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* as opiniões expressas neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do 4oito
Por Henrique Packter 22/07/2024 - 15:00 Atualizado em 22/07/2024 - 15:02

PEDRO MILANEZ era filho de Pascoal e Páscoa Meller Milanez. Casado com VIRGÍNIA FURGHESTI BEZ BATTI MILANEZ que era filha de CAROLINA BEZ BATTI FURGHESTI. PEDRO foi neto de GIOVANNI MILANESE um dos fundadores de Criciúma. ANDREA MILANEZE, em 06.01.1880 foi colono fundador do nosso núcleo colonial.

Pedro é contabilista formado no RJ em 07.01.1932 e sócio cotista da COOPERATIVA VITORIA. Pedro Milanez nasceu em Criciúma a 24.07.1909 e foi casado com Virgínia Furghesti Milanez. O casal não teve filhos. Ele era neto por parte de pai de um dos fundadores de Criciúma, Giovanni Milanese. Pedro formou-se guarda-livros no RJ em 07.01.1932 Minerador do ramo de carvão mineral criou A Carbonífera Brasil Ltda., e a Companhia Brasileira de Indústria S.A. Em 1932 instalou a primeira tipografia criciumense vendida depois a César Lodetti.

Construiu e foi proprietário exclusivo em 18.04.1948 do Cine-Teatro Milanez na rua 6 de janeiro. Como sócio da Empresa Cinematográfica Sul-Catarinense (ECSC) Ltda edificou o Cine Ópera na Cel. Pedro Benedet.

Correspondente do Consulado Geral da Itália depois agente consular até morrer. Sócio fundador e depois governador de Rotary, 18.04.1948.

Aliás, numa das reuniões do Rotary Clube no Criciúma Clube, jantar das quartas-feiras, Pedro aparece, alegre como de costume. Agitava uma carta nas mãos. Exibiu-a com evidente satisfação. A correspondência vinha da Itália e estava endereçada simplesmente a Pedro Milanez, Brazil. E chegara a seu destino!

O HOMEM DE VIRGÍNIA

Naquela época de televisão de um só canal, vindo de Porto Alegre, programa de grande audiência era o faroeste HOMEM DE VIRGÍNIA. Pronto! Logo o apelido pega e Pedro passa a ser conhecido em quase todo o mundo que vale a pena com esse epíteto.

Lançou em 1991 FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DE CRICIÚMA e faleceu em Criciúma a 1º de agosto de 1992.

ATRÁS DE UM GRANDE HOMEM

Dona VIRGÍNIA era pessoa de grande modéstia apesar da fortuna acumulada por Pedro. Vestia-se com simplicidade, despojada de joias e penduricalhos.  Pedro colecionava jornais da cidade (TRIBUNA CRICIUMENSE) e canetas de valor histórico ou material. No início dos anos 60, casado, sem filhos, decidimos – eu e minha mulher – ir ao Congresso Europeu de Oftalmologia. Procurei a mídia local e informei do fato para conhecimento dos clientes das datas de minha ausência.

Alguns dias depois, um sábado, chego em casa para almoçar e encontro Frida – minha mulher -, e dona Virgínia em grandes conversações.

Ainda foi possível ouvir a parte final da prosa. Dona Virgínia, do alto de suas experiências em viagens internacionais e que não eram poucas, orientava Frida:

- Pois dona Frida, no exterior visto-me como a senhora me vê aqui. Joias, somente a aliança, sapatos comuns de salto baixo, essa velha bolsa de couro que já viu muitas cidades famosas. Vestidos feitos ali com a dona Xiloca, cabelos sem enfeites e curtos. Minhas amigas que se vestiam com aprumo e luxo já quase todas elas tinham sido  assaltadas; eu, até esmola recebi na rua!

Foi dono da Casa Moto Parque, estabelecimento situado na Pça. Nereu Ramos, especializado em motores e fornecedor de equipamento de mineração.  Foi sócio na Força e Luz de Criciúma. Desde 06.11.1972 era correspondente do Consulado Geral da Itália passando, mais tarde, à categoria de agente consular, função em que se manteve até a morte.

Pertenceu ao grupo de fundadores do Bairro da Juventude (SCAN) e foi eleito presidente da LARM (Liga Atlética da Região Mineira) em 25.05.1948.

Sócio fundador e dirigente do Rotary Clube de Criciúma, criado em 18.04.1948, foi seu primeiro governador indicado do Distrito 465, no ano rotário de 1958-1959.

Participou em 21.11.1942 da criação da Banda Musical Cruzeiro do Sul.  Conhecedor profundo da história de nossa comunidade lançou em 1991, Fundamentos Históricos de Criciúma. Possuía como relíquia a escrivaninha que pertencera ao primeiro prefeito de Criciúma, o velho Marcos (Marcos Rovaris), como dizia. Seus belos móveis da sala de jantar haviam pertencido ao engenheiro Paulo Marcus.

Foi, talvez, o empresário que mais viajou pelo mundo entre todos quantos empresários conhecemos. Dominava o inglês e o italiano idiomas nos quais era excelente articulador.

UM POUCO DE POLÍTICA

De 1973/1977, sendo prefeito de Criciúma Algemiro Manique Barreto e vice-prefeito Fidelis Bach, estavam eleitos os 15 seguintes vereadores:

Aguinaldo Nunes (sindicalista)
Assirto Casagrande
Avelino Diney Pedro Lopes (autor do projeto que me concedeu o Título de Cidadão Honorário de Criciúma e pai do jornalista Nei Lopes)
Edi Tasca (administrador de empresas)

Jairo Frank (advogado)
Lourival Spindola (
Mário Sônego (vice-prefeito 1977-1983, sendo prefeito Altair Guidi)
Miguel Medeiros Esmeraldino (radialista)
Nereu Guidi (depois Deputado Federal e Secretário de Estado em SC)
Pedro Milanez (a primeira pessoa a atender um telefonema em Criciúma)
Raul Pessi (
Sylvio Bitencourt (Campestre Iate Clube, projeto deste criciumense, playboy visionário e de sua companheira Nenê (apelido) Kubitschek ela, Carioca, conheceram-se no RJ. Auge, anos 70 a 80. Ator de cinema).
Valdenir Zanette (radialista, o Zé do Mato)
Waldir Bitencourt (
Walmor Damiani (15)
Suplentes (4) :Addo Caldas Faracco (depois 2 vezes prefeito de Criciúma), Candido Natal, César José Rodrigues, Cyro Bacha, do restaurante Capri)

JOÃO MILANEZ

Irmão de Pedro Milanez fundador da Folha de Londrina (1948) e  TV TAROBÁ de Cascavel/PR (1º.02.1979), posse sacramentada por  Ernesto Geisel.

MINHA PRIMEIRA VIAGEM A CONGRESSO NO EXTERIOR

Eu  e Frida nos preparávamos. Eu já anunciara na mídia citadina que estaria ausente da cidade em final de 1965, de tanto a tanto. Vinha substituir-me meu irmão, sextoanista de Medicina em Santa Maria, RS.

Dona Virgínia bate à nossa porta, inesperadamente, vestida com extrema singeleza, como era seu hábito. A única joia que sempre portava, grande aliança de ouro, reluzia no anular da mão esquerda. No mais, eram sapatos de salto baixo, bolsa de cor indefinida pelos anos de uso, tailleur cinza, cabelos curtos, limpos e sem penduricalhos.

- Dona Frida, falou, soube que vocês vão viajar para o exterior. Como tenho muita experiência em vagens ao exterior e como a considero como amiga muito querida, tomei a liberdade de vir visitá-la e contar algo do que já vivi, do que já vi em minhas viagens. Eu me visto, aqui e lá fora como a senhora está vendo: com grande simplicidade. Não é de meu feitio ostentar. Por conta deste meu hábito, minhas amigas já foram quase todas elas assaltadas no exterior. Eu, até esmola já recebi...

NO ROTARY

Por algum tempo participei das atividades de Rotary Internacional em Criciúma, apresentado que fui pelo comerciante e amigo MAX FINSTER. Nos jantares das quartas-feiras do clube, Pedro Milanez fazia valer sua experiência e conhecimento rotário. Teve  dia em que Pedro chegou ligeiramente atrasado à reunião no Criciúma Clube local das reuniões. Exibia orgulhosamente um envelope que fez correr de mão em mão. O envelope trazia os selos, o nome do destinatário (Pedro Milanez) e o nome de nosso país (BRAZIL). Mais nada. Mesmo assim, a empresa ECT localizara e fizera a entrega da correspondência!

PEDRO MILANEZ É OPERADO DE CATARATA EM CRICIÚMA

A cirurgia da catarata, tal como a conhecemos hoje, começa em 1949 com Sir HAROLD RIDLEY. O trabalho pioneiro de Ridley na concepção das primeiras Lentes Intraoculares trouxe benefícios inestimáveis a milhões de pessoas  no mundo. Graças à sua invenção, a cirurgia de catarata se tornou um procedimento eficaz, menos invasivo, melhorando significativamente a qualidade de vida dos pacientes.

Apesar das avançadas técnicas atuais, esse tipo de intervenção já era feito há muitos séculos, de várias maneiras. Segundo a OMS, a catarata é responsável por 51% dos casos de cegueira no mundo, isto é, cerca de 20 milhões de pessoas tem catarata.

Primeiro relato de tentativa de remoção de catarata: 600 a.C. no livro de Tantra. Nele o cirurgião Susruta, 2624 anos atrás, descreve, o procedimento no qual o cristalino é deslocado por incisão mínima para inserção de instrumento cirúrgico. Incrível: essa técnica rudimentar ainda é utilizada em distantes lugares da Ásia. Segundo o Código Hammurabi, a cirurgia ocular existe desde 1700 a.C.

Segundo registro: Abull Qasim Amar, descreveu em 1000 d. C. a técnica de aspiração da catarata por uma agulha. O grande marco da oftalmologia foi em 1747, 277 anos atrás, quando o francês Jacques Daviel fez a primeira extração/inclinação extracapsular do cristalino por uma incisão. Ao longo dos anos muito evoluiu a técnica cirúrgica: crioextração, facoemulsificação e o desenvolvimento das LIOs.

Já a extração intracapsular do cristalino, ocorre 6 anos depois (283 anos atrás) com Sharp. A ideia: substituir o cristalino por prótese, inserindo lente de vidro no olho do paciente após a cirurgia, tentativa falha realizada na Alemanha. Como não havia suporte, a lente mergulhava no vítreo e a cirurgia não prosperou.

Em 1860, o alemão Albrecht von Graefe desenvolveu uma faca especial para a incisão que foi utilizada por quase um século para a extração extracapsular do cristalino. Em 1900, Verhoeff realizou a extração intracapsular do cristalino com uma pinça. Quatro décadas (1940) depois, Hermenegildo Arruga e Ignácio Barraquer passaram a utilizar a sucção capsular em seus procedimentos.

Observando os ferimentos dos pilotos da Real Força Aérea Britânica, Ridley utilizou o mesmo material para construir lente substituta para o cristalino humano. Efetuou a primeira cirurgia com o implante em 1949. Tadeuz Krwawicz criou a crioextração, que, apesar das vantagens, ocasionava complicações. Foi utilizada até meados dos anos 80. Em 1971 introduzi a técnica no Hospital dos Servidores do Estado, RJ, com aparelho de fabricação nacional.

Em 1967, a chamada facoesmulsificação foi desenvolvida. É considerada o procedimento mais seguro e eficaz para o tratamento da catarata pois consiste na destruição do cristalino opaco com energia ultrassônica e sua aspiração.

Em 1975 vem o pioneirismo da implementação da facoemulsificação no Brasil, através de um grupo de destaque na Oftalmologia nacional: Drs. Afonso Fatorelli, Pedro Moacyr de Aguiar, Miguel Ângelo Padilha e Paulo César Fontes.

A cirurgia de catarata, procedimento cada vez mais comum, é também a única forma de recuperar a visão perdida pela opacificação do cristalino por conta, principalmente, do envelhecimento.

Atualmente a cirurgia de catarata continua sendo a única opção viável para a recuperação da visão perdida por conta da doença. Mas, muita coisa mudou. Hoje, o cristalino opacificado é removido com segurança do olho e substituído por uma lente intraocular com tecnologia avançada que soluciona a opacificação cristaliniana e, também outros erros refrativos como miopia, hipermetropia, astigmatismo e até a presbiopia (vista cansada). O procedimento é indolor, com anestesia local ou tópica, rápido e com pronta recuperação.

AS CATARATAS DE PEDRO MILANEZ

(CONTINUA NA PRÓXIMA SEMANA)

Por Henrique Packter 15/07/2024 - 14:00 Atualizado em 15/07/2024 - 14:01

Sob a batuta do neurocirurgião MARCOS FLÁVIO GUIZONI, em Tubarão, no Hospital Nossa Sra. da Conceição, paciente cantou e tocou violão durante cirurgia no seu cérebro.

A retirada de tumor cerebral com monitorização teve a duração de 9 horas! Manter o paciente acordado apenas sob anestesia local da pele e osso do crâneo da região , evita risco de lesões no delicado e sensível tecido neurológico.

Evidente que cirurgia desse porte, no interior de SC, deve causar surpresa no universo  neurológico brasileiro. O paciente passou todo o tempo do ato cirúrgico cantando, enquanto era submetido a cirurgia para retirada de tumor no cérebro.

O cirurgião detinha experiência de 30 anos de serviços médicos especializados o que garantia  o sucesso da cirurgia com técnica e a habilidade para intervenção tão delicada. Com seis profissionais auxiliares, o doutor Marcos Flávio Ghizoni foi o responsável pelo procedimento. O paciente  Anthony Diaz, bancário de 33 anos, cantou e tocou violão durante as nove horas no centro cirúrgico. Manter o paciente acordado foi decisão estratégica. “Deixamos o paciente acordado justamente pela lesão ter grande proximidade com as áreas responsáveis pela fala e pela motricidade do paciente”, disse Ghizoni.

O procedimento de manter o paciente acordado e interagindo com a equipe médica é usado para diminuir o risco de uma lesão durante a retirada do tumor. Acordado, o paciente consegue até ajudar a equipe nesse tipo de cirurgia. Se algum procedimento, por exemplo, atrapalha a fala ou a coordenação, tá na  hora de parar.

Anthony Dias se recuperou bem e teve alta poucos dias depois. Quando descobriu o tumor, dois meses antes, o primeiro filho tinha acabado de nascer e foi ele quem deu forças durante a cirurgia. “Em todo momento eu estava com a minha família e meu filho em pensamento para buscar mais forças ainda para fazer da melhor maneira possível", contou.

Essa foi a 19ª cirurgia com monitoração cerebral realizada pelo Hospital Nossa Senhora da Conceição de Tubarão, SC, e a primeira em que o paciente tocou um instrumento. O hospital é o único de SC a fazer este tipo de operação.

Guizoni era natural de Urubici, uma das cidades mais frias de SC, detentora de temperaturas muito baixas nos seus conhecidos meses de inverno. O médico, de 78 anos de idade, estava internado desde a última semana no Hospital Unimed de Tubarão e na terça, 9 de julho de 2024, por volta das 14 horas, não resistiu a uma cirurgia emergencial, vindo a óbito, vitimado por câncer intestinal.

Natural de Urubici, Ghizoni ingressou no Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC) em 1979 e participou da formação do Centro de Neurocirurgia. Na década de 90 foi para Florianópolis em busca de melhores condições técnicas, que resultou na compra do primeiro aparelho de tomografia do HNSC.

Em 2013 foi homenageado na Assembleia Legislativa de SC (Alesc) juntamente com o neurocirurgião Jayme Augusto Bertelli pela criação de uma inovadora técnica cirúrgica de reversão da lesão do plexo braquial. O procedimento foi publicado em mais de 50 revistas especializadas e apresentado em conferências de diversos países, obtendo o reconhecimento dos maiores especialistas da área.

Em 2015, Ghizoni conduziu uma complexa cirurgia cerebral enquanto o paciente tocava violão, demonstrando a precisão e a inovação de suas técnicas. Ele possuía mestrado em Ciência da Saúde pela Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) e atuava como professor titular na mesma instituição. Além disso, era membro da Fundação Hospitalar Catarinense e prestava serviços no Hospital Nossa Senhora da Conceição.

Para o presidente da Unimed, Nei Bianchini, Marcos Ghizoni sempre foi um ser humano fantástico que dedicou sua vida inteira à medicina. “Ele sempre tratava a todos os seus pacientes da mesma maneira, independente de qual fosse a situação”.

Bianchini ressalta que Tubarão é hoje uma referência na área da saúde e a gente deve muito isso a Marcos. A morte do neurocirurgião, avalia o presidente da Unimed, é grande perda para todos da área da saúde, para seus pacientes, para seus amigos e familiares. “Só temos a lamentar esta grande perda para a medicina com seu legado profissional, conhecido em todo o Brasil e no exterior”.

O prefeito Jairo Cascaes de Tubarão decretou luto oficial por três dias no município em sinal de pesar pelo falecimento do neurocirurgião. A cerimônia fúnebre ocorreu no Crematório e Memorial São Mateus, situado no Bairro Ilhotinha, em Capivari de Baixo. A cerimônia de homenagens foi na quarta-feira (10.07.2024), às 10h30, no mesmo local.

Por Henrique Packter 08/07/2024 - 10:00

Internado chama o residente. Mostra-lhe pequena nódoa na parede do quarto e pede que o jovem médico ponha ali a orelha e escute.

É o que ele faz, muito concentrado. Após alguns minutos volta-se para o doente:

- Mas, não escuto nada!

- Pois é, está assim desde ontem!

HOSPITAL PSIQUIÁTRICO SÃO PEDRO DE PORTO ALEGRE

Neste ano celebra 150 anos de intensas atividades, inaugurado que foi, como hospício, em 29.06.1874. Chamado na época de Hospício São Pedro, foi a primeira instituição psiquiátrica de POA e da Província de São Pedro, no período imperial do Brasil. Serviu de moradia para centenas de pessoas que não se enquadravam na normatividade da sociedade naquele momento. 

Com o passar dos anos  o São Pedro tornou-se casa de saúde chegando a albergar cerca de 5 mil moradores. Acompanhando a luta antimanicomial, iniciada décadas atrás, a instituição mediou o retorno de pacientes aos lares, auxiliando na retomada de vínculos afetivos e encaminhando para residenciais terapêuticos aqueles que já não tinham relações com as famílias. 

Os últimos pacientes que ainda residiam na ala de moradia foram encaminhamos, em março de 2023 para o Serviço Residencial Terapêutico Florescer, na Vila São Pedro. A reinserção dessas pessoas na urbe vai ao encontro da política de saúde mental gaúcha, que pretende devolver aos, agora, moradores da cidade o direito de viverem com cidadania em ambiente urbano, – não mais hospitalar. 

O HPSP é referência de cuidado em saúde mental e ponto de atenção da Rede Psicossocial (RAPS). Prodigaliza atendimento ambulatorial de referência, internação para casos agudos, reabilitação através dos dispositivos Oficina de Criatividade e Jardim Terapêutico, bem como atividades de ensino e pesquisa. 

VELHAS HISTÓRIAS DO SÃO PEDRO

Alguns colegas meus, do Curso Científico de SANTA MARIA/RS, fizeram residência da especialidade no São Pedro. Muitas histórias da época ainda circulam por aí sem que se mencione o nome dos profissionais envolvidos.

VOCÊS CONHECEM A HISTÓRIA DO INTERNADO FLAGRADO SOBRE UM POSTE DE LUZ?

- Estás fazendo o quê trepado aí nesse poste de luz?

- Subi para comer umas pitangas...

- Pitanga não dá em poste!

- Claro, por isso trouxe umas pitanguinhas aqui no bolso...

E A HISTÓRIA DO DOENTE QUE TERIA ENGOLIDO UM CAVALO VIVO?

Debalde tentou-se várias estratégias de cura indicadas por diferentes profissionais da cidade. As queixas mantinham-se apesar de todos os esforços despendidos. Um dia, um dos residentes sugeriu trazer um cavalo pela manhã cedinho e colocá-lo ao pé da cama, apresentando-o como tendo sido retirado do interior do paciente.

Terminada a atuação dos residentes o doente olhava o animal com indiferença. Ao cabo de um instante, disse:

- Desse aí, eu nem sabia. Aquele que eu engoli era um zaino...  

Por Henrique Packter 01/07/2024 - 14:37 Atualizado em 01/07/2024 - 14:40

O HOMEM, O CIRURGIÃO

"Meu pai é um homem que gosta de ajudar as pessoas, sempre de um jeito prático, agilizado, sem jargões. É uma pessoa alegre, que acaba conquistando os outros com a alegria dele",  comenta Giorgio Bez Batti, filho e também cirurgião plástico.

Além da alegria, Renato Bez Batti é reconhecido por ter sido um homem simples, gente como a gente, com 43 anos de prática médica. Um de seus passatempos favoritos era pescar aqui perto, mesmo, no Balneário Rincão, e, já aposentado, conversar e fazer novas amizades.

Natural de Urussanga, filho de produtores de vinho, cresceu apegado à nossa região, característica que manteve ao longo  de sua vida. Por fazer parte da história da cirurgia plástica no Sul, virou referência nessa especialidade, atraindo pessoas para consulta, de Garopaba a Porto Alegre.

Sua dedicação e a procura por fazer o que é certo ganhou a admiração de seus pacientes e colegas de trabalho, inspirando os filhos  filho, Giorgio Bez Batti (também cirurgião plástico) e Giuliano Bez Batti, pós-graduado em implantodontia e especialista em periodontia, a seguirem o legado do pai na área da saúde. "Ele sempre foi muito focado no trabalho, então a gente cresceu acompanhando visitas médicas, trocas de curativo, essas coisas... Isso e o reconhecimento que ele recebia na rua acabou nos inspirando a ir por esse caminho", completa o filho, Giorgio.

A FORMAÇÃO DE UM PIONEIRO

Formado no RS, Renato Bez Batti, no final dos anos 60 cursou a Faculdade de Medicina, na Universidade Católica de Pelotas (UCPel), graduando-se em 1973.

De 1974 a 1975, fez residência médica em Cirurgia Geral no Hospital Miguel Couto, no RJ. Nesse período, foi aluno do Dr. Savino Gasparini Filho. Ainda na capital fluminense, especializou-se em Cirurgia Plástica na Pontifícia Universidade Católica do RJ (PUC-Rio).

Foi momento muito importante em sua vida, pois durante sua especialização, de 1976 a 1978, teve contato com um dos grandes mestres da cirurgia plástica no Brasil e no mundo: Ivo Pitanguy. Com o professor, o atendimento era dividido entre a Clínica Ivo Pitanguy, bairro do Botafogo, e o Hospital Geral da Santa Casa da Misericórdia do RJ, Centro da urbe.

Colegas da época relembram que, mesmo nos períodos de férias, ele continuava participando das atividades médicas. Também nesse período, participou do atendimento médico às vítimas do incêndio no Gran Circus Norte-Americano, no tratamento de suas sequelas, um dos episódios mais chocantes da nossa história.

UMA TRAGÉDIA NACIONAL

No início da década de 60, a Cidade Maravilhosa exportando sucessos de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, acontecimento na região estarreceu os brasileiros. Em 17.12.1961, o Gran Circus Norte-Americano incendiou-se em Niterói com 3.000 pessoas na plateia. 503 morreram e outras 300 sofreram ferimentos diversos.

O professor Ivo Pitanguy foi um dos líderes à frente do socorro às vítimas e ainda em 1976 muitos pacientes estavam em tratamento com ele, dada a gravidade das queimaduras sofridas quinze anos antes. Nessa fase, Renato Bez Batti  prestou assistência a pacientes, especializando-se cada vez mais no campo da cirurgia plástica, mais especificadamente, em procedimentos reconstrutivos que viria a exercer entre os mineiros feridos em Criciúma, ao voltar ao Sul.

Experiências assim marcam a trajetória de quem se dedica à Medicina. Mas é preciso converter isso em conhecimento para poder ajudar os outros, como Pitanguy revela na autobiografia Aprendiz do tempo, da editora Nova Fronteira: "A experiência que marcou mais fortemente a minha vida foi o tratamento das vítimas do incêndio do circo".

O PRIMEIRO CIRURGIÃO PLÁSTICO DE CRICIÚMA

O ano era 1979 e o então Membro Especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica inicia seu trabalho no Hospital São João Batista de Criciúma. A seguir, passa a atender também no Hospital São José e no Hospital Santa Catarina, todos na mesma cidade. O primeiro cirurgião plástico do sul-catarinense logo se tornou referência na própria região e em terras mais distantes, atraindo pacientes de municípios mais ao norte, como Garopaba, e até do RS.

Mesmo com os poucos recursos da época — muitas vezes, era só ele e a instrumentadora —, Renato Bez Batti  desenvolveu as áreas estéticas e reparadoras da cirurgia plástica. Quem antes sabia desses procedimentos somente pelas revistas de entretenimento, agora podia consultar com um especialista ali em sua cidade. A novidade causou sensação e as filas na porta do consultório começaram a formar-se.

"Hoje atendo pacientes que são filhas das pacientes do meu pai", diz Dr. Giorgio Bez Batti, "essas mães foram suas primeiras pacientes, que desejavam operar o nariz ou algo do gênero e foram correndo para o consultório dele quando descobriram que finalmente havia um cirurgião plástico em Criciúma".

UMA CIDADE EM TRANSFORMAÇÃO

Já na área reconstrutiva Renato Bez Batti trouxe grandes desenvolvimentos para a recuperação dos pacientes da região, especialmente para as vítimas de acidentes na mineração carbonífera.

Criciúma vivia uma terceira fase de crescimento econômico na comemoração do centenário de fundação. Muitas mudanças na cidade, rápidas e grandiosas. Mas, com o crescimento da população e a expansão da indústria mineradora, em meados dos anos 80, a demanda por cirurgias reparadoras aumentou proporcionalmente, conforme crescia o número de feridos.

Em 1986 e 1987 a capital nacional do carvão registrou 3.464 acidentes relacionados à atividade mineradora como registra Giovani Felipe, bacharel em História pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc). Pouco antes, em 10.9.1984, nossa região já ficara marcada pelo mais grave acidente ocorrido em mina de carvão brasileira, quando morreram  31 operários na mina Santana em Urussanga.

O pioneirismo de Renato Bez Batti estendeu-se também à estruturação da primeira ala para queimados em Criciúma, reservando aos pacientes com tais ferimentos quase um andar inteiro no Hospital São José.

Nos anos 80, essa foi novidade bem-vinda para Criciúma, enquanto a própria capital Florianópolis estava distante de  ter ala específica para tratar vítimas de queimaduras. Renato Bez  Batti se aposenta do serviço público de saúde (SUS), passando a se dedicar em 2004 exclusivamente à cirurgia plástica estética, fixando sua Clínica frente ao Hospital São João Batista.

O LEGADO CONTINUA

Os Bez Batti continuam fazendo história na cirurgia plástica de SC. O legado do pioneiro agora é levado adiante por seu filho, Giorgio Bez Batti, também cirurgião plástico. Formado em Medicina pela Universidade do Sul do Estado de SC

(Unisul), Giorgio segue o caminho iniciado pelo pai ao concluir suas especializações no RJ, sob orientação do Dr. Farid Hakme. Em seguida, tornou-se membro do Colégio Brasileiro de Cirurgiões e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, voltando a Criciúma para estabelecer seu próprio consultório.

O hoje experiente filho-cirurgião brinca que "pai é pai" ao comentar a curiosidade paterna no acompanhamento da diferença da cirurgia plástica efetuada hoje, muito mais sofisticada e moderna, em comparação com a do seu tempo. "Depois de se aposentar ele continua ativo de uma forma ou de outra. Gosta de vir presenciar as cirurgias plásticas que realizo e está sempre por perto. Não dá para evitar, ele nasceu para isso." Bom saber que tão rica história e a tradição estabelecida pelo pioneiro em cirurgia plástica no Sul do estado continua viva, agora nas mãos do filho, Giorgio. Assim como surge uma nova geração de pacientes à procura, os Bez Batti têm uma nova geração de especialistas para atender Criciúma com qualidade.

Por Henrique Packter 24/06/2024 - 13:45 Atualizado em 24/06/2024 - 13:48

Quem saberá da vida de JOSÉ PIMENTEL, figura maiúscula dos primórdios de nossa cidade? Poucos nativos, muito poucos.

Nascer, nasceu em Aracruz, ES, em 03.03.1915. Para a historiografia brasileira o ano de 1915 é pleno de significados.

Pimentel nasceu quando morria a guerra do Contestado. A 08.02.1914 em ação conjunta de SC, PR, mais governo federal, chega a Taquaruçu efetivo de 700 soldados, com artilharia e metralhadoras. Eles incendeiam o acampamento dos jagunços, sem ocasionar muitas perdas humanas, uma vez que os caboclos e fiéis da causa do Contestado haviam se refugiado em Caraguatá, de difícil acesso e onde já viviam perto de 20 mil pessoas. Hoje, Taquaruçu está localizado em distrito de Palmas, capital do Tocantins, segundo o  IBGE. Em 2010 contava  4 739 habitantes e um total de 1.597 domicílios particulares.

TAQUARUÇU

Município criado pela lei estadual de Goiás (1º.01.1988), com o nome de Taquarassu do Porto (instalado em 1º.06.1989), pela resolução nº 28, de 29.12.1989, o município passou a pertencer, sob condição de distrito, à cidade de Palmas, criada pelo mesmo decreto. 

Taquaruçu, também conhecido como a região serrana de Palmas, localidade mais alta e fria do município, tem altitude média de 410,9m. O distrito tem diversas cachoeiras, dentre elas Taquaruçu, Roncadeira, Evilson e etc. A região possui belíssimos balneários naturais, destacando-se o vale do Vai Quem Quer. Grande atrativo local é o rapel na Cachoeira do Roncador e a Tirolesa Voo do Pontal. Esta é a maior da região norte e está entre as três maiores tirolesas do Brasil. Extensão de 1300m e altura mais de 200 metros garantem a adrenalina e emoção. Taquaruçu é grande atrativo turístico do Tocantins.

Abriga ecossistemas variados que incluem vegetação rasteira do cerrado, solo seco da caatinga e até árvores gigantes amazônicas com mais de 300 anos de existência.

De março a maio outras expedições foram realizadas, todas sem sucesso. Em 09.03.1914, embaladas pela vitória de Taquaruçu, que tinham destruído completamente, as tropas cercam e atacam Caraguatá, com resultado desastroso, culminando na fuga em pânico dos soldados, perseguidas pelos rebeldes. A nova vitória encheu os contestadores de ânimo. O fato repercute em todo o interior e traz para o reduto maior número de pessoas com interesses afins. Também atinge ao governo e aos órgãos legalmente constituídos.

Mais e mais pessoas se engajavam abertamente ao movimento insurreto, formavam piquetes para arrebanhar animais da região a fim de suprir as necessidades alimentícias do núcleo de Caraguatá. Criam os redutos de Bom Sossego e São Sebastião. Só neste último se aglomeravam cerca de 2 mil pessoas. Além de colocar em prática técnicas de guerrilha para a defesa dos ataques do governo, os "fanáticos" passaram ao contra-ataque.

Em 02/09 lançaram documento intitulado "Manifesto Monarquista", deflagrando, a partir de então, o que chamavam de guerra santa, caracterizada por saques e invasões de propriedades de coronéis e por discurso que exigia pobreza e cobrava exploração ao máximo da República.

Das fazendas dos coronéis tomavam tudo de que precisavam para suprir as necessidades do reduto. Além disso, amparados nas vitórias tidas, atacaram cidades. Em Curitibanos, alvos eram invariavelmente os cartórios, locais onde havia registros das terras que antes a eles pertenciam. Num outro ataque em Calmon, destruíram completamente a segunda serraria da Lumber, uma das empresas estrangeiras que exploravam a madeira da faixa de terra de 30 km (15 de cada lado) às margens da ferrovia.

Com a ordem social cada vez mais caótica na região, o governo central designa o general Carlos Frederico de Mesquita, veterano de Canudos, para comandar ações contra os revolucionários. Tentou, de início, sem êxito, acordo para dispersá-los; a seguir atacou duramente Santo Antônio, obrigando-os a fugir. O reduto de Caraguatá, que antes vira as tropas do governo fugirem perseguidas por revoltosos, teve de ser abandonada às pressas devido a grande epidemia de tifo. Considerando equivocadamente dispersos os revoltosos, o general Mesquita dá a luta por encerrada.

A calmaria logo termina. Rebeldes se reagrupam e organizam-se na localidade de Santa Maria, interior norte do município de Lebon Régis, intensificando os ataques. Tomam e incendeiam a estação de Calmon; dizimam a vila de São João (Matos Costa), atacam Curitibanos e ameaçam Porto União da Vitória, cuja população deixa a cidade.

Os rebeldes já dominam, nesta altura dos acontecimentos, cerca de 250 km² da região do Contestado. O governo federal joga dura cartada: nomeia o general Setembrino de Carvalho para comando das operações contra os contestadores. Ele chega a Curitiba em setembro de 1914, chefiando cerca de 7 mil homens, com ordens de sufocar a rebelião e pacificar a região a qualquer custo. Primeira providência: restabelece as ligações ferroviárias e guarnece-as para evitar ataques. Próximas às ferrovias o exército construiu o Campo da Aviação de Rio Caçador, onde hoje está o município homônimo. Como apoio de operações de guerra, pela primeira vez na história pátria usou-se dois aviões para fins de reconhecimento. Em acidente durante as operações, morre o capitão Ricardo Kirk, primeiro aviador militar do Brasil. Setembrino envia manifesto aos revoltosos garantindo devolução de terras para quem se entregasse pacificamente. Por outro lado, garantia tratamento hostil e severo para quem continuasse em luta contra o governo.

FIM DA PRIMEIRA PARTE

Por Henrique Packter 17/06/2024 - 08:40 Atualizado em 17/06/2024 - 08:45

Manif Zacharias escreveu e lançou, março de 2000,  Criciúma Vultos do Passado e Personalidades Contemporâneas. A certa altura do livro de 576 páginas, disse e com muita razão e propriedade que a vida de uma cidade é a vida de seus habitantes; sua história, a história de seu povo.


Criciúma teve muito disso. Muitas personalidades que alavancaram o crescimento da urbe e seus próprios crescimentos pessoais, não eram daqui. Aparentemente ninguém nascera ou nascia aqui. O prefeito Addo Caldas Faraco era de Petrópolis, RJ; o filho Addo Vânio de Aquino Faraco era de Florianópolis; o médico José De Patta, criador da radiofonia em Criciúma era de Scaléa, Itália; o médico-escritor-radialista-jornalista-político Manif Zacharias era de Curitiba; Tarcísio e Paulo Althoff eram de Santo Amaro da Imperatriz; Hercílio Amante era da Laguna; Antenor e Arnaldo Angeloni são do Turvo; médico José Tarquínio Balsini era de Joinville; engenheiro Mário Balsini era de Blumenau; Wilson Fernandes Lopes Freire Barata era de Belém do Pará; minerador Fidelis Barato era de Jaraguá do Sul; bioquímico José Alfredo Beirão era de Florianópolis; Cel. Pedro Benedet era da aldeia de Conegliano, Treviso, Itália; médico-pediatra David Luiz Boianovski era de Porto Alegre (faleceu em acidente aviatório em 31.10.1996, SP); Carlos Augusto Borba era de São  João do Sul; farmacêutico Luiz Bortoluzzi era de Nova Veneza; engenheiro Ayrton Egídio Mattos Brandão era de Santa Leopoldina, ES; minerador e político Sebastião Netto Campos era de Catalão, Goiás; Fernando Jorge da Cunha Carneiro é de Ara ranguá; Professora Zulcema Póvoas Carneiro era de Florianópolis; enfermeiro do IAPETC Romeu Lopes de Carvalho (o Romeu Penicilina) era de Itajaí; Jorge Cechinel era de Cocal; Euclides de Cerqueira Cintra (1º juiz de Criciúma) era de Florianópolis; Beverly Godoy Costa era de Curitiba; bioquímico e político Walmor Paulo de Lucca era da Içara; médico Sílvio Ferraro era de Urussanga; comerciante Max Finster de Salônica na Grécia; minerador Diomício Freitas era de Pindotiba, Orleans; exceção honrosa: Maximiliano Gaidzinski portentosa carreira industrial com a Cerâmica Eliane Ltda, era de Criciúma; advogado Ernesto Bianchini Góes era da Laguna; médico Dino Gaetano Fermo Gorini era de Pavia, norte da Itália; Realdo Santos Guglielmi e Santos Guglielmi eram da Fumaça; Luiz Fernando da Fonseca Gyrão era de Niterói; Heriberto Hülse era de Tubarão; João Conrado Leal era de São Mateus do Sul, PR; José Adelor Lessa é de Araranguá; Aldo Hercílio da Luz (1º Tabelionato de Notas)era de Florianópolis; prefeito Algemiro Manique Barreto era de São Bento Baixo, município de Nova Veneza; Leandro Martignago era de Urussanga; juiz depois desembargador Francisco May Filho era de Lages; médico Thomaz Reis Mello era de Florianópolis; Moacyr Jardim de Menezes era da Laguna; médico, prefeito e governador de SC Eduardo Pinho Moreira é da Laguna; Abílio Paulo  era de Kfarr-Akka, Líbano; Raimundo Jorge Peres era de Uberaba, MG; Padre Paulo Petruzzelli era de Cassano Murge, Itália; José Pimentel primeiro jornal da cidade, era de Aracruz, ES; Paulo Preis de Canudos, Imaruí SC; Giacomo João Puggina era de Rio Grande, RS; Jorge Zenon Henrique Frydberg era natural de Monpelier , na França, casado com Maria Carmem Carneiro foi pai do engenheiro Jorge Henrique e de Maria Alice. Formou-se em Engenharia Civil na URGS em 1939 e em 1940 já estava em Criciúma. Dedicou-se, com o engenheiro Mário Simões Pena, à indústria extrativa de carvão mineral, criou ainda na década de 40 a Construtora Cresciumense Ltda., mantida por cerca de 30 anos sob sua direção, carregava nos erres enquanto fumava um cigarro após o outro e em razão desta dependência química vem a falecer em 13.09.1972; o líder mineiro Manoel Ribeiro era de Maracajá, SC; advogado Benedito Narciso da Rocha, era de União, Piauí; médico anestesista Everaldo Sabbatini é de Curitiba; médico Olavo de Assis Sartori era de Ubá, MG; Fábio Tomaz da Silva era de Tubarão; Raulino Simon era de XIII de maio; minerador Sebastião Toledo dos Santos era de Paraisópolis, MG; industrial Jorge Zanatta era da Fumaça; fotógrafo Faustino Zappelini era de Azambuja município de Pedras Grandes, e eu, finalmente, sou de Santa Maria, RS.   

Viram?

 

Por Henrique Packter 10/06/2024 - 11:14 Atualizado em 10/06/2024 - 11:15

Superstição e futebol quase sempre andam de braços dados. Os clubes de futebol do RJ não fogem à regra. Durante muitos anos o futebol brasileiro teve dois clubes praticamente imbatíveis: Santos de Pelé e Botafogo de Garrincha e Newton Santos. Em 1958, quando o Brasil conquistou seu primeiro título mundial na Suécia, a seleção contabilizava vários craques do Botafogo e do Santos no time titular. Do Botafogo Newton Santos, Didi, Garrincha e Zagallo. Do Santos, Zito, Pelé.

O Botafogo, do RJ, tinha no seu presidente, Carlito Rocha, não só  seu diretor maior, mas o homem que instituiu o culto à superstição no clube. Basta dizer que o Botafogo tinha um jogo complicado no campeonato carioca. O favoritismo pendia para o adversário. O jogo era em General Severiano, estádio do Botafogo. Carlito tinha um cachorrinho de estimação, o Biriba. Vai daí que na saída dos vestiários para o gramado o cãozinho, sem mais aquela, urina nas chuteiras já calçadas de Newton Santos, talvez o maior lateral esquerdo que o mundo já viu atuar. O Botafogo arrasa com o adversário! Dali para frente, o time do Botafogo não entrava em campo sem que Biriba desse uma urinadinha que fosse na chuteira do craque. span>

OTELO CAÇADOR

De 1953 a 1986 o jornalista e cartunista Otelo Caçador manteve nas páginas do GLOBO a divertida coluna futebolística Penalty. Garrincha era o personagem e astro principal da matéria, sempre correndo à frente dos marcadores, acenando um lenço branco de despedida. Otelo distribuía fartamente entre os times adversários do Botafogo o diploma de sofredor.

A primeira coluna “Penalty de Otelo” é de 04 de setembro de 1953. Em sua estreia, o artista já deixa claras as suas intenções. Mais tarde surgirá o livro negro de Otelo

Otelo Caçador foi jornalista e cartunista brasileiro, falecido em 2006, com 80 anos de idade. São atribuídas a ele as expressões placar moral e manto sagrado (esta última, em relação à camisa do Flamengo, clube do qual ele era torcedor).

Sua coluna ''Penalty'' no jornal O Globo, trazia como subtítulo "pênalti não é coisa que se perca''.

Apesar de rubro-negro declarado, o primeiro desenho (charge) de Otelo Caçador para o extinto Jornal dos Sports em 1947 foi de uma caravela, com o “Almirante” comandando a nau em luta contra Popeye (Flamengo), Pato Donald (Botafogo), o Cartola (Fluminense) e o Diabo Rubro (América), símbolos criados pelo cartunista argentino Lorenzo Molas.

Ocorre, segundo matéria da também extinta 'Manchete Esportiva', que o chargista inseriu no alto de um mastro da caravela um corvo, e que em Portugal o pássaro trazia boa sorte. Coincidência ou não, o Vasco da Gama que ganhara o apelido de 'Expresso da Vitória' por atropelar seus adve rsários, o corvo passou a ser chamado de 'Dom Corvo I e Único'.

A euforia com o novo mascote foi tanta que o clube teve de providenciar a importação de um exemplar original de Corvo vindo diretamente de Portugal. Sua chegada ao Rio de Janeiro teve carreata e visita à redação do Jornal dos Sports e também nos estúdios da Rádio Mayrink Veiga e Clube do Brasil.

O relato de tais fatos constam de matéria datada de 14 de janeiro de 1956 pelo colunista Álvaro do Nascimento, o cascadura, em edição nº 8 da Manchete Esportiva.

Por 33 anos escreveu em O Globo onde assinou a coluna Penalty de Otelo. Ele se in- cumbia de cobrar esses “penalties”. Sempre com muito humor.

O placar moral de Otelo Caçador levantava as maiores discussões no mundo futebolístico. Não tem aquele jogo no qual jogo seu time perde inapelavelmente, digamos de 5 x2? Otelo discordava da notícia e do placar colocando seu palpite:

- 5 x 2 nada!  3 x 2 para nós!

Por Henrique Packter 03/06/2024 - 08:56 Atualizado em 03/06/2024 - 09:13

Nestes muitos anos em que tenho me dedicado a escrever sobre nossos vultos do passado e personalidades contemporâneas, dou a mão à palmatória: há toda uma classe profissional  de grande importância que vem sendo negligenciada por mim: os farmacêuticos (as).

Quem não lembra de Adamastor Martins da Rocha, nascido em 1922, além de farmacêutico era piloto amador e integrou o Aeroclube da cidade. Árbitro de futebol, em Criciúma desde 1937, veio do Alegrete, era entusiasta do escotismo. Ele e a esposa, Ruth Becke da Rocha, trabalharam muitos anos na Drogaria e Farmácia São José.

E do João Balestro, quem ainda lembra? Veio do Guaporé, também lá do Rio Grande e casou aqui com Wolynira Sampaio, filha de Carlos Pinto Sampaio e de Ladislava Angulski Sampaio, a dona Ladi. Trabalhava na Farmácia Sampaio, na praça Nereu Ramos.

Álvaro Pedro da Costa, falecido muito jovem, casado com Zoê, filha de Jorge Cechinel e que tinha farmácia no prédio do sogro, na praça Nereu Ramos. Álvaro era mais conhecido pelo apelido: Bolinha. Este era, também, o apelido da mãe do farmacêutico, artista plástica que exibia com frequência suas obras nos hotéis do Gravatal. Álvaro era de Tubarão e graduou-se em Curitiba.

Já Juca da Içara, nascido em 26/02/1918, era filho de Amaro Mauricio Cardoso, próspero empresário que vivia de comprar farinha de mandioca dos agricultores da região e revender o produto das compras a atacadistas, em geral do centro do país. Juca era proprietário da farmácia São Carlos.  Entre os irmãos que possuía, é de se ressaltar Abílio Cardoso. Autodidata, Abílio sabia muita química e intitulava-se alquimista.

Meu cliente, nas vezes em que o atendi em meu consultório, então no Hospital São José, mostrava-se atilado e inteligente, muito acima da média.

Discutia de tudo, com propriedade.

O OVO APOCALÍPTICO

Dona Antônia, ia diariamente ao galinheiro apanhar os ovos das galinhas, sempre em grande quantidade. Vai daí, certo dia volta ensimesmada da coleta. Um dos ovos estampava uma frase ou quase uma frase: “o mundo durará mais ...”. Dona Antônia, impressionadíssima corre a chamar Juca, o filho mais velho. Corria o ano de 1946, ano caracterizado em Criciúma por não haver transmissão radiofônica, que só chegaria em 17.11.1947 e sem jornal impresso, este só em 02.05.1955, com a Tribuna Criciumense.

Ninguém sabia que coisa era aquela. Padre Boleslau, da paróquia São Donato e até o delegado de Criciúma, foram chamados sem que o mistério se esclarecesse. A falta de uma mídia mesmo incipiente (e insipiente), também dificultava que as gentes se manifestassem. Muita água rolou até que se descobrisse que o autor do trote estava bem ali, era o Abílio!

Por Henrique Packter 27/05/2024 - 08:23 Atualizado em 27/05/2024 - 14:25

Se você fosse acometido de congestão nasal e vivesse na Idade Média seria tratado com fezes de cachorros brancos, folhas de repolho secos ou, na melhor das hipóteses, com extratos vegetais. Médicos chineses foram os primeiros a empregar ervas medicinais que continham efedrina, há 5.000 anos, embora essa substância só viesse a ser conhecida e isolada em 1887.

O Papiro de Edwin-Smith (1900 a.C.) descreve o tratamento usado pelos egípcios nos ferimentos da região temporal sem fraturas: curativo com carne fresca no primeiro dia, seguido de curativos diários com unguentos e mel. Lesões com fratura do osso temporal eram consideradas gravíssimas e incuráveis.

Acreditavam os antigos que o tamanho do nariz era proporcional ao dos órgãos genitais: nariz grande era sinônimo de virilidade. Virgílio, na Eneida, descreve o costume de amputação da pirâmide nasal em homens e mulheres como punição ao crime de adultério. Documentos hindus traduzidos do sânscrito (700 a.C.), descrevem as primeiras tentativas de rotação de retalhos para correção da deformidade da pirâmide nasal nos condenados por adultério.

Hipócrates afirmava nos Aforismos que o surgimento de espirros na mulher em trabalho de parto era um sinal de boa resolução, mesmo em partos difíceis. O Pai da Medicina também foi um estudioso da redução de fraturas e aconselhava os médicos da época a efetuar a redução das fraturas nasais em, no máximo, 24 a 36 horas após o trauma para obter melhores resultados.

Os gregos antigos acreditavam que seres vivos respiram pelas orelhas. O filósofo Anaximenes (580 a.C.) escreveu que o sopro da vida entra pela orelha direita, o sopro da morte pela orelha esquerda.

Aristóteles (384-322 a.C.) foi dos primeiros a afirmar que animais não respiravam através das orelhas. Escreveu n’A História dos animais, sem nunca ter conhecido o senador Calheiros que pessoas com orelhas grandes e salientes têm tendência para conversas sem importância e fofocas.

Na Medicina hebraica as otites eram tratadas com a instilação do caldo de cozimento de rim de cobra no meato acústico externo, de acordo com relatos do Talmude babilônico (325-427 a.C.).

A surdez era tratada com a instilação de urina do próprio paciente nas orelhas durante a Idade Média.

A anatomia dos seios maxilar e frontal já aparecem nos desenhos perfeitos de Leonardo da Vinci (1452-1519).

A primeira laringotomia, precursora da traqueotomia, parece ter sido realizada por Brasavola na Itália, 1545.

O primeiro livro dedicado à descrição das técnicas cirúrgicas para rinoplastia, Tratado sobre a Rinoplastia de Gaspare Tagliacozzi, professor da Universidade de Bolonha, é de 1597. 

Por Henrique Packter 20/05/2024 - 09:31 Atualizado em 20/05/2024 - 11:03

A Fundação Cultural de Criciúma trouxe à cidade no final dos anos 90 o espetáculo Tangos e Tragédias. Um sucesso! Por conta disso houve mais duas exibições do musical no teatro Elias Angeloni de Criciúma. Trata-se da maior sala de espetáculos do sul de SC, com capacidade para 728 pessoas. Sabem vocês quantas cadeira tem o Theatro São Pedro, o mais antigo de POA? 636, gente. Nossa casa de espetáculos localiza-se no Parque Centenário, Centro Cultural Santos Guglielmi, bairro de São Luiz. O grande palco do Teatro Municipal Elias Angeloni apresenta dois andares de plateia e um hall de entrada.

Pois foi neste palco que vi, pela vez primeira, o espetáculo lítero-cultural-musical Tangos & Tragédias no final dos anos 90. Produto da cultura de música gaúcha,  começa quando Hique Gomez e Nico Nicolaiewsky, dois nomes já respeitados no cenário musical gaúcho, década de 1980, resolvem criar show que recuperasse antigos sucessos musicais com a dinâmica de um espetáculo teatral.

Ele estreou no fim de setembro de 1984 no Bar do IAB (Instituto dos Arquitetos do Brasil). A proposta bem- humorada foi aplaudida e garantiu à dupla apresentações por vários outros bares da Capital.  Nico e Hique por muito tempo se divertiram com o título do espetáculo prevendo que, num futuro, próximo, montariam o show Sambas e Comédias.

POA não é só essa desgraceira de enchentes e deslizamentos. Neste ano da graça, como nos outros, entre 9 e 19 de janeiro, de quinta a domingo, às 21 horas, conforme reza a tradição, no Theatro São Pedro, Hique Gomes e Simone Rasslan vão se exibir.  O respeitável público, além de poder adquirir o primeiro tomo do Almanaque Sborniano, poderá ouvir algumas histórias do enigmático violinista-cantor. Outro dia ele explicava:

- Quero lançar um livro por ano até o final dos tempos. Depois disso, lançarei dois livros por ano.

O THEATRO SÃO PEDRO DE POA

De início, o espetáculo era apresentado onde Deus fosse servido, depois passou a ser apresentado em teatros e chegaria a um patamar mais alto quando Tangos & Tragédias se transformou no primeiro espetáculo a ter data cativa no Theatro São Pedro. A partir de 1987, em pleno mês de janeiro, a dupla conseguia com seus delirantes personagens a incrível façanha de lotar todas as sessões em pleno verão gaúcho. E todo o mundo sabe que isso é quase impossível.

Além disso, o que mais aconteceu em 1987?

Em 3.01.1987 o voo Varig 797 cai perto da Costa do Marfim com 50 mortes.

Em Fevereiro, Ulysses Guimarães é eleito presidente da Assembleia Nacional Constituinte.

Em 31 de maio Ayrton Senna vence o GP de Mônaco de Fórmula 1, primeira vitória de piloto brasileiro no Principado de Mônaco.

Em 24 de Junho nasce o futebolista argentino Lionel Messi. Agosto, 17, morre o escritor brasileiro Carlos Drummond de Andrade.

Em 13 de Setembro vem o Acidente do Césio 137 em Goiânia, conhecido como "o maior acidente radiológico do mundo ocorrido fora de unidades nucleares."

Em 1º.11, Nelson Piquet é tricampeão mundial de Fórmula 1. A 9.11  é lançado o Windows 2.x, segundo da série dos famosos sistemas operativos desenvolvidos pela Americana Microsoft.

Nico Nicolaiewski, 09.06.1957, POA- 07.02.2014, 56 anos, POA. Gêneros: Rock gaúcho, pop, tango, música nativista, MPB.

Instrumentos: vocal, piano.

Período em atividade: 1987-2014.

Aprendizagem: musical Saracura, Tangos & Tragédias, Hans-Joachim Koellreuter

Nelson Nicolaiewsky foi músicocompositor e humorista sul-rio-grandense e brasileiro. Era reconhecido pelo personagem "Maestro Pletskaya", do espetáculo "Tangos & Tragédias", apresentado durante 30 anos com Hique Gomez.

Descendente de judeus da Bessarábia, Nico Nicolaiewsky começou a estudar piano clássico aos sete anos de idade, por ordem de sua mãe, e aos 13 anos foi aprovado num teste no Instituto de Belas Artes da Universidade Federal do RS, onde seguiu estudos até os 16 anos.

Musical Saracura

Aos 21 anos,1978, foi um dos fundadores do "Musical Saracura", um dos mais importantes grupos de música urbana do RS, final dos anos 1970 e início dos anos 1980. O Saracura lançou apenas um LP, 1982.

Tangos & Tragédias

Em 1984, criou com Hique Gomez, a comédia musical Tangos & Tragédias, espetáculo que marcaria de maneira indelével sua carreira, ligando-o ao Maestro Pletskaya  tornando-o um fenômeno de público, principalmente no RS, trazendo ao músico reconhecimento nacional. Ainda em 1984 Nico vai para o RJ, onde mora durante 10 anos para estudar com o eminente maestro Hans-Joachim Koellreuter. Neste período, em 1993, nasce sua filha, Nina Nicolaiewsky.

Em 1987, iniciaram apresentações no que seria a "segunda casa" de Nico, o palco do Theatro São Pedro.

Volta ao RS e carreira solo

Retornando ao RS, lançou dois discos solo: Nico Nicolaiewsky (1996) e As Sete Caras da Verdade (2002). O primeiro contém valsas e canções líricas, virando trilha do filme Amores, de Domingos de Oliveira. O segundo é ópera-cômica, Nico interpretando o vilão Rodolfo.

Em 2007, Nico Nicolaiewsky lançou seu terceiro disco, intitulado Onde Está o Amor? que, diferente dos anteriores, contém músicas de caráter mais pop, disco foi produzido por John Ulhoa, guitarrista da banda Pato Fu.

Em 2013, montou o espetáculo "Música de Camelô", onde cantava sozinho ao piano, canções "super populares" segundo suas próprias palavras. O repertório incluía músicas desde "Ai Se Eu Te Pego", de Michel Teló, e "Tô Nem Aí", da cantora Luka, até a música do desenho animado japonês Pokémon e "Tchê Tchê Rerê" do cantor Gusttavo Lima, sugestões de sua filha Nina, que eram executadas com arranjos surpreendentes, bastante diferentes dos originais. Em entrevista ao site Filtro Cultural, Nico comentou o espetáculo: “preconceitos existem e é delicioso ver alguém se espantar no meio de uma canção ao se dar conta de que está gostando de uma música que julgava odiar”.

Últimos dias e legado

Às vésperas de comemorar 30 anos do espetáculo Tangos & Tragédias, Nico recebeu o diagnóstico de leucemia mieloide aguda (LMA) e foi internado às pressas, no dia 23.1, no Hospital Moinhos de Vento, em POA. O tratamento, no entanto, não foi suficiente para retardar o avanço da doença e ele morreu na madrugada do dia 7.2.2014, aos 56 anos.

O velório foi realizado no Theatro São Pedro, lugar simbólico na vida do músico. Desde 1987, o musical Tangos & Tragédias era apresentado todo verão no local, com ingressos sempre esgotados.

Ao recordar um show do Musical Saracura que havia assistido, o jornalista e crítico de arte gaúcho Renato Mendonça descreveu as qualidades que iriam permear a obra de Nico Nicolaiewsky:

"O quarteto entrou em cena contido e silencioso, perfilou-se em frente ao palco e cantou à capela (sem acompanhamento musical) uma canção quase desconhecida. Calou o público. Incendiando-o por dentro. A lembrança serve para evocar aquelas que considero as qualidades fundamentais de Nico Nicolaiewsky: o poder e a coragem de surpreender, a determinação de indeterminar quaisquer fronteiras artísticas."[


A MORTE DE NICO

A surpreendente e precoce morte de Nico, no começo de 2014, muda tudo. "Aprendi muita coisa com o Nico. Um artista original, com uma visão de arte bem definida. Juntos, conhecemos alguns dos principais artistas brasileiros de quem já éramos fãs, de Hermeto Pascoal a Rita Lee, além de Millôr Fernandes, Luis Fernando Verissimo e Moacyr Scliar."

A originalidade de Tangos & Tragédias residia em ser espetáculo musical que reunia acordeonista e um violinista que lidavam bem com situações de comédia e com elementos teatrais. O show conseguia dar tratamento criativo e original a um repertório antigo, ultrapassado, decadente até. Tangos & Tragédias pôde ser adaptado para pequenas salas com poucas dezenas de espectadores e também para imensos espaços ao ar livre - a dupla chegou a atuar para mais de 15 mil pessoas.

Sem Nico, Hique foi em busca de novos caminhos. Com Simone Rasslan, ele idealizou A Sbørnia Kontr'Atacka, evolução natural do trabalho desenvolvido no tempo do Tangos & Tragédias.

SIMONE RASSLAN, MATOGROSSENSE

Vive em POA desde 1988. Pianista, cantora e compositora, uma das criadoras do espetáculo Rádio Esmeralda, em cartaz durante 9 anos. O acaso trágico aproximou Simone de Hique. Como ele, ela também perdera sua parceira, Adriana Marques, com quem criara a Rádio Esmeralda. As duas tinham inclusive participado de Tangos & Tragédias.

Assim, A Sbørnia Køntr'Atacka é uma continuação e, ao mesmo tempo, algo totalmente diferente. O ambiente é o mesmo, legítima sequência da saga sborniana, incluindo citações e imagens do Maestro Pletskaya. Algumas peças do Tangos & Tragédias permanecem, como A trágica paixão de Marcelo por Roberta, com novos efeitos, incluindo trovões. E tem também Ana Cristina, com a participação do seu autor, Claudio Levitan, o professor Kanflutz, presente desde o início do projeto.

Levitan considera que "Hique Gomez se aprofunda em tudo o que faz, se exige e exige do grupo. É gentil, empático, afetuoso, um ser humano em maiúsculas, genial em todos os seus detalhes. É pensador lunático, daqueles que estão acima e à frente. Multifacetado, nada ingênuo, revolucionário na busca da nova era, um poeta movedor de montanhas”.

Kraunus agora contracena com Nabiha. "Simone é uma grande artista e já era escolada nesse tipo de performance de música e humor", explica Hique. Diz mais: "Na época da Rádio Esmeralda derramei lágrimas de emoção vendo e ouvindo a harmonia entre as duas artistas. E agora experimento esta química diretamente com ela no palco. O público reconhece nela uma autêntica personagem sborniana. É pessoa com o senso da construção diária que o nosso projeto exige, preenchendo o projeto com as melhores qualidades".

Simone devolve os elogios: "Hique Gomez é um dos poucos artistas completos. Compõe bem, canta bem, toca bem muitos instrumentos, é arranjador, ator, dramaturgo, diretor. Além disso, faz tudo parecer fácil! Suspeito que ele só consegue tal façanha porque faz cada uma dessas coisas como uma tarefa sagrada. Dedica-se integralmente: corpo, mente, alma!".

Hique Gomez é filho do meio-campista Leo, ex-jogador do Renner, time campeão gaúcho de futebol de 1954. O time entrava regularmente em campo com a seguinte formação:  Valdir de Moraes (depois goleiro do Palmeiras de SP), Bonzo, Ênio Rodrigues (depois jogador do Grêmio), Orlando (Olavo) e Paulistinha (da seleção gaúcha representando o Brasil no México e sendo campeão panamericano); Leo e Ênio Andrade (este, depois, técnico brasileiro campeão pelo Coritiba) ; Pedrinho, Breno Melo (depois ator de cinema fazendo Orfeu do Carnaval com música de Vinicius e Moraes), Juarez e Joecy.

CURTA HISTÓRIA DE HIQUE

Nascido em POA, março de 1959, iniciou-se na música aos 11 anos, quando teve as primeiras aulas de violão. Residiu em Giruá, Soledade e Passo Fundo, decidindo seguir a carreira de músico influenciado por Rita Lee. Tocou bateria na banda Filtrasom (Soledade).

Logo depois, Hique entrou na Faculdade de Filosofia, mas saiu já no segundo ano (“ por bom comportamento”)para servir o Exército. Na sequência, casou-se com Heloiza e teve a primeira e única filha, Clara. "Aí encontrei trabalho na noite. O primeiro na Cantina Itália, meu único trabalho com carteira assinada até hoje, com a Norminha, excelente violonista. Fizemos dupla por quase 2 anos, tocando ali todos os dias. Pitorescos, na cantina circulávamos, tocando nas mesas chorinhos, cançonetas italianas e tarantelas, ganhando gorjetas."

Hique diz que foi a vida noturna que lhe deu desenvolvimento e traquejo musical "Trata-se de uma escola. A gente aprende muito com outros músicos." Em 1981, formou dupla com Sá Brito. "Era experiente e havia chegado da França, onde morara alguns anos. Foi a primeira vez que ganhei algum dinheiro com minhas composições", recorda.

Por essa época Hique começou a pensar numa carreira musical mais intensa. Desse período, a principal influência foi a música de Frank Zappa, em especial o álbum Studio Tan. "Escuto este disco até hoje."

Além da parceria com Nico Nicolaiewsky, iniciada em 1984, Hique sempre manteve projetos musicais paralelos. Foi aluno de violino do maestro Fredi Gerling a partir dos 20 anos de idade e, em 1985, atuou na peça infantil As aventuras de Mime Apestovich do início ao meio, em que também compôs a trilha sonora. Em 1994, criou o espetáculo O Teatro do Disco Solar, e, logo depois, realizou concertos com a Banda Municipal de POA e com outras orquestras como solista, inclusive com a participação de seu personagem Laszlo, o Homem-Banda.

Ampliando sua área de interesse, Hique, em 2002, participou de A festa de Margarette, longa-metragem mudo e em preto e branco, no qual ele foi protagonista, além do responsável pela trilha sonora. Sobre esta fase, avalia: "Até então minha maior experiência no cinema sempre era na poltrona. Porém, a atmosfera que foi se criando no set de filmagem estabeleceu uma cumplicidade entre todos, que transparece no resultado do trabalho. Escolha adequada do elenco e eu como protagonista encontrei parceria e cumplicidade em todas as sequências, em especial com Ilana Kaplan, parceira extraordinária".

Voltando à música, Hique acredita que a arte oferece padrões de criatividade a serem aplicados na vida prática. "Se tu reconheces o estilo de Prokofiev por exemplo, tu sabes de que tipo de ousadia ele foi capaz. Se você escutou suficientemente a Sagração da Primavera, tu sabes do que Stravinsky foi capaz."

E hoje, o que o inspira musicalmente? "O Vitor Ramil é um amigo inspirador. Tom Jobim, Milton Nascimento, Prokofiev, Astor Piazzolla, Ravel, Tom Waits, Rita Lee, Frank Zappa, Pixinguinha, Nico Nicolaiewsky. Todos pela ousadia e claro pela originalidade, cada um em sua área."

Fora do palco é marido, pai e avô dedicado

Casado desde 1978 com a fotógrafa e designer de luz Heloiza Averbuck, pai da escritora Clara Averbuck e avô de Catarina, 16 anos, Hique define Heloiza como sendo sua quarta esposa. "Mas também é a terceira, a segunda e a primeira. Estamos juntos há mais de 40 anos. Ela é uma pessoa absolutamente sincronizada com tudo que faço, compartilhamos todos os estudos. Sempre complementamos as buscas um do outro", elogia.

Fora do palco, Hique está sempre ligado,100% conectado com Marilourdes Franarim, sua produtora há 30 anos. Ele sempre quer saber os detalhes de onde será o próximo show, como estão sendo articulados as temporadas, a divulgação, os patrocínios... "Os mistérios da vida colocaram no meu caminho essa pessoa tão criativa, mas tão criativa que não me deixa ficar quieta. E isso não é uma queixa: é um privilégio. Conviver com o Hique Gomez é ser desafiada e surpreendida”. Completa: "Hique é generoso, amoroso, bem-humorado e faz disso a sua forma de trabalho. Ele costuma dizer que, como diretor, vê sempre as melhores qualidades de cada um. E assim vem explorando o melhor de mim por 33 anos e eu saboreando toda essa magia".

ERECHIM, EM LIVRO INÉDITO

"Erechim. Não lembro o ano, mas lembro que estava 4 graus. Normal para o inverno da região. Estávamos no teatro da cidade com Tangos & Tragédias. Até que, depois da entrada do público no teatro, Marilourdes veio ao camarim e disse: 'o Hermeto Pascoal está aí'. Rimos! Pensei que fosse piada. Seria mais provável uma nave alienígena pousar em Erechim do que o Hermeto aparecer. Mas ela disse que era verdade. Pensei que deveria ser alguém parecido. Velho, albino, de barba comprida. Fui por trás da cortina e coloquei um olho pra ver a plateia, e lá estava ele! Erechim, com 4 graus centígrados e Hermeto Pascoal esperando para ver Tangos e Tragédias. Entramos e fizemos o show 'normal', eu totalmente desconcentrado, pensando no que ele iria achar do nosso trabalho. Entendam que quando se fala de Hermeto, a gente está acostumado com aquela figura curiosa que se vê pela televisão. Mas para mim é o cara de quem Miles Davis roubou uma música. É o cara que ultrapassou todos os limites em termos de criatividade musical e que havia elevado a música brasileira ao máximo da sofisticação e que criou um estilo internacionalmente reconhecido. Um dos seres humanos mais inspirados que eu havia escutado. Eu tinha os discos. Tirava as músicas dele, sabia das histórias através da mitologia que ele havia criado no meio musical.

Acima de tudo, ele também era engraçado, uma espécie de clown-músico. Completamente maluco, mas gênio musical. Uma espécie de Duende-Gênio-da-Música do Nordeste brasileiro. Um cara admirado em todo o planeta. O tipo de pessoa capaz de colocar o seu país inteiro numa categoria superior de possibilidades criativas, porque o que ele faz é música brasileira! Hermeto é o arco-íris da música universal. Não tem o mesmo status de um Villa-Lobos, porque com sua grande habilidade com os instrumentos, se voltou para o jazz e para música de improviso. Mas em vários aspectos superou Villa, o maior representante da música de concertos do Brasil. Conhecido por suas excentricidades, como tocar chaleira soprando no bico ou por ter pedido dois porcos, um grave e um agudo ao americano que produziu um de seus álbuns mais criativos, uma de suas obras-primas, o Slave Mass, quem conhece sua obra, sabe que suas invenções musicais são mais relativas a inventividade de um Frank Zappa que era outro clown-músico. A esposa de Hermeto na época, Aline, que fazia parte de sua banda, era de Erechim e eles tinham vindo visitar a família dela. Quase no final do show Nico falou: 'Hermeto vamos fazer um som!'. Ele hesitou meio segundo, levantou e veio para o palco! Sentou-se no piano e estávamos tocando O Trenzinho do Caipira. Começou a fazer uns clusters e foi aumentando a velocidade da música e passou para um ritmo russo. Ele sugeria um czardas e fomos na onda dele. No final nos abraçamos e ele disse que eu tocava bem, foi generoso. Depois veio a TV de Erechim e fez uma matéria com ele onde ele disse que havia gostado muito do show, que tinha achado muito criativo e acima de tudo 'brasileiro'! Achei o máximo isso, quando muita gente nos achava meio argentinos. Ele sacou a brincadeira que fazíamos com o estilo tangueiro, que no Brasil é um pouco demodê. Hoje eu fico pensando que se isso aconteceu de fato diante de uma plateia de umas 500 pessoas, então, certamente não vai causar lá grandes surpresas o fato de Erechim esconder uma base alienígena!"

 (Baseado em artigo colhido no GOOGLE)

Por Henrique Packter 13/05/2024 - 10:41 Atualizado em 13/05/2024 - 10:44

Era como um relógio: de tempos em tempos uma onda de paratifo assolava a pequena cidade, mais conhecida pelas comunicações ferroviárias e pelas unidades do exército brasileiro estacionadas em nosso território.

A ruela Dona Luíza em que morávamos tinha apenas uma casa de comércio: a pequena padaria de meu pai que vendia sua modesta produção no local (minha mãe no balcão) e numa velha carroça cuja força motriz era de 01 (um) cavalo, alimentado pela grama dos fundos da nossa casa e restos de comida. Ali, naquela casa, nascemos e fomos criados os três filhos de Geni e Bernardo Packter.

Vem mais uma epidemia quando eu contava pouco mais de 3 anos de idade. Na época era filho único após o primogênito recém-nascido ter falecido logo após nascer. Com a doença, as crianças somem da rua e somente uma que outra mãe falava em surdina do assunto. Uma a uma vão morrendo as crianças até não restar mais do que eu e Walter Goetz, filho do alfaiate da esquina  e depois médico anestesista em Ponta Grossa.

A doença teimava em não extinguir-se entre nós dois. Naquela época o pediatra atendia a domicílio. Vinha um e determinava: esse menino precisa de banhos frios, está ardendo em febre!

Piorando a situação com os banhos frios em pleno inverno, minha mãe corria atrás de outro pediatra. Era ele vir e comandar:

- Quem foi o idiota que mandou dar banhos frios no molequinho? Assim, estão apressando sua morte por pneumonia! O banho tem de ser quente!

Com o banho quente a temperatura se elevava e lá vinha mais outro doutor pediatra.

Já com o paratifo mais a pneumonia profetizada pelo assistente anterior, a situação que já era ruim, deteriorou-se de vez e eu me acostumei com as romarias de comadres e vizinhas que vinham para colocar velas na minha mão.

Foi quando minha mão bradou:

- Chega de banho! Daqui para frente é comigo!

Terminavam os banhos, foram-se as doenças. Dois ou três meses depois, ficamos eu e Walter Goetz curados, graças à providência de abolir os banhos durante a doença. Passei a alimentar-me e em dois tempos estava saudável como antes.

Minhas lembranças da doença resumem-se hoje em apanhar o sol das manhãs (rarefeito e economizado), sentado na soleira da porta da padaria, cabelo muito comprido, esquálido, amarelado, muito magro, a observar a rua, agora deserta de crianças.

TIA BELA

Era uma das irmãs de minha mãe. Gordinha, baixinha, sempre risonha, quando nos visitava (morava em Carazinho), fumava um cigarro acendendo-o no couto do outro. Cigarro numa das mãos e cinzeiro na outra que era para não sujar o imaculado assoalho de nossa casa. Tia Bela era apontada pela família como a pessoa responsável pelo aprendizado de palavrões que, ainda pequenos disparávamos, quase nunca sabendo o que significavam. Minha tia Fanny que residia em Passo Fundo, incomodada com a situação e já mãe de dois filhos praguejadores, decide acabar com a história. Grávida, esperava o terceiro filho e jurava que tia Bela não chegaria nem perto da criança por vir. Se assim disse, melhor fez. O menino, hoje oftalmologista em Campinas e tendo trabalhado em Criciúma nos anos 70 em minha clínica oftalmológica no Hospi tal São José, era vigiado 24 horas por dia para impedir qualquer aproximação de tia Bela relativamente ao menino.

O problema maior, no entanto, era que o pequeno Davizinho recusava-se a falar. Já estava com mais de 3 anos o pequeno e ainda ninguém ouvira uma sílaba de seus lábios. Desesperavam-se os pais na faina de produzir uma palavrinha que fosse vinda do petiz.

Passaram a procurar médicos e até (cruzes!), benzedeiras e nada!

Tia Fanny, a conselho de afamada benzedeira, toda manhã sentava a criança em sua escrivaninha ficando ambos face contra face, e, durante o que parecia uma eternidade, pedia:

- Vai! Diz mamãe... Diz papai! Anda! Diz qualquer coisa... O menino mudo com os lábios cerrados parecia divertir-se com a situação. Até que um dia, tia Fanny pressentiu que algo ia acontecer. Após os pedidos costumeiros notou ela que os lábios da criança se entreabriam... Havia um brilho maroto em seus olhos e afinal ele profere a primeira palavra:

- Puta!

Por Henrique Packter 06/05/2024 - 09:42 Atualizado em 06/05/2024 - 09:42

Quem ainda  lembra dos acontecimentos mais importantes de 1968? Se você nasceu naquele ano, hoje tem 56 anos de idade, justo quando eu já exercia a especialidade médica de oftalmologia em Criciúma fazia quase uma década. Foi o ano em que o governo militar, que detinha as rédeas do poder no país, decretou o AI-5, o presidente governando por decreto. Nesse ano começaram as cassações políticas no Brasil. Também passava a ser permitido que o presidente interviesse nos Estados e municípios, demitindo ou nomeando servidor público para cargo que bem entendesse. Como se recorda, logo após assinar o AI-5, o general-presidente Artur da Costa e Silva sofreu um AVC. No terreno político ficava suspenso o direito de habeas-corpus para acusados de crimes políticos. O JORNAL DA MANHÃ do dia 14.12.1968 trazia a seguinte previsão meteorológica: “Tempo negro. Temperatura sufocante em Brasília. O país está sendo varrido por fortes ventos”.

5ª JORNADA da ASSOCIAÇÃO CATARINENSE DE MEDICINA e 1ª DA ZONA CARBONÍFERA OCORRIDA EM 1968 NA CIDADE DE CRICIÚMA

De 27 a 30.11.1968, Criciúma organizou e sediou essas Jornadas por indicação da ASSOCIAÇÃO CATARINENSE DE MEDICINA.

Na ocasião eu era presidente da Regional Médica da Zona Carbonífera da Associação Catarinense de Medicina e presidi as Jornadas Médicas. Por um período relativamente curto, havíamos alugado apartamento no Edifício Zappelini, Praça Nereu Ramos, 1º andar. O programa da Jornada advertia que era ali que as inscrições deveriam ser feitas.

A 03.10.1968 foi morto o estudante secundarista José Guimarães de 20 anos de idade, em SP. Os confrontos verificados, represália ao assassinato, culminaram com o incêndio do prédio da Faculdade de Filosofia da USP. Foram 2 dias de grandes distúrbios nas ruas de SP entre estudantes de esquerda da Filosofia e alunos anticomunistas da Universidade Mackenzie, da Rua Maria Antonieta, centro de SP.

Vivemos uma dieta de democracia, dizia o jornalista e ex-governador da Guanabara, Carlos Lacerda, vulgo, Corvo.

A PRIMAVERA DE PRAGA

A 20.08.1968 tanques e tropas da URSS, Polonia, Hungria, Bulgária, e Alemanha Oriental invadiram Praga. A Romenia recusou-se a participar. Centenas de blindados do Pacto de Varsóvia, comandados pelo gal. Ivan Pavlovski, invadiram Praga cuja população enfrentou as forças estrangeiras com o que tinha às mãos: pedras, paus, restos de construções civis, acessórios automobilísticos e outros.

A PROGRAMAÇÃO DA 1ª JORNADA MÉDICA DA ZONA CARBONÍFERA  

Livreto com a programação das JORNADAS MÉDICAS em Criciúma de 1968 e distribuído para os jornadeiros, tinha página com mensagem da Comissão Central: “Ao esforço que você despendeu para nos dar a satisfação de tê-lo conosco, tentamos corresponder com o que de melhor possuímos para que sua participação nas jornadas transcorresse feliz. Esperamos que compreenda a natureza de nossas limitações e receba as manifestações de nossa integral simpatia”).

Foi Patrono da Jornada Médica o governador IVO SILVEIRA e homenageados de honra RUY HÜLSE (prefeito de Criciúma), ANTÔNIO  MUNIZ ARAGÃO (Secretário da Saúde e Assistência Social) e LUIZ CARLOS GAYOTTO (presidente da Associação Catarinense de Medicina).

A Jornada prestou homenagens póstumas a JOSÉ TARQUÍNIO BALSINI (“o primeiro pelo caminho”), JOSÉ DE PATTA e JOÃO BATISTA VERAS (“colegas que já estiveram ao nosso lado”). A Comissão Central estava assim constituída:

Henrique Packter (presidente)

Valdir de Luca  (vice-presidente)

David Luiz Boianovski  (Secretário)

Luiz Fernando da Fonseca Gyrão   (Depto. Científico)

Raimundo Jorge Perez  (Finanças)

Thomaz Reis Mello e Luiz Eduardo dos Santos  (Recepção e Hospedagem)

Oscar de Aragão Paz  (segmento social das Jornadas).

Em 1º de maio de 2024 sou sobrevivente único desta Comissão Central.

Dia 27 de novembro de 1968, quarta-feira, às 20 horas, no Ginásio Madre Teresa Michel foi instalada Mesa Diretora pelo presidente das Jornadas, Dr. Henrique Packter. Coube ao Dr. David Luiz Boianovski saudar, a seguir, os jornadeiros. O Dr. IVO SILVEIRA, governador do Estado e o prefeito de Criciúma fizeram uso da palavra. Discursou, também, o Dr. Luiz Carlos C. Gayotto, presidente da ACM, às 21 horas sobre “A ACM e os problemas Médico-Assistenciais do Estado”. A sessão foi encerrada pelo presidente das Jornadas sendo oferecido um coquetel, na sequência, pelo prefeito de Criciúma aos presentes. 

 

Na quinta-feira, 28.11, às 8,30 horas começa efetivamente a Jornada com ATUALIZAÇÃO: CONVULSÕES.

Mas, a grande estrela da Jornada foi SILVANO RAIA (Silvano Mário Atíllio Raia, SP), médico-cirurgião brasileiro, membro da Academia Nacional de Medicina (ANM), doutor pela Universidade de Londres e professor da Faculdade de Medicina da USP, instituição da qual foi diretor de 1982 a 1986. Também foi Secretário da Saúde da Prefeitura de SP entre 1993 e 1995.

Foi o primeiro cirurgião na América Latina a realizar transplante de fígado (1985, Hospital das Clínicas de SP) e foi, também, primeiro no mundo a realizar o mesmo transplante intervivos, em 1988. Sua metodologia contribuiu para a ampliação de transplantes de fígado para crianças.

Trabalhou com a Prof. Mayana Zatz, coordenadora de projeto de xenotransplante suíno de rim no Brasil. Ela objetivava criar suínos geneticamente modificados para que seus órgãos pudessem ser transplantados para seres humanos sem rejeição. Visava diminuir as listas de espera de transplantes de órgãos em humanos.

COMEÇA EFETIVAMENTE A PARTE MÉDICA DAS JORNADAS

5ª feira, 8,30 horas, sobre CONVULSÕES atuaram Paulo Sá (de Florianópolis, falando sobre Aspectos Gerais, Álvaro José Oliveira (também de Florianópolis) sobre Convulsões na Infância e Nelson Venturela Aspesi discorrendo sobre Terapêutica dos Estados Convulsivos (POA – URGS). No Simpósio sobre antibióticos, às 10 horas, atuaram Portiuncola Caesar Augustus Gorini (Criciúma), Newton Neves da Silva (URGS,.POA, Laboratório e Antibióticos), Carlos Grossman (Indicação e Emprego de Antibióticos – URGS, POA) e Waldomiro Dantas (Iatrogênese e Antibióticos (Florianópolis).

5ª feira à tarde, simposiarca Nilton Marques da Silva (São Francisco do Sul/SC), J.R.P. Castro (Criciúma) falou sobre Fisiopatologia do choque, João Alceu Titton (Curitiba) sobre choque endotóxico, Roberto Buechele (Blumenau/SC) sobre choque central e João Augusto Saraiva (Florianópolis) sobre choque hipovolêmico.

Às 16 horas no Simpósio sobre abdome agudo atuaram Roldão Consoni (simposiarca, Florianópolis), Valdir de Luca (Criciúma), Radiologia no Abdome Agudo, Murilo Capella (Florianópolis), Abdome Agudo na infância e Luiz Fernando da Fonseca Gyrão (Criciúma, Abdome Agudo no adulto).

Às 17 horas eram os Temas Livres.

Na parte social, 5ª feira, às 16 horas no clube Mampituba da Pça. Nereu Ramos houve chá com desfile de modas e às 19 horas exposição do pintor Willy Zumblick no Salão Gaidzinski da Loja Chevrolet. Às 19 horas o Jornalista gaúcho Sérgio Jockyman e equipe apresentaram A Malcriação do Mundo no Cine Ópera.

 

QUEM FOI SÉRGIO JOCKYMAN

“Te deseo primero que ames y que amando También seas amado. Y que, de ser así, seas breve en olvidar y que Después de olvidar, no guardes rencores. Deseo, pues, que no sea así, pero que si es, sepas ser sin desesperar”.

Na peça de teatro A MALCRIAÇÃO DO MUNDO, apresentada no Cine Ópera, entre outros assuntos, Jockyman falava sobre Superstição e Futebol. Tratava de jovem advogado vivendo em POA desde antes da Copa do Mundo de Futebol de 1958, quando a seleção brasileira com Pelé foi campeã do mundo pela vez primeira.

Muito nervoso, com a lembrança de nossas derrotas em copas anteriores, prepara-se para ouvir, no radinho de pilha (TV ainda não transmitia ao vivo tais espetáculos), a estreia da seleção canarinho na Suécia. Foi ao banheiro e resolve tomar banho de banheira com água aquecida. Adormece e quando acorda fica sabendo que o Brasil ganhara da Áustria.  Em 11 de junho nosso herói prepara-se para ouvir a batalha contra a Inglaterra, solidamente instalado em seu escritório, bebericando cafezinhos. A partida termina em 0x0!

O que é que faltou, perguntava-se. Decide que tinha sido o banho de banheira. Já em 15 de junho contra a URSS está na sua banheira com bandeirinhas, radinho, acepipes, jornais e tudo o mais que fazem o conforto de um apaixonado pelo futebol. Foi um passeio só até a grandiosa final em 29 de junho contra a Suécia.

Em 1962 prepara seu banheiro para ouvir no radinho de pilha a Copa do Mundo no Chile. O banheiro, diga-se de passagem, era um luxo. Tinha geladeira e cervejas, copos gelados, tira-gostos mis, ar-condicionado, jornais e revistas, saídas de banho, rojões e isqueiros na janelinha, chinelas, aromatizadores, livros com palavras cruzadas, toalhas bem felpudas...

A copa começa para o Brasil em 30 de maio com nossa vitória por 2x0 contra o México com a água da banheira pouco menos que morna. No dia 2 de junho era a partida contra os tchecos. Neste dia, um imprevisto no escritório prendeu-o até tarde. Resultado: empate! Já no jogo seguinte, 2x1 contra a Espanha se não é o gênio de Garrincha (Pelé contundido foi substituído por Amarildo, o possesso), teríamos perdido a Copa. A falta de um bloco de anotações e de telefone colocado fora do alcance do torcedor-banhista, quase entornam nosso caldo naquele penalty de Nilton Santos, felizmente não marcado, quando nosso supersticioso personagem teve de abandonar a banheira, momentaneamente.

Lembrou mentalmente de corrigir aquelas lacunas para a copa de 1966 na Inglaterra que, em 10 de junho de 1962, perdeu para nós por 3x1 com sensacional banho de banheira de espuma e tudo mais.

E em 1966? Alguns falsos amigos conseguem convencê-lo a deixar tolas superstições toldarem seu espírito de grande jurista, de homem culto e inteligência superior. Deixou-se levar por estas críticas e loas, e deu no que deu. Nossa seleção, sem Pelé, contundido por diabólica e desleal marcação lusitana comandada por técnico brasileiro, cujo nome me recuso a proferir, viu Pelé ser carregado para fora de campo. Na época era proibida a substituição de jogadores.

Mas, a Copa do Mundo de 70 estava vindo e nosso incansável torcedor já prepara a melhor bandeira jamais produzida no mundo!

SÉRGIO JOCKYMAN   

Foi figura muito popular pelo seu trabalho na televisão como noticiarista e político. Nasceu em  Palmeira das Missões  e faleceu em  Campinas, SP. Foi jornalistaromancistapoeta e dramaturgo,  conhecido por seu trabalho na comunicação e no RS e pelos trabalhos no teatro e televisão.

Deputado estadual do RS (1991 -1995), ainda criança vai morar em Cruz Alta. Seu pai, Jorge, era engenheiro agrônomo e farmacêutico, e a mãe, professora primária. Quando criança, teve o gosto pela literatura despertado ao frequentar a biblioteca pública de Cruz Alta, mas era reprimido pelo pai, que o punia por ler livros considerados pornográficos. Na adolescência, vem morar em POA, onde estuda no Colégio Estadual Júlio de Castilhos. Não chegou a completar o ensino médio.

Foi casado com Iarema Coelho e, mais tarde, com Simone Jockymann. Teve seis filhos.

Jornalista desde os 19 anos, iniciou carreira na Rádio Difusora de POA como locutor e redator em 1949, passando a trabalhar na Rádio Farroupilha. Também trabalhou no Diário de Notícias e no semanário Hoje. Por ocasião da morte do então presidente Getúlio Vargas, publicou o artigo "Há um homem pelas ruas". Em 1955 encenou sua primeira peça: Caim. Também em 1955, concorre a vereador de POA pelo PSB e perde, obtendo apenas 99 votos.

Em 1957, então redator e produtor da Rádio Guaíba, chegou a produzir cinco programas ao mesmo tempo. Reproduziu a experiência de Orson Welles (1938)), que recriou a situação de "A Guerra dos Mundos". Publica seu primeiro livro em 1958Poemas em negro, editado pelo Instituto Estadual do Livro.

Sua peça de maior sucesso foi encenada em 1961Boa tarde, excelência. Voltou a trabalhar na Rádio Farroupilha em 1963, assumindo como diretor artístico da emissora. Também trabalhou na Rádio Gaúcha. Nos anos 1960, assinou colunas nos jornais Zero Hora e Diário de Notícias.

A partir de 1969, começou a trabalhar na Companhia Jornalística Caldas Júnior, escrevendo colunas para a Folha da Manhã e Folha da Tarde. Também passou a apresentar comentário diário na Rádio Guaíba com trilha característica: "Rossana", do filme Os sete homens de ouro. É de 1969 sua primeira novela para a TV, Nenhum Homem é Deus.

Em 1972, ajudou a criar o Jornal do Almoço da RBS TV, do qual também participou. Em 1975, foi um dos criadores do Portovisão, do qual seria um dos primeiros apresentadores ao lado de Tânia Carvalho e José Fogaça. Também em 1975, escreveu seu maior sucesso para a TV, O Machão, novela exibida pela Rede Tupi. Em 1978, transferiu-se para a TV Piratini, apresentando o programa Meio-Dia com participação de Luis Fernando VerissimoJosué Guimarães e Simone Jockymann.

Em dezembro de 1979, passou a trabalhar na TV Guaíba, fazendo o comentário final do programa Guaíba ao Vivo. Em 1980, sua peça teatral Spiros Stragos, escrita em 1977, foi publicada pelo Serviço Nacional de Teatro, ligado ao Ministério da Educação e Cultura, e obteve o 2º lugar no IX Congresso Nacional de Dramaturgia.

Em 1981 passa a publicar o folhetim Clô Dias e Noites, na Folha da Tarde, com sucesso. No ano seguinte, o folhetim foi editado em livro pela L&PM Editores. Em 1984, foi ao ar seu último trabalho na TV, o seriado Casal 80. Também em 1984, deixa de publicar crônicas na Folha da Tarde com o encerramento da publicação. Em 1985 assume a direção geral da TV Guaíba. Nos meses em que Jockymann dirigiu a emissora, escreveu os programas Aqui e Agora e A Hora e A Vez do Rio Grande.

Em 1986, deixou a TV Guaíba e a Companhia Jornalística Caldas Júnior e criou seu próprio jornal, o semanário RS - O Jornal da Semana, que mais tarde seria conhecido como RS - O Jornal do Jockymann. No veículo, o destaque foi a cobertura do assassinato do jornalista e deputado estadual gaúcho José Antônio Daudt. Em geral, as matérias apresentavam hipóteses diferentes das aceitas pela Polícia Civil e Ministério Público para o caso. O trabalho rendeu-lhe cartas ameaçadoras. Algumas delas, Jockymann chegou a publicar no próprio jornal. O RS seria editado até 1993.

Entre o fim dos anos 1980 e o começo dos anos 1990, Jockymann trabalhou nas Rádio Pampa e Bandeirantes.

Nas eleições de 1988, foi candidato derrotado à prefeitura de POA pelo Partido Liberal, terminando a disputa em sétimo lugar, com 48 627 votos. Em 1990, concorreu a deputado estadual pelo PDT e venceu, com 14 575 votos. Em 1994, disputou a reeleição, pelo PMDB, obtendo 5 028 votos. Não se reelege.

Entre 1996 e 2006, publicou colunas diárias nos jornais do Grupo Editorial Sinos.

"Os Votos", publicada na Folha da Tarde (1978), ganhou grande repercussão com o advento da internet e das redes sociais. Foi erroneamente atribuída ao escritor francês Victor Hugo, às vezes com o título Desejos.

Faleceu aos 80 anos de idade, no Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas, onde estava internado para tratar uma insuficiência renal crônica, diagnosticada em 1999. Foi cremado na cidade de SP.

 

TRABALHOS

Livros, 5 em 42 anos:

·        Poemas em Negro. POA, Instituto Estadual do Livro, 1958

·        Vila Velha 1. POA, Garatuja, 1975

·        Vila Velha 1. POA, Garatuja, 1976

·        Clô Dias & Noites. POA, L&PM Editores, 1982

·        Sortilégio. POA, L&PM Editores, 2000

Televisão,  11 trabalhos em 15 anos

·        1969 - Confissões de Penélope

·        1969 - Nenhum Homem é Deus

·        1970 - A Gordinha

·        1972 - Na Idade do Lobo

·        1973 - O Conde Zebra

·        1974 - O Machão

·        1975 - O Sheik de Ipanema

·        1975 - Vila do Arco

·        1978 - Roda de Fogo

·        1980 - Dulcinéa vai à guerra

·        1984 - Casal 80

Teatro, 9 peças em 24 anos

·        1955 - Caim

·        1957 - Tutu marambá

·        1961 - Boa tarde, excelência

·        1966 - Marido, matriz e filia'

·        1968 - 

·        1968 - A malcriação do mundo

·        1977 - Spiros Stragos

·        1978 - Se

·        1979 - Treze

 

AINDA AS JORNADAS MÉDICAS

Dia 29 .11.1968, sexta-feira, 8,30 horas da manhã. Simpósio sobre VASCULOPATIAS. Simposiarca Dr. Francisco Ernesto Damerau (Florianópolis). Foram conferencistas Geraldo Nicodemo Vieira (Florianópolis), sobre Terapêutica das Vasculopatias Periféricas, Valmor Winner Belz (Blumenau) sobre Diagnóstico das Vasculopatias Periféricas, Pedro Luiz Oliveira (Tubarão/SC) sobre Varizes dos Membros Inferiores.

Às 10 horas MESA REDONDA: INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA. MODERADOR: Dr. Danilo Freire Duarte (Florianópolis). Foram palestrantes: José Warmuth Teixeira (Tubarão), Alfredo Daura Jorge (Florianópolis), Ayrton Oliveira (Florianópolis), Sérgio Bortoluzzi (Criciúma).

Às 14 horas: MESA REDONDA – SOFRIMENTO FETAL. MODERADOR: DAVID LUIZ BOIANOVSKI (Criciúma). Participantes: Luiz Eduardo dos Santos (Criciúma), Nilo Pereira Luz (POA), Zulmar Lins Neves (Florianópolis) e Mário Nascimento (Joinville/SC),

Às 16 horas: Conferência: DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DAS ICTERÍCIAS – SILVANO RAIA (SP).

Às 17 horas: TEMAS LIVRES.

PARTE SOCIAL DIA 29, SEXTA-FEIRA

10 horas: Passeio ao Balneário Morro dos Conventos – Patrocínio do Hotel Balneário Morro dos Conventos.

12 horas: Almoço na Churrascaria Castelinho para os jornadeiros. Patrocínio da Volkswagen de Criciúma e Ouro Preto Hotel.

21 horas: Show Cinquentenário do Samba. Local: Ala de Verão do Criciúma Clube. Patrocínio de Indústria de Azulejos ELIANE.

DIA 30.10.1968, SÁBADO

8,30 HORAS CONDUTAS CIRÚRGICAS NA HIPERTENSÃO PORTAL – SILVANO RAIA (SP)

10 HORAS: TEMAS LIVRES

PARTE SOCIAL

13 horas Churrasco oferecido pela Prefeitura de Urussanga (prefeito Rony Zaniboni)

16 horas: visita às cantinas

21 horas: jantar dançante. Local: salão de festas do Criciúma Clube.

CONCLUSÃO

A 5ª JORNADA DA ASSOCIAÇÃO MÉDICA DE SC e 1ª da REGIONAL DA ZONA CARBONÍFERA foi resultado de um trabalho de equipe admirável. Médicos, políticos, empresários, daqui e de outras localidades, fizeram Criciúma ser lembrada pelos médicos de SC como cidade capaz de suprir suas naturais deficiências produzindo, na verdade, um GRANDE CONGRESSO. Ressaltando nossos valores e nossas conquistas, médicas ou não, mostramos dedicação e vontade de progredir de maneira exemplar neste encontro de profissionais da área médica.

Por Henrique Packter 29/04/2024 - 12:43 Atualizado em 29/04/2024 - 12:50

Nasceu em 1927 na cidade de Florianópolis, falecendo em Criciúma, 07.07.1995, aos 68 anos de idade de Insuficiência Renal Crônica. Graduou-se em Medicina na FMUFPR em 1956. 1957 é a data de sua chegada a Criciúma para residir e trabalhar no Hospital São José. Coordenador médico do IAPETEC e do SAMDU, fez parte do Lions e participava das atividades do TACHURITO (tainha, churrasco, risoto e torresmo), entidade seleta, composta por meia dúzia de criciumenses que apreciavam libar e degustar pratos criados por seus próprios componentes. 

Casado com dona Maria de Souza Mello, tiveram 6 filhos: Paulo Roberto, Maria da Glória, Thomaz, Ricardo, José Alberto, André Alberto. Em 02.08.1994 é cidadão honorário de Criciúma.

Prefeito Paulo Meller sancionou lei denominando Dr. THOMAZ REIS MELLO, a Unidade de Saúde do Bairro Ana Maria, neste Município em 09.07.1999. Rua Tomaz Reis Mello, está no Bairro Wosocris, Criciúma – SC.

CARTA DE LIRIÓPOLIS

Thomaz mostrava para quem quisesse ver uma carta que recolhera das mãos de um jovem agricultor residente no distrito de Içara para onde viera lá das bandas de Sombrio, que quase passou à cartografia e ciências políticas catarinenses como Liriópolis. O deputado Antônio de Barros Lemos, responsável pelo movimento emancipionista de Sombrio, então distrito de Araranguá, sugerira o novel nome tendo em vista a abundância do Lilium candidum nos arredores do povoado.  

“Tio Almerindo caiu num barril de cachaça na semana passada, no alambique. Os empregados forcejaram para salva-lo, mas ele não quis sair de dentro do barril de jeito nenhum. Terminou afogado, o pobre homem. O corpo foi queimado no forno da olaria do seu Dida, como ele queria.  O problema é que o fogo durou 5 dias para apagar”.

O TERMÔMETRO

“Eu e teu pai vamos bem. Fui no médico outro dia e a enfermeira botou um tubo na minha boca para fazer o exame. Tive de ficar calada por mais ou menos 15 minutos. Seu pai disse, então ao doutor que pagava qualquer preço para levar o tal tubo para casa”.

O TEMPO

“Outra coisa: o tempo aqui andava muito seco e quente. Agora, deu para esfriar coisa pur dimais. Então, choveu duas vezes esta semana. Da primeira vez a chuva durou três dias, da segunda, quatro”. 

O ORGASMO

Thomaz atende jovem casal em seu consultório no Hospital São José. Ao chamar a esposa, o marido deixa-se ficar na sala de espera vendo TV, luxo ao qual raramente se dava tendo em vista os labores da roça a exigir sua presença constante. Sobretudo àquelas matinais horas. Thomaz realiza a anamnese indagando meticulosamente sobre a saúde da jovem colona. A certa altura, pergunta:

- A sra., tem orgasmo?

Ela olha demoradamente para Thomaz com expressão de dúvida. Depois, levanta-se resolutamente da cadeira, marcha para a porta. Abre-a e pergunta:

- Marido, temos orgasmo?

- Não, só UNIMED!

Por Henrique Packter 15/04/2024 - 09:34 Atualizado em 15/04/2024 - 09:42

Às vezes, do nada, dona Donatila produzia frases inacreditavelmente sábias, como:

— Às vezes o corpo precisa adoecer para que a alma se cure.

Outras vezes eram pequenos diálogos:

— O que estás fazendo?

— Estou rezando...

— Rezando para quem?

— Para quem estiver ouvindo!

Outras vezes eram pequenas historietas:

Quando uma porta se fecha outra se abre. Sei como é: eu já tive um Chevette que era assim...


DONATILA TEIXEIRA BORBA nasceu em Torres/RS, 15.12.1898. Casada com Virgílio Amandio Borba, foi mãe de 10 filhos, entre eles Jurê João, casado com Alba Coelho Borba, Carlos Augusto casado com Elza Maria Meller Borba, Marlene casada com Mauro Meller, Shirley Borba Nakagaki casada com Pedro Nakagaki.

Professora desde os 16 anos de idade em Torres, depois Passo do Sertão, município de  São João do Sul. Foi bibliotecária pública em Araranguá.  A partir de 1º08.1944, em Criciúma, aposentou-se nessas funções  em 03.03.1955.

Poetisa, publicou em 1943 “Áureas Sertanejas”, em 1971 “Luz e Sonho” e em 1978 aos 80 anos “Coração”. Escreveu na Tribuna Criciumense e no jornal Independente. Também no Correio do Povo de POA. Autora de hinos de clubes de serviço e entidades assistenciais de SC. Cultivou o Teatro.

Cidadã Honorária de Criciúma em 23.10.1976, medalha de ouro do MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização).  Faleceu em 20.03.1986. Nossa biblioteca Pública Municipal leva seu nome.

Virgílio faleceu em 26.06.1970 em Criciúma. Foi escrivão e coletor de rendas em Criciúma.

Por Henrique Packter 08/04/2024 - 10:22 Atualizado em 08/04/2024 - 10:24

Ruy Hülse completou 98 anos, lúcido e forte em 07 de fevereiro de 2024 na cidade de Criciúma. Os mais jovens vão se perguntar:

- Sim, e quem foi Ruy Hülse?

Ruy Hülse, filho do ex-governador Heriberto Hülse e de Lucy Corrêa Hülse, está recolhido à sua residência em Criciúma porém lúcido, mas com movimentação limitada pela idade, já avançada. É viúvo de Maria de Lourdes Candiota Hülse Evita atividades externas e é um exemplo de homem público. Atualmente é presidente de honra do Sindicato da Indústria de Extração de Carvão do Estado de Santa Catarina (SIECESC). Natural de Criciúma, Ruy Hülse formou-se em Engenharia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, em 1950.  Foi eleito três vezes deputado estadual pela UDN e chegou à presidência do Legislativo catarinense. Em 1965, elegeu-se Prefeito de Criciúma pela UDN, para o período de 1966 a 1970. Em 1968, criou a Fundação Educacional de Criciúma (FUCRI), atual Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC). Conseguiu, junto ao Governo Federal, implantar a BR-101 a partir de Criciúma, entre outras realizações.

Sendo Presidente da Assembleia, assumiu o cargo de Governador do Estado catarinense por 11 dias em 1960, durante o Governo de Heriberto Hülse, seu pai, que se licenciou para tratamento de saúde. Ruy foi deputado estadual em SC por 3 legislaturas pela UDN entre 1954 e 1964. Pela mesma UDN foi prefeito de Criciúma entre 1966 e 1970. Desempenhou suas atividades profissionais em empresas carboníferas de nossa região e foi assessor da diretoria da CECR ISA, Cerâmica Criciúma SA, secretário municipal em Criciúma, secretário estadual adjunto do governo de SC. Ocupou por longos anos a presidência do Sindicato da Extração do Carvão de Criciúma (Sindicato dos Mineradores).

UMA JORNADA MÉDICA DE GRANDE SUCESSO

Durante seu governo como prefeito a partir de 1966, teve oportunidade de patrocinar em grande parte, jornada médica de caráter estadual, a primeira em Criciúma e uma das primeiras não realizada em Florianópolis. Na qualidade de presidente da Regional Médica da Zona Carbonífera coube a mim presidir a Jornada Médica, instalada no Colégio Madre Tereza Michel. A Jornada da Associação Médica de Santa Catarina trouxe grandes nomes da Medicina nacional como Silvano Raia de São Paulo, Renato Faillace (hematologista dos Laboratórios Faillace), Renato Paglioli (neurologista em Porto Alegre e filho de Eliseu Paglioli, ex-ministro da Saúde e professor de Neurologia na URGS), Estela Budiansky (pediatra em Port o Alegre). O estado de SC por inteiro fez-se representar por seus nomes médicos mais expressivos.

ONDE SÉRGIO JOCKYMAN ENTRA NA HISTÓRIA

A Jornada Médica trouxe a Criciúma um espetáculo teatral de sucesso em Porto Alegre: A Mal Criação do Mundo, de Sérgio Jockyman, jornalista e noticiarista de TV. Parido a fórceps, Sergio Jockymann nasceu quase cego do olho esquerdo. Mas isso não impediu que lesse muito com o direito. Absorvia todos os livros que encontrava na biblioteca de Cruz Alta, 336 quilômetros da capital, Porto Alegre. Nascera em Palmeira das Missões, mas foi morar em Cruz Alta depois que o pai ganhou uma farmácia numa partida de pôquer. Seria a Farmácia de Érico Veríssimo?

Jockyman comentava de tudo na TV: de esportes a noticiário internacional. Lembro de uma de suas histórias a respeito de futebol. Um amigo seu, supersticioso o que dá, nervoso e irritado pelas duas últimas Copas, nas quais o Brasil fora eliminado (1950 e 1954), liga o rádio (TV ainda não estava disponível), e antes do jogo iniciar enche a banheira com água tépida e acaba por dentro dela adormecer. Quando desperta ouve que o Brasil ganhara da Áustria por 3x0. No jogo seguinte escuta a partida Brasil contra a Inglaterra na sala de refeições e a partida não sai do 0x0. Pergunta-se: o que fizera de errado? Lembra então da banheira e no jogo seguinte, mergulhado em água perfumada e quente, ganha da temível seleçã o russa por 2x0. Não sai mais da banheira até o apoteótico 5x2 contra a Suécia.

Na Copa seguinte, de 1962, no Chile, o banheiro recebera certos melhoramentos: havia um pequeno refrigerador com bebidas e um mini- fogareiro para aquecer alimentos. Rádios, agora eram dois, um deles exclusivamente para ouvir música. A Copa foi uma lavada, sem Pelé, mas com o goleador Amarildo em grande forma e um Garrincha esplendorosa.

Nosso amigo preparava-se para a Copa da Inglaterra, introduzindo melhoramentos em sua estrutura de ouvir jogos. Recebe, então, alguns amigos que vêm mostrar-lhe preocupação. Um homem culto como ele era, diretor de empresa multinacional de respeito, dera agora para conduzir-se como um moleque? Sua maneira de proceder quando dos jogos do Brasil, fazia com que todos falassem a respeito e mostrassem o absurdo de um engenheiro (como ele era), criando coisinhas supersticiosas durante jogos da Copa. Até onde iria isso?

Depois de muita conversa, declarou-se disposto a encerrar essas bobagens. Voltaria ao convívio da turma por ocasião dos jogos. Ficassem tranquilos.  E, a Copa de 1966 deu no que deu. Ouviu-se dizer que em 1970 no México ele voltaria com tudo. A banheira foi importada dos EUA!

Por Henrique Packter 01/04/2024 - 08:53 Atualizado em 01/04/2024 - 14:25

No outro dia contei neste espaço quem foi ARMY FAÍSCA. Hoje, passo a falar do Army meu cliente em oftalmologia. Em 12.03.1971, aos 47 anos atendi-o. Tinha pressão arterial e ocular normais (13x8 e PIO 14/15) e aquilo conhecemos como vista cansada, mal que afeta grande parte da humanidade que passou dos 40 anos de idade. Prescrevi lentes de óculos apenas para perto, para leitura.

Retornou em 18.04.1975 aos 52 anos para trocar as lentes que já não eram satisfatórias. Continuava com visão para longe muito normal. A pressão ocular era de 14 em ambos os olhos. Dei-lhe grau em ambos os olhos para perto: +2.25.

Em 27.12. 1977, aos 54 anos, já necessitava de óculos para longe e para perto. Os anos vão afetando a saúde e em 12.09.1990, aos 67 anos, usa Ankoron, Isordil, Procor e AAS. Evidências que o coração já não era o mesmo. A PIO se elevara para 20mm em ambos os olhos e tinha dois pontos lacrimais obstruídos, dilatados em 05.11.1990.

PIORA A VISÃO DE ARMY

A visão de Army que vinha tão bem, piora para longe, também. Surge um astigmatismo no olho direito e agora ele necessita de lentes de grau para longe e perto. Em 23.05.1995 utiliza Ankoron, Apresolina, Sustrat, Slow-K, AAS. Apresenta depósitos na córnea, complicação dos remédios que usa. Retorna em 20.06.1995 e em 18.07.1995.  Em 19.06.1995 opero Army de catarata com implante de lente intraocular. Isto, fazem 28 anos atrás. Teve vários retornos nos quais reduzíamos o astigmatismo observado no olho operado, seccionando pontos da cirurgia, então usual, até que em 10.01.1996 obtém visão normal em ambos os olhos com lentes para hipermetropia de +1.50 esférico e de -1 grau de astigmatismo em ambos os olhos. Isto, naturalmente para visão ao longe. Para perto, soma-se + 2.50 grau esférico para utilizar as chamadas lentes multifocais. Ainda v iria uma última vez em consulta, a 11.05.1996.

O COMPORTAMENTO DE ARMY

Era homem rigorosamente sério: nunca o vi rir fosse do que fosse. Permitia-se, às vezes, um sorriso e era só. Mas, desde que, sem quaisquer segundas intenções passou a fazer minha declaração de imposto de renda, nossa amizade se consolidou. Foi como já contei: recém-chegado a Criciúma fui, no final do primeiro ano de trabalho, saber como era essa tal de declaração. Nem titubeou: apanhou minha papelada e assumiu o posto de meu contabilista. Bom e velho Army! 

ARMY, AUTORIDADE MAIOR NA COLETORIA FEDERAL DE CRICIÚMA

Army foi coletor federal de 1959 (ano de minha formatura em Medicina na FMUFPR em Curitiba) a 1970, ano em que se aposenta e ano em que eu fazia estágio de 1 ano no Hospital do IPASE, RJ. Army veio a falecer em Florianópolis a 23 de julho de 1996. Nesta ocasião Eduardo Pinho Moreira estava deixando a Prefeitura de Criciúma e eu trabalhava em oftalmologia na cidade de Criciúma e em Florianópolis; aqui, no Hospital de Caridade. Vale.

Por Henrique Packter 18/03/2024 - 12:36 Atualizado em 18/03/2024 - 12:41

JORNAL LUTA DEMOCRÁTICA DO RJ - JORNAL DE MAIOR PÚBLICO LEITOR

Fundador: TENÓRIO CAVALCANTI

Ano XVIII * 7 de dezembro de 1971* Nº 5.513

Médico catarinense aprovado em 1º lugar em concurso no Hospital dos Servidores do Estado

“O Dr. Henrique Packter, médico oftalmologista, radicado em Criciúma (SC), vem de ser aprovado em primeiro lugar no concurso para provimento de cargo de oftalmologista do Hospital dos Servidores do Estado (IPASE) da Guanabara. O Dr. Henrique Packter, conhecido oftalmologista catarinense é o atual presidente do Departamento de Oftalmologia da Associação Catarinense de Medicina.

Dedica-se à especialidade no Hospital São José de Criciúma e vem de realizar estágio de um ano no RJ no Serviço de Oftalmologia do HSA, Serviço do Dr. Orlando Rebello, além de Curso na Sociedade Brasileira de Oftalmologia e Curso de Pós-Graduação em otoneuroftalmologia na Pontifícia Universidade Católica do RJ.

No HSE (IPASE) da Guanabara, o Dr. Henrique Packter foi assistente entre outros conhecidos oftalmologistas, do Dr. Aderbal de Albuquerque Alves, que é reconhecida autoridade em questões ligadas à refração ocular.  

CORREIO DO SUDESTE de 15.10.1981 e TRIBUNA CRICIUMENSE de 17.10.1981.

“Um grupo de médicos oftalmologistas e outras pessoas interessadas estão se mobilizando no sentido de criar o banco de olhos de Criciúma”. (...) “Em nossa cidade os transplantes são realizados há mais de 10 anos. A exemplo de outros locais, a imprensa falada, escrita e televisada de Criciúma tem emprestado grande apoio e incentivo a essa iniciativa”. 

Florianópolis somente teria uma Central de Transplantes de Órgãos no final de 1999, mas, o primeiro transplante de córnea em SC data de 14.05.1972 e foi realizado pelo SUS, em Criciúma, por uma equipe constituída pelos doutores Henrique Packter (cirurgião oftalmólogo), Boris Pakter e David Groisman Raskin (oftalmologistas), Sérgio Luiz Bortoluzzi (anestesista), Maria Formentim Fernandes, circulante.

Em 1998, os TC tinham listas de espera regionalizadas, Criciúma tinha a sua. Isso significa que córneas captadas na região eram implantadas na região. Graças a ALMIR FERNANDES DE SOUZA e ELIANA ANDRADE um Banco de Olhos virtual coletava córneas, principalmente no IML. O trabalho do Banco de Olhos era executado por esses dois abnegados voluntários. Com o tempo, outros voluntários se incorporaram, temporariamente, a nós. 

O Hospital Regional de São José Dr. Homero de Miranda Gomes, ativado a 02.03.1987, iniciou atividades oftalmológicas sob direção dos Drs. Otávio Nesi e Eulina T.S. Rodrigues Cunha, em 01.10.1987.  Em 1993 e 1997, SC adquiriu aparelhos de laser e microscópio cirúrgico.

Em 15.9.2007, viajando a Florianópolis a trabalho, sofri grave acidente automobilístico tendo de interromper meu trabalho e em especial cirurgias de TC e de Descolamento de retina, as mais trabalhosas. Na minha lista de candidatos a transplante de córnea constavam, então, 34 clientes à cirurgia. Em 8.1.2008 solicitei à Central de Transplantes que não mais remetessem córneas para TC tendo em vista minha situação quanto à saúde. Em 7.8.2009 e 12.8.2009 minha secretária alertou a todos os inscritos do que ocorria. Já em Fev/2010 a Central de Transplantes comunica a todos, por carta que devem migrar para outra equipe transplantadora, nos seguintes termos:

“Informamos que esta equipe (do HSJ) está indisponível para a realização de TC, sem previsão de retorno às suas atividades e que o senhor poderá solicitar transferência de sua equipe em outro serviço de transplante sem prejuízo de tempo em lista, para isso deverá marcar consulta médica com oftalmologista credenciado a uma equipe do estado”.

DO SISTEMA NACIONAL DE TRANSPLANTE

O SNT, concebido a partir do disposto no artigo 199, # 4º da Constituição da República, encontra-se estruturado na Lei nº 9.434/97 (Lei dos Transplantes) a qual foi regulamentada pelo Decreto nº 2.268/97 e, particularmente pela Portaria MS 3.407 de 05/08/98.   (...)

Esta portaria ainda não surtira efeitos em SC, nem a CENTRAL DE TRANSPLANTES estava em operação em 7.2.1998.

“... o motivo para a não realização do procedimento foi a indisponibilidade do profissional transplantador no HSJ que se deu a partir de janeiro de 2008” (bilhete de 8.1.08). “Importante ainda asseverar que os pacientes do HSJ, sob a responsabilidade do Dr. HP, estavam inscritos para procedimentos eletivos (não urgentes)...” 

O decreto 4.02.1997– Lei 9.434 regulamentada pelo Decreto 2.268 de 30.6.1997 cria o SNT e as Centrais Estaduais de Transplantes com listas de espera regionalizadas, lista única, sendo as normas estabelecidas em Portaria nº 91 de 23.01.2001. A Lei do Transplante (9434, Fev/97), iniciativa do Legislativo, sem participação do Ministério da Saúde e associações médicas, adota consentimento presumido para doação de órgãos: se em vida não tivesse o falecido expressamente declarado que não era doador, sua córnea poderia ser removido.

Nunca adotamos este procedimento. O BOC apenas removia córneas com a concordância dos familiares. 

Desta forma, SC que vira seu primeiro transplante de córnea ser executado com sucesso em 14 de maio de 1972, veria em 07.2.1998 quando essas regulamentações ainda não se achavam implantadas no país a Portaria do Ministério da Saúde nº 263, 31.3.1999 e Portaria nº 905 de 16.8.2000 criar a Comissão Intra-Hospitalar de Transplantes de órgão.

SC TRANSPLANTES

Criada por Decreto Estadual (21.9.1999), credenciada pelo Ministério da Saúde (27.10.1999), foi inaugurado em 16.12.1999,  27 anos depois do transplante pioneiro. Muitos transplantes de córnea foram realizados em SC neste período, antes que houvesse qualquer tipo de legislação contemplando essas cirurgias!

Por Henrique Packter 11/03/2024 - 09:42 Atualizado em 11/03/2024 - 09:43

Você sabe como conceituar menores de acordo com a idade que possuem?

Pois, é bom e muito útil saber. O recém-nascido é aquela pessoinha que tem até um mês de idade; bebê é a designação para o segundo mês de vida até 18 meses; criança vai dos 18 meses a 12 anos. Já entre 12 e 18anos estamos lidando com um adolescente (aborrecente). Portanto, quando você ouve falar em ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, já está sabendo do que estamos falando.

HISTÓRIA DE RECÉM-NASCIDO

Em meu consultório de médico oftalmologista, quando eu atendia dentro do Hospital São José, tive oportunidade de atender a um recém-nascido que vinha nos braços de uma jovem mãe. Ela se mostrava muito abalada, olhos vermelhos, mãos retorcendo um lenço de pequenas dimensões, amarrotado e com sinais de que fora muito manuseado naquele dia.

Diante do seu desespero as pessoas que aguardavam consulta abriram passagem e logo, logo eu carregava o pequenino.

-Que foi, mãe?

- Meu menino foi examinado por outro oculista em minha cidade e ele me garantiu que o menino é cego do olho direito, sem chance de tratamento.

Após submetê-lo a exame perfunctório, disse-lhe:

- Pois eu quero dar-lhe meus parabéns, mãe. Seu menino, durante a gravidez, adquiriu uma infecção intraocular, provavelmente por contato da mãe grávida com cão, mais provavelmente com gato. A doença chama-se Toxoplasmose e atingiu ambos os olhos do molequinho. Agora, num dos olhos a doença é bem periférica e acho que posso garantir, neste olho, excelente visão por toda a vida.   

Sempre conservei diante de meus olhos aquele protótipo de médico sem senso de ocasião. Basicamente dissemos a mesma coisa, mas há meios de se informar má notícia, sem ferir susceptibilidades.      

HISTÓRIA DE BEBÊ

O Hospital São José tinha nos altos de sua segunda coluna, a primeira classe. Nela a privacidade era o atributo maior. Bem na frente o ocupante do apartamento tinha visão privilegiada da cidade. Era o apartamento do bispo, onde, certa vez eu internei Dom Anselmo Pietrula para tratamento. Verdadeira romaria invadiu o hospital até que se baixasse orientação a respeito. Já da segunda vez, quando operei Dom Anselmo de catarata, ele ocupou outro apartamento no mesmo terceiro andar. Esse setor hospitalar era dirigido pela Irmã Doroteia que tivera um dos olhos extirpado e substituído por uma prótese. Pois, em certa ocasião, internou num dos apartamentos da 1ª classe, para tratamento de problema ocular uma jovem mãe que se fazia acompanhar por um belo, saudável e incansável beb&ec irc; no seu afã de mover pernas e braços, sem parar.

Não se sabe como, mas Irmã Doroteia viu sua preciosa prótese ocular cair no pequeno berço e logo sumir ao ser apanhado pelo bebê e no instante seguinte desaparecer das vistas dos circunstantes. Graças a outro pequeno que a tudo observava soube-se: o bebê engolira a prótese!  Numa das consultas anuais de Irmã Doroteia comigo, perguntei-lhe:

- Irmã, e a prótese?

- Pois tive de aguardar bom tempo até que ele se decidisse a devolver tal prótese.

Boa, alegre e sempre risonha Irmã Doroteia.

HISTÓRIA DE CRIANÇA

Esta história vem a reboque de outra também ocorrida na primeira classe da Irmã Doroteia. David L. Boianovsky, pediatra e nutrólogo internou na primeira classe do Hospital São José o filho mais velho de 3 filhos. Estava com difteria e o isolamento hospitalar estava à cunha. Perto das 11 horas ele passou no meu consultório informando que o filho do Luiz Carlos Nobre, da Justiça do Trabalho ou Junta de Conciliação, estava internado e com qual diagnóstico. Pediu-me que desse uma espiadinha no garoto, que estaria bem, antes de sair para o meu almoço. Foi o que fiz. No corredor da segunda classe da Clínica Médica próximo ao Isolamento subi pelo elevador até a primeira classe. Um pandemônio me aguardava. Torpedo de oxigênio aberto a plena capacidade, chiava alto. Cânula de latão cromado, gazes, atadura, o padre capelão entoando sua liturgia da morte. O cântico da morte. A criança, cianótica, parecia dar seus últimos estertores. A mãe chorosa e o pai a caminho, compunham o quadro clássico de desenlace fatal naquele ambiente. Sem muito tempo para pensar e com a lepidez de meus 40 anos, arrebatei a criança, apaguei as velas distribuídas entre a plateia horrorizada. Corri para o pequeno Posto de Enfermagem onde me tranquei com a Irmã Doroteia, o enfermeiro Joel e a mãe da criança.

No estojo metálico do material já esterilizado apanhei um bisturi quase sem uso, pinça, gaze e realizei a traqueostomia mais dramática que já vivenciei.

O menino sobreviveu, graças a Deus, mas, alguns meses depois, brincando na janela do apartamento de terceiro-andar no qual residia, veio a cair sobre os ferros de construção do prédio ao lado, vindo a falecer. 

HISTÓRIA DE ADOLESCENTE

(Continua na próxima semana)

Por Henrique Packter 05/03/2024 - 17:19 Atualizado em 05/03/2024 - 17:23

Tenho escrito sobre o Dr. David Luiz Boianovsky, pediatra e nutrólogo que clinicou em Criciúma entre 1958 e 1969. Casado com Rosa Nuch Boianovsky, o casal teve 4 filhos: Mauro, André, Celso e Daniela. André e Celso são oftalmologistas em Brasília. David morreu em acidente aéreo quando embarcava em SP no aeroporto de Congonhas, rumo ao RJ. O voo teve duração de 20 segundos e vitimou cem pessoas.

DAVID LUIZ BOIANOVSKY

Considero David Luiz – e sobretudo – ao programa SATC, por ele criado para minimizar os números absurdos alcançados pela mortalidade infantil em nossa região, como no país, uma das maiores, senão a maior figura humana em nosso meio. Foram 10 anos de trabalho e planejamento. Resolvido esse problema intolerável, David Luiz Boianovsky mulher e filhos, deixam Criciúma e se instalam em Brasília onde, entre outras atividades, ele cria o PAT, programa destinado a alimentar o funcionário das empresas de maneira higiênica, acessível e diária. O Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) é programa governamental de adesão voluntária, instituído em 14.04.1976. Ainda em execução é o mais longevo programa do governo federal em todos os tempos. O objetivo principal do programa é a melhoria das condições nutricionais dos trabalhadores visando promover a saúde e prevenção das doenças profissionais, por meio da concessão de incentivos fiscais. Sua gestão é compartilhada entre o Ministério do Trabalho e Emprego, a Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil do Ministério da Fazenda e o Ministério da Saúde. Grande sucesso até hoje, nutre mais de 20 milhões de funcionários de empresas instaladas em nosso país.

SEXTA-FEIRA, 21 DE FEVEREIRO DE 2024

Nota de pesar - Morre Mauro Boianovsky

Instituto de Economia da Unicamp expressa profundo pesar pelo falecimento do Professor Mauro Boianovsky da Universidade de Brasília (UNB). Reproduzimos a seguir a mensagem escrita, a pedido da ABPHE, pelo colega Mauricio Coutinho. "Faleceu hoje (21.02.24) nosso colega Mauro Boianovsky, professor de Economia da UNB. Formado pela UNB, mestre pela PUCRJ e doutor em economia por Cambridge (1996), deixa vastíssima produção em história do pensamento econômico, com livros e artigos publicados nas principais editoras e revistas internacionais. Mauro escreveu sobre expoentes do pensamento econômico internacional: Wicksell, Domar, Joan Robinson, Tinbergen, Samuelson e produziu vários estudos sobre pensamento econômico latino-americano, incluindo Sunkel e Celso Furtado.

Mauro teve ainda atuação nas principais associações da disciplina, como a History of Economics Society (HES), a European Society for the History of Economic Thought (ESHET), a Associação Latinoamericana de História do Pensamento Econômico (ALAHPE). No período 2016-17 foi presidente da HES.

Sua presença em conferências era habitual e sempre esperada. No Brasil, participou de inúmeros encontros da ANPEC.

Neste momento de luto, expressamos nossa mais sincera solidariedade à família, amigos, colegas e a todos aqueles tocados pela vida e obra de Mauro Boianovsky.

Mauro, professor de Economia da Universidade de Brasília (UnB), morreu na manhã de quarta-feira, 21.02.2024, aos 64 anos, por câncer. Referência no campo de História do Pensamento Econômico, é considerado um dos pesquisadores mais influentes do mundo, conforme lista elaborada pela Universidade de Stanford e pelo repositório de dados Elsevier em 2023.

Formado em Economia pela UnB, em 1979, Mauro fez mestrado na PUC do RJ e doutorado em Cambridge, Inglaterra. Era professor titular na Universidade de Brasília, onde lecionava Teoria do Desenvolvimento Econômico na graduação, e História do Pensamento Econômico na pós-graduação. Com a morte de Mauro, o Brasil perde duas referências da área da economia no mesmo dia. Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central, também morreu nesta quarta-feira.

Durante o doutorado, Mauro elaborou tese sobre o pensamento do economista Knut Wicksell e aprendeu sueco para ler os textos originais. “Eu até brincava com o Mauro, comparando-o com Indiana Jones. O que ele fazia era ‘arqueologia econômica’: buscar os textos originais para colocar nuances que eram pouco conhecidas de economistas famosos”, diz José Luís Oreiro, professor de Economia da UnB e colega de Mauro. 

Professor na UnB e presidente da History of Economics Society (HES), um dos mais respeitados fóruns de discussão econômica do mundo, em 2015 foi o primeiro latino-americano a comandar o órgão. 

DO VICE-PRESIDENTE DO BANCO DE DESENVOLVIMENTO DA AMÉRICA LATINA (CAF)

Jorge Arbache, também lamentou o falecimento de Boianovsky. Em postagem no LinkedIn, o economista destacou que o professor era considerado “um dos mais brilhantes autores de todos os tempos” pelos seus pares na linha de pesquisa de História do Pensamento Econômico.

“A obra de Mauro recebeu os mais importantes prêmios nacionais e internacionais, era considerado pela academia de escola do pensamento econômico como um dos mais brilhantes autores de todos os tempos, ocupou os mais importantes cargos internacionais na área, e talvez possa ser considerado o economista brasileiro que mais prestígio e influência teve na sua respectiva área em nível internacional”. 

Publicado há poucas semanas atrás, o último artigo do professor, que era judeu, recebeu como título “Recollections of My Time at the History of Economics Society” (Lembranças do meu tempo na History of Economics Society), é um balanço da produção acadêmica, de sua atuação no órgão e uma espécie de despedida. Mauro Boianovsky foi eleito presidente da History of Economics Society (HES).

RECONHECIMENTO

Em 2007, artigo do professor sobre a teoria econômica de Don Patinkin foi premiado pela HES. A entidade reúne pesquisadores americanos, canadenses e de dezenas de outros países, com foco nas discussões sobre a história do pensamento econômico.

O artigo premiado se transformou em um dos capítulos do livro "Transforming modern macroeconomics: exploring disequilibrium microfoundations (1956-2003)", escrito em parceria com o britânico Roger Backhouse, da Universidade de Birminghan.

Publicada em 2013, a obra foi escolhida como a melhor do ano pela European Society for the History of Economic Thought (ESHET), associação europeia congênere da HES. Anunciado em 2014, o prêmio foi entregue em maio na reunião anual da ESHET, Roma.

MAURO, CRICIÚMA, 1969

Tinha 9 anos de idade e fez sua primeira consulta oftalmológica comigo. Queixava-se de cefaleia aos esforços visuais. O exame foi normal. Retornou em 27.10.1986 usando lentes de grau, fizera EEG. Tratava-se por enxaqueca. Tratara-se com vacinas por rinite alérgica. Tinha otalgias frequentes. Sensação de peso nos ouvidos. Problema de ATM. Tontura por tranquilizante. Ardume nos olhos. Receitei óculos: OD – 0.50dcil a 100º e OE – 0.75 dcil 105º, com visão normal. Tinha vermelhidão conjuntival. Prescrevi um colírio Fluovaso.

MAURO 1964

Crupe ou difteria era doença que grassava na cidade atingindo indistintamente todas as classes sociais. David Boianovsky, o pai me procura certa noite em minha casa. Tratava ele de várias crianças internadas no Hospital São João Batista, vítimas da moléstia e preocupava-se porque temia trazer consigo para casa o germe insidioso e assim, contaminar a família. Achava que Mauro estava contaminado. Levamos o menino para o Hospital São José onde eu tinha consultório. Abrimos a porta dos fundos de meu consultório e a porta de enfermaria de 4 leitos da Clínica Masculina estabelecendo comunicação entre os dois ambientes. O menino recebeu soro anti-diftérico e David e eu ficamos toda a noite cuidando de Mauro que lo go melhorou, sem qualquer sequela.

Por Henrique Packter 26/02/2024 - 08:37 Atualizado em 26/02/2024 - 14:13

Tenho escrito sobre o Dr. David Luiz Boianovsky, pediatra e nutrólogo que clinicou em Criciúma entre 1958 e 1968. Casado com Rosa Nuch Boianovsky, o casal teve 4 filhos: Mauro, André, Celso e Daniela. André e Celso são oftalmologistas em Brasília. David morreu em acidente aéreo quando embarcava em São Paulo no aeroporto de Congonhas, rumo ao RJ. O voo teve duração de 20 segundos e vitimou cem pessoas.

Considero David Luiz   – e sobretudo – ao programa SATC, por ele criado para minimizar os números absurdos alcançados pela mortalidade infantil   em nossa região, um dos maiores índices, como no país uma das maiores, senão a maior figura humana em nosso meio. Foram 10 anos de trabalho e planejamento. Resolvido esse problema intolerável, David Luiz Boianovsky mulher e filhos, deixam Criciúma e se instalam em Brasília onde, entre outras atividades, ele cria o PAT, programa destinado a alimentar o funcionário das empresas de maneira higiênica, acessível e diária. 

O Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) é programa governamental de adesão voluntária, instituído em 14.04.1976. Ainda em execução é o mais longevo programa do governo federal em todos os tempos. O objetivo principal do programa é a melhoria das condições nutricionais dos trabalhadores visando promover a saúde e prevenção das doenças profissionais, por meio da concessão de incentivos fiscais. Sua gestão é compartilhada entre o Ministério do Trabalho e Emprego, a Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil do Ministério da Fazenda e o Ministério da Saúde. Grande sucesso até hoje, nutre mais de 20 milhões de funcionários de empresas instaladas em nosso país.

A FAMÍLIA BOIANOVSKY EM CRICIÚMA E BRASÍLIA
 
O pediatra e nutrólogo David Luiz Boianovsky clinicou em Criciúma entre 1958 e 1968. Como já foi dito, David era casado com Rosa Nuch Boianovsky; o casal teve 4 filhos: Mauro, André, Celso e Daniela. André e Celso são oftalmologistas em Brasília.
David morreu em acidente aéreo quando embarcava em SP no aeroporto de Congonhas, rumo ao RJ. O voo teve duração de 20 segundos e vitimou cem pessoas.

Considero David Luiz Boianovsky uma das mais importantes figuras da história de Criciúma, graças – sobretudo – ao programa SATCE, por ele criado para minimizar o número absurdo de crianças mortas, um dos maiores índices de mortalidade infantil em nosso país. Resolvido esse problema intolerável, David Luiz Boianovsky mulher e filhos, deixam Criciúma e se instalam em Brasília onde, entre outras atividades, ele cria o PAT, programa destinado a alimentar o funcionário das empresas de maneira higiênica, acessível e diária. O programa é grande sucesso até hoje, nutrindo mais de 20 milhões de funcionários de empresas instaladas em nosso país.

SEXTA-FEIRA, 21 DE FEVEREIRO DE 2024

Nota de pesar - Morre Mauro Boianovsky

O Instituto de Economia da Unicamp expressa profundo pesar pelo falecimento do Professor Mauro Boianovsky da Universidade de Brasília (UNB). Reproduzimos a seguir a mensagem escrita, a pedido da ABPHE, pelo colega Mauricio Coutinho. "Faleceu hoje (21.02.24) nosso colega Mauro Boianovsky, professor de Economia da UNB. Formado pela UNB, mestre pela PUCRJ e doutor em economia por Cambridge (1996), deixa vastíssima produção em história do pensamento econômico, com livros e artigos publicados nas principais editoras e revistas internacionais. Mauro escreveu sobre inúmeros expoentes do pensamento econômico internacional: Wicksell, Domar, Joan Robinson, Tinbergen, Samuelson e produziu vários estudos sobre pensamento econômico latino-americano, incluindo Sunkel e Celso Furtado.

Mauro teve ainda atuação nas principais associações da disciplina, como a History of Economics Society (HES), a European Society for the History of Economic Thought (ESHET), a Associação Latinoamericana de História do Pensamento Econômico (ALAHPE). No período 2016-17 foi presidente da HES.

Sua presença em conferências era habitual e sempre esperada. No Brasil, participou de inúmeros Encontros da ANPEC e se esforçou pela difusão das contribuições de vários colegas brasileiros.

Neste momento de luto, expressamos nossa mais sincera solidariedade à família, amigos, colegas e a todos aqueles tocados pela vida e obra de Mauro Boianovsky.

O professor de Economia da Universidade de Brasília (UnB) Mauro Boianovsky morreu na manhã desta quarta-feira (21.02.2024), aos 64 anos, em decorrência de câncer. Referência no campo de História do Pensamento Econômico, foi considerado um dos pesquisadores mais influentes do mundo, conforme lista elaborada pela Universidade de Stanford e pelo repositório de dados Elsevier em 2023.

Formado em Economia pela UnB, em 1979, Mauro fez mestrado na PUC do RJ e doutorado em Cambridge, na Inglaterra. Era professor titular na Universidade de Brasília, onde lecionava Teoria do Desenvolvimento Econômico na graduação, e História do Pensamento Econômico na pós-graduação. Com a morte de Mauro, o Brasil perde duas referências da área da economia no mesmo dia. Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central, também morreu nesta quarta-feira.

Durante o doutorado, o professor   elaborou tese sobre o pensamento do economista Knut Wicksell e aprendeu sueco para ler os textos originais. “Eu até brincava com o Mauro, comparando-o com Indiana Jones. O que ele fazia era ‘arqueologia econômica’: buscar os textos originais para colocar nuances que eram pouco conhecidas de economistas famosos”, diz José Luís Oreiro, professor de Economia da UnB e colega de Mauro. 

Mauro foi professor na UnB e, também, presidente da History of Economics Society (HES), um dos mais respeitados fóruns de discussão econômica do mundo, em 2015, sendo o primeiro latino-americano a comandar o órgão. 

“Foi grande perda para a Universidade de Brasília e para a linha de pesquisa. Primeiro, porque foi pessoa com notável conhecimento na área, uma das grandes referências do mundo. Sua publicação científica foi muito importante para o programa de pós-graduação em Economia na Universidade de Brasília e era especialista num assunto que poucas pessoas têm domínio”, lamenta Oreiro. 

DO VICE-PRESIDENTE DO BANCO DE DESENVOLVIMENTO DA AMÉRICA LATINA (CAF)

Jorge Arbache, também lamentou o falecimento de Boianovsky. Em postagem no LinkedIn, o economista destacou que o professor era considerado “um dos mais brilhantes autores de todos os tempos” pelos seus pares na linha de pesquisa de História do Pensamento Econômico.

“A obra de Mauro foi imensa e intensa, e muito influente. Mauro recebeu os mais importantes prêmios nacionais e internacionais, era considerado pela academia de escola do pensamento econômico como um dos mais brilhantes autores de todos os tempos, ocupou os mais importantes cargos internacionais na área, e talvez possa ser considerado o economista brasileiro que mais prestígio e influência teve na sua respectiva área em nível internacional”. 

Publicado há poucas semanas atrás, o último artigo do professor, que era judeu, recebeu como título “Recollections of My Time at the History of Economics Society” (Lembranças do meu tempo na History of Economics Society), é um balanço da produção acadêmica, de sua atuação no órgão e uma espécie de despedida. Mauro Boianovsky foi eleito presidente da History of Economics Society (HES).

Homem com camisa verde

Descrição gerada automaticamente

Professor de Teoria do Pensamento Econômico da Universidade de Brasília, Mauro Boianovsky (Foto: Isa Lima/UnB/Divulgação)

Reproduzido de G1-DF

O professor da Universidade de Brasília Mauro Boianovsky foi eleito presidente da History of Economics Society (HES), um dos fóruns mais renomados de discussão econômica em todo o mundo. Graduado em economia pela própria UnB, ele será o primeiro acadêmico latino-americano a comandar o órgão, sediado nos EUA.

Com duração de um ano, o mandato terá início na próxima Conferência Anual da HES, marcada para 26.06.2024 de junho na Universidade Estadual de Michigan. "Pode ser uma oportunidade de dar visibilidade para pesquisas feitas na região e de trazer mais brasileiros para os encontros", afirma Boianovsky em matéria divulgada pela UnB.

Boianosky é professor de Teoria do Desenvolvimento Econômico e de História do Pensamento Econômico na UnB. Vice-presidente do Comitê Executivo da HES em 2009, ele também foi membro do colegiado entre 2002 e 2005. No Brasil, foi premiado pela Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia (Anpec) em 2011, por artigo acadêmico sobre Celso Furtado.

RECONHECIMENTO

Em 2007, artigo do professor sobre a teoria econômica de Don Patinkin foi premiado pela HES. A entidade reúne pesquisadores americanos, canadenses e de dezenas de outros países, com foco nas discussões sobre a história do pensamento econômico.

O artigo premiado se transformou em um dos capítulos do livro "Transforming modern macroeconomics: exploring disequilibrium microfoundations (1956-2003)", escrito em parceria com o britânico Roger Backhouse, da Universidade de Birminghan.

Publicada em 2013, a obra foi escolhida como a melhor do ano pela European Society for the History of Economic Thought (ESHET), associação europeia congênere da HES. Anunciado em 2014, o prêmio foi entregue em maio na reunião anual da ESHET, Roma.
 

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