tornou matematicamente impossível realizar novas compras por 10 meses, já que os R$ 500 que ela recebia já tinham destino definido, que era pagar as parcelas das compras que ela já tinha realizado meses antes.

A história acima pode parecer boba de tão óbvia, e é mesmo. Mas é esse o principio que baseia boa parte da massa de endividados que temos no Brasil. Sem educação financeira, o cidadão aprende essa lição na dor.

Quando o consumidor olha uma televisão nova de R$ 3.000 e pode parcela-la em 12 vezes, ele pensa se pode gastar R$ 250 (visão mensal) e vê que “cabe no orçamento”. Nesse ponto ele falha em olhar o mesmo orçamento anualizado. Ele pode reduzir seu poder de compra para o próximo ano em R$ 3.000. Ele pode ter seu orçamento reduzido em R$ 250 nos próximos 12 meses? Essas são as perguntas que devemos fazer.

Mas, cá entre nós, essas não são as mais animadoras para aquele momento mágico da compra, são?

Não, não são... Mas pense por outro lado...

Como é bom ter sempre a possibilidade de aproveitar uma oportunidade, seja uma viagem, um jantar com amigos, uma oferta de queima de estoque que seja, por ter pensado se realmente precisa daquele mimo hoje...

Por Arthur Lessa 08/12/2023 - 10:04 Atualizado em 08/12/2023 - 17:34

Quem casa quer casa.

Além de muito antigo, esse ditado popular faz com que muitos não se deem o trabalho, e o direito, de pensar com calma e analisando dados e contextos ao tomar uma das decisões mais importantes da vida.

Não… Não falo de casamento… Estou falando de onde (e como) morar.

Boa parte dos ouvintes dessa dica devem, como muitos, seguir o raciocínio passado de geração em geração de que morar de aluguel é rasgar dinheiro.

É uma lógica bastante simples de defender, já que leva em conta que você não está criando patrimônio e, no momento de se mudar, não terá o imóvel para vender. Ou seja, não terá algo seu. Não comprou nada. Não tem cashback.

Ok… Vamos por essa linha, então…

Digamos que o João já tem a vida profissional definida e estabilizada, não tem planos de mudar de cidade, nem de ter filhos (ou mais filhos) e, além disso, tem dinheiro suficiente para comprar sua casa ou apartamento a vista.

Nesse caso, você está coberto de razão!

Mas, cá entre nós… Ou o João já tem uma idade mais avançada, por volta dos 40, 50 ou 60 anos, ou ele está no topo do topo da pirâmide socioeconômica brasileira. Ou seja, não serve como exemplo pra grande maioria.

O normal do brasileiro, ao seguir esse sonho da casa própria, é reunir suas finanças (muitas vezes limpando as economias) para pagar a entrada do imóvel e financiar o resto. Normalmente fica para as parcelas algo em torno de 70% a 80% do valor para ser pago em 20, 30 ou mais anos.

E é nesse momento que seria interessante deixar o óbvio de lado de avaliar com calma as opções de compra ou aluguel. E, pra não me alongar muito, vou trazer dois pontos de reflexão.

Primeiro vamos pensar no financeiro, com um pouco de matemática.

Os financiamentos imobiliários seguem, via de regra, os Sistema de Amortização Constante, mais conhecido como Tabela SAC. A dinâmica é extremamente simples, com os juros mensais sendo gerados a partir do quanto ainda falta pagar do valor financiado. Por isso, o valor das parcelas diminui de um mês para o outro.

Por exemplo…

Um imóvel de R$ 500 mil com entrada de R$ 100 mil, que é 20%, deixa R$ 400 mil para financiar. Se parcelarmos esse valor em 15 anos, ou 180 meses, a uma taxa de 9% ao ano, que é a praticada hoje, teremos a primeira parcela de pouco mais de R$ 5.100,00.

Acontece que, desse valor, R$ 2.222 são abatidos daqueles R$ 400 mil iniciais, enquanto R$ 2.883,00 são juros… Ou seja, dinheiro rasgado igual no caso do aluguel, certo?

No mês seguinte, a parcela cai um pouco, já que só R$ 2.222 foram retirados do gerador de juros, que continua com quase R$ 398 mil ainda a serem pagos. E por aí vai.

Se esse mesmo imóvel fosse alugado, seguindo o padrão de que o aluguel representa por volta de 0,4% a 0,6%, o gasto mensal seria de R$ 2.500,00. Menos que os quase R$ 2.900 de juros da parcela citada anteriormente e, para quem ia pagar mais de R$ 5.000 por mês, gera uma boa margem para investir a diferença e, no futuro não muito longe, ter condições de comprar um imóvel próprio.

Aproveitando o gancho, o futuro é um momento melhor para fixar raízes que o presente. Quando se é jovem, entrando no mercado de trabalho e, normalmente, sem filhos ou grandes gastos e dívidas, o que mais precisamos e queremos é liberdade. Tanto geográfica, para aceitar uma oportunidade no outro lado do país, ou do mundo, e de crescimento, aceitando um apartamento antigo de um quarto ao sair da casa dos pais e, com a evolução da carreira, e da receita, é claro, podendo se mudar para um outro apartamento, maior, com suites, um escritório separado, quarto para os filhos e duas vagas na garagem.

Mas, quero deixar claro que meu objetivo aqui não é demonizar a casa própria. Cada pessoa sabe da sua realidade, seus conceitos de vida e seus sonhos.

O que fiz questão de trazer foi a pergunta. Já que, normalmente, puxando outro velho ditado, toda unanimidade é burra e devemos questionar até mesmo os ensinamentos passados de geração em geração.

Até por que, você não acha realmente que leite com manga pode matar alguém, certo?

Por Arthur Lessa 21/03/2024 - 17:18 Atualizado em 21/03/2024 - 17:30

Faz alguns dias que vi uma notícia de um projeto de lei que previa desconto no IPTU para quem adotasse um animal de rua. Segundo o autor da proposta, essa seria uma solução para o problema de muitos animais de rua no município.

Ao analisar essa ideia, lembrei instantaneamente de um tema que já tratei no Toda Sexta anos atrás: o Efeito Cobra, que acontece quando, como diriam os antigos, “a emenda fica pior que o soneto”.

A expressão, que não é nada autoexplicativa, é baseada num caso registrado há muitos anos na Índia. O governo britânico estava preocupado com a situação de Déli, que sofria com a superpopulação de cobras venenosas. A solução posta em prática foi simples: oferecer uma recompensa em dinheiro para os cidadãos por cada cobra que matassem.

Num primeiro momento a medida se mostrou bastante eficiente, com um grande volume de cobras sendo entregues em troca do pagamento. Se parasse por aí, seria um exemplo perfeito de um negócio de “ganha-ganha”, com o governo resolvendo o problema e a população engordando um pouco o orçamento. Mas não parou por aí...

Chegou um momento em que a receita proveniente desta nova atividade foi diminuindo, tendo em vista que havia cada vez menos cobras nas ruas e, portanto, menos delas para serem entregues mortas. Assim, alguns empreendedores tiveram a grande ideia de criar demanda, que nesse caso, foi criando cobras para depois matá-las.

O governo não gostou nada dessa nova "atividade empresarial" e encerrou o programa. Adivinha o que aconteceu...

Os criadores soltaram as cobras nas ruas, já que não valiam mais nada. Com isso, o governo gastou caminhões de libras esterlinas e o problema, que deveria ter sido resolvido, ficou maior do que antes.

É isso que acontece quando medidas populares (e, muitas vezes, populistas) são tomadas sem que se analise todas as possíveis consequências. Além de não resolver um problema, pode aumenta-lo.

Por Arthur Lessa 18/04/2024 - 12:55 Atualizado em 24/04/2024 - 09:26

Você dedicaria um sábado para melhorar o seu futuro?

É com esse objetivo que lançamos a segunda edição do meu curso Reeducação Financeira - Aprenda a cuidar do seu dinheiro (para sempre), que acontece no dia 11 de maio, das 8h às 18h, no Auditório do Ed. Due Fratelli.

As inscrições estão abertas na plataforma Sympla e o valor pode ser parcelado em até 12x.

>>> SAIBA MAIS E INSCREVA-SE AQUI

O Curso 

O curso Reeducação Financeira é dividido em dois módulos:

O Módulo 1 - Cuide bem de seu dinheiro (manhã) é baseado em conceitos de Finanças Comportamentais e Psicologia Financeira, com o objetivo de reforçar a necessidade de ter controle financeiro, seguindo para a apresentação de armadilhas e ferramentas que auxiliam a melhor relação do indivíduo com seu dinheiro.

No Módulo 2 - Como e onde investir (tarde) são apresentados os três pilares da construção de patrimônio: aumentar as receitas, manter a consistência e investir bem, sendo este último ponto explicado em detalhes, com tipos de investimento, suas características e objetivos na formação de criação de patrimônio e geração de renda passiva.

Por Arthur Lessa 03/06/2024 - 12:58 Atualizado em 03/06/2024 - 13:05

Mesmo com a oportunidade de investir nas principais empresas do mundo, como Google, Facebook, Amazon e Apple, são poucos os brasileiros que quebram as fronteiras e se "aventuram" nas bolsas americanas NYSE e Nasdaq. Mas por que?

Para aprofundar essa questão e quebrar alguns preconceitos e paradigmas, conversei com com Will Castro Alves, Estrategista-Chefe da Avenue, corretora norte-americana fundada por e para brasileiros investirem diretamente nos EUA.

Confira a entrevista completa abaixo

 

Por Arthur Lessa 11/12/2024 - 12:01 Atualizado em 11/12/2024 - 12:05

Eu tenho falado recorrentemente nos últimos dias sobre a minha preocupação do anuncio do ministro Fernando Haddad, da Fazenda, de ampliar até 2026 a faixa de isenção do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) para R$ 5 mil.

Antes que você posso ficar na dúvida, eu deixo claro que NÃO tenho nada contra a redução de impostos para a população. Muito pelo contrário! Mas também não posso ignorar os efeitos "colaterais" possíveis em caso de medidas sendo aplicadas de maneira populista como essa.

Para entender o problema, é importante que você saiba que a tabela que define o quanto cada faixa de renda paga de Imposto de Renda não é atualizada desde abril de 2015, com exceção do aumento da faixa de isenção . Ou seja, com a inflação aumentando os preços e salários ano a ano, e a tabela engessada, pessoas com renda cada vez menor foram sendo "empurradas" para as alíquotas mais altas.

Confira abaixo a tabela atual sem os efeitos do aumento da faixa de isenção.

Ao aplicar a faixa de isenção de dois salários mínimos, veja que a tabela segue intacta e defasada, com alteração apenas no primeiro nível.

Uma análise rápida na tabela atual já ilustra bem a minha preocupação. A faixa de alíquota mais alta (27,5%) da tabela atual inicia abaixo dos R$ 5.000,00 mensais. 

Se realmente acontecer dessa maneira, e vale levar em conta que até o momento o Governo não citou atualização da tabela, podemos chegar num ponto em que não haverá mais tabela, mas uma faixa de isenção e outra de 27,5%.

Mas, e se atualizar?

"Polianando" e entendendo que finalmente teremos uma atualização da tabela de imposto de renda, de quanto seria? Apresento abaixo as duas possibilidades que entendo mais apropriadas, que são o uso do IGP-M (FGV) ou IPCA (IBGE) para aplicação do efeito da inflação no período de abril de 2015 até outubro de 2024 e usando como base os valores originais de 2015 (sem o aumento da faixa de isenção implantada pelo Governo atual).

Seja por um índice ou outro, a "nova" tabela faria mais sentido em face aos custos de vida atuais, não?

Nem tanto ao céu, nem tanto à terra

Mas vamos avançar um pouco mais, tomar como base na decisão de isentar quem recebe até R$ 5 mil mensais e atualizar a tabela proporcionalmente. 

Admito que essa última simulação pode ter sido muito forçada, mas tem sua validade como ilustração dos possíveis efeitos colaterais que são (deliberadamente?) esquecidos durante anúncios agradáveis ao povo em geral.

E, não... Não tenho solução definitiva para a questão.

Mas também sei que o que está não me parece exatamente uma "solução..."

Por Arthur Lessa 26/12/2024 - 06:25

"O Brasil enfrenta um problema que poucos tem visto e pode causar uma crise extrema"

A frase acima é o resumo do que mais me marcou da entrevista de ontem (da qual participei) do empresário Ricardo Faria, dono e presidente dos conselhos das empresas Granja Faria e Insolo. Enquanto, por volta dos 17 minutos de entrevista, ele citava a fuga de mentes produtivas, que ele adequadamente chamou de "elite pensante", como um fator que pode levar o Brasil a um colapso econômico gravíssimo, eu vi sendo resumido o enredo do livro A Revolta de Atlas, publicado em 1957 por Ayn Rand.

Eu, inclusive, apresentei esse livro no ano passado aqui no 4oito. Confira aqui o texto sobre "A Revolta de Atlas" 

No romance ficcional (mas altamente verossímil), o Governo se vê tendo que enfrentar uma onda de acidentes e incidentes, com impactos sensíveis na economia e setor produtivo, enquanto empresários e pesquisadores referência em suas áreas começam a sumir sem deixar rastros (com exceção de dois: Dagny e Hank). Alguns, inclusive, destruindo suas fábricas e pesquisas antes de nunca mais serem vistos.

Com o sumiço das grandes mentes, líderes medíocres surgem e a qualidade industrial desce à mesma mediocridade. Ao mesmo tempo, querendo manter felizes os "amigos do rei", o Governo aplica medidas de "não-concorrência" que proíbem uma companhia de dominar um mercado (mesmo que seja pelo fato de esta ser muito melhor que as oponentes), infiltram representantes em conselhos e outros movimentos característicos de governos. 

Bem... Imagino que você entenda como essa caça ao mérito e estímulo ao esforço mínimo acabaram levando este país fictício (com cara, cheiro e roupa de EUA) rumo ao colapso econômico e, por consequência, social. Mesmo assim, indico fortemente que você se dê de Natal a oportunidade de ler esse livro que mudou o modo como vejo o mundo. Confira o livro "A Revolta de Atlas" na Amazon

Se você não entendeu como uma coisa leva à outra, então indico duplamente a leitura. Confira o livro "A Revolta de Atlas" na Amazon

E, se voce não concorda, também sugiro a leitura. Caso contrário, torço fortemente para que você nunca alcance uma posição de comando ou poder em que possa mimetizar o governo criado por Rand, pelo bem do país (e meu, e da minha família, e do supermercado onde faço compras,...). Confira o livro "A Revolta de Atlas" na Amazon

Por Arthur Lessa 28/01/2025 - 08:11 Atualizado em 28/01/2025 - 08:31

"O câmbio foi feito por Deus para humilhar os economistas. Ninguém sabe para onde vai."
(atribuída a Edmar Bacha, economista)

O dólar fechou o dia de ontem negociado a R$ 5,91, menor cotação de fechamento em relação ao Real desde novembro do ano passado, tendo beliscado os R$ 6,30 nesse meio tempo. 

Então a grande pergunta dos últimos dias é a seguinte: Por que o dólar caiu?

Entre os motivos que explicam esse movimento recente da moeda americana está a perspectiva de melhora das principais economias do mundo, que promete início de redução de juros nesses países. 

Com a redução dos juros por lá, os juros daqui ficam mais atraentes, o que incentiva o chamado Carry Trade, que é quando se pega dinheiro emprestado a juros baixos em uma moeda para investir em outra recebendo juros altos. 

Esse tipo de movimento se torna mais atraente com a quase promessa do Banco Central do Brasil de mais um aumento de 1% na Selic na reunião do Copom que encerra nesta quarta-feira (29).

Outro fator que impacta positivamente na relação do real com o dólar é a desvalorização da moeda americana em relação a outras moedas mundiais, principalmente pelos primeiros movimentos de Trump na Casa Branca, anunciando novas taxas de importação para produtos de países como México, Canadá e, até ontem, Colômbia, causando certo desconforto internacional.

Por fim, além dos juros, as ações brasileiras também têm se mostrado atraentes ao capital estrangeiro, com empresas sólidas apresentando resultados cada vez melhores enquanto acompanham a cotação de seus papéis caindo na B3. Não é a toa que vimos, junto à valorização da nossa moeda, o Ibovespa encerrando a segunda-feira a 124.861 pontos, melhor fechamento desde 12 de dezembro do ano passado.

Agora, se o dólar vai subir ou descer, se (e por quanto tempo) vai ficar abaixo de R$ 6,00, ninguém sabe ao certo. Quem dia que sabe, está mentindo.

Por Arthur Lessa 29/01/2025 - 07:45 Atualizado em 29/01/2025 - 07:50

"Os juros são a válvula de segurança da economia."
(Alan Greenspan, ex-presidente do Federal Reserve)

Copom do Banco Central vai subir a Taxa Selic para 13,25% ao ano. 

Essa vai ser a manchete de economia do fim do dia de hoje. 

Posso estar errado? Posso! Mas não contaria com isso.

Não que eu tenha bola de cristal, mas sim porque o próprio COPOM (Comitê de Política Monetária) antecipou esse movimento na ata da última decisão, em 11 de dezembro, quando elevou em 1% a taxa básica de juros do Brasil.

Está lá no parágrafo 22 da ata da reunião. "Em se confirmando o cenário esperado, antevê ajuste de mesma magnitude nas próximas duas reuniões". Ou seja... Estamos falando de subir hoje para 13,25% e para 14,25% em 19 de março.

O cenário citado é de piora na inflação no curto e médio prazo, que é o que estamos acompanhando. 

O IPCA, índice considerado a inflação oficial do país, acumulado nos últimos 12 meses em 4,83%, rompendo os 4,5% do teto da meta, e expectativa do mercado, registrada no Boletim Focus, de fechar o ano com o IPCA em 5,5%.

Outro fator que tem impactado muito no movimento dos juros é a gestão do Governo com o seu dinheiro. A união da política fiscal expansionista, no estilo "gasto é vida", com as pataquadas dos anúncios recentes, como o Imposto de Renda junto ao pacote de gastos e a polêmica do pix criam insegurança e incerteza, que atrapalham muito a correção de rota necessária.

Esse descontrole demanda o aumento na dose do remédio, que é a Selic. Juros mais altos significam desaquecimento da economia, que significa redução da inflação. É baixar a febre na marra para que o corpo possa trabalhar em cima da causa da doença.

E vale lembrar que hoje é a chamada Super Quarta, que acontece quando a reunião do Copom coincide com as decisões de juros dos EUA. A expectativa por lá é que o Federal Reserve, o banco central dos EUA, mantenha as taxas de juros inalteradas entre 4,25% e 4,50% ao ano. A inflação parece sob controle, mas o ambiente econômico tem muitas incertezas.

Falando de Bolsa, o Ibovespa fechou ontem a 124.055,5 pontos puxado pela queda de quase 2,5% da Vale e o dia não deve ter impacto da decisão do Copom, tendo em vista que o Mercado é unânime em esperar o aumento de 1%, colocando a Selic em 13,25%.

Por Arthur Lessa 30/01/2025 - 09:18 Atualizado em 30/01/2025 - 09:23

"A maior parte dos problemas do homem decorre de sua incapacidade de ficar calado."
(Blaise Pascal, matemático e físico)

Para a surpresa de zero pessoas, e confirmando a minha "aposta" de ontem, o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu elevar em 1,00% a taxa Selic, que será de 13,25% a.a., mesmo patamar de agosto e setembro de 2023. 

Os motivos dessa decisão são, em maior ou menor intensidade, os mesmos que deram início a este ciclo de altas em setembro de 2024, logo após quatro meses (três reuniões) da taxa estacionada em 10,50%.

Inflação no mundo

Os bancos centrais das principais economias seguem no esforço de controlar e puxar de volta à meta as taxas de inflação dos países que atendem. O que tem dificultado a tarefa são as persistentes pressões nos mercados de trabalho. Guerras e embargos, como no caso Rússia x Ucrânia, e atritos comerciais também não ajudam em nada na tarefa.

Inflação no Brasil

Além de ter aberto o alçapão do teto da meta (4,5% a.a.) e sair voando, com o IPCA acumulando 4,83% nos 12 meses de 2024, a inflação brasileira não dá sinais de retorno, ou mesmo enfraquecimento. A expectativa do cenário base do Banco Central do Brasil para o índice é de 5,2% ao final de 2025. Já o Mercado, segundo o Boletim Focus, espera 5,5% no mesmo período.

Uma das causas apontadas pelo BC para essa expectativa é o risco de hiato do produto positivo, que significa, em poucas palavras, a produção de bens e serviços (PIB observado) ser maior que a produção de bens e serviços considerada sustentável (PIB potencial), estimulando/aquecendo a economia.

Dólar caro

A desvalorização do real frente ao dólar também impacta diretamente na inflação, já que aumenta os custos de insumos, serviços e mão-de-obra das empresas, que são obrigadas a repassar esse aumento até o consumidor final.

Desconfiança fiscal

A economia, como ciência humana que é, tem como base as impressões e expectativas das pessoas. E, se tem algo que deixa as pessoas inseguras é não saber o que está acontecendo ou que vai acontecer. E nesse ponto, o Governo Federal e o Ministério da Fazenda não tem feito o dever de casa quando se trata de anunciar decisões. Uma aula de como não fazer!

A última pataquada foi polêmica do Pix, que deixou os brasileiros sem saber como pagar as contas no início do ano, se seriam perseguidos pela Receita Federal, se pagariam imposto sobre as transferências... Até quem queria criticar precisou fez questão de explicar melhor que o próprio Governo que não era isso.

Fica em 13,25% até quando?

Não há, na situação atual, motivos acreditar que o ciclo de altas do Copom tenha sido concluído. O Mercado (que não é uma gangue antigoverno, como pintado irresponsavelmente por Gleisi Hoffmann) vê hoje a taxa Selic fechando 2025 a 15%, baixando para 12,5% em 2026,  10,38% em 2027 e 10% em 2028.

Tendo isso posto, podemos cravar hoje, com pouquíssimo medo de errar, que em março a Selic sobe 1,00%, a 14,25% ao ano.

Por Arthur Lessa 31/01/2025 - 08:22 Atualizado em 31/01/2025 - 08:26

O dia na bolsa brasileira deve começar ainda no clima positivo do pregão de ontem, quando o Ibovespa, ignorando o cenário de economia ainda mais contracionista confirmado com o Copom aplicando mais uma alta de 1% da taxa Selic, registrou com alta de 2,82%, a maior valorização diária desde 5 de maior de 2023.

A principal "puxadora" dessa alta no índice é a Vale, que fechou o dia com alta de 4,22% após surgir a informação de que o Governo colocou na agenda uma discussão para tratar dos obstáculos da mineração. Entre as empresas do índice, destaque também para o Bradesco, com alta de quase 5,5%, além de Weg e Eletrobrás, ambas registando altas acima de 3% no dia.

Com esse movimento, entramos no último pregão de janeiro com o principal índice de ações do Brasil acumulando valorização de 5,51% no mês.

No radar para esta sexta-feira, destaque para os dados de emprego da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), que será divulgada pelo IBGE às 9h. Segundo estimativas de instituições financeiras e consultorias coletadas pelo Valor Data, a taxa de desocupação deve recuar para 6%.

Esse aquecimento no mercado de trabalho, que é claramente positiva para a sociedade, traz um efeito colateral de alta na inflação que não deve ser ignorado. Com as empresas demandando mais mão de obra, há um aumento dos salários, que implica em maior custo para a empresa e, como todos os custos, é repassado aos preço dos produtos.

Pra encerrar, uma olhada rápida para os Fundos Imobiliários, muito usados em estratégias de renda passiva mensal. O IFIX, principal índice do setor, registrou ontem uma pequena alta de 0,74% no fechamento de ontem, mas acumula queda de 4,02% no mês de janeiro. 

Por Arthur Lessa 03/02/2025 - 07:59 Atualizado em 03/02/2025 - 08:16

Essa segunda-feira, 3 de fevereiro, primeiro dia útil do mês, começa com o mercados mundiais em baixa.

Nos EUA, onde as bolsas abrem os trabalhos praticamente ao mesmo que tempo que a nossa, queda nos índices futuros da Dow Jones (-1,32%), S&P 500 (-1,59%) e Nasdaq (-1,87%). 

Na Europa, o índice Stoxx 600, que reune 600 empresas de 17 países da União Européia, desce -1,44%. Na China, a bolsa de Shangai praticamente de lado, caindo 0,06%, enquanto no Japão, o Nikkei 225 tem a maior queda do período, de -2,66%.

Nas commodities, Petróleo WTI registra alta de 1,76%, a US$ 73,81, e o ouro tem queda de 0,25%, a US$ 2.828,00.

Principal assunto do mercado no mundo segue sendo o Potus Donald Trump, que segue lançando mão de tarifas de importação. 

As bolas da vez são os vizinhos México e Canadá, que se manifestou por comunicado assinado pelo Ministro das Finanças e Assuntos Intergovernamentais, Dominic LeBlanc. “O Canadá não ficará parado enquanto os EUA impõem tarifas injustificadas e irracionais sobre produtos canadenses”, reforçou Le Blanc.

A manifestação é resposta à ordem assinada por Trump no último sábado, definindo taxas de 25% sobre produtos e 10% sobre a energia canadenses. A medida, que entra em vigor nesta terça-feira, 4, é parte de um conjunto de medidas que tem impacto previsto de US$ 155 bilhões.

Enquanto tudo isso acontece, o dólar segue estabilizado aos R$ 5,84.

Por Arthur Lessa 04/02/2025 - 07:53 Atualizado em 04/02/2025 - 08:02

No radar de hoje do mercado estão as recorrentes pautas da queda do dólar e guerra de tarifas de Donald Trump, além da ata do Copom, que deve ser publicada daqui a pouco pelo Banco Central.

A moeda americana caiu ontem 0,38%, fechou a R$ 5,815 e registrou a 11ª queda seguida. Desde de 17 de janeiro, quando fechou a R$ 6,066, a queda acumulada é de 4,13%.

Há razões de mercado que justificam esse movimento, mas é importante também levar em conta a mão nada invisível do Estado, que tem lançado mão de ferramentas que puxam artificialmente a cotação para baixo.

Para hoje, por exemplo, o Banco Central anunciou um leilão de até 15 mil contratos de swap cambial, o equivalente a US$ 750 milhões. de 11h30 a 11h40. A oferta será dividida em dois vencimentos de 2 de junho e 1º de dezembro.

Na economia mundial, seguimos acompanhando a guerra de tarifas de Donald Trump. A China anunciou uma tarifa de 15% sobre importações de energia dos EUA, no valor de menos de US$ 5 bilhões, além de um imposto moderado de 10% sobre petróleo e equipamentos agrícolas americanos. O anúncio é uma resposta às tarifas norte-americanas, em vigor a partir de hoje.

O país também abriu uma investigação antitruste contra o Google, apesar de os serviços de busca da Alphabet (GOGL34) estarem indisponíveis no país desde 2010.

Sobre a ata do Copom, nada de mais a se comentar até as 8h, quando será publicada com os detalhes da última reunião, que elevou a taxa Selic para os atuais 13,25%. 


 

Por Arthur Lessa 05/02/2025 - 07:53 Atualizado em 05/02/2025 - 08:41

O dólar registrou sua 12ª sessão consecutiva de recuo ante o real e fechou em queda de 0,76%, cotado a R$ 5,77, passando pela mínima de R$ 5,75 no intraday.

A moeda americana já acumula queda em relação ao real de 6,61% no ano.

As perdas sucessivas no Brasil acompanharam o desempenho global do dólar. O índice DXY, que mede a força da moeda americana contra uma cesta de divisas de países desenvolvidos, caiu 0,40% nesta terça-feira.

As quedas se aprofundaram após o “relaxamento” da política tarifária de Trump. Depois de ameaçar México e Canadá com taxas, os países entraram em acordo para postergar as novas tarifas em um mês.

Assim como o dólar, o Ibovespa também fechou em queda ontem. O principal índice da B3 recuou 0,65%, aos 125.147 pontos. Na véspera, o índice teve perda de 0,13%.

Nos exterior, os índices futuros dos EUA operam em baixa na manhã de hoje, depois de a Alphabet, controladora do Google, ter divulgado uma receita abaixo do esperado. As ações da dona do Google caíram 7,6% após o expediente, eliminando US$ 192 bilhões de seu valor de mercado.

Para hoje, o Banco Central anunciou para hoje mais um leilão de até 15 mil contratos de swap cambial, o equivalente a US$ 750 milhões, nesta quarta-feira, 5, de 11h30 a 11h40. 

A oferta será dividida em dois vencimentos, de 2 de junho e 1º de dezembro. O objetivo é continuar a rolagem dos contratos vincendos em 5 de março.

No radar da bolsa, os números do Santander podem impactar o pregão. O banco divulgou hoje um lucro gerencial de R$ 3,854 bilhões no quarto trimestre, uma alta de 5,2% ante os três meses anteriores e de 74,9% na comparação anual.  

Além disso, os dados da produção industrial de dezembro trazem pistas do quão aquecida está a economia local. 

Lá fora, o mercado monitora dados de emprego nos Estados Unidos e a temporada de resultados continua nesta quarta-feira, com destaque para Walt Disney e Uber divulgando os resultados antes da abertura.

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