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A história dos transplantes de córnea em Criciúma e região

Por Henrique Packter 18/03/2024 - 12:36 Atualizado em 18/03/2024 - 12:41

JORNAL LUTA DEMOCRÁTICA DO RJ - JORNAL DE MAIOR PÚBLICO LEITOR

Fundador: TENÓRIO CAVALCANTI

Ano XVIII * 7 de dezembro de 1971* Nº 5.513

Médico catarinense aprovado em 1º lugar em concurso no Hospital dos Servidores do Estado

“O Dr. Henrique Packter, médico oftalmologista, radicado em Criciúma (SC), vem de ser aprovado em primeiro lugar no concurso para provimento de cargo de oftalmologista do Hospital dos Servidores do Estado (IPASE) da Guanabara. O Dr. Henrique Packter, conhecido oftalmologista catarinense é o atual presidente do Departamento de Oftalmologia da Associação Catarinense de Medicina.

Dedica-se à especialidade no Hospital São José de Criciúma e vem de realizar estágio de um ano no RJ no Serviço de Oftalmologia do HSA, Serviço do Dr. Orlando Rebello, além de Curso na Sociedade Brasileira de Oftalmologia e Curso de Pós-Graduação em otoneuroftalmologia na Pontifícia Universidade Católica do RJ.

No HSE (IPASE) da Guanabara, o Dr. Henrique Packter foi assistente entre outros conhecidos oftalmologistas, do Dr. Aderbal de Albuquerque Alves, que é reconhecida autoridade em questões ligadas à refração ocular.  

CORREIO DO SUDESTE de 15.10.1981 e TRIBUNA CRICIUMENSE de 17.10.1981.

“Um grupo de médicos oftalmologistas e outras pessoas interessadas estão se mobilizando no sentido de criar o banco de olhos de Criciúma”. (...) “Em nossa cidade os transplantes são realizados há mais de 10 anos. A exemplo de outros locais, a imprensa falada, escrita e televisada de Criciúma tem emprestado grande apoio e incentivo a essa iniciativa”. 

Florianópolis somente teria uma Central de Transplantes de Órgãos no final de 1999, mas, o primeiro transplante de córnea em SC data de 14.05.1972 e foi realizado pelo SUS, em Criciúma, por uma equipe constituída pelos doutores Henrique Packter (cirurgião oftalmólogo), Boris Pakter e David Groisman Raskin (oftalmologistas), Sérgio Luiz Bortoluzzi (anestesista), Maria Formentim Fernandes, circulante.

Em 1998, os TC tinham listas de espera regionalizadas, Criciúma tinha a sua. Isso significa que córneas captadas na região eram implantadas na região. Graças a ALMIR FERNANDES DE SOUZA e ELIANA ANDRADE um Banco de Olhos virtual coletava córneas, principalmente no IML. O trabalho do Banco de Olhos era executado por esses dois abnegados voluntários. Com o tempo, outros voluntários se incorporaram, temporariamente, a nós. 

O Hospital Regional de São José Dr. Homero de Miranda Gomes, ativado a 02.03.1987, iniciou atividades oftalmológicas sob direção dos Drs. Otávio Nesi e Eulina T.S. Rodrigues Cunha, em 01.10.1987.  Em 1993 e 1997, SC adquiriu aparelhos de laser e microscópio cirúrgico.

Em 15.9.2007, viajando a Florianópolis a trabalho, sofri grave acidente automobilístico tendo de interromper meu trabalho e em especial cirurgias de TC e de Descolamento de retina, as mais trabalhosas. Na minha lista de candidatos a transplante de córnea constavam, então, 34 clientes à cirurgia. Em 8.1.2008 solicitei à Central de Transplantes que não mais remetessem córneas para TC tendo em vista minha situação quanto à saúde. Em 7.8.2009 e 12.8.2009 minha secretária alertou a todos os inscritos do que ocorria. Já em Fev/2010 a Central de Transplantes comunica a todos, por carta que devem migrar para outra equipe transplantadora, nos seguintes termos:

“Informamos que esta equipe (do HSJ) está indisponível para a realização de TC, sem previsão de retorno às suas atividades e que o senhor poderá solicitar transferência de sua equipe em outro serviço de transplante sem prejuízo de tempo em lista, para isso deverá marcar consulta médica com oftalmologista credenciado a uma equipe do estado”.

DO SISTEMA NACIONAL DE TRANSPLANTE

O SNT, concebido a partir do disposto no artigo 199, # 4º da Constituição da República, encontra-se estruturado na Lei nº 9.434/97 (Lei dos Transplantes) a qual foi regulamentada pelo Decreto nº 2.268/97 e, particularmente pela Portaria MS 3.407 de 05/08/98.   (...)

Esta portaria ainda não surtira efeitos em SC, nem a CENTRAL DE TRANSPLANTES estava em operação em 7.2.1998.

“... o motivo para a não realização do procedimento foi a indisponibilidade do profissional transplantador no HSJ que se deu a partir de janeiro de 2008” (bilhete de 8.1.08). “Importante ainda asseverar que os pacientes do HSJ, sob a responsabilidade do Dr. HP, estavam inscritos para procedimentos eletivos (não urgentes)...” 

O decreto 4.02.1997– Lei 9.434 regulamentada pelo Decreto 2.268 de 30.6.1997 cria o SNT e as Centrais Estaduais de Transplantes com listas de espera regionalizadas, lista única, sendo as normas estabelecidas em Portaria nº 91 de 23.01.2001. A Lei do Transplante (9434, Fev/97), iniciativa do Legislativo, sem participação do Ministério da Saúde e associações médicas, adota consentimento presumido para doação de órgãos: se em vida não tivesse o falecido expressamente declarado que não era doador, sua córnea poderia ser removido.

Nunca adotamos este procedimento. O BOC apenas removia córneas com a concordância dos familiares. 

Desta forma, SC que vira seu primeiro transplante de córnea ser executado com sucesso em 14 de maio de 1972, veria em 07.2.1998 quando essas regulamentações ainda não se achavam implantadas no país a Portaria do Ministério da Saúde nº 263, 31.3.1999 e Portaria nº 905 de 16.8.2000 criar a Comissão Intra-Hospitalar de Transplantes de órgão.

SC TRANSPLANTES

Criada por Decreto Estadual (21.9.1999), credenciada pelo Ministério da Saúde (27.10.1999), foi inaugurado em 16.12.1999,  27 anos depois do transplante pioneiro. Muitos transplantes de córnea foram realizados em SC neste período, antes que houvesse qualquer tipo de legislação contemplando essas cirurgias!

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