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As primeiras idades

Você sabe como conceituar menores de acordo com a idade?
Por Henrique Packter 11/03/2024 - 09:42 Atualizado em 11/03/2024 - 09:43

Você sabe como conceituar menores de acordo com a idade que possuem?

Pois, é bom e muito útil saber. O recém-nascido é aquela pessoinha que tem até um mês de idade; bebê é a designação para o segundo mês de vida até 18 meses; criança vai dos 18 meses a 12 anos. Já entre 12 e 18anos estamos lidando com um adolescente (aborrecente). Portanto, quando você ouve falar em ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, já está sabendo do que estamos falando.

HISTÓRIA DE RECÉM-NASCIDO

Em meu consultório de médico oftalmologista, quando eu atendia dentro do Hospital São José, tive oportunidade de atender a um recém-nascido que vinha nos braços de uma jovem mãe. Ela se mostrava muito abalada, olhos vermelhos, mãos retorcendo um lenço de pequenas dimensões, amarrotado e com sinais de que fora muito manuseado naquele dia.

Diante do seu desespero as pessoas que aguardavam consulta abriram passagem e logo, logo eu carregava o pequenino.

-Que foi, mãe?

- Meu menino foi examinado por outro oculista em minha cidade e ele me garantiu que o menino é cego do olho direito, sem chance de tratamento.

Após submetê-lo a exame perfunctório, disse-lhe:

- Pois eu quero dar-lhe meus parabéns, mãe. Seu menino, durante a gravidez, adquiriu uma infecção intraocular, provavelmente por contato da mãe grávida com cão, mais provavelmente com gato. A doença chama-se Toxoplasmose e atingiu ambos os olhos do molequinho. Agora, num dos olhos a doença é bem periférica e acho que posso garantir, neste olho, excelente visão por toda a vida.   

Sempre conservei diante de meus olhos aquele protótipo de médico sem senso de ocasião. Basicamente dissemos a mesma coisa, mas há meios de se informar má notícia, sem ferir susceptibilidades.      

HISTÓRIA DE BEBÊ

O Hospital São José tinha nos altos de sua segunda coluna, a primeira classe. Nela a privacidade era o atributo maior. Bem na frente o ocupante do apartamento tinha visão privilegiada da cidade. Era o apartamento do bispo, onde, certa vez eu internei Dom Anselmo Pietrula para tratamento. Verdadeira romaria invadiu o hospital até que se baixasse orientação a respeito. Já da segunda vez, quando operei Dom Anselmo de catarata, ele ocupou outro apartamento no mesmo terceiro andar. Esse setor hospitalar era dirigido pela Irmã Doroteia que tivera um dos olhos extirpado e substituído por uma prótese. Pois, em certa ocasião, internou num dos apartamentos da 1ª classe, para tratamento de problema ocular uma jovem mãe que se fazia acompanhar por um belo, saudável e incansável beb&ec irc; no seu afã de mover pernas e braços, sem parar.

Não se sabe como, mas Irmã Doroteia viu sua preciosa prótese ocular cair no pequeno berço e logo sumir ao ser apanhado pelo bebê e no instante seguinte desaparecer das vistas dos circunstantes. Graças a outro pequeno que a tudo observava soube-se: o bebê engolira a prótese!  Numa das consultas anuais de Irmã Doroteia comigo, perguntei-lhe:

- Irmã, e a prótese?

- Pois tive de aguardar bom tempo até que ele se decidisse a devolver tal prótese.

Boa, alegre e sempre risonha Irmã Doroteia.

HISTÓRIA DE CRIANÇA

Esta história vem a reboque de outra também ocorrida na primeira classe da Irmã Doroteia. David L. Boianovsky, pediatra e nutrólogo internou na primeira classe do Hospital São José o filho mais velho de 3 filhos. Estava com difteria e o isolamento hospitalar estava à cunha. Perto das 11 horas ele passou no meu consultório informando que o filho do Luiz Carlos Nobre, da Justiça do Trabalho ou Junta de Conciliação, estava internado e com qual diagnóstico. Pediu-me que desse uma espiadinha no garoto, que estaria bem, antes de sair para o meu almoço. Foi o que fiz. No corredor da segunda classe da Clínica Médica próximo ao Isolamento subi pelo elevador até a primeira classe. Um pandemônio me aguardava. Torpedo de oxigênio aberto a plena capacidade, chiava alto. Cânula de latão cromado, gazes, atadura, o padre capelão entoando sua liturgia da morte. O cântico da morte. A criança, cianótica, parecia dar seus últimos estertores. A mãe chorosa e o pai a caminho, compunham o quadro clássico de desenlace fatal naquele ambiente. Sem muito tempo para pensar e com a lepidez de meus 40 anos, arrebatei a criança, apaguei as velas distribuídas entre a plateia horrorizada. Corri para o pequeno Posto de Enfermagem onde me tranquei com a Irmã Doroteia, o enfermeiro Joel e a mãe da criança.

No estojo metálico do material já esterilizado apanhei um bisturi quase sem uso, pinça, gaze e realizei a traqueostomia mais dramática que já vivenciei.

O menino sobreviveu, graças a Deus, mas, alguns meses depois, brincando na janela do apartamento de terceiro-andar no qual residia, veio a cair sobre os ferros de construção do prédio ao lado, vindo a falecer. 

HISTÓRIA DE ADOLESCENTE

(Continua na próxima semana)

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