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DEIXE AQUI SEU PALPITE PARA O JOGO DO CRICIÚMA!
* as opiniões expressas neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do 4oito
Por Arthur Lessa 11/05/2022 - 18:36 Atualizado em 11/05/2022 - 18:40

A última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), realizada nos dias 3 e 4 de maio, encerrou confirmando o aumento de mais 1% na Selic, elevando a taxa básica de juros para 12,75% a.a., e perspectiva de novo aumento de mais 0,5% em julho. 

Para explicar os efeitos dessa escalada vertiginosa dos juros no Brasil (e no Mundo), formamos uma mesa redonda no 60 Minutos da última sexta-feira (6) com os especialistas:

- Anselmo Freitas (empresário do setor de fomento empresarial)
- Thiago Fabris (doutor em economia)
- Alceu Pacheco (autor do livro "Juro que é Simples")
- Thiago Raymon (analista CNPI e gestor de ativos)

 

Por Arthur Lessa 25/04/2022 - 16:45 Atualizado em 25/04/2022 - 17:18

Depois de muitas polêmicas, pressões e "hostilidade" (explico abaixo em Aquisição hostil), Elon Musk conseguiu concluir a compra do Twitter (TWTR34), nesta segunda-feira (25), por 44 bilhões de dólares. O valor é ligeiramente superior aos US$ 41 bilhões anunciados pelo próprio Musk como "oferta final e inegociável".

De acordo com a CNN, o conselho do Twitter esteve reunido no domingo para avaliar a oferta de Musk de comprar todas as ações da empresa que ele não possuia (Musk detinha 9,2% das ações no momento) por US$ 54,20 cada.

Durante a manhã desta segunda-feira já circulava nos bastidores a informação de que o Conselho da empresa estaria trabalhando nos preparativos para consolidar o negócio, aprovado por unanimidade.

Com a compra de todas as ações pelo bilionário, o Twitter, empresa de capital aberto desde 2013, volta a ser uma empresa de capital fechado. E com dono.

Aquisição hostil

O fato de Musk oferencer um prêmio (valor acima) de quase 40% sobre o valor de mercado da ação da empresa, foi visto como uma aquisição hostil, que é como se chama no mercado os tipos de movimento que uma empresa (ou investidor com tal potencial) lança mão para tomar o controle de outra empresa "na marra". Pode acontecer assim, como o bilionário fez, de anunciar e inflar o preço para deixar os acionistas sem opção, pode ser de maneira mais discreta, adquirindo pouco a pouco e/ou com ajuda de terceiros, consolidando a mudança de comando "no susto". 

Confira o comentário de Alê Koga falou sobre a (ainda) possibilidade dessa aquisição de Elon Musk:

 

Por Arthur Lessa 25/04/2022 - 12:00 Atualizado em 25/04/2022 - 12:16

O mercado financeiro mundial vem acompanhando a "batalha" do Twitter, uma das poucas redes sociais relevantes que não é Google nem do Meta (Facebook), para se proteger da aquisição hostil de Elon Musk, trilionário dono da Tesla. Os principais portais de informações econômicas dão conta, na manhã  desta segunda-feira (25), que está próximo um acordo para venda da empresa a Musk, em um negócio de 54,20 dólares por ação em dinheiro.

Falei sobre essa operação, no 60 Minutos do último dia 22, com a publicitária e especialista em cultura digital Alê Koga. Confira no vídeo abaixo.

 

Por Arthur Lessa 18/02/2022 - 05:49 Atualizado em 18/02/2022 - 06:54

O Banco Central do Brasil (BCB) liberou, na última segunda-feira (14), a consulta de valores a receber que foram esquecidos por cidadãos e empresas em instituições bancárias brasileiras desde 2001. O montante passa de R$ 8 bilhões e os “esquecidos” somam mais de 28 milhões, entre CPFs e CNPJs. A consulta deve ser feita no site valoresareceber.bcb.gov.br.

Infelizmente, como já alertamos no 60 Minutos durante toda a semana, já existem golpistas usando essa movimento para aplicar golpes nos menos avisados. Eu mesmo recebi um e-mail de um dos “amigos do alheio”, como gosta de chamá-los o Cel. Márcio Cabral, nosso especialista em segurança. É a imagem abaixo.

É possível notar o cuidado de usar a logomarca do Banco Central e o mesmo padrão de desenho das letras que é aplicado na página oficial e real, fazendo se passar por comunicação oficial. Mas não é. No nome do remetente aparecia Banco Central, mas o endereço era [email protected]. Você acha que Roberto Campos Neto, presidente do BC, pediu emprestado o e-mail de promoções do Restaurante Nanquim?

Além do mais, por que motivo o Banco Central do Brasil, uma instituição que não tem foco no atendimento ao público, mas sim às instituições financeiras, iria chegar ao ponto de mandar e-mail para cada um dos 28 milhões de beneficiados informando sobre o saldo a resgatar se já abriu um site específico pra isso?

É importante estar atento o tempo todo para não cair nesses golpes.

Para ajudar você a se proteger dessas arapucas, no Toda Sexta dessa semana eu listei algumas medidas simples e eficazes de proteção. Confira as dicas clicando aqui.

Por Arthur Lessa 17/12/2021 - 11:21 Atualizado em 17/12/2021 - 11:32

Muitos negócios evoluem de maneiras que nós nem imaginamos. Nem mesmo depois de ter acontecido!

Uma característica natural do ser humano é entender, subconscientemente, que a situação atual vai se perpetuar. Seja para o bem, seja para o mal. Se você está endividado, pensa que nunca sairá dessa situação. Se está num momento de grandes rendimentos, já começa a se imaginar curtindo a aposentadoria nas Ilhas Gregas.

Um exemplo (perigoso) muito repetido e conhecido é de jogadores de futebol que perderam tudo. Quando se destacam e chegam a ganhar salários de seis dígitos, e os que chegam nesse nível vivem isso por algo em torno de 15 anos, sendo que os primeiros 10 com valorização maior a cada ano. A maioria deles tem certeza que isso vai durar pra sempre, gastam quase tudo, não investem no futuro, não se reinventam e quebram, como empresas.

Confira o texto completo no Toda Sexta

Por Arthur Lessa 16/12/2021 - 16:16 Atualizado em 16/12/2021 - 17:04

Eram 4 da manhã da terça-feira, dia 23 de novembro, quando o empresário Ricardo Faria, de 46 anos, pegou seu jato Citation CJ3 no aeroporto Catarina, em São Roque, São Paulo, e rumou para Baixa Grande do Ribeiro, no interior do Piauí.

O parágrafo acima é o primeiro da matéria principal da edição mais recente da revista Exame, que estampa o empresário criciumense na capa. Faria se tornou o grande nome de 2021 do agronegócio brasileiro por conta do investimento de R$ 1,8 bilhões na Insolo, que o colocou na posição de 5º maior produtor de grãos do país em área plantada. Em um país conhecido com o “celeiro do mundo”, isso é muita coisa!

Ao apresentar a história empreendedora de Faria, a reportagem desfaz a imagem criada por boa parte do Mercado de que ele seria uma “novato” no setor. Acontece que, segundo ele próprio, a Lavebrás, rede de lavanderias que foi de seus primeiros grandes negócios, pode ser chamado de uma desvio de rota, já que o setor do campo já chamava a sua atenção. Antes dela surgiu a confecção de uniformes, que tinha como grande cliente a Perdigão. Dos uniformes (feitos e lavados), entrou de vez no setor no início dos anos 2000, com a criação da Granja Faria.

Mas o que esperar de 2022?

Com avanços tecnológicos intensificando a produtividade, a área plantada, que na safra 2021/2022 está em 120 mil hectares, deve aumentar para 150 mil hectares, alçando a receita de R$ 1 bi para R$ 1,3 bi. Com esses números, Ricardo Faria é possivelmente o maior proprietário individual de terras no Brasil, já que as maiores tem controle pulverizado, como a SLC Agrícola, listada na B3 sob o ticker SLCE3.

E, se já está deste tamanho, podemos esperar um IPO?

Em entrevista concedida em novembro, que você pode conferir abaixo, citava que abrir capital não era prioridade do momento para a companhia, que se manteria investida com capital proprietário, mas não descartava a possibilidade. O tema também foi abordado na matéria da Exame, a possibilidade segue estudada, mas sem definição de momento.

 

Por Arthur Lessa 10/12/2021 - 15:08 Atualizado em 10/12/2021 - 15:09

Imagine que você está numa sala com outras 30 pessoas e um leilão está para começar. O objeto apregoado é uma nota de US$ 1. E, como em qualquer leilão, leva o prêmio quem der o maior lance. Sendo assim, é bastante simples enxergar que há uma espécie de teto para os lances. Se o vencedor ofertar 60 centavos, são 40 centavos de lucro. Chegando ao lance de US$ 1, não há motivo para continuar, tendo em vista que a partir desse ponto o único resultado possível é o prejuízo, que cresce a cada oferta.

Mas esse leilão tem uma regra diferente, bastante simples, mas que altera completamente a dinâmica do jogo: o melhor lance paga o que ofereceu e leva a nota, enquanto o segundo melhor paga a própria oferta e não leva nada.

Esse leilão foi levado à prática diversas vezes pelo professor de economia Max Bazerman, autor do livro Negociando Racionalmente. No caso contado abaixo o objeto em disputa era uma nota de US$20. Os resultados são impressionantes!

Fizemos esse leilão com banqueiros da área de investimentos, consultores, médicos, professores, sócios das grandes seis empresas de auditoria, advogados e executivos de diversas áreas. As regras eram sempre as mesmas. Os lances começam rápida e ferozmente até chegarem à faixa de $12 e $16. Nesse ponto, todos, exceto os dois maiores arrematadores, caem fora. Os dois últimos arrematadores caíram na armadilha. Se um fez um lance de $16 e o outro de $17, o proponente de $16 pode fazer um lance de $18 ou arcar com uma perda de $16.

Nesse estágio, um deles acha que pode ganhar se a outra pessoa desistir. Como pode ser mais atraente continuar do que assumir tamanha perda, então o arrematador faz o lance de $18. Quando os lances são de $19 e $20, surpreendentemente, a lógica de arrematar por $21 é muito semelhante à usada para tomar as decisões anteriores — você pode aceitar uma perda de $19 ou continuar com a esperança de reduzir as perdas. Claro, o resto do grupo racha de rir quando os lances superam os $20 — e isso quase sempre ocorre. Obviamente, os arrematadores estão agindo irracionalmente.

Mas quais são os lances irracionais? Leitores céticos deveriam experimentar fazer o leilão com seus amigos, colegas de trabalho ou alunos. São muito comuns lances finais na faixa de $30 e $70, mas nosso leilão de maior sucesso chegou a $407 (os lances finais foram de $204 e $203). Nos últimos quatro anos já ganhamos mais de U$10.000 fazendo esses leilões em salas de aula.

Essa lógica se aplica também no mundo corporativo, principalmente em setores chamados de winner takes all (“vencedor leva tudo”), onde o sucesso se baseia mais em dominar o mercado que nas margens de resultado, como no caso das redes sociais.

Não sei quem está lendo esse texto agora, mas vou me arriscar a dizer que você tem conta no Facebook, no Instagram e no Twitter. Possivelmente também o LinkedIn. Posso ter errado sobre todas, mas uma ou outra você certamente tem. Muita gente interage por essas plataformas, e o faz exatamente porque muita gente está nelas. É um ciclo virtuoso, onde quanto mais clientes ativos, mais clientes novos.

No Whatsapp é a mesma coisa. Como plataforma, eu prefiro sensivelmente o Telegram, mas é pelo “zap zap” que eu converso desde clientes de São Paulo até a minha tia do interior do Paraná.

Outro exemplo é o Google+. Você lembra dele? Pois é… Eu tive que puxar forte da memória!

O Google+ foi uma rede social criada em 2011 para concorrer com o Facebook. Mas a plataforma do Zuckerberg já tinha naquele ano mais de 800 milhões de contas. Só no Brasil eram 35 milhões (17,7% da população na época). O Google, mesmo já muito poderoso, não conseguiu competir e o projeto foi oficialmente encerrado em 2019.

São vários os setores que seguem essa lógica, quase sempre são negócios escaláveis e digitais. Por isso você vê e-commerces oferecendo frete grátis, corretoras de investimento ofecerendo dinheiro (de verdade, na conta) para você abrir conta e outras táticas como essas. É, na prática, comprar mercado e, sendo o ganhador, leva tudo.

Por Arthur Lessa 03/12/2021 - 16:24 Atualizado em 03/12/2021 - 16:35

O ser humano gosta de uma mirabolância (sim, essa palavra existe… eu me certifiquei)!

Quanto mais complexa uma explicação sobre algum tema, mais brilham os olhos dos ouvintes e mais especialista parece o orador. Para cada novo termo técnico, um novo “uau”.

Entenda que não estou desprezando a ciência, as estratégias, ferramentas, modelos e métodos que os profissionais de diversos setores vem desenvolvendo e aprimorando no decorrer de décadas ou séculos. Mas é bom sempre ter em mente que, muitas vezes, essas camadas não passam de pirotecnia, compondo mais uma narrativa que um método.

Eu quero falar do simples! Eu adoro o simples! Eu acho que o mais genial no processo de resolução de um problema ou desenvolvimento de um produto é fazê-lo simples. Eu gosto (com certa inveja “branca”) da sensação de “como não pensei nisso antes? Era tão simples!”

Vamos pegar, para exemplo, a prática de vender publicidade, algo que acompanho há anos de fora. Existem centenas de técnicas, seja para busca de clientes-alvo, como funil de vendas e landing pages, seja para a abordagem, com palavras-chave, programação neurolinguística, postura correta e afins. Tudo certo, tudo útil (se bem utilizado), mas o que mais importante é simples: conheça o seu cliente, entenda o problema que seu produto ou serviço pode resolver e apresente o valor dessa solução. Ouça, converse, apresente.

É simples! Aprendemos a conversar pouco na mesma época que saímos das fraldas. Os outros “apetrechos” podem ser incorporados depois, para otimizar tempo e controle de desempenho. Mas só funcionam se o básico (e simples) estiver funcionando. O melhor funil de vendas não vai ajudar que você venda areia no deserto.

Mudando de ares, vamos para a final da Taça Libertadores da América 2021, maior campeonato de clubes de futebol do continente. Dois times brasileiros se enfrentando. Empate de 1x1 no tempo normal, jogo na prorrogação. Andreas Pereira, jogador disputado pelas seleções da Bélgica e Brasil, emprestado ao Flamengo, recebe a bola sem pressão e se “embanana”. Deyverson, do Palmeiras, pega a bola, entra na área e faz o gol do título.

Andreas falhou porque pensou demais, complicou o que era simples. Recebeu a bola sozinho, poderia ter só jogado pra frente e tirado da área de perigo, mas demorou e condenou a equipe. É nesse tipo de lance que soam nas arquibancadas, bares e sofás: “Joga simples!”

Dei acima dois exemplos de como o simples é poderoso. Mas, se você olhar pro título, ele não é fácil. E vamos entrar nisso.

No caso de Andreas, por exemplo, eu estava numa mesa de amigos assistindo ao jogo, milhares de quilômetros distante de Montevidéu, onde aconteceu a final. Nem torço para nenhum dos times. Estava matando tempo.

Ele, pelo contrário, estava sendo observado por dezenas de milhares de pessoas in loco, além de milhões de torcedores flamenguistas ou curiosos (como eu) à distância. Já eram mais de 100 minutos de jogo intenso, ele estava cansado, fisica e mentalmente. Um distração, destino traçado. Jogar futebol não é complexo, mas é difícil.

Administrar suas finanças não é complexo. Gaste menos do que recebe e invista parte disso. Matemática básica, de ensino primário. Assim se constrói patrimônio, de pouco em pouco, como ensinam vários livros espalhados pelo mundo. “Invista 10% do que você ganha e fique rico”. Simples, não? Mas temos desejos, ambições e necessidades,… Difícil, não?

Tem uma anedota bem antiga que eu gosto muito e ilustra esse caso. Um cidadão está tranquilo fumando quando outro chega e começa o diálogo:

- Você fuma há quanto tempo?
- Uns 30 anos…
- Você sabia que, se tivesse guardado todo dinheiro que gastou com cigarro, você hoje teria uma Ferrari?
- Você fuma?
- Nunca coloquei um cigarro na boca!
- E cadê a sua Ferrari?

Por Arthur Lessa 02/12/2021 - 09:07 Atualizado em 02/12/2021 - 14:11

Todo investidor que se dá o trabalho de estudar ou pesquisar algo sobre investimentos em Bolsa de Valores se depara, logo cedo, com um dos mais conhecidos mantras do Mercado, atribuído a Warren Buffett: “compre ao som dos canhões e venda ao som dos violinos”.

A frase tem um sentido bastante simples, na verdade: Compre na baixa, venda na alta. Mas, pra simplificar ainda mais, vamos antes falar de uma característica do mercado de renda variável: ele “vareia”. Mais do que isso, se move em ciclos, subindo e descendo. E note pela imagem que são ciclos dentro de ciclos.

Existem diversos fatores que interferem nesse comportamento cíclico da economia, que acontece também nas taxas de desemprego, crescimento de PIB, taxas de juros e tal. Mas o foco aqui são os efeitos deles na psicologia de investimentos. Veja na imagem seguinte que estes ciclos vão do pico da Euforia, quando tudo sobe e os preços dos ativos vão às alturas, ao fosso da Depressão, quando tudo cai todo dia e parece que você nunca deveria ter acreditado nessa história de “apostar na Bolsa”.

No pico tocam violinos, enquanto no fosso só se ouvem canhões.

De 2018 até hoje, o número de investidores se multiplicou em cerca de cinco vezes. Um dos motivos deve ser a valorização de mais de 100% registrada entre o fim de 2017 e o começo de 2020, pouco antes da Crise da Covid-19. De dezembro de 2017 a dezembro de 2018, foram 50% de valorização.

Aí você vê seu vizinho com essa rentabilidade toda, enquanto suas seguras aplicações em renda fixa seguiram uma Selic que derreteu lentamente de 7% para 4,5% ao ano, pouco tempo depois de se manter em 14,25% a.a. por 13 meses (2015/2016). A providência é uma só: “Vou entrar nessa festa!”. Estamos subindo a ladeira para a Euforia.

Tudo bem, tudo bom. A Selic seguiu caindo, passou meses no patamar de 2% a.a., e as excursões para a B3 seguiram mais lotadas. A própria crise trouxe várias barganhas no meio de 2020 e deixou tudo mais atraente. Mas… Malditos ciclos!

Após os sucessivos circuit breaks do primeiro semestre do ano passado, vimos o índice Bovespa dobrando de março de 2020 a junho de 2021 (15 meses) e, desde então, queda de 20%. Depois da festa, estamos na ressaca. Daquelas que, além de acordar mal, você vai piorando nas horas seguintes.

Onde estamos agora no gráfico acima? Não sei ao certo… Nunca sabemos no momento quando chegamos no fundo, na Depressão. Mas acredito que devemos estar perto do Pânico, talvez chegando, talvez já rumando para o Desânimo.

Mas voltemos ao mantra. E como é difícil segui-lo!

Primeiramente porque é preciso tomar atitudes contraintuitivas. O natural é fazer o contrário. É olhar os R$ 10.000 que você converteu em ações virando R$ 15.000 e comprar mais, porque você “sabe” que ele vai crescer. Por outro lado, ao ver o mesmo investimento reduzido a 7.500 você vai vender esses “papéis micados” antes que perca tudo. Aí o movimento é o que a imagem abaixo ilustra.

Agora é a prova de fogo. Se quiser continuar, é preciso pegar o seu dinheiro e investi-lo em algo que provavelmente vai desvalorizar agora, para dar frutos no futuro, no sentido oposto do ciclo. É comprar uma ação enquanto as vozes ao seu redor afirmam que a empresa está em vias de quebrar. Ou a Bolsa vai quebrar. Ou o Brasil vai quebrar!

Os grandes rendimentos só são vistos quando olhamos em retrospectiva, sempre iniciando em momentos de crise, quando os ativos (ações e FIIs) estavam muito baratos porque ninguém queria, quem confiou nas suas convicções colheu os rendimentos.

Como está a sua convicção? Se está em dia, escolha boas empresas, feche o home broker e só abra no Natal (de 2023, 2025 ou um pouco mais...)

Por Arthur Lessa 09/11/2021 - 11:48

Lembro que quando eu era criança, uma única barra de chocolate era suficiente para saciar uma turma de crianças. Quando era para uma ou duas apenas, era normal que fosse consumida em períodos, guardando um pouco para depois. Afinal de contas, uma barra de chocolate é muita coisa pra comer sozinho, certo? 

Hoje em dia, se eu abro uma barra lá em casa ela dura minutos. Dependendo da situação,  nós (dois adultos e uma criança) dão conta de duas barras tranquilamente. Mas por que essa diferença? Será que desenvolvi uma gula irresistível nesses anos ou perdemos a noção de limite? Nem uma coisa, nem outra. O problema é a barra.

Quando citei a barra da minha infância (anos 90s), eu estava falando de uma tábua espessa de 200 gramas divididos em quadrados grandes. Quando vemos hoje nas gôndolas, estamos falando de uma embalagem tímida, de 90 gramas e com conteúdo tão fino que não é incomum que algumas das barras quebrem pelo simples manuseio. Para se ter uma ideia melhor, para juntar 1 kg de chocolate precisávamos apenas de cinco barras. Atualmente onze não são suficientes. 

Essa redução de porções tem um nome: reduflação (shrinkflation, em inglês). E acontece não só com chocolate, mas também com papel higiênico, pasta de dente e diversos outros produtos.

Uma barra é uma barra

Estamos vivendo, por conta da crise econômica desencadeada pela pandemia de 2020 (e mal enfrentada pela equipe econômica), um período de inflação sensível e doída. O IPCA está acumulado em 10,25% nos últimos 12 meses, a  gasolina, em Criciúma, acumulou alta de mais de 43% apenas em 2021, o patinho (corte de carne comum na mesa dos brasileiros) subiu cerca de 30% e por aí vai. 

Essa onda de aumentos atinge a todos (de fornecedores a consumidores finais) e, invariavelmente, deve ser repassada para o preço dos produtos finais. Caso contrário, as margens dos elos da cadeia produtiva se reduzem a ponto de não valer a pena produzir. 

Admita que você está desconfortável com essa situação. Ver os preços subindo dói, causa raiva, “dá ranço”. É um efeito psicológico baseado em vieses comportamentais, sendo o principal deles a ancoragem, que é quando você se baseia num valor anterior para avaliar o valor atual. Algo como “35º nem é tão calor já que aqui a temperatura chega a 42º”. 

Sabendo disso, alguns setores da economia acabaram encontrando há alguns anos uma maneira de tapear o cérebro do consumidor. Se o que incomoda é o aumento do preço, é só deixar o preço como está. Genial, não? 

Mas a inflação é real, é preciso administrar as margens, que se achatam, e tudo aquilo que eu expliquei acima. Como fazer isso sem mexer no preço? Reduzindo as porções. Afinal de contas, inconscientemente, entendemos que pagávamos R$ 5 por uma barra de chocolate e continuamos pagando R$ 5 por uma barra de chocolate. A redução de mais de 50% no tamanho dessa barra é menos perceptível ao longo do tempo. 

Em 2017, em uma matéria sobre o tema para a revista Exame, Renata Martins, analista de pesquisa e especialista em alimentos embalados da Euromonitor, explicou que “ao reduzir o tamanho das embalagens, o custo (do produto) por quilo ou litro se torna maior, mas o consumidor não sente tanto essa diferença no bolso”.

E nessa explicação da Renata fica claro outro ponto importante para a prática: funciona com embalados, principalmente aqueles que não são porcionados em um ou meio quilograma. 

Gasolina, verduras, frutas e carne são, via de regra, vendidos a granel, por peso ou volume. Um litro de gasolina é um litro de gasolina. Não dá para reduzir a embalagem para 750 ml e vender pelo mesmo preço. Ao comprar uma peça de picanha, mesmo que esteja embalada na gôndola, é escolhida por peso. 

Um item básico que comporta esse tipo de estratégia, e já foi até destaque no Jornal Nacional, é o papel higiênico. No início dos anos 2000 tiveram os rolos reduzidos de 40 para 30 metros. 25% de redução não é pouca coisa. Atualmente há registros de consumidores reclamando de marcas vendendo rolos de 20 metros. 

Outros produtos que merecem destaque por reduções recentes são farofa pronta (200g para 170g) e farelo de aveia (200g para 165g).

Vale ressaltar que cortar o tamanho das embalagens não fere o código de defesa do consumidor, desde que os rótulos deixem claro que houve a redução e de quanto. Essas informações devem ficar disponíveis por pelo menos três meses, segundo o Procon. 

Tudo bem, tudo bom, mas não mostrei ainda como entender o efeito. Em 2010, segundo um encarte da época, um pacote de 154g da bolacha recheada Trakinas custava R$ 1,38. Hoje o pacote está com 126g (18% menor) e custa R$ 2,39 (73% a mais). Se igualarmos o tamanho, voltando aos 154g de 11 anos atrás, o pacote hoje custaria R$ 2,92 (112% de aumento). Essa é a magia da reduflação.

Por Arthur Lessa 07/11/2021 - 18:37 Atualizado em 08/11/2021 - 01:09

Imagina você, todo “nicolas-cagezinho” andando pelo deck quando, não mais que de repente, cai na piscina e morre afogado. A causa pode ser um momento mais produtivo do ator americano Nicolas Cage.

Se não acredita em mim, olhe o gráfico!

E tem mais!

Você acredita que investir em ciência aumenta os casos de suicídio por asfixia?

Não? Então olhe o gráfico abaixo!

Esse cruzamento de dados é chamado de várias maneiras, mas uma das mais objetiva é correlação espúria. E nós as criamos diversas vezes e, em muitas delas, firmamos argumentos convictos baseados nelas.

Um dos exemplos deste ano aconteceu na Eurocopa, quando Cristiano Ronaldo trocou uma garrafa de Coca Cola por uma de água ao início de uma coletiva. O episódio deu oportunidade para manchetes chocantes como essa, do Lance!:

Mas se olharmos na matéria, já é possível ver que a relação está um tanto forçada. Começando pela queda “brutal” de… 1,6%.

De verdade… 1,6% na B3 é quase andar de lado. Não dá nem emoção. E é completamente comum e esperado da renda variável, que tem esse nome porque varia. Se fosse uma small cap como a catarinense Intelbrás, por exemplo, o mesmo percentual de queda representaria uma desvalorização de pouco mais de R$ 145 milhões. 

Acontece que a Coca Cola tem valor de mercado de US$ 235 bilhões (em torno de R$ 1,3 trilhão), enquanto a Intelbrás superou há pouco os R$ 9 bilhões (menos de 4% o valor da americana). 

Mas, como hoje é dia de gráficos, olhem uma imagem mais espaçada do movimento da KO (ticker da Coca Cola Company na Bolsa de Nova Iorque) com cada ponto marcando o preço de fechamento do dia, de 24 de maio a 16 de julho. Veja se a queda tão anunciada realmente chamaria a sua atenção não fosse o círculo preto que eu acrescentei para apontar o dia em questão.

Peguei você, esse é o dia 15 de junho. A tal queda aconteceu no dia 14, que é o ponto anterior.

Note que a ação, mesmo neste curto período do corte, vinha de um preço abaixo dos US$ 55, deu duas “passeadas” acima dos US$ 56, desceu abaixo dos US$ 54 e fez a máxima dias depois. Variou, subiu, desceu e seguiu a vida.

Nesse contexto, o gesto de Cristiano Ronaldo fez diferença? Não sei… Mas, se fez, foi irrelevante no contexto geral. 

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Não deixe os dados pensarem por você

Ouvi nessa semana uma frase do palestrante e mentor Romeo Busarello que é muito boa pra esse contexto: “o conteúdo é rei, mas o contexto é Deus”.

O contexto dessa fala dele é um vídeo onde ele explica como usa métricas, dados e correlações para impulsionar uma campanha de venda de apartamentos, mas se aplica ao assunto acima também.

As informações estão aí. Podem estar claras ou precisarem de alguma mineração, mas nunca se teve tanto a acesso a insumos para ideias. O problema é deixar um grande volume delas virar um rio, que te leva ao seu bel prazer, quando não te afoga. 

As informações dos primeiros gráficos dessa página são reais, mas não há ligação alguma entre eles. Eles apenas, casualmente, tiveram comportamentos semelhantes. 

Sendo assim, o alerta que eu deixo é: não confunda causalidade (quando há relação real entre causa e efeito) com casualidade (quando não passa de coincidência).

E, pra fechar, se quiser se divertir mais um pouco com esse tema, busque no Google: Maldição Ramsey.

Por Arthur Lessa 05/11/2021 - 10:08 Atualizado em 05/11/2021 - 10:18

Em meio às incertezas que assombram a economia nesse fim de 2021, a Wise Investimentos trouxe a Criciúma o economista Álvaro Frasson, responsável pelas análises macroeconômicas e políticas do BTG Pactual, para um painel sobre o cenário atual e expectativa futura da economia brasileira. O evento, para clientes e convidados, aconteceu nesta quinta-feira, 4, no condomínio San Simoni.

Entre os pontos principais abordados por Frasson está a inflação, que não atinge apenas o Brasil, mas o mundo. A diferença, segundo ele, é que cada país sofre um impacto e tem uma atitude diferente frente a essa situação. Ao ser questionado sobre o motivo de um país como os Estados Unidos ter inflação alta com juros baixos e no Brasil ser necessário elevar a Selic para conter a inflação, Frasson destaca dois pontos "eles tem controle sobre o maior lastro do mundo, que é o dólar, e tem investment grade [classificação de segurança para investimentos]".

O investment grade, inclusive, é um dos motivos para o desempenho abaixo do ideal da Bolsa brasileira. "Lá eles tem nota AAA+, aqui temos BB-. Essa diferença tira muito investimento daqui. Quando o Brasil tinha investment grade, até 2013, eles olhavam pra cá e viam um investimento seguro com juros a 12% a.a. e riam", lembra Frasson.

Sobre o câmbio, assunto que abriu a palestra, o economista destacou que o Real é a terceira moeda que mais desvalorizou em 2021 num grupo de 24 países emergentes. "Os outros foram a Aregentina, que nem preciso falar os problemas que tem enfrentado, e a Turquia, onde o presidente troca sempre que quer o presidente do Banco Central. Fora eles, somos a pior moeda". Frente a esse fato, e mesmo após ilustrar o cenário atual brasileiro e o que pode acontecer em 2022 com as Eleições para presidente, Frasson afirmou seguramente que tentar adivinhar o câmbio para um, dois, 10 anos, é "achologia". Existe uma piada no Mercado que diz que 'câmbio' surgiu pra fazer com que os economistas sejam humildes".

 

Por Arthur Lessa 04/11/2021 - 09:23 Atualizado em 04/11/2021 - 12:46

O Nubank é hoje o maior player da nova leva de instituições que tem tirado os bancos tradicionais da zona de conforto. Ao contrário do Banco Inter, por exemplo, o Nubank já nasceu digital e nem gosta de ser chamado de banco, mesmo oferecendo, cada vez mais, serviços bancários (empréstimo, CDB, seguro,...). É uma espécie de suco do Chaves, que é de limão, parece de tamarindo mas tem gosto de groselha.

Com uma estratégia mais que bem sucedida de posicionamento de marketing, apresentando um novo modelo de relação com o cliente e com um base de cerca de 24 milhões de cadastros, a fintech já pode ser consolidada no mercado financeiro e dará o próximo passo: IPO.

Onde abrir capital?

Na ultima segunda-feira (1º), o Nubank anunciou que fez pedido de registro na SEC (Securities and Exchange Commission) para a realização de seu IPO na NYSE (Bolsa de Nova Iorque). Simultaneamente, a empresa entrou com pedido de listagem no Brasil. Com isso, ao mesmo tempo que forem iniciadas as negociações na NYSE, os BDRs começam a circular na B3 (Bolsa de São Paulo), diferente, por exemplo, da XP Inc, que demorou quase dois anos entre os dois movimentos.

Assim como XP, Stone e PagSeguro, o roxinho também fará sua abertura de capital original nos EUA. Mas, ao contrário dos compatriotas, após ser disputado pelas principais Bolsas do país, escolheu a NYSE (New York Securities Exchange), mais tradicional que a NASDAQ, que é focada em tecnologia e conta com Google, Facebook, Uber e afins. Já a Nyse conta com a economia mais "física", com destaques como Bank of America, Boeing, Chevron.

Mais que o Nubank

Vale ressaltar que, assim como o IPO da XP Inc não foi só abertura de capital da corretora de mesmo nome (a empresa tem também as corretoras Clear e Rico, o site Infomoney e a research Spiti), esse IPO será da Nu Holdings Ltd., que  é a empresa-mãe dos vários outros Nus (Nubank Brasil, Nu Colômbia, Nu México, Nu Invest…). 

Tickers

Aproveitando a maior liberdade oferecida no mercado norte-americano (na B3 precisa ter 4 caracteres e um número), nos EUA o ticker do Nubank será NU e a stock deve estrear com preço entre US$ 10 e US$ 11. No Brasil, cada BDR representará 1/6 da NU e o ticker será NUBR33, com preço inicial esperado entre R$ 9,25 e R$ 10,39.

Início das negociações

No prospecto não está claro o início das negociações na NYSE, mas, partindo do principio de que a empresa vai abrir negociação simultânea nos dois países, vamos nos basear no cronograma do BDR, que define:
07/12/21 - Encerramento do período de reservas
08/12/21 - Fixação do preço
09/12/21 - Início das negociações na B3 

BDRs de brinde

O que tem chamado muito a atenção na oferta é a possibilidade de os clientes do Nubank receberem gratuitamente um BDR NUBR33 apenas respeitando alguns requisitos nada restritivos. Segundo o blog da fintech, é preciso "ser um cliente ativo, ter uma conta do Nubank que não esteja bloqueada para transações, não estar inadimplente por mais de oito dias corridos e ter realizado ou recebido pelo menos uma operação em qualquer produto do Nubank nos últimos 30 dias antes de aderir ao programa". 

O pedido poderá ser feito a partir do dia 9 de novembro pelo próprio aplicativo do Nubank. Em comunicado, a empresa reforça também que esses produtos são do Nubank, e não Nu Invest, que é o nome da Easynvest, adquirida em setembro de 2020, desde agosto de 2021.

Esse, inclusive, foi um ponto que criou certa polêmica (descabida, na minha opinião). Muitos analistas e influenciadores, em suas redes sociais, afirmaram que essa prática poderia ser usada para inflar o artificialmente o contingente de investidores da empresa, poderia criar problema para aqueles que receberiam sem querer as ações e não saberiam o que fazer (como declarar IR, por exemplo) e coisas do tipo.

Vale ressaltar que a adesão ao programa não é compulsória, não vai aparecer uma ação na conta do cidadão "do nada". Quem quiser, pede. Provavelmente (saberemos no dia 9) no pedido o investidor apontará em que conta de que corretora deve ser alocado o ativo. Talvez seja necessário que o investidor abra uma conta no Nu Invest, mas a plataforma está "fora" da campanha. 

Para mais informações sobre a campanha, intitulado NuSócios, acesse o Blog do Nubank.

Prospectos diferentes

Ainda sobre os IPOs, agora entrando em algo mais técnico, vale destacar algumas mudanças identificadas pelo site Brazil Journal.

Sobre a relação da cantora e empresária Anitta com a empresa, da qual é conselheira, o prospecto em inglês, encaminhado à SEC, detalha o contrato de R$ 36 milhões com a empresa Rodamoinho, controlada por Larissa Macedo Machado (Anitta), foi fechado em 30 de junho de 2021, com duração de cinco anos, em troca de serviços de marketing e publicidade. Já o prospecto em português economiza palavras e sequer cita o nome de Anitta (ou Larissa).

Outro fato importante que foi amplamente divulgado, mas parece ter sido esquecido nos prospectos, é o tamanho da participação da Berkshire Hathaway, de Warren Buffet, que aportou US$ 500 milhões há poucos meses. Segundo fontes ouvidas pelo Brazil Journal,  "o investimento de Buffett foi na forma de preferred equity [um tipo de dívida com retorno garantido], e não common stock, a ação ordinária, que expõe o investidor 100% ao risco do negócio".

Por Arthur Lessa 01/11/2021 - 10:26 Atualizado em 01/11/2021 - 11:13

Bom dia!

Hoje é 1º de novembro, uma segunda-feira ilhada entre fim de semana e feriado de Finados, mas o jogo segue! 

Além disso, já que estamos em novembro, o olhar já tem que ser lançado a 2022. Sim, mesmo ainda tentando digerir 2020, o tempo não para!

Um dos destaques de hoje é o Boletim Focus, do Banco Central, que segue apresentando piora nas expectativas do mercado.

Como estamos muito próximos do fim do ano, as mudanças de uma semana pra outra são mínimas. Para melhor entendimento da tendência, vamos olhar na janela de quatro semanas. 
IPCA subiu de 8,51% para 9,17% (hoje está em 10,37%)
IGPM subiu de 17,67% para 18,28%
Crescimento do PIB de 5,04% para 4,94%
Câmbio de R$ 5,20 para R$ 5,50
Selic de 8,25% para 9,25%

Já para 2022, mesma tendência subindo o que deveria descer e descendo o que deveria subir.

IPCA subiu de 4,14% para 4,55% (acima da meta para o ano)
IGPM de 5% para 5,31%
Crescimento do PIB de 1,57% para 1,20%
Câmbio de R$ 5,25 para R$ 5,50
Selic de 8,50% para 10,25%

Abaixo, vocÊ confere as expectativas para os anos seguintes (2023 e 2024)

Para conferir o relatório completo do Banco Central, clique aqui.

Outro destaque importante é para a Renda Fixa, que deve ser a queridinha do ano que vem entre os investidores. Confira a análise da Marília Fontes distribuída hoje na newsletter matinal da Nord. 

2022 será o ano da renda fixa

Com Ibovespa encerrando o pior mês do ano em outubro caindo 6,74 por cento e, no acumulado, baixa de 12,92 por cento, indicadores de atividade econômica mostrando desempenho abaixo do esperado e cenário de alta de juros, o questionamento é: devo investir em Bolsa ou em renda fixa? Qual oferece o melhor resultado?

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária elevou a Selic para 7,75 por cento ao ano, 1,5pp acima da taxa anterior. A aceleração em mais de um ponto percentual é uma tentativa de colocar a inflação de volta nas metas (2022: 3,50 por cento, 2023: 3,25 por cento e 2024: 3,00 por cento).

Segundo o Boletim Focus desta segunda-feira (1), as expectativas são de que a Selic deve encerrar o ano de 2022 em 9,25 por cento e se elevar até 10,25 por cento em 2022. Enquanto isso, as expectativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) são de uma taxa de 4,55 por cento em 2022, 3,27 por cento em 2023 e 3,07 por cento em 2024.

Com o novo panorama, de acordo com a analista de renda fixa e sócia-fundadora da Nord Research, Marilia Fontes, as pioras nas projeções para os próximos anos resultaram em uma desancoragem das expectativas de inflação.

Com isso, pode ser que o Banco Central tenha que readequar a política para fazer frente à alta da inflação, elevando a taxa Selic para algo em torno de 10 por cento em 2022.

Invista em renda fixa sem deixar de lado as ações

Diante de cenários de incerteza, segundo nossa especialista, a aversão ao risco deve garantir que 2022 será o ano da renda fixa e, por conta disso, o investidor deve ter esse olhar para a diversificação, sem deixar de lado as ações, mas aumentando a parcela de produtos de renda fixa.

O momento atual é de construir uma carteira com duas coisas: liquidez e segurança. Por isso, evite ficar exposto ao juro longo no cenário atual. Monte uma carteira mais conservadora, especialmente porque os cenários eleitoral e econômico devem permanecer conturbados.

Uma saída é comprar títulos de renda fixa pós-fixada atrelados à Selic ou à taxa DI – taxas de juros que acompanham a taxa básica –, que passaram a render mais com a alta da Selic. E, no caso dos prefixados, prefira os de curtíssimo prazo.

Um ponto de atenção vai para os títulos de longuíssimo prazo prefixados ou atrelados à inflação, esses exigem cautela. Diante do cenário de incertezas, esses títulos podem continuar sofrendo com a marcação a mercado. Só para se ter uma ideia, neste ano, o Tesouro IPCA+ 2035, por exemplo, acumulou um incrível prejuízo de 17 por cento até o momento.

Se você ainda não entende como os títulos IPCA+ podem dar fortes prejuízos mesmo em um cenário de maior inflação, recomendo fortemente que você assista às aulas gratuitas da Marilia explicando sobre esse e os demais assuntos mais importantes para os investidores de renda fixa.

Ainda na visão da nossa analista, no mercado de ações é possível encontrar boas empresas, a bons preços e com visibilidade de crescimento. Porém nem tudo está barato. É cada vez mais importante que você faça investimentos contando com a ajuda profissional da Nord.

Vou deixar aqui o acesso para você conhecer o trabalho da Marilia e da equipe do Renda Fixa Pro. Na série, entregamos uma carteira detalhada com o percentual de cada título que você deve possuir de acordo com cada cenário macroeconômico. Essa é a melhor decisão que você pode tomar no cenário atual.

 

Por Arthur Lessa 29/10/2021 - 14:24 Atualizado em 29/10/2021 - 14:25

A entrevista especial desta sexta-feira (29) no 60 Minutos foi com Victor Almeida, estrategista de Renda Fixa da Wise AAI, que explicou curva de juros futuros, duration, FGC e outros termos que você precisa entender para investir em Renda Fixa aproveitando (ou não) a alta da Selic.

Confira a entrevista na íntegra:

 

Por Arthur Lessa 29/10/2021 - 10:53 Atualizado em 29/10/2021 - 10:56

Bolsa brasileira segue amassando ações, mesmo com resultados positivos, e deixando muitos investidores de Renda Variável cogitando seriamente a mudança pela Renda Fixa, cada vez mais rentável por conta das sucessivas altas da Selic. É a ressurreição de quem foi declarada morta em 2019 e, até poucos meses atrás, era chamada "carinhosamente" de "perda fixa".

Renda Fixa, tipos, riscos, vantagens e desvantagens, inclusive, será o tema principal do 60 Minutos desta sexta-feira. Convido você a acompanhar pelo Facebook e YouTube do 4oito e participar com perguntas e sugestões pelo meu Instagram.

Enquanto Bolsonaro derruba, dividendos levantam a Petrobrás

Em sua live semanal, nesta quinta-feira (28), o presidente Jair Bolsonaro voltou a ressaltar o monopólio da Petrobrás no Brasil, confirmou que orientou o ministro Paulo Guedes para que colocasse a empresa no "radar" para privatização e afirmou que a Petro não deve ter tanto lucro. "Ela tem que ter o seu viés social, no bom sentido. Ninguém vai quebrar contrato, ninguém vai inventar nada, mas tem que ser uma empresa que dê lucro não muito alto, como tem dado", afirmou Bolsonaro (confira o vídeo). 

Por conta da fala do presidente, as ADRs da Petrobras negociadas na Bolsa de Nova York (que representam as ações do Brasil) chegaram a despencar 4,36%, retomando, até com certo lucro, o valor após o anúncio do Conselho da estatal de distribuição de de nova antecipação da remuneração aos acionistas relativa ao exercício de 2021, no valor total de R$ 31,8 bilhões. 

Às 10h47 na B3, a PETR3 registra queda de 4,2%, a R$ 28,33, e a PETR4 cai 3,66%, a R$ 27,90.

 

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Banco Central inicia hoje  terceira fase do Open Finance

Após ter sido adiada em dois meses, a terceira fase do open banking entra em vigor hoje (29). Nesta etapa, as instituições financeiras poderão compartilhar informações sobre serviços de transferência via Pix, sistema de pagamento instantâneo em vigor desde o fim do ano passado.

Inicialmente, a terceira fase estava prevista para entrar em vigor em 30 de agosto. No entanto, o atraso na adoção da segunda fase fez os bancos e as fintechs (startups do sistema financeiro) pedir o adiamento da etapa seguinte. As instituições financeiras alegaram pouco tempo para atualizar os sistemas.

A quarta etapa, que prevê a troca de informações sobre serviços de câmbio, de investimentos, de previdência e de seguros, está mantida para 15 de dezembro. As demais serão implementadas no primeiro semestre de 2022.

Por Arthur Lessa 28/10/2021 - 12:36 Atualizado em 28/10/2021 - 12:38

Hoje Bill Gates completa 66 anos, fundou a Microsoft, espalhou pelo mundo o Windows (base da computação cotidiana mundial há décadas) e é o 4º homem mais rico do mundo (sua pior posição desde 1991).

Ele é, indiscutivelmente, um gênio! Mas sem sorte, provavelmente não teria chegado onde chegou. Uma sucessão de acasos levaram Gates a aprender o que precisava, ver o que o futuro reservava, ter acesso a tecnologias extremamente raras à época, conhecer as pessoas certa (entre elas, a própria mãe) e... permanecer vivo (literalmente).

Essa saga probabilística de Bill Gates é contada no trecho abaixo, que está e um dos primeiros capítulos do livro A Psicologia Financeira, de Morgan Housel

Bill Gates estudou em uma das únicas escolas de ensino médio do mundo que tinha um computador. 

Por si só, a história de como a Lakeside School, nos arredores de Seattle, conseguiu um computador já é notável. 

Bill Dougall, ex-combatente da marinha americana na Segunda Guerra Mundial, se tornou professor de matemática e ciências. “Ele acreditava que, sem experiência no mundo real, ficar apenas lendo livros não serviria para nada. Ele também percebeu que seria preciso saber alguma coisa sobre computadores antes de entrar para a faculdade”, lembrou o falecido cofundador da Microsoft, Paul Allen.

Em 1968, Dougall pediu à associação de mães dos alunos para usar os lucros do brechó que elas organizavam uma vez por ano — cerca de 3 mil dólares — para arrendar um computador Teletype Model 30 conectado a um terminal de mainframe da General Electric, de modo a usar o recurso de time-sharing. “O conceito de time-sharing na informática tinha sido inventado em 1965”, disse Gates mais tarde. “Alguém estava muito bem antenado.” A maioria das instituições de pós-graduação não possuía um computador tão avançado quanto aquele a que Bill Gates teve acesso ainda no ensino médio. E o garoto ficou fascinado.

Gates tinha 13 anos em 1968 quando conheceu Paul Allen, seu colega de turma. Allen também estava obcecado pelo computador da escola, e os dois se deram bem na mesma hora.

O computador da Lakeside não fazia parte do currículo principal, mas de um programa de estudo independente. Bill e Paul podiam brincar com ele à vontade, deixando a criatividade correr solta — depois das aulas, tarde da noite, nos fins de semana. Em pouco tempo, os dois se tornaram especialistas em computação.

Allen contou que se lembra de uma vez em que Gates, durante uma dessas sessões noturnas, mostrou a ele uma edição da revista Fortune e falou: “Como deve ser comandar uma empresa Fortune 500?” Allen respondeu que não fazia ideia. “Talvez algum dia a gente tenha a nossa própria empresa de computadores”, disse Gates. Hoje, a Microsoft vale mais de um trilhão de dólares.

Agora, façamos uma continha rápida.

De acordo com a ONU, havia cerca de 303 milhões de pessoas em idade escolar no mundo em 1968.

Cerca de 18 milhões delas viviam nos Estados Unidos, sendo 270 mil no estado de Washington. Pouco mais de 100 mil delas viviam na área de Seattle. E apenas cerca de trezentas frequentaram a Lakeside School. Começamos com 303 milhões e terminamos com trezentos.

Apenas um em cada um milhão de estudantes em idade escolar frequentou a instituição de ensino médio que tinha a combinação de dinheiro e visão para conseguir um computador. Bill Gates era um deles.

Você já pensou no quanto a sorte tem influenciado na sua vida? Seja para o bem, seja para o mal?

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Por Arthur Lessa 28/10/2021 - 10:10 Atualizado em 28/10/2021 - 10:13

Copom seguiu expectativa do mercado e elevou Selic em 1,5%, para 7,75 a.a.

No maluco ano de 2020 surgiu uma expressão no fintwit designada para expectiva de resultados das reuniões do Copom sobre a manutenção ou não da Selic. Se a reunião terminava sem alteração da taxa, o que aconteceu em quatro reuniões seguidas, surgiam como uma onda a palavra "manteu"! Pois é... Hoje em dia, os insistentes do meme apenas podem lançar, sozinhos, um "não manteu".

A reunião de ontem do Comitê de Política Monetária (Copom) seguiu a expectativa do mercado e subiu a Selic em 150 p.p., elevando de 6,25% a 7,75% a.a. Mas, tão importante quanto esse fato consumado é a indicação de um possível novo aumento na mesma intensidade na próxima reunião, em dezembro.

O objetivo do Banco Central com essas sucessivas altas da taxa básica de juros é "segurar" a inflação, que hoje supera os 10% a.a. no acumulado de 12 meses, sendo que a meta para o fim de 2021 é entre 2,25% a 5,25% a.a. (centro da meta é 3,75%).

Não faltam vídeos de análise de influenciadores sobre esses movimentos, mas algumas opiniões merecem mais atenção nesses momentos. Entre elas está a da Marília Fontes, especialista em Renda Fixa da Nord Research, afirma que tal movimento segue o que é necessário para controlar a inflação, mas, seguindo a linha apontada pelo BC na ata, é difícil acreditar no cumprimento da meta de 2022 e, para cumprir a meta de 2023, pode ser necessário colocar a Selic acima de 10%.

Aguardemos...

 

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Resultados

Dexco (antiga Duratex) registra lucro de R$ 225 milhões no tri, alta de 106%

A Dexco (DXCO3), antiga Duratex, divulgou nesta quarta-feira (27), em seu resultado do 3º trimestre de 2021 (3T21), lucro de R$ 225 milhões, 106% a mais em relação ao anterior (2T321). Dois fatores que, somados, impulsionaram a alta foram o aumento dos preços e a melhoria no mix de produtos em todas as divisões. “Esta melhoria também foi refletida no ROE Recorrente que apresentou o avanço 3,7 p.p. no mesmo período”, disse a empresa.

Segundo o comunicado, a Divisão de Revestimentos Cerâmicos (Ceusa e Portinari) "segue operando com utilização de 99,6%, acima do patamar do mercado, com maior direcionamento de sua produção a produtos de grandes formatos". Com queda nas vendas em relação ao 3T20, mas negociando a preços maiores, a receita líquida da Divisão encerrou o trimestre com alta 25,9% frente ao mesmo período de 2020 e de 10,4% frente ao trimestre imediatamente anterior.

Com retomada de despesas, Intelbrás registra redução de lucro mesmo com aumento de receita

A Intelbras (INTB3) divulgou seu balanço do 3º trimestre de 2021 (3T21) com lucro líquido de R$ 88,360 milhões, 6,5% menos que o mesmo trimestre de 2020. Segundo a empresa, o resultado foi impactado pela retomada da execução de algumas despesas que haviam sido interrompidas pela pandemia, com destaque para as comerciais.

A receita operacional líquida avançou 24,1%, chegando a R$ 758,978 milhões no 3T21, fato explicado pela “robustez das operações do segmento de Segurança associada ao acelerado ritmo de crescimento de nosso segmento de Energia”.

Energia segue crescendo sensivelmente dentro do mix, apresentando aumento de 38,1% de faturamento frente ao trimestre anterior e 128,7% se comparado ao mesmo trimestre de 2020, e já representando 18% da receita líquida da empresa.

Sobre a atuação no mercado 5G, a empresa afirmou que iniciou o desenvolvimento da linha de produtos focadas nessa tecnologia e vai acompanhar o leilão da quinta geração previsto para o mês de novembro.

Por Arthur Lessa 27/10/2021 - 10:26 Atualizado em 27/10/2021 - 10:29

O assunto do dia não poderia ser outro: reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que deve (segundo a expectativa média do mercado) elevar em 1,5% a Selic, que passaria a 7,75%, maior patamar desde 2017, quando, em ritmo de queda, o Copom definiu a taxa básica de juros em 8,25% na reunião de setembro e 7,50% na reunião de outubro.  Há quem espere um movimento mais drástico do Comitê, com players como Genial esperando aumento de 3% na Selic (para 9,25%) e Goldman Sachs esperando 2% (para 8,25%).

Sobre esse assunto, confira o trecho abaixo da newsletter de hoje da Nord Research.

Prévia da inflação: IPCA-15 sobe acima da expectativa [NORD RESEARCH]

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15) acelerou a alta para 1,20 por cento em outubro, após marcar 1,14 por cento em setembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou acima do consenso do mercado, que estimava alta de 1,00 por cento. Os dados foram divulgados na terça-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A analista de renda fixa e sócia-fundadora da Nord Research, Marilia Fontes, destaca a forte alta do setor de serviços, segmento que é mais sensível à política econômica, e avalia que o resultado do IPCA-15 deve fazer com que o Copom eleve a projeção para a taxa Selic em 1,5 ponto percentual na reunião de hoje (27), avançando para 7,75 por cento ao ano.

Por outro lado, o chamado Índice de Difusão, que mede o percentual de itens da inflação que subiram, caiu para 63,8 por cento neste mês. Na leitura da Marilia, essa queda indica que menos itens subiram em outubro, porém a alta dos itens que subiram veio mais forte. Já os núcleos de inflação apresentaram estabilidade.

Qual o cenário? De modo geral, esses dados dão ao Copom muito com o que se preocupar — principalmente porque as expectativas de inflação do Boletim Focus passaram a ficar desancoradas da meta do Banco Central, piorando as projeções para 2022, 2023 e 2024. Para a nossa analista, isso pode fazer com que o Banco Central tenha que aumentar o passo, elevando a Selic para 9,5 por cento ou 10 por cento no ano que vem.

O que muda na minha vida? Se por um lado a alta na inflação beneficia os títulos pós-fixados, que passam a render mais, por outro lado é ruim para títulos prefixados ou IPCA mais longos, dada a revisão de juros para cima.

Anote aí!

Hoje, às 19 horas, a Marilia Fontes fará uma live em seu perfil pessoal no Instagram (@mariliadfontes) para falar se a Selic vai quebrar o Brasil e as principais dúvidas em torno da decisão de política monetária na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) de outubro de 2021. Já segue no Instagram e ativa as notificações.

 

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Outros destaques

Empiricus recomenda aposta contra TC (TRAD3) 

O mercado financeiro esteve em polvorosa nesta terça-feira (26) por conta do relatório extraordinário publicado pela Empiricus aos seus assinantes recomendando que os investidores operassem short no papel (quando se vende um ativo sem te-lo na carteira), apostando em uma queda de mais de 50% frente ao preço atual. As ações do TC (TRAD3) fechou o pregão desta terça a R$ 5,39. 

Seguindo deliberadamente o estilo do relatório da gestora Squadra que deu início à derrocada da resseguradora IRB em 2020 (esta referência é citada no próprio documento), Felipe Miranda, analista e fundador da Empiricus, afirma que o TC se tratar de uma "fake tech", que são "empresas capazes de reunir uma retórica eloquente para se alinhar a um perfil supostamente de alta tecnologia, com crescimento exponencial, DNA disruptivo e vantagens competitivas de longo prazo. É um dos problemas dos nossos tempos: afirmações categóricas de 'tech as a service', 'software as a service', 'edtech', 'addressable market', 'community', sem a contrapartida tangível de lucros e geração de caixa. Palavras não pagam dívidas"

O que chamou atenção dos investidores também foi o que podemos chamar de "desencontro de ideias" entre Empiricus e BTG (que é acionista principal da Empiricus). Enquanto a research de Miranda constrói um cenário de empresa sem valor, analista do banco recomendam  compra de TRAD3 com preço-alvo de R$ 14, defendendo haver “oportunidades para o TC aumentar a monetização, gerando tráfego/investidores para corretores e diversificando seu portfólio educacional”. 

Por outro lado, Pedro Albuquerque, sócio da TC, reforçou ao Valor Investe que não há queima de caixa excessiva, e que, por ora, a empresa gastou pouco do dinheiro captado no IPO em negócios bem pensados. “Queima de caixa é algo desconectado à realidade”, afirma.

Cade pede mais 90 dias para analisar venda da Oi Móvel (Nord Research)

Outra novela que ganhou novos capítulos é a compra da Oi por TIM, Claro e Vivo. Na terça-feira (26), a superintendência-geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) solicitou mais prazo para analisar a concentração que envolve a venda da Oi Móvel.

Se o pedido for acatado, o prazo final para o órgão decidir sobre o negócio entre as operadoras de telefonia passará de 18 de novembro deste ano para fevereiro de 2022.

Por Arthur Lessa 22/10/2021 - 10:12 Atualizado em 22/10/2021 - 10:34

A frase do título abre o capítulo 11 do livro A Psicologia Financeira, de Morgan Housel, um dos mais comentados nas listas de leitura do mercado financeiro. E é realmente muito bom! (Inclusive coloquei nessa página o link pra comprar na Amazon)

O nome do capítulo é Razoável > Racional e disserta sobre o impacto da relação pessoal do individuo com o ativo escolhido para comprar uma carteira. Me chamou atenção, primeiramente, por contradizer algo que é apresentado como básico no ensino da análise de investimentos: não misture emoção com investimento, ou, colocando de maneira mais coloquial e ilustrativa, “não se apaixone pela ação”.

O médico racional

Para ilustrar a diferença entre os termos “Racional” e “Razoável” com a história de um psiquiatra que, por volta de 1900, adotou como tratamento para pacientes com neurossífilis grave (inevitavelmente fatal na época) a injeção de doenças como febre tifoide, malária e varíola. Sim... Esse era o tratamento.

Mas por que, diabos, ele trataria uma doença com outra doença. Parece uma anedota de comédia pastelão, quando para “fazer sumir” uma dor de cabeça se pisava no pé do paciente. Mas o médico em questão tinha no que se basear para seu tratamento “ousado” (o resto das pessoas chamava de loucura mesmo): padrões.

Ele notou que os pacientes com sífilis que, por alguma outra doença, tivessem febres fortes e prolongadas tinham uma forte tendência de se recuperar. Afinal, analisando friamente, a febre não é um problema, mas sim um procedimento de defesa do corpo humano. Sendo assim, além de não ser ruim, é bom. Repita comigo (mentalmente, para não assustar ninguém): ter febre é bom!

Somando os dados citados e analisando racionalmente, foi fácil tomar a decisão: se é pra não morrer, que tenham febre.

Após alguns ajustes de dosagem (e mortes de alguns mais azarados), o médico adotou como método o uso da malária mesmo, que era mais branda e controlável, criando a malarioterapia, que lhe rendeu o Prêmio Nobel de Medicina em 1927.

E por aí vai a história, com mais desdobramentos e informações. Mas o ponto de reflexão que surge no texto é o seguinte:

[...] Se a febre é benéfica, por que a combatemos?

Acho que a resposta é simples: porque a febre dói. Ea as pessoas não querem sentir dor.

É isso.

[...]

Pode ser racional querer ter febre se você está com uma infecção. Mas não é razoável.

Na prática a teoria é outra...

Outro exemplo citado nesse capítulo é de Harry Markowitz, condecorado com um Nobel (dessa vez de Economia) por conta de seu estudo que explorava a relação matemática entre risco e retorno. Ao ser questionado sobre como montava sua carteira de investimentos, ele não descreveu seus padrões de estudo, fórmulas matemáticas, taxa livre de risco e outros termos que baseiam a teoria que ele mesmo criou. Pelo contrário, ele afirmou que dividia seu portfolio meio a meio entre títulos e ações pois teria muito remorso caso as ações subissem e ele não as tivesse. Sua intenção, segundo suas próprias palavras, era “minimizar seu arrependimento no futuro”.

Termos como arrependimento e remorso não são matemáticos. Não são racionais. Mas são razoáveis, como Housel descreve:

Um investidor razoável toma decisões em uma sala de reuniões, cercado por colegas que ele espera que admirem, ao lado de um cônjuge que não quer decepcionar, tomando como referencial concorrentes idiotas, mas realistas, como o cunhado e o vizinho.

Por mais racionais que tentemos ser, não seremos 100% racionais. Se formos, por um momento, logo depois deixaremos de ser. E, quando acontecer, o que fazer com as decisões tomadas friamente frente a dúvidas e preocupações que surgirem (elas sempre surgem)?

Das coisas mais recentes que aprendi nos últimos solavancos da bolsa está a relação que existe entre o quão claro é para você o motivo/a tese que o levou a investir seu dinheiro em um ativo com o quanto as oscilações lhe afetam. Isso vale para o bem e para o mal.

Uma ação investida com base apenas numa indicação de um influenciador, relatório de swing trade ou um motivo fútil (como “vou investir na Ambev porque gosto de cerveja”) causa calafrios a cada queda e uma vontade incontrolável de realização de lucro a cada simples valorização. No primeiro caso você sai com menos do que entrou, no segundo sai do bonde antes da valorização real.

Por outro lado, se você conhece a atividade da empresa representada pelo ticker XPTO3, acompanha o que acontece com ela e seu mercado, acredita nos projetos apresentados e futuro crescimento, como aconteceria se você estivesse entrando como sócio numa empresa do seu bairro, você mal vai olhar as cotações. Vai olhar resultados, fatos relevantes (onde são informados os rumos e planos das empresas) e afins.

Como diria Warren Buffet, quem se destaca nesse mercado não são os mais inteligentes, mas os mais disciplinados. E disciplina vem de constância. E ser razoável é mais constante que ser racional.

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