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* as opiniões expressas neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do 4oito
Por Henrique Packter 13/07/2021 - 12:30 Atualizado em 13/07/2021 - 12:31

Na mineração do carvão, todo mundo tinha apelido. Quando nosso zelador no prédio do Condomínio Centro Médico São José era o nosso bom amigo NESTOR, recebi em meu consultório a visita de HENRIQUE SALVARO. Quis saber:

-O que é que o AGACHADINHO faz aqui?

- Quem é Agachadinho?

Pois não é que ambos se conheciam da época da mineração, cada qual com seu apelido! Nunca perguntei qual era o apelido de SALVARO...

Pois Orides Barbosa Domingos, era mais conhecido por Tico, apelido usado pelos amigos da mineração. Nascido em Lauro Muller, SC, em 29.12.1942, era o segundo filho de Emanuel João Domingos e Pedra Barbosa.

Desde muito cedo e ainda muito pequeno começa a se ocupar dos afazeres da casa, primeiro com os animais no campo depois com a lavoura, com a tafona, alambique, agrimensura e por último a mina.

Sempre gostou de estudar, interessava-se pela matemática, história, geografia. Vontade não lhe faltava, concluiu a quinta série elementar. Para prosseguir nos estudos deveria transferir-se para Orleans, onde cursaria o ensino médio. 

Morando em Guatá, interior de Lauro Muller, faltavam-lhe meios e coragem para deixar a casa paterna. Por isso, aos 18 anos, começa a trabalhar na mina como apontador de horas. Nos finais de semana, juntamente com o pai e irmão mais velho, mediam terras para os colonos da região. Orides observa, no trabalho de apontador na mineração, que os mineiros ganhavam por horas trabalhadas e muitos tinham um bom salário. Decide-se, ele também, a ingressar no ramo da mineração no subsolo.

Trabalhava como mineiro e nas suas horas de folga media terras. Projeta então sua vida, faz um programa de vida: uma vez que os mineiros se aposentavam com apenas 15 anos de trabalho, um de seus objetivos era, após aposentar-se, abrir escritório de agrimensura.

Entre os 19 e 20 anos, numa festa de Santa Bárbara, 4 de dezembro de 1961, em Barro Branco, Lauro Muller, conhece Antonina Elvanir Luciano, que um ano e meio depois, em 12 de janeiro de 1963, se tornaria sua esposa. Ela era filha de João Antonio Luciano, escrivão de Paz do Guatá e de Esmênia Nunes Luciano, dona de casa e costureira muito caprichosa e afamada. Tico e Vaninha eram conhecidos como o casal alegria, onde chegavam faziam festa, foram convidados para batizar mais de 39 criaturas de Deus, sem contar casamentos onde eram testemunhas de parentes e amigos. Devagar compraram casa, tiveram o primeiro filho, nascido um ano após o matrimonio e batizado com o nome de Gelsom. Depois de cinco anos veio Carmosélia.

Tinham, então, um casal de filhos e a vida continuava, entre trabalho na mina, finais de semana com piqueniques, pescaria e caça com os amigos. Vânia se dividia entre suas tarefas de casa, seus bordados, costuras e ser mãe. Eles eram muito engajados na comunidade, entre grupos de oração e organização das festas juninas do clube 13 de maio. Nos raros momentos livres, Orides lia horas a fio a CLT (Consolidação da Legislação Trabalhista) no Sindicato dos Mineiros. Passados alguns poucos anos começa a organizar o tão aguardado momento da aposentadoria, quando poderia dedicar-se à sua paixão, a agrimensura.

Seu pai, Manuel João Domingos, havia presenteado a ele e seus irmãos com aparelho e ferramentas necessários para realizar os trabalhos de medidas e divisões de terra. Porém, nem todas as rosquinhas saem com os buracos iguais. No dia 12 de fevereiro de 1975 em manhã normal como todas, ouviu-se soar a sirene da Mineração Barro Branco, o famoso “planinho”. Era o sinal para os moradores da comunidade de Guatá que, infelizmente, acontecera um acidente. As mulheres, corriam para as janelas e para as ruas, na expectativa de que alguém viesse dar notícias sobre as vítimas. As perguntas que se faziam, entre elas “quem seria?”ou qual seria a família tocada por infortúnio no trabalho? Vânia vê, então, entrar em casa o farmacêutico Roberto que viera dar a notícia: o Orides, “Tico”, tinha sofrido um acidente, a mina explodira e estava sendo levado para Urussanga. Na ambulância, seu sogro João o acompanhava. Com eles, também, o amigo e companheiro de trabalho, o Luís da “Otília”, também acidentado. Dalí, foram levados a Criciúma, onde havia ortopedistas e oftalmologistas. (Cont.:)

Por Henrique Packter 06/07/2021 - 16:24 Atualizado em 06/07/2021 - 16:26

Você sabe ou lembra quem foi?

Aposto que quase ninguém haverá de se lembrar. Pois foi um diligente-ativo-zeloso  gerente da Caixa Econômica Federal  nos anos 60, na capital do Carvão, ano de minha chegada a Criciúma. A agência bancária era na Rua 6 de janeiro e entre seus funcionários estava a minha amiga e advogada Janice Torres. Como quase todo mundo em Criciúma, CANALLI era nascido em outras paragens, em  Caxias do Sul, RS, em 1917. Era casado com Lígia Canalli, também nascida em 1917.

Em 1960, data de minha chegada a Criciúma, contava 43 anos, muito jovem, portanto. Em 26.1.1967, aos 50 anos, procurou-me com uma queixa estranha: 6 meses antes perdera a visão repentinamente. Procurou Júlio Doin Vieira, acreditado oftalmologista  em Florianópolis com quem lograra relativa melhora. Doin era meu amigo e trocamos ideias a respeito do caso, por telefone. Canalli, entre outras coisas exibia uma lesão degenerativa macular incipiente no olho esquerdo. Todos os demais exames estavam aparentemente normais. Criciúma ainda não tinha seu neurologista, coisa que só virá bem mais tarde, por isso o oftalmologistas fazia, as vezes de neurologista  A pressão arterial era talvez um pouco alta pelos padrões de hoje. Canalli precisava consertar algumas cáries dentárias; um exame radiológico da cabeça, um perfil de crâneo feito com o Dr. Raymundo Jorge Perez, também  resultara normal.   

Afinal, do que padecia Ulderico Canalli?

Sua visão era muito baixa, cerca de 0,1 (sendo 1,0 a visão normal em cada olho) e nada melhorava com o uso de óculos. Instituí a 17.2.1967 tratamento a base de vitaminas do Complexo B, pois o fundo de olho do paciente se alterara passando a mostrar nervos ópticos com certa palidez. Proibi-lhe usar álcool ou tabaco. A visão se eleva para 0,5 no olho direito e 0,3 no olho esquerdo. Em 16.4.1968 a pressão arterial também sobe e um sangramento nasal obriga o paciente a internar-se para tratamento com o cardiologista. Pratiquei tamponamento nasal com a pressão em 19x10. Isto já é 6.9.1972.  A visão com o emprego das vitaminas do Complexo B mais repouso sobe para tornar-se normal em 16.4.1968. A essa altura, sentamos um dia no consultório ULDERICO e eu. Repassamos sua vida. 

Uma revelação

Foi quando surgiu algo que até então merecera pouca ou quase nenhuma atenção. Candidamente ULDERICO CANALLI que morava e trabalhava na mesma rua 6 de janeiro, sede da agência da Caixa Econômica Federal em Criciúma, revelou receita de REMÉDIO milagroso para quase tudo:

- Quando saio da agência, para almoçar ou jantar, cumpro o mesmo ritual: entro no CAFÉ SÃO PAULO a 30 metros do trabalho e beberico aquela branquinha, purinha feita no Meleiro, pelo mestre Rosso-Mezzari, cana colhida entre maio e dezembro, com quantidade ideal de açúcar na planta, garapa extraída da cana nas primeiras 24 horas depois da colheita, bagaço separado do caldo de cana. Depois da extração, filtra o caldo com peneira e por decantação, deixando para trás o bagacilho.

Ulderico, visivelmente deliciado, recitava os passos para fazer a cachaça de sua predileção como quem recita uma homilia.

Por Henrique Packter 25/06/2021 - 10:43 Atualizado em 25/06/2021 - 10:44

O documentário de Zé Da Silva “A História do Metropol” mostra o lateral Zezinho Rocha, que chegou a pensar em casar com uma romena. Sem entender o idioma, Zezinho enredou-se no nome da moça: Sucosd. O namoro rendeu um anos de trocas epistolares com a misteriosa moça, após o que Zezinho se casou com uma brasileira-carvoeira. Adivinhem o nome da primeira filha! Justamente: Sucosd, o que pode ser um sobrenome romeno, um apelido, um endereço, pois não há nomes femininos romenos com fonética semelhante.

Quando cheguei a Criciúma, início da década de 1960, o futebol começava a ser utilizado como fator atenuante dos conflitos entre capital e trabalho na região carbonífera catarinense. Cada empresa mineradora mantinha seu próprio time de futebol, os jogadores-mineiros, atuando e descarregando tensões, esqueciam momentaneamente as difíceis condições de trabalho a que eram submetidos. Muitas partidas revestiam-se de violência, embora os campeonatos da época costumassem atrair famílias inteiras aos estádios.

A Companhia Carbonífera Metropolitana elevou o Metropol à categoria de time profissional, em 1959. Desde então, sob o comando do dirigente "Dite" Freitas, passou a contratar jogadores profissionais, mesclando-os com os trabalhadores mineiros que atuavam na equipe. Com o aporte financeiro da empresa, logo conquista um tricampeonato estadual (1960 – 1961- 1962). O Metropol era visto pela imprensa da capital como o “Real Madrid Catarinense”, alusão ao poderoso Real Madrid da Espanha, um dos maiores times do mundo já naqueles dias. Em 1962, o clube realizou uma vitoriosa excursão à Europa, fato ainda nao igualado em SC. Foram 23 partidas com 13 vitórias, 6 empates e 4 derrotas.

Foi, ainda, campeão estadual em 1967 e 1969. Em 1969, após a conquista do campeonato catarinense, o departamento de futebol profissional foi desativado e assim continua. Desde então, passou a disputar apenas competições amadoras, condição mantida até os dias atuais.

TÍTULOS CONQUISTADOS PELO  METROPOL

Títulos 5 vezes campeão catarinense  1960, 1961, 1962, 1967, 1969
Taça Brasil – Zona Sul 1 vez 1968
Taça  Brasil – Zona Sudoeste 1 vez 1968

A EXCURSÃO À EUROPA
O Metropol em inédita excursão futebolística brasileira à Europa, marcou 53 gols e sofreu 35, com um saldo positivo de 18 gols em 23 partidas. Elario foi o artilheiro da excursão, com 17 gols, seguido de Nilzo, com 8 gols, Helio, 7 gols, Marcio, Pedrinho, Arpino e Valdir marcaram 4 vezes cada, Paraná fez 3 gols e Sabiá 2 gols. Foram 13 vitórias, seis empates e apenas quatro derrotas. Destas 23 partidas, 11 foram na Romênia, com seis vitórias, dois empates e três derrotas (das quatro em toda a excursão. A primeira derrota foi para o Elche, da Espanha. Talvez na mais extensa apresentação do futebol brasileiro na Europa,em maio de 1962, o E.C. Metropol viajou 63,5 horas de avião, 78 horas de trem, 13 horas de navio e 126 horas de ônibus. O time visitou cinco países, Espanha, Suíça, Alemanha, Dinamarca e Romênia.

 

A ODISSEIA DE UM ÁRBITRO URUGUAIO EM TERRAS CRICIUMENSES

Era médico do Metropol nosso colega anestesistado Hospital São José, Everaldo Sabatini. Por ocasião da bem sucedida excursão à Europa, o Dr. Ângelo Lacombe substituiu-o na função. A disputa pelo título de campeão da LARM (Liga Atlética da Região Mineira), acirrava a tal ponto os ânimos, que um árbitro de fora era contratado, em geral do RS. De certa feita, veio de POA um árbitro uruguaio que apitava o campeonato gaúcho. A boca pequena rosnava-se aqui e ali que o árbitro estava na gaveta de Manoel Dillor de Freitas, outro dos 6 filhos do patriarca Diomício Freitas.

Termina o jogo com a vitória do Metropol. O árbitro uruguaio trata de escafeder-se, sentindo o ambiente pesado. Acabou interceptado  a meio caminho de Araranguá.  A expedição punitiva era chefiada por conhecidíssimo empresário criciumense, mas atuando em Cocal do Sul. O árbitro teve o corpo coberto de piche e de penas. Choramigava o tempo todo:

- Ai que dolor!

Ao que o grupo todo retrucava em coro:

- Que Dillor que nada!

O infeliz uruguaio foi deixado num saco sobre a ponte do Rio Araranguá, a boca firmemente amarrada com um desses fios utilizados em iluminação pública. Até o último momento, fizeram-no acreditar que seria jogado lá em baixo no rio, dentro daquele saco. Nenhum outro árbitro, fosse gaúcho ou da Província Cisplatina ou do rio da Prata,  depois deste exemplar corretivo, aventurou-se a apitar jogos em terras criciumenses que eu soubesse...

Por Henrique Packter 22/06/2021 - 07:42 Atualizado em 22/06/2021 - 07:53

Metropol e Comerciário, no início dos anos 60 protagonizavam verdadeiros embates futebolísticos. A rivalidade era fruto da origem das equipes. O Metropol era mantido pelo empresário Diomício Freitas e família que tinham incumbido o filho mais velho, Dite Fritas, mais o leal e confiável funcionário Gilberto João Oliveira, de montar e manter uma equipe.  Que, aliás, teve trajetória memorável, honrando as tradições futebolísticas catarinenses e derrubando o orgulhoso campeão gaúcho, Grêmio Porto-alegrense, quando se laureou campeão sulbrasileiro, após superar também o campeão paranaense. Já o Comerciário (hoje Criciúma), como o próprio nome esclarece era o clube do comércio, comerciantes, varejistas da região. Criciúma Esporte Clube, fundado em 13.5.1947, com o nome de Comerciário Esporte Clube, atualmente disputa a Série C do Campeonato Brasileiro. Criciúma foi o primeiro e único clube de SC a conquistar o título da Copa do Brasil, isto em 1991 e de forma invicta. O clube tem também em seu currículo um Campeonato Brasileiro da Série B. Atualmente disputa a Série C deste campeonato.

Foi fundado como Comerciário Esporte Clube. Crise financeira nos anos 1960 e o clube é refundado em 1976. Em 1978 foi renomeado, passa a ser o  Criciúma Esporte Clube, com as cores preta, amarelo e branco em 1984, daí o nome TIGRE.

O maior feito do clube foi conquistar a Copa do Brasil em 1991 com o técnico  Felipe Scolari, depois campeão do mundo com a seleção brasileira de futebol. Em 2005 o Criciúma acaba na série C. Em 2006, campeão da série C, volta à série B.

Retornamos à série A em 2012.

HONRAS
Ganhando a Copa do Brasil em 1991, o time qualificou-se para disputar a importante Copa Libertadores da América; terminamos na quinta posição. Esse resultado fez do Criciúma um dos mais bem-sucedidos times de SC.

Copa do Brasil:  Criciúma campeão em 1991.
Série B
Vencedor (1): 2002

Vice-campeão (1): 2012

Série C
Campeão (1): 2006

Campeonato Catarinense
10 títulos: 1968, 1986, 1989, 1990, 1991, 1993, 1995, 1998, 2005, 2013 (Campeão em 1968 como Comerciário Esporte Clube)

7 vice-campeonatos: 1982, 1987, 1994, 2001, 2002, 2007, 2008

Copa Santa Catarina
Campeão: 1993

Vice-campeão: 1998

Estádio Heriberto Hülse do Criciúma Esporte Clube, construído em 1955, tem capacidade máxima para 19.900 expectadores.
O METROPOL

Em 2021, completam-se 52 anos do encerramento das atividades no Esporte Clube Metropol. Apesar do distanciamento no tempo, a lendária equipe do nosso futebol mantém seu fascínio sobre os aficionados do futebol. De fato, o Metropol saiu de cena ainda por cima, logo após conquistar o estadual de 1969. Mas seu destino já estava traçado, devido a dois fatores. Um deles era o fim da sociedade Freitas-Guglielmi, que mantinha o time. O outro, a fantástica eliminação para o Botafogo, na Taça Brasil. O episódio desiludiu Dite Freitas, patrono do Metropol e também impôs maldição de vinte anos sobre o time da Estrela Solitária.

Por Henrique Packter 14/06/2021 - 12:39 Atualizado em 14/06/2021 - 12:41

Falecimento do Prof. Flávio Rezende Dias, oftalmologista do Departamento de Medicina da PUC-RJ

Nota do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da PUC-RJ em 7.5.2020.

Com pesar, o Centro de Ciências Biológicas e da Saúde e o Departamento de Medicina da PUC-Rio comunicam o falecimento do Professor Benemérito Flávio Rezende Dias, que coordenou a especialização em Oftalmologia no período de 1992 a 2018.

Nota da Sociedade Brasileira de Oftalmologia:

A Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO) comunica com pesar e muita tristeza, nesta data em que a classe comemora o Dia do Oftalmologista, 7/5, o falecimento do doutor Flávio Rezende Dias – presidente da entidade no biênio 2012 a 2014. Neste momento de dor, a SBO se solidariza e manifesta as condolências aos familiares e amigos.

Nota da Sociedade Norte e Nordeste de Oftalmologia no Facebook:

É com pesar e tristeza que a Sociedade Norte Nordeste de Oftalmologia informa o falecimento do professor Flávio Rezende Dias, que ocorreu justamente no Dia Nacional do Oftalmologista. Nascido no Espírito Santo, em 17.6.1036, o professor Flávio Resende Dias graduou-se em Medicina pela Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil (atual UFRJ), em 1964. O Dr. Flávio Rezende foi presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO) de 1987 a 1990, presidente da Sociedade Brasileira de Catarata e Implantes Intraoculares (SBCII) de 1996 a 1998 e da Sociedade Brasileira de Administração em Oftalmologia (SBAO) de 2012 a 2014. A Sociedade Norte Nordeste de Oftalmologia lamenta a perda e presta condolência a família, amigos e alunos. Flávio escreveu vários livros didáticos sobre a especialidade e organizou outros tantos, distribuindo os temas dos capítulos a importantes nomes da nossa oftalmologia. Um deles abordava COMPLICAÇÕES DA CIRURGIA DA CATARATA. Sua importante participação em Congressos, Cursos, Jornadas, Palestras, Reuniões é difícil de avaliar.

Assim como é difícil dimensionar a perda que representa sua morte para a nossa oftalmologia.  Talvez com o passar do tempo, recolhendo lembranças e participações, somando os imensos créditos e diminuídas as  parcas atuações negativas, vai-se ter um retrato de corpo inteiro de uma das ais importantes figuras da moderna oftalmologia brasileira e, quiçá, mundial. Brincalhão, grande voz de tenor, brilhava pelo bom senso e arrastava porque muito sabia dentro da atividade médica especializada.

Por muitos anos participou do grupo OCULISTAS ASSOCIADOS, que teve como fundador seu tio, o professor JOVIANO DE RESENDE FILHO.

FLÁVIO presidiu a reunião que trouxe ao Brasil dois expoentes nos EUA da moderna cirurgia da catarata com implante de lente intraocular: David Sinskey e David Drews. Apresentados os dois gringos na sede da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, Flávio deixa a mesa diretora dos trabalhos e vai sentar-se lá na plateia, trazendo nas mãos o livro sobre o assunto da reunião trazido a título de publicidade para alavancar vendas.

Folheava distraidamente o livro, quase ao meu lado, quando as luzes do auditório se apagam e começa a projeção de slides. Sinskey agora falava apresentando o primeiro slide com as obrigações do cirurgião para realizar o ato cirúrgico:

1.     NO SMOKING (podia despertar tosse, algo inimaginável durante o ato cirúrgico)

2.     NO ALCOOL (não beber, para as mãos não tremerem)

3.     NO DRIVING (não dirigir, coisa que tira a firmeza das mãos)

4.     NO SEX

Ao ouvir esta última exigência, sem levantar os olhos do livro que empunhava, mas fechando-o com estrondo, Flávio Rezende garantiu: esta cirurgia não vai pegar no Brasil!

 

FLÁVIO NO JAPÃO

Era  Congresso Mundial de Oftalmologia no Japão. Flávio e grupo de brasileiros fretam avião para o país do sol nascente. Dinheiro, o estritamente necessário. À época usava-se portar traveller check e dólares (minguados como hoje e de transporte perigoso). Cartão de crédito era coisa do futuro, impensável. Flávio estava investindo pesado em equipamentos e levava  menos que o suficiente para a grande viagem. Três dias após a chegada, já nauseado de tanto peixe (cru às vezes) e arroz decide-se pelo grande sacrifício monetário: comer aquele bife, alto, sangue escorrendo, odor mágico e inebriante. Vai a restaurante com amigos e faz o pedido inacreditável:

- Filé, entendeu? Só o filé, mais nada. Alto assim, cheiroso, maravilhoso. Só isso.

Todos à mesa esperam o momento surreal da chegada da iguaria.

Chega o garçom com um daqueles pratos imensos, cobertura tipo campânula ou redoma, tudo transportado com grande delicadeza e maneirismos rituais. Abre, afinal, a imensa redoma para deleite visual de todos. Grande exclamação sai da boca de todos. No prato imenso, lá no meio dele, um tisquinho de carne esturricada, do tamanho de um mostrador de relógio feminino pequeno, e com espessura de milímetros! FLÁVIO examina o espécime com ar de incredulidade. Depois de um breve momento, pergunta:

- Cadê a correntinha? (Where is the neck chain?)

O garçom não entende, vira-se para os outros convivas pedindo auxílio, sem dizer palavra. Flávio continua, olhando fixamente para o prato:

-Sim, porque a medalhinha já  está aí, ó! 
 

Por Henrique Packter 11/06/2021 - 13:36 Atualizado em 11/06/2021 - 13:38

A ARTE DA ENTREVISTA

Antes de entrevistar, o jornalista deve programar suas perguntas baseadas em início, meio e fim. Assim, define os temas a serem abordados e a duração da conversa. Sempre estar atento a qual tipo de entrevista vai utilizar.

Perguntas devem ser curtas, não daquelas que dobram a esquina, mas suficientes para garantir que o entrevistado compreenda o que está sendo questionado.

Caso o entrevistado tenha dificuldade em formular suas respostas, deve ser estimulado com novas perguntas curtas, complementando o assunto, sempre fugindo de afirmativas.

O jornalista pesquisa sobre a pessoa que vai entrevistar. Fundamental que informações básicas não passem despercebidas, para uma abordagem objetiva. No início da entrevista, o jornalista deve apresentar sutilmente, como será a pauta trabalhada para o entrevistado, sem permitir palpites e sugestões sobre o que será perguntado.

Conforme o andar da entrevista, é possível que surjam outros assuntos. Importante que o jornalista saiba aproveitar as deixas, como também a hora de retornar ao foco inicial da pauta.

Entenda os direitos do entrevistado (para evitar processos envolvendo seu nome como responsável). Dizem que há 9 tipos de entrevista: as comuns em número de 8 e as do Adelor Lessa e do Bial. Vamos às comuns:

1. Entrevista de rotina:

A entrevista de rotina é representada pelas fontes de notícias factuais, pautas diárias que têm curto prazo de validade para divulgação. Mais usada de todos os tipos, entrevista pessoas que presenciaram acidentes, assaltos, desabamentos, vítimas de enchentes e de fura-filas vacinais. Depoimentos comprovam a veracidade da notícia.

2. Entrevista individual:

Marcada com antecedência, concedida a um só jornalista, dá ao entrevistado o tema da pauta após devido preparo das respostas, elaboradas pelo entrevistado ou assessoria.

3. Entrevista em grupo:

Ou coletiva de imprensa, dela participam vários jornalistas, revezando-se nas perguntas feitas a uma ou mais pessoas. As respostas são aproveitadas pelo grupo de jornalistas, destacando-se os autores das perguntas mais importantes e criativas sobre o tema da coletiva. Furo jornalístico pode alavancar uma carreira jornalística, daí ser importante não perder a chance de sacar a resposta almejadas por todos.

4. Entrevista exclusiva:

Concedida a um veículo, que divulgará o conteúdo em primeira mão. Pauta de grande interesse jornalístico porque atinge grande número de pessoas. Credibilidade e alcance veicular contam muito no aceite da exclusiva: significa lucro financeiro e crescimento da imagem do entrevistado.

5. Entrevista de Pesquisa:

Realizada com especialistas sobre certo assunto, para acrescentar informações a uma matéria com credibilidade. Conteúdos dessa natureza são importantes na construção de artigos, por exemplo.

6. Entrevista caracterizada:

Textos entre aspas, incluídos numa matéria. Então, a fala do entrevistado é posta como foi dita, transcrição fiel do que foi falado. Estas passagens são curtas, definidas pela sua importância, sem adaptação na transcrição.

7. Entrevista de personalidade:

Feita para traçar o perfil de pessoa pública. Nela constam informações sobre hábitos, história de vida e curiosidades relevantes sobre o entrevistado..

8. Entrevista opinativa:

Feita com pessoas que têm autoridade para falar sobre certo assunto, sejam profissionais consagrados, estudiosos, ou atletas experientes, por exemplo. Cede entrevista opinativa quem detém grande conhecimento sobre o assunto.

ENTREVISTANDO UM MESTRE. ENTREVISTA DE PERSONALIDADE

Já falei de outras vezes que estudei e me graduei na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná em 1959. São, portanto, 62 anos de prática médica. Entre os grandes mestres com os quais convivi, entre os maiores devo colocar o Nefrologista ADYR SOARES MULINARI e o Cirurgião MÁRIO BRAGA DE ABREU. Ah! Tem também o professor de Anatomia Topográfica BRASÍLIO VICENTE DE CASTRO e LYSANDRO DOS SANTOS LIMA professor de Clínica Médica.

Muito aprendi com eles e não somente na esfera médica. De todos eles recebi grandes lições de vida sem cujo conhecimento a muito sofrimento eu teria sido submetido em todas essas décadas de existência. Existe uma entrevista de ADYR MULINARI circulando faz tempo por aí. Muito do que aprendi com ele está nela estampado. Para se compreender a grandeza deste homem é necessário esboçar seu perfil profissional.

UMA BIOGRAFIA EXEMPLAR

ADYR faleceu a 2.12.2017, aos 90 anos, e foi um dos pioneiros na introdução e desenvolvimento da Nefrologia (doenças renais) no país. Entrevista concedida poucos meses antes de sua morte.

Nascido em Curitiba (1927), ingressou no curso de Medicina na então Faculdade de Medicina do Paraná, onde se formou em 1951. Meu ingresso se deu em 1954, ano da morte de Getúlio Dornelles Vargas. Adyr iniciou sua carreira profissional em 1952, como assistente voluntário de Técnica Operatória (com o famigerado Professor Dante Romanó) e como assistente da cadeira de Urologia entre 1955 e 1961 (desde 1953 com João Átila Rocha). O professor João Átila Rocha vem a ser parente próximo do nosso Urologista Álvaro Ronald Rocha. Em 1961 Adyr transferiu-se para o Departamento de Clínica Médica, quando visitou Curitiba o médico holandês Willem Kolff, criador do rim artificial.

Já radicado nos EUA, indicou Mulinari para estágio na Cleveland Clinic. Depois, Adyr concentrou seu treinamento em clínica médica e nefrologia com Belding Scribner na Washington University School of Medicine, Seattle, berço da nefrologia moderna. Retorna ao Brasil, final de 1963, no hospital-escola da UFPR iniciando o tratamento hemodialítico crônico, pioneiro no Brasil, com rim artificial de fluxo paralelo, doado pela Universidade de Washington, na qual Mulinari estagiara.

Por Henrique Packter 31/05/2021 - 09:49 Atualizado em 31/05/2021 - 09:51

Remexendo meu baú encontro muitas vezes algumas esquecidas pérolas. Algumas nem título tem, a maioria não tem autor. Esta aqui é uma delas, mas desconfio, pelo estilo, que se trate de coisa do falecido médico, professor, jornalista, hipnotizador e eutanásico escritor, OSMARD DE ANDRADE FARIA.        

Como certos músicos amadores autodidatas, escrevo de ouvido.

Tais devaneios me assombram após ter lido no jornal Estado de S. Paulo, artigo assinado por economista aborígene sobre o mau uso da língua-pátria por brasileiros. Como vocês veem, até economista entende mais de gramática do que nós. Queixava-se ele  -  e engrosso o coro  -  que nunca antes neste país se americanizou de tal forma o idioma pátrio. Citava a estupefação de amigo seu, norte americano, fluente em português pois nos visita com certa assiduidade, que trocando pernas pelas ruas da paulicéia, sentia-se como se estivesse em Nova York. Dizia: aqui, já não mais se estaciona, faz-se parking, liquidações são sales, descontos nos preços, offs, pizzarias fazem delivery, edifícios agora são buildings, Towers and Centers, coisas que tais. O que, porém, mais chamou sua atenção foi um novo edifício paulista punido como Augusta High Living, já que esse termo, high, nos EUA é usado para referir-se a alguém drogado ou embriagado.

Lembrei-me do que vejo acontecer no meu entorno em Floripa. Além de macaquearem a língua alheia, ainda a usam com erros crassos. Próximo ao meu banco há um restaurante chamado  Squina´s que não pertence a nenhum Sr. Esquina. Do outro lado da rua, um salão de beleza oferece up-to-date hair designs. E, mais adiante, uma casa vende carimbos com o gracioso título Carimbo´s.  O restaurante na Lagoa da Conceição era gloriosamente conhecido como o Lagoa´s.

Ainda não é o pior. Suponho, aquelas denominações partiram de pessoas consideradas desprovidas de melhores  atributos culturais. Temos na cidade um moderno hospital, bilingue de nascimento e batizado de Baía Sul Medical Center. Por que não Centro Médico Baía Sul? Ou então, logo de uma vez, South Bay Medical Center? Ocorre o mesmo com seu irmão gêmeo de besteirol, o Celso Ramos Medical Center.

Reclama ainda o ecônomo-linguista supra epigrafado do desordenado uso de metáforas, ditados e parâmetros vulgares nos artigos de imprensa. Como: trocar seis por meia-dúzia, misturar alhos com bugalhos (que seriam bugalhos?), heróicos soldados do fogo, no frigir dos ovos, o que cair na rede é peixe, calcanhar de Aquiles, adentrar o gramado, chover a cântaros (que seriam cântaros?), calor abrasador, forte como um touro, cautela e caldo de galinha, antes tarde do que nunca, enquanto há vida há esperança, quem espera sempre alcança e outros que tantos.

E após algumas outras oportunas considerações, o articulista cita alguns conselhos do escritor George Orwell  para o bem escrever, não só da dele mas também da nossa culta e bela flor amorosa de três raças tristes, o castigado português. Eis oito dessas proveitosas lições:

         1. Nunca use uma metáfora, símile ou outra figura de linguagem que está acostumado a ver na imprensa;

         2. Nunca use uma palavra longa quando uma curta dará conta do recado. (Escorregão do autor na regra anterior usando metáfora vulgar).

         3. Se é possível cortar uma palavra, corte-a!

         4. Nunca use a voz passiva quando pode usar a ativa;

         5. Nunca use uma expressão estrangeira, uma palavra científica ou um jargão se puder pensar num equivalente do português usual;

         6. Infrinja qualquer uma destas regras antes de dizer alguma coisa totalmente bárbara;

         7. Evite frases longas, dessas que dobram a esquina;

         8. Evite a prolixidade e as explicações logorreicas usadas para mostrar falsa erudição;

Finaliza transcrevendo ensinamento colhido em Jacques Barzun: escrever é reescrever e cortar palavras desnecessárias, sobretudo pletóricos adjetivos.

Diante do exposto  e absorvidos os ensinamentos, saio do  consultório para pagar uma conta pendurada quando encontro conhecido colunista citadino, cercado por plateia de seguidores. Justo quando anunciava: brothers, vou a Floripa para drinques e comemorar o weekend dilatado no The Sins, Blues Velvet, Scuna Bar, Fields Floripa ou Jivago Lounge. Que tal?

Por Henrique Packter 24/05/2021 - 10:40 Atualizado em 24/05/2021 - 10:43

Conclusão, para Alexandre Herculano

JOSÉ (Zé) ALEXANDRE de Freitas, sócio no escritório de advocacia de MILTON BECK,  é de 1953 e faleceu aos 42 anos de idade, em 1995. Foi operado em Curitiba de sua  retinopatia diabética, vindo a falecer por complicações do diabetes, pouco tempo depois. Seu pai, Alexandre Herculano de Freitas, nascido em 1930, também faleceu precocemente, mas em acidente rodoviário, na localidade de 7 pontes, Araçatuba, BR101. Deste acidente, Neci (esposa de Alexandre) e o então menino Zé Alexandre, também ocupantes do jipe Candango, saíram quase incólumes.   Hospitalizado na Laguna, a gravidade do traumatismo crânio encefálico (TCE), de Alexandre, levou-o à morte, apesar da vinda de POA do Prof. Nelson Venturella Aspesi, neurocirurgião, trazido por David Luiz Boianowski, num monomotor que aterrissou na praia do Gi. Alexandre faleceu em 1963. Meu filho, o filósofo-clínico LÚCIO PACKTER era bebê de colo quando isto aconteceu.

 

OBADIAS, PERSONAGEM MENOR NO SINDICATO DOS MINEIROS DE CRICIÚMA

 

Em novembro de 1968, a auditoria militar da 5ª Região julgaria os processos de Addo Vânio de Aquino Faraco (político, servidor público, ex-deputado, pai da deputada Adda Faraco), o advogado do Sindicato dos Mineiros em Criciúma  Aldo Dietrich, Raimundo Verdieri, Obadias Gonçalves, Manoel Ribeiro e outros, acusados de participação nos acontecimentos políticos que antecederam 31.3.1964. Encontrei Obadias no cinema Rovaris quando o filme de 1967, A primeira noite de um homem era exibido.  Perguntei de seus problemas com a Justiça Militar. Olhou-me com aquele seu sorriso de dentes muito alvos realçando a pele muito escura:

- Grandes merdas! 

E nada mais disse.

Todos foram absolvidos (quatro votos contra um). Os demais processos seriam julgados depois. (Tribuna Criciumense, 16.11.1968). No IML de Curitiba em meio a cadáveres, renasce a literatura no expatriado Manif Zacarias.

OBADIAS GONÇALVES BARREIROS

Nascido em 1928, veio a meu consultório em 8.1.1962 aos 34 anos. Depois, em 18.9.1963, 24.11.1977, 7.3.1995,11.8.1980, 8.3.1995, 11.4.1995. Sempre para troca do grau de suas lentes oftálmicas. Em 28.11.2002, aos 75 anos, já adventista, presidia a Colônia de Pesca na Laguna; queixava-se de diplopia; depois, aos 77 anos, em 15.6.2004 encontrava-se melhor. Em 16.2.2008, aos 81 anos estava bem, colesterol um pouco elevado, mas forte e desempenado. Foi vereador na Laguna. Na década de 70 instalado numa rua, entrada para a Laguna, comandava uma implacável cancela que cobrava pedágio de quem quer que pretendesse gozar do paraíso lagunense. Valdir de Luca, radiologista em Criciúma, tinha casa de praia na Laguna. Convidou-me um dia e fomos todos os dois casais almoçar na sede da República Juliana, no inesquecível Restaurante Nice, de Rodolpho Michels. O prato de resistência era uma imbatível maionese de camarão, glória mundial da culinária lagunense. Meu saudoso amigo Waldir de Luca, radiologista do Hospital São José de Criciúma e eu em carros diferentes nos encontramos na estrada de acesso a Laguna, um sábado de sol inigualável. Waldir tinha casa de Praia na Laguna que ele aproveitava em certos e contados fins de semana. Interrompendo nosso acesso havia um inesperado obstáculo-cancela impedindo nossa progressão. Era uma espécie de pedágio tendo ao lado seu orgulhoso comandante a postos: o grande OBADIAS GONÇALVES BARREIROS! Lá estava, comandando o fortim-cancela, brandindo agressivamente caneta e talonário. Ele explicava ao inconformado Waldir que o pedágio era pago uma vez só, ao entrar, a saída era livre.  Explicado a razão do obstáculo na estrada, Valdir indigna-se, protesta. No auge da irritação diz:

- Prá sair tudo bem, mas para entrar?

Funcionário do Sindicato dos Mineiros de Criciúma, OBADIAS era incansável. Sempre estava correndo, à cata de algum médico, munido de velho e seboso alfarrábio, guia para todas as doenças, explicava. Comigo, manteve longos e infatigáveis debates sobre cataratas, que na sua concepção (e do livro), se deviam sempre a acidente do trabalho. Chegava ser comovente a maneira como defendia seu ponto de vista na defesa dos direitos operários. Grande Obadias!

 

Já ANTONIO JOSÉ PARENTE nasceu em 9.8.1926 em Criciúma, foi pai de seis filhos. Talvez a maior liderança nas minas de carvão em todos os tempos, exerceu a presidência do Sindicato dos Mineiros. Foi torneiro-mecânico na CBCA. Faleceu vitimado por acidente automobilístico em 15.2.1965. Foi meu cliente a partir de 28.4.1961. Em 8.1.1963 esteve em POA sendo examinado pelo Dr. COSTA GAMA que o reencaminhou a mim. Sempre teve visão normal em AO.

OBADIAS  tinha uma ideia fixa: a criação de CARVÃOBRAS, a similitude da PETROBRAS, ELETROBRAS... Segundo ele a participação majoritária do governo nas empresas exploradoras do carvão mineral seria uma garantia de bom tratamento para  a desvalida população mineira. Não perdia nenhuma oportunidade de discorrer sobre sua tese, fosse o local que fosse. Dava como exemplo a Carbonífera Próspera, administrada pelos engenheiros Mário Balsini e Jacy Eustachio Fretta, figurino a ser imitado.  

 

A TRIBUNA CRICIUMENSE DA ÉPOCA

Carvão e desenvolvimento nacional. Tribuna Criciumense, 27.06.1959. Sebastião Pieri.

A defesa do carvão nacional. Tribuna Criciumense, 27.06.1959. Manoel Carlos Cardoso.

Criciúma em defesa do carvão nacional. Tribuna Criciumense, 10.08.1959.

Mocidade criciumense toma posição em defesa do carvão nacional. Tribuna Criciumense, 24.08.1959.

Objetivava-se massificar os protestos, envolvendo os municípios em aglomerações públicas. Integrando-se a esse espírito, os alunos do último ano do ginásio Madre Tereza Michel organizam o Movimento Estudantil de Criciúma em Defesa do Carvão Nacional, desenvolvido   durante todo o ano de 1959.Seria lógico esperar que a estrela fosse o movimento dos trabalhadores das minas. Surgem Conselheiros Estudantis: José Pimentel (diretor do jornal Tribuna Criciumense); Addo Caldas Faraco (Prefeito Municipal), Estanislau Cizeski (pároco da cidade), Nelson Alexandrino (diretor da Escola Técnica Criciumense), Diomício Freitas (proprietário da Carbonífera Criciumense).

Nem uma palavra, nos artigos jornalísticos sobre o sindicato dos mineiros de Criciúma ou dos trabalhadores do carvão. Como no Monumento aos Homens do Carvão na Pça. Nereu Ramos, quando o mineiro é homenageado na figura anônima de operário da CBCA e os empresários tiveram seus nomes estampados. Mais uma vez a figura principal será esquecida. Mineiros serão apenas espectadores no comício de 21.08.1959: “Magnífica demonstração de civismo e de apoio decidido e entusiástico à batalha do carvão (...) deu a juventude criciumense (...). Grande massa popular, em sua maioria constituída de operários, aplaudiu com calor, a louvável iniciativa, estimulando os oradores na sua pregação (...)”. Nas atas do sindicato, não há nenhuma referência à campanha. Parece que o desinteresse era mútuo. Contudo, os meios sindicais agitavam-se, sim, para a eleição do sindicato dos mineiros.

Por Henrique Packter 17/05/2021 - 14:51 Atualizado em 17/05/2021 - 14:58

O ACIDENTE

Amigo meu de primeira hora, Alexandre sofreu grave acidente automobilístico quando se dirigia a Florianópolis pela velha e poeirenta BR 101, na altura de Sete Pontes, Araçatuba.  Estava acompanhado da mulher e do único filho homem, o futuro advogado José Alexandre de Freitas, também prematuramente falecido por complicações do diabetes. Era 1963. Levado a Laguna em coma por traumatismo crâneo-encefálico, Alexandre Herculano foi hospitalizado e examinado pelo Dr. PAULO CARNEIRO. Mulher e filho de Alexandre haviam sofrido ferimentos relativamente superficiais. Manter Alexandre Herculano vivo foi longa e martirizante noite de agonia que o ortopedista OTÁVIO CARNEIRO RILA e eu compartilhamos. Alexandre tinha apneias demoradas (paradas respiratórias) e fez pelo menos uma parada cardíaca, resolvida por injeção intracardíaca de adrenalina, aplicada por RILA. Honra seja feita, PAULO CARNEIRO, amiúde, vinha apreciar nossos esforços, colaborando com sua inestimável experiência nos atos médicos que instituíamos. Mas, saía abanando a cabeça. Por outro lado, RILA nada tinha a ver com o acidentado ou sua família. Simplesmente soube do acidente e veio oferecer sua ajuda desinteressada, aliás, de extraordinária qualidade.

Na manhã seguinte ao acidente, um domingo glorioso de sol, pequeno avião monomotor pousou na praia da Laguna. Trazia o Dr. NELSON VENTURELA ASPESI, neurocirurgião de POA a quem o falecido pediatra DAVID LUIZ BOIANOWSKY que trabalhou em Criciúma no Hospital São João Batista, fora buscar.

RILA e eu, indormidos e exaustos, afinal relaxamos. Alexandre foi levado ao Centro Cirúrgico para exame e possível cirurgia. ASPESI logo vem até a entrada do Centro Cirúrgico para dizer-nos que o tecido cerebral de ALEXANDRE estava irremediavelmente danificado. Sobrevivendo, estava destinado a ter vida vegetativa. Morreu logo após conclusão do procedimento.

O FUNERAL DE ALEXANDRE HERCULANO DE FREITAS

Prefeito NERI JESUINO DA ROSA construíra um novo cemitério para Criciúma exatamente no local onde ele ainda hoje se encontra, proximidades do Teatro e Ginásio de Esportes municipais. Os mais antigos lembrarão do velho cemitério, localizado onde hoje está o Supermercado Bistek Centro.  Mas, cemitério pronto para ser inaugurado, cadê defunto? Este macabro episódio pode ter inspirado DIAS GOMES, seis anos depois, a escrever Odorico, o Bem Amado. O próprio ALEXANDRE HERCULANO muita pilhéria fizera a respeito do imbróglio. Pois não é que coube justamente a ele, cujos restos mortais estão hoje em Florianópolis, inaugurar a obra?

Odorico Paraguaçu, prefeito de Sucupira, é personagem de ficção, criado e vivido, na Tv, pelo falecido ator Paulo Gracindo. Já a estreia da peça foi no Teatro Santa Isabel, Recife, com o genial ator Procópio Ferreira no papel de  ODORICO, em 30.04.1969. O personagem está obcecado por inaugurar o único cemitério da cidade, principal promessa de campanha para prefeito. Morrendo alguém na cidade, o corpo devia ser levado a cidade vizinha para ser enterrado. O problema dos dois prefeitos, Odorico e Nery. é que, cemitérios prontos, ninguém mais morria...

COSTUME BIZARRO

OTÁVIO mostrava estupefação diante de um costume local: no horário das visitas acotovelam-se em torno dos leitos destinados à ortopedia e traumatologia, os curiosos, os práticos da região. Exatamente como fazem os médicos ao visitar seus doentes hospitalizados.

DONA MARIA DA CONCEIÇÃO CARNEIRO RILA

Natural da Laguna e mãe de Otávio Roberto Carneiro Rila, foi minha cliente desde  fins de 1968 aos 57 anos. Fosse viva teria hoje 104 anos de idade. Tinha problemas de audição e visão. Operei-a da catarata em 29.12.1980 do olho direito e em 18.12.1984 do olho esquerdo.  RILA e seu grupo de colegas formados na mesma época na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná, planejavam um dia reunir-se e trabalhar num mesmo hospital, em Florianópolis. Assim, OTÁVIO deixa Criciúma em julho de 1964 para integrar-se a equipe jovem, toda ela formada na Universidade Federal do Paraná, todos colegas de turma ou contemporâneos. Reuniram-se no Corpo Clínico do Hospital Infantil Edith Gama Salles. JOÃO APARECIDO KANTOVITZ, nascido em 23.10.1937 em Rio Claro, SP, chega ainda em 1964 para substituir Rila.

RILA E ALGUNS COLEGAS DE TURMA

Foi colega de Levínio Neves de Godoy (primeiro neurocirurgião de SC e primeiro professor da especialidade na UFSC. Aposentado, vive na fazenda em Lages), Mauro de Athayde (lageano, tricampeão paranaense de enxadrismo), Maurício Brik, Milton Carneiro Fº (filho do professor de Parasitologia), Nei Luiz Gonzaga, Vilson José de Castro Gamborgi, Mário Gentil Costa (Magenco). O lageano GAMBORGI foi meu colega no CPOR, no primeiro serviço de saúde criado no Brasil, Curitiba, 1954, além de ser dono de hospital no Bairro curitibano de Santa Felicidade. MARIO GENTIL COSTA, professor aposentado da UFSC na área de Otorrinolaringologia foi celebrado escritor e artista plástico, além de ser proprietário (enquanto viveu) de um GORDINI que vou te contar! Quem é do ramo vai se persignar à simples menção destes nomes.

Estudante de Medicina em Curitiba, OTÁVIO trabalhou com o Professor HEINZ RÜCKER, dos melhores Ortopedistas e Traumatologistas que o país já teve. Formado, fez residência na especialidade entre dezembro de 1960 e fevereiro de 1962 no Hospital das Clínicas, USP, serviço dos Professores Godoy Moreira e Flávio Pires de Camargo. OTAVIO ROBERTO CARNEIRO RILA, é o primeiro ortopedista e traumatologista em Criciúma.

CARNEIRO, COSTA CARNEIRO, CUNHA CARNEIRO, CARNEIRO RILA

Os CARNEIRO (só no sul de SC são três as famílias Carneiro), vêm da cidade do Porto, Portugal. OTÁVIO ROBERTO CARNEIRO RILA é filho de CELSO RILA e MARIA da CONCEIÇÃO VIANNA CARNEIRO. Nasceu a 29.03.1937 em Blumenau e é irmão de Maria Stella, Mário José e de Fernando Luiz, este uma espécie de Einstein da Geometria Analítica. Otávio, casado com Márcia, é pai de 3 filhos, Roberto, Lúcio e Renata. Fernando Jorge da Cunha Carneiro, o primeiro arquiteto em CRICIÚMA é primo de Otávio Roberto.

Pai Celso, inspetor escolar e político ligado ao bom e velho PSD, perambulou por SC, reflexo do desenho político da engenharia partidária estadual. De Blumenau para Orleans, depois Araranguá, Palhoça e São José. Até que não foi mal. Tem gente que foi parar em Cunha-Porã!

Dos tempos do Catarinense OTÁVIO lembra de Vitor Sampaio, Agostinho Silvestre, Searinha, Vinicius e Walmor de Luca (Içara), Eloi Martinhago, Antenor Angeloni, Clovis Balsini, Vitor Casagrande, Itamar Gaidzinski, Altair Castelan, Agenor Fretta, Nereu Lazarin, Lauro e Neri Búrigo. Desse grupo sai a primeira geração de nível universitário de SC.  Rila, (CRM 376), formado em 1960 já está aposentado.

RILA EM CRICIÚMA

Chega a Criciúma em fevereiro de 1962 e procura a Irmã Frumentia, diretora religiosa do Hospital São José, com quem acerta seu ingresso no Corpo Clínico do hospital e a aquisição dos instrumentos de que necessita.

OTÁVIO conhecia os filhos de DIOMÍCIO FREITAS, o grande empresário, político e minerador sul catarinense. Deles fora colega no Colégio Catarinense, a exceção de DITE FREITAS (JOSÉ FRANCIONE DE FREITAS, pai de JORGE FREITAS, o homem por trás da INTELBRAS).

Sondado por DITE para acompanhar a excursão de 100 dias do E. C. METROPOL à Europa, não aceita: estava se instalando na cidade. EVERALDO SABBATINI, primeiro anestesista na cidade e médico do clube, também recusou. Sobrou para ANGELO LACOMBE, filho do revolucionário de 30, Ernesto Lacombe e irmão de Ernesto Lacombe Filho. Médico já falecido, assumiu o encargo, na vitoriosa excursão de 1962, cujos resultados ainda não foram igualados por nenhum clube catarinense.

Otávio trouxe a Criciúma PAULO EBERHARDT, ortopedista morto prematuramente, vítima de descarga elétrica quando praticava vela na Lagoa dos Esteves, cercanias de Criciúma.

Por Henrique Packter 11/05/2021 - 07:17 Atualizado em 11/05/2021 - 07:19

Não eram das melhores as relações entre ALEXANDRE HERCULANO DE FREITAS, o mais célebre de alguns dos espirituosos habitantes criciumenses dos anos 60, e o exército americano. O dentista Alexandre era crítico feroz de alguns aspectos da história militar americana. Costumava dizer que as memórias de guerra de antanho ocorriam sem a morte de nenhum general. Salvo, acrescentava, por duas honrosas exceções, contemplando morte de general por bala:

- Teve um que foi ver se a arma estava carregada. Estava. E o outro morreu engasgado com uma bala Piper...

 

ANTIGAMENTE O TEMPO PASSAVA MAIS DEVAGAR

População de Criciúma início década de 1960: 48.000 habitantes, sendo 26.499 na área urbana e 21.551 na área rural (IBGE, 1960).  As distâncias pareciam imensas: Criciúma-Lages 204 km, Criciúma-POA 281km. Distância entre Criciúma-Tubarão 61km.

CAFÉ SÃO PAULO , TEMPLO E FÓRUM

Era onde o gênio de Alexandre  Herculano de Freitas mais brilhava. Demolido em 05.09.2007, foi local dos recitais de Fiobo Minato. Era legitimador de grandes e pequenos negócios, reduto político, central de achados e perdidos. 

Ponto de encontro e de decisões históricas desde a década de 30, o Café São Paulo fechou as portas para abrigar uma sapataria. Com o Café, somam-se três os pontos comerciais históricos que deixam o entorno da Nereu Ramos: Radiolândia na Seis de Janeiro e, na João Pessoa cerra as portas o Armazém Zilli. Os sobrados Art Deco possuíam uma característica especial quando construídos em esquinas: elas eram chanfradas de modo que a esquina ficasse marcada através da arquitetura e se tornasse ponto de referência na cidade. Em meio aos edifícios que tiveram essa tipologia, destacam-se dois: o Edifício Filhinho e o Edifício São Joaquim, que tinham no térreo os principais cafés da cidade, Café São Paulo e Café Rio, respectivamente.

O edifício Filhinho foi construído em 1946, e é um dos exemplares originais da época que mais preservam a sua característica original, transformando-se em referência na cidade. Localizado na esquina das ruas 6 de janeiro e Conselheiro João Zanette, antes da construção do edifício, o Café São Paulo já existia desde a década de 1920 numa casa no mesmo local, há mais de 80 anos. Propriedade de Henrique Lodetti, este a vendeu para Abílio Paulo, que então decidiu pela demolição da casa e construção do edifício Filhinho. O Café São Paulo se manteve no local, ocupando o andar térreo. Num dos andares superiores, em agosto de 1947 foi instalada central com 50 aparelhos para instalação da primeira rede telefônica em Criciúma. No outro andar, logo após o término da construção, nasceu a Rádio Eldorado. As atividades da rádio acontecem nos altos do Café São Paulo até 1955, quando, adquirida por Diomício Freitas, foi transferida para o edifício São Joaquim. Os cafés São Paulo e Rio eram locais de encontro diário dos trabalhadores, comerciantes, juízes, médicos, advogados, engenheiros e recém-chegados à cidade. Era ali que notícias e informações se espalhavam, e ali, na Praça Nereu Ramos e nos prédios do entorno que todo o processo de expansão, de articulação, de apropriação e de identificação aconteceu. Uma cidade tem no centro a sua primeira área urbana, e é através dele que surgem os primeiros manifestos sociais, culturais, tecnológicos e espaciais, assim como atividades de lazer, espaços de contemplação e de encontro e também aspectos de poder, tanto políticos quanto ideológicos.

No caso da Praça Nereu Ramos, a vida urbana está diretamente conectada com as edificações do entorno sendo transformadas, junto da praça e pela própria população, em protagonistas do núcleo central. Preservar essas edificações históricas é fundamental para que a memória e a identidade da cidade se mantenham acesas.

Preservar as construções representativas da herança urbana é preciso. Edifícios são referências dentro da cidade, fundamentais para que a população se identifique com o espaço, evocando memórias.

Transferência da Rádio Eldorado dos altos do Edifício Filhinho – onde funcionava, no térreo, o Café São Paulo, extinto em 2007 – para os altos do Edifício Dom Joaquim foi grande impulso para popularizar o Café Rio. A Eldorado ali instalada, no começo dos anos 50, com ela vai o público atrás dos programas de auditório, radialistas, artistas. Os cantores dos programas e o público, batiam ponto no café, antes e depois das apresentações. Era o grande point do nosso  passado. A rivalidade entre os dois principais cafés do Centro envolvia divisões políticas. A turma da UDN frequentava o Café São Paulo e a turma do PSD vinha para o Café Rio. Sem ser regra, acontecia ao natural. Por ser perto da igreja, o Café Rio tinha também o público da missa, antes e depois do santo ritual.

ALEXANDRE NO CAFÉ SÃO PAULO

Foi ali que em 1960, quando cheguei a Criciúma, que reinava absoluto o gênio satírico de Alexandre Herculano de Freitas, dentista e inventor de causos. Perguntado numa roda de café se era natural de Criciúma, respondeu:

-Eu não mereci. Dito isso, com espírito contrito garantia:

-Nasci em Oxford, onde fiz meus primeiros estudos!

Oxford, bem entendido, bairro de São Bento do Sul.

 

NO CAFÉ SÃO PAULO ALEXANDRE E DAVID BOIANOWSKI TORNARAM-SE AMIGOS

-Dr. Davidi!

- O d é mudo!

- Muito prazer Dr. Avid!

Alexandre dizia:            

- Quando a mão lava a outra em geral as duas estão sujas

 

Alexandre e o cartorário Irê Guimarães espalharam a história do guarda roupa do corte da Próspera.

Por Henrique Packter 03/05/2021 - 09:17 Atualizado em 03/05/2021 - 09:20

SC Transplantes – Central Estadual de Transplantes de Santa Catarina, criada pelo Decreto Estadual  553/1999 de 21.9.1999 e Credenciada pelo Ministério da Saúde em 27.10.1999 através da Portaria SAS 604, foi inaugurada em 16.12.1999.

Mas, os transplantes de córnea em SC e em todos os municípios brasileiros que se prezam,  vêm bem antes, a burocracia vindo depois. De novembro de 70 a novembro de 71 estagiei no Hospital dos Servidores do Estado (HSE, RJ). Lá fazia sua formação em Patologia o Dr. Sérgio Hertel Alice, preparando-se para ser o primeiro Patologista em Criciúma. Foi, graças às córneas por ele obtidas que realizei meu aprendizado em transplantes de córnea. Em 14.5.1972, 49 anos atrás, sendo anestesista o Dr. Sérgio Bortoluzzi e auxiliado pelo Dr. Boris Pakter, hoje oftalmologista em POA e pelo Dr. David Groismann Raskin, hoje oftalmologista em Campinas, SP, operei jovem de 16 anos, submetendo-o à primeira cirurgia de transplante de córnea em SC, no Hospital São José de Criciúma. Este jovem foi depois admitido como funcionário da CECRISA e Gilberto João de Oliveira , dedicado funcionário daquela Cerâmica e depois da Fundação Cultural de Criciúma, nos seus primórdios, relatou-me que veio ele a perder a visão do olho transplantado em consequência de novo acidente, atendido que foi por outro profissional tendo em vista ter-me ausentado temporariamente da cidade.

O  jornal de SC em 17.5.72 noticiou o transplante pioneiro em SC e o Dr. Wilson Holtrup Santiago, oftalmologista em Blumenau, declarou aguardar doação de córnea de Curitiba para iniciar os transplantes na cidade. Adhemar Paladini Ghisi, então deputado federal por SC, registrou em  25.5.72 o fato no Diário do Congresso Nacional.

 

2. MORRE PRIMEIRO PRESIDENTE DO BANCO DE OLHOS DE CRICIÚMA NA MANHÃ DE 29.07.2020

DESEMBARGADOR LAGEANO APOSENTADO DESDE 2008, ORLI DE ATAÍDE RODRIGUES, 81 ANOS, MORRE DE COVID-19. Em razão da causa da morte (Covid -19), não houve cerimônia de despedida. A informação integra o comunicado do Tribunal de Justiça de SC sobre a morte do desembargador aposentado, falecido no Hospital da Unimed, São José.

TRAJETÓRIA

Natural de Lages, o desembargador ocupou o cargo de 3.º vice-presidente do Tribunal de Justiça de SC de maio de 2005 a fevereiro de 2006 tendo ingressado no Judiciário catarinense em maio de 1972. Em 1992 é a criação solene do BOC (Banco de Olhos de Criciúma), sendo seu primeiro presidente o Dr. ORLI DE ATAÍDE  RODRIGUES então Juiz de Direito em Criciúma.  A promoção ao cargo de desembargador aconteceu em maio de 1995. Já a aposentadoria é em outubro de 2008.

3. MORRE ELIANA ANDRADE PRESIDENTE DO BOC

Ela estava internada no Hospital da Unimed de Criciúma, onde morreu na segunda-feira, 26.4.2021, aos 69 anos. Marcou indelevelmente sua passagem na Direção do BANCO DE OLHOS DE CRICIÚMA (BOC), em sua fase mais profícua. Lutou e muito pelo fortalecimento do BOC. A cerimônia de cremação aconteceu no início da tarde de terça-feira, dia 27, no Crematório Millenium.

Eliana era professora aposentada da rede estadual e seu legado maior talvez tenha sido o voluntariado. O Banco de Olhos de Criciúma, hoje está localizado no Hospital Materno Infantil Santa Catarina (HMISC). Na sua fase mais penosa viu o BOC peregrinar por vários endereços até que determinação do governo federal obrigou o BOC a atuar nas dependências de hospital do SUS ou conveniado com o SUS. Eliana também atuou na Secretaria de Assistência Social de Criciúma, quando era prefeito Paulo Meller (PMDB 1º.1.1997 a 31.12.2000).  

O presidente da Cruz Vermelha e vice-presidente do Banco de Olhos, Almir Fernandes, destaca a importância que Eliana teve durante os 17 anos de atuação no órgão, atingindo no período cerca de mil transplantes.

"Ela levantou várias bandeiras: na Câmara de Vereadores, na SC Transplante em Florianópolis, no Hospital São José e no Fórum de Criciúma.. O BOC  era um banco de voluntários. Contudo, em 17 anos, foi realizado um trabalho de orientação, conscientização, convencimento e captação de córneas chegando a mil transplantes, marco a nível de Brasil. Ela esteve à frente neste processo e deixa um legado muito importante".

Um dos criadores do BOC e pioneiro nos transplantes de córnea em SC além de autor desse blog, tecnicamente dirigi o BOC desde sua criação em 1992 até 04.8.2010, 18 anos, portanto. Houve pequeno período em que o BOC foi dirigido por outros.

Em 1952, ano em que ELIANA nasceu, o mundo andava bem agitado:

·         1.2.1952  — Inaugurado o Aeroporto Internacional do RJ-Galeão.

·         Albert Schweitzer ganha o Nobel da Paz aos 77 anos de idade

·         6.2  - Elizabeth II sucede ao pai Jorge VI no trono do Reino Unido.

·         27.2  - Primeira reunião da ONU na sua sede permanente em Nova York.

·         1.11  - A primeira bomba de hidrogênio, a Ivy Mike é detonada.

·         4.11  - O candidato republicano Dwight Eisenhower (IKE) é presidente dos EUA.

 

Nascimentos

·         17.8  - Nelson Piquet, ex-automobilista brasileiro, campeão do mundo de Fórmula 1 em 1981, 1983 e 1987.

·         7.10 Vladimir Putin, presidente russo (1999 a 2008; 2012 até hoje), 18 anos; 3 a mais que Joel de Andrade à frente de SC Transplantes.

 

Falecimentos

·         6.2  – Rei George VI do Reino Unido.

·         26.7  - Evita Perón, 33 anos, atriz, política e primeira-dama argentina de 1946 a 1952 (n. 1919).

·         27.9  - Francisco Alves, cantor brasileiro, aos 54 anos (n.1898).

 

OS TRANSPLANTES EM SANTA CATARINA

O médico intensivista Joel de Andrade, 55 anos, comanda a SC Transplantes. Autoridade quando se trata de sistema de doação de órgãos e transplantes no país, está à frente da coordenação de Transplantes de SC há 15 anos. Tirou o estado da posição de dependente da doação de órgãos de outros estados e o levou à liderança na doação de órgãos do país, reduzindo a negativa familiar de doar órgãos de 70% para 25%. Revela que a doação de órgãos em SC passou de política de governo para política de Estado, cujas principais decisões são tomadas pelo seu corpo técnico. Joel assinala que além de salvar vidas, a realização de transplantes representa importante economia aos cofres públicos.

Na coordenação da central de captação e distribuição de órgãos e tecidos da SC Transplantes dedica-se também igualmente na emergência ou na UTI do Hospital Universitário da UFSC.
Casado com a nutricionista Inês, pai de dois filhos era parente próximo de ELIANA DE ANDRADE.

JOEL  COLOCA SC EM DESTAQUE NO RANKING DE DOAÇÕES DE ÓRGÃOS ​

SC despontou, na última década, na liderança em doação de órgãos, superando o RS, referência na área. Mesmo com a pandemia, mantém um número expressivo de doações.

Segundo Joel, a liderança de SC no cenário da doação de órgãos deve-se essencialmente à escolha do modelo de coordenação de transplantes. Escolha orientada pelo médico gaúcho, Valter Garcia,  especialista em transplantes de órgãos desde a década de 1970 e atual chefe do serviço de transplante renal do Hospital Santa Casa de Misericórdia, POA. Dez anos antes passara ele um período no País Basco, uma das principais regiões de doação da Espanha, aprendendo sobre o modelo espanhol. Pouco depois, Joel vai à Espanha, conhece o modelo e começa um caminho que resume em duas atividades essenciais: (1) organização do sistema, avaliando cada etapa do processo, e como torná-la melhor e mais eficiente, desde a identificação de potenciais doadores, passando pelo diagnóstico de morte encefálica, a entrevista familiar e a distribuição dos órgãos; e, para torná-la melhor, investindo naquilo que, acredita ser a primeira intervenção a ser realizada para melhorar o sistema de transplantes: (2) a educação. Em SC isso foi feito à exaustão. Hoje, tem-se 2 cursos estaduais por ano de coordenação de transplantes, de 10 a 15 cursos regionais e algumas atividades esporádicas desenvolvidas em todo o estado com os coordenadores de transplantes.

Por Henrique Packter 26/04/2021 - 07:29 Atualizado em 26/04/2021 - 07:32

O CORTE DA PRÓSPERA

Alexandre e o cartorário Irê Guimarães espalharam a história do guarda roupa do corte da Próspera. O jovem casal acabara de se instalar em pequena casa de madeira à beira dos trilhos. Em pouco tempo descobriram que, por estranhos designos da natureza, era passar um trem e o modesto guarda-roupa abria-se com longo e doloroso rangido. Debalde puseram tramela na porta, tijolo escorando a porta, guarda da cama escorando a porta gemebunda. Poucos dias decorridos o jovem operário chega mais cedo do trabalho mostrando um curativo envolvendo um dos dedos da mão. Foi para o interior da casa buscando roupas e banho. No quarto, abertas as portas o dono da casa dá de cara com o vizinho do lado. Antes que pudesse dizer qualquer coisa:

- O senhor não vai acreditar, mas estou esperando o trem passar!

ALEXANDRE, CLIENTE

Era no Hospital São José meu consultório nos primeiros tempos. Alexandre ouviu de cliente geralmente bem informado que  por aqueles dias de março de 64 estava sendo articulado golpe militar contra Jango Goulart, ocupante da presidência da república diante da renúncia de Jânio Quadros.  Não resistiu, saiu do consultório (prédio hoje ocupado por farmácia de manipulação, esquina da Pedro Benedet com a Engenheiro Boa Nova, como se disse, a uma quadra do centro da cidade) e correu ao Café São Paulo para constatar que o pensamento de todo o mundo estava alhures, como dizia. Vem até meu consultório:

- Rapaz! Não sabe o que ouvi pela aí! Dizem que um golpe está sendo tramado e que os militares vão tomar conta de tudo. Fiquei branco como teu jaleco quando escutei a fala do delegado Veloso (Helvídio de Castro Veloso Fº).

Chegou mais perto, ajeitou os óculos (sempre caídos) sobre a ponta do nariz:
- Não, mais branco!

OXFORD, O INÍCIO

ALEXANDRE não perdia oportunidade e sempre que possível informava:

- Meus primeiros estudos fi-los em Oxford!

Na verdade, nascera e viveu muitos anos em Oxford, bairro da cidade de São Bento do Sul.

Oxford inicia no séc. 20 com Francisco Loersch que, em 26.11.1953 negocia sua Cerâmica Santa Terezinha com grupo de empresários liderados por Otair Becker, um dos responsáveis pela trajetória de sucesso da empresa. A cerâmica, no bairro Oxford, município de São Bento do Sul, SC,  então Indústria Cerâmica Oxford Ltda., é a atual Oxford S/A. Estabelecendo novas diretrizes, inicia em 2.1.1954 a produção com 72 colaboradores e uma unidade fabril. Oxford Mineração (1968), em Campo Alegre (SC), fornece matérias-primas para a Oxford; comercializa argila para outros.

Em 1976 a Oxford manda um primeiro container para o exterior e desde então as exportações só fazem crescer. Esse fato gera necessidade de uma segunda unidade fabril também em São Bento do Sul (SC). Em 1981 surge a Tuper Tubos, atendendo a demanda interna de matéria-prima para escapamentos, tornando-se uma das maiores fabricantes de tubos de aço carbono com solda do país. De 1976 a 1984 a empresa exporta 1.359 contêineres. Primeira participação em feira internacional é em Berlin, Alemanha (1983), contando a empresa pouco mais de 880 colaboradores.

Primeira loja de fábrica da Oxford, ao lado da empresa, em São Bento do Sul (1981), traz um dos ícones da marca: a embalagem de madeira.

A Oxford, 40 anos em 1994, tinha números impressionantes: presença em 65 países, 5ª no ranking das maiores do globo, liderança absoluta entre os produtores de louça de mesa da América Latina, 1.400 colaboradores.

Em 1995 a Oxford conquista a certificação ISO 9000. Em 1996 e em 2001 inaugura as unidades fabris 05 e 06 em São Bento do Sul. O cinquentenário (2003), ocorre quando a empresa passa a utilizar gás natural, combustível de menor impacto ambiental

Em 2010 comercializa porcelanas tornando-se a Oxford Porcelanas. A Oxford Daily surge com produtos coloridos e práticos, para o dia a dia. A linha cerâmica é denominada Biona Cerâmica. Em 2011 adquire fábrica de cristais artesanais em Pomerode (SC). Nasce a marca Oxford Crystal.

Com a marca Oxford Cookware a empresa fabrica panelas com peças de avançada nanotecnologia antimicrobiana, para fogão, forno, geladeira, freezer, micro-ondas e lava-louças.

Em 2016 a Oxford inaugura sua primeira unidade fabril fora de SC, a Oxford Espírito Santo, em São Mateus.

Em 2017 a marca Strauss participa do grupo Oxford e a empresa ingressa no mercado de luxo. A partir daí se posiciona como grupo Oxford, e não mais como Oxford Porcelanas. Hoje, o Grupo Oxford conta com fundo de investimento formado pelas três famílias fundadoras da WEG, uma das maiores fabricantes de equipamentos elétricos do mundo.

Por Henrique Packter 22/04/2021 - 18:22 Atualizado em 22/04/2021 - 18:25

Parece que em 1918 foi regulamentado o ensino de Odontologia no Instituto Polytechnico, curso de dois anos, de natureza prática, instalado na atual Rua Trajano, transferido para a Rua João Pinto e depois para a Avenida Hercílio Luz, 47, Florianópolis. Coube ao curso a formação dos profissionais que preencheram as necessidades da comunidade no setor da Odontologia. Na década de trinta o curso enfrentou problemas, determinando sua extinção em 1933. Pág., 101 do livro de DAURO: “Em 1932 foi fundada a Faculdade de Farmácia e Odontologia de SC, gerando convocação (...) para que os dentistas práticos que exerciam a profissão, prestassem exame no Departamento de Saúde. Assim, recebiam licença para dar continuidade ao exercício do ofício. Com isso, papai passou a ser dentista prático licenciado”. Em 11.6.1946 LEANDRO MARTIGNAGO obtém titulação para exercer a atividade de dentista prático licenciado pela Diretoria de Higiene, chefiada pelo Dr. Nelson de Moraes Guerino). 

Por quase 16 anos SC ficou sem faculdade de Odontologia. Somente em 1946 foi fundada a Faculdade de Farmácia e Odontologia contando com currículo de três anos e tendo como sede dois prédios situados na Rua Esteves Junior.

Década de 30 LEANDRO e NATÁLIA mudam-se para Criciúma.

CHEGA HENRIQUE DAURO MARTIGNAGO, DENTISTA R PRIMEIRO CIRURGIÃO BUCO-MAXILO-FACIAL DA CIDADE

Em 1960, data da chegada de Dauro como profissional, Leandro  se aposenta e é, sem sombra de dúvida, o pioneiro em Odontologia em nossas plagas. Também em 1960, data de minha chegada a Criciúma, a cidade possuía alguns práticos dentistas em atividade e poucos dentistas graduados. Lírio Rosso era um deles, Alexandre Herculano de Freitas o outro e eram os mais notórios. 1960  é um ano cheio de significados para mim e para a maioria das pessoas que conheço. O ano de 1960 foi o divisor de águas na história da nossa medicina, pois coincidiu com o início dos estudos da primeira turma de médicos formados em SC. Foi em 1960 que John F. Kennedy se tornou o 35º Presidente dos EUA e Jânio Quadros o  22º Presidente eleito do Brasil. Lembram dele? O homem da vassourinha, que prometeu varrer a endêmica  corrupção verdeamarela.  Foi em 21 de abril  de 1960 a inauguração de Brasília, a nova capital do Brasil.

Em 22.5.1960  ocorreu o maior terremoto da história, epicentro na cidade de Valdívia e magnitude 9.5. O Grande Terremoto do Chile deixou 6 mil mortos. Nas eleições presidenciais  de 3.10.1960  no Brasil, Jânio Quadros, apoiado pela UDN, vence as eleições. Como vice-presidente é eleito o candidato governista João Goulart, do PSD-PTB da chapa contrária, coisa possível pela legislação eleitoral de então. Já nas eleições presidenciais de 8.11.1960 nos EUA o  democrata John F. Kennedy é eleito derrotando o Republicano e então Vice-presidente Richard Nixon, por pequena margem de votos. Nixon foi derrotado porque os publicitários pró Kennedy,  engajados na campanha, exibiam foto de Nixon nos proghramas eleitorais pela TV, perguntando:

- Você compraria um carro usado deste cara? Acho que a pergunta ainda é válida, oportuna e conclusiva. Em  1960, Henrique Dauro e eu iniciamos nossa vida profissional em Criciúma,  Ayrton Senna, piloto de automobilismo brasileiro, morto em 1994 e Diego Maradona, futebolista e treinador argentino, morto em 2020 – vêm ambos ao mundo.
DAURO, formado em 1959 pela Faculdade de Farmácia e Odontologia do Estado do RJ e diplomado em 26.1.1960, retornou a SC neste mesmo ano. Sua carteira de identidade de Cirurgião-Dentista era de 1º.12.1967. Nasceu em 28.8.1938. Morre em 29.7.2020 aos 82 anos.

Conheço DAURO desde sempre e eu muitas vezes me perguntei que secreto dínamo incansavelmente o movia em suas atividades empresariais. Estava sempre envolvido em algum negócio. Nunca apreciou o álcool como bebida, nunca fumou, estava sempre se movendo. Para a frente.

 FUTEBOL

BOIANOVSKY, homem inteligente, figura impoluta, caráter sem jaça - era colorado nos pampas, claro. Aqui, optou pelo Próspera, participando ativamente do setor médico do clube e de sua direção. ALEXANDRE HERCULANO DE FREITAS, acompanhou-o. Na época, Alexandre estudava hipnose, pensando em aplicar tal conhecimento em sua atividade profissional. Em 1959, quando Diomício Freitas e Santos Guglielmi adquirem a Carbonífera Metropolitana, José Francioni de Freitas, o DITE, dirigente do Atlético Operário, passa a cuidar do Metropol. Chama para auxiliá-lo GILBERTO JOSÉ OLIVEIRA, funcionário da empresa e depois importante diretor da Fundação Cultural de Criciúma. Dite nasceu na Laguna (25.1.1930), falecendo em Florianópolis, a 7.2.2002, 72 anos de idade.
 
O Próspera (29.3.1946) foi campeão da LARM em 1962 e 1964, justamente o período em que o zagueirão Léo atuou pela equipe. Por muitos anos o clube foi o único representante de Criciúma no futebol catarinense. Por volta de 1969, o Comerciário, Atlético Operário e Metropol encerraram seus departamentos de futebol profissional, mas, o Próspera (de Chimirim, Mala, Gonga e Ticolira) manteve-se até 1975, quando sucumbiu aos prejuízos de campeonatos deficitários.
 
Não me lembra mais se este fato aconteceu com Danilo ou com Barbosa, goleiros do Próspera na década de 60. BOIANOVSKY e ALEXANDRE (pediatra e dentista), grandes torcedores e próceres do Próspera, davam palpites em tudo: da estrutura do clube, passando pela escalação do time, assistência médica e jurídica, esquema de jogo...tudo!
 
Era dia de jogo do campeonato citadino. O Próspera tinha dura empreitada contra o Comerciário e estava com seu melhor goleiro contundido. Exames feitos pelo ortopedista Dr. JOÃO KANTOVITZ mostravam que o problema não era sério, que até poderia ser escalado.
 
ALEXANDRE, pouco antes do jogo submetera o jogador a sessão de hipnose, passando sugestão de que estava bem, que iria voar no jogo etc.,
 
O goleiro teve um primeiro tempo portentoso, garantindo inacreditável 0X0. Pela metade do segundo tempo, observado atentamente pelo hipnotizador, que dele não desgrudava olho, Barbosa ou Danilo, começa lentamente a cair. Inclinado para a frente num ângulo absurdo; afinal, desaba. Alexandre tenta de tudo, esgota seus truques, mas o craque não retorna. O ponta esquerda Joel termina a partida no gol, quase sem ser vazado. 6.225 (CONT)
 

Por Henrique Packter 19/04/2021 - 09:00 Atualizado em 19/04/2021 - 09:03

Nada que é humano me é indiferente (Terêncio, 190-159 a.C.)

Parafraseando o mestre,  no início havia práticos dentistas, mas poucos. No sul catarinense havia-os em Tubarão, na Laguna, Araranguá, Urussanga. Existe o registro de que  em 1929, Amadeo de Mattaeis, formado dentista italiano, de passagem por aqui, atendeu aos casos mais urgentes, permanecendo na região 30 dias.

Em 1933, Seu Leandro Martignago, 35 anos de idade, iniciava-se  no ofício de dentista, depois de ter obtido, no Departamento de Saúde  Pública de Florianópolis, licença para trabalhar como Dentista Prático  Licenciado. Seu Leandro, casado com Dona Rachele Ferraro Martignago, mas conhecida como Dona Natália, foi pai da Dirce, Henrique Dauro e Décio, e, a rigor, nosso primeiro dentista. Seu gabinete dentário funcionava a todo vapor numa pequena sala da Cooperativa  Vitória, levado depois para a sua própria residência onde atendeu até 1960.  Chegam, depois dele, Abraão Martignago (irmão do Leandro), Nilo Sbruzzi, Olivério Nuernberg (em Veneza), Alexandre Herculano de Freitas, Lírio Rosso e mais outros.

HENRIQUE DAURO MARTIGNAGO, NOSSO PRIMEIRO BUCO-MAXILO-FACIAL, FILHO DE LEANDRO E DE NATÁLIA

Nas veias de DAURO corria o sangue de incontáveis gerações peninsulares: o bisavô casara com OZELLAME, o avô com descendente dos BON -, seu pai, LEANDRO  com RACHELE (NATÁLIA) FERRARO. O avô materno, GIOVANNI FERRARO casara com POLETTO.

SÍLVIO FERRARO primo de NATÁLIA FERRARO e primeiro médico brasileiro no sul catarinense, em Criciúma, casara com uma BATISTA. NATÁLIA FERRARO MARTIGNAGO sobrinha de NINA FERRARO BAINHA mãe de TARQUÍNIO BAINHA que foi presidente do IAPETC (Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes e Cargas).

Houve casamentos de MARTIGNAGO com os LORENZETTI e PIUCCO.   Estão acompanhando? Há muito mais e DAURO passou a vida tropeçando em parentes, incluindo JORGE LORENZETTI, preso político em 1964, depois assador de LULA. Os casamentos dos filhos de DAURO e MÉROPE estreitam laços familiares com os CORAL de São Joaquim, os STEINER, CASTELLAR  e FARIA.

GABRIELA, filha de DAURO foi magistrada, casada com o advogado JORGE H. CORAL. O advogado PAULO, também filho de DAURO, é casado com a dermatologista BEATRIZ CASTELLAR DE FARIA, mãe de HENRIQUE. A advogada HELENA, outra filha de DAURO, casada com o advogado e empresário Eduardo Riggenbach Steiner são pais de Natália. Já pensou?

A título de ilustração, DÉCIO, irmão de Dauro casou com a filha de JÚLIO CÁPUA da Construtora CÁPUA & CÁPUA, recordista em metros quadrados construídos em Brasília.

LEANDRO, PAI DE DAURO, DOIS PIONEIROS

CARLO FELICE e ROSA BON, tiveram 16 filhos, entre eles LEANDRO, nascido em 1898 e pai de DAURO. Não é difícil imaginar a quantidade de descendentes gerados por esses dezesseis filhos. Em CRICIÚMA, EVOLUÇÃO E SUCESSO, pág. 110, DAURO, sem mencionar data, exibe foto de reunião da numerosa família MARTINGNAGO promovida pelo primo JOVINO MARTINGAGO PIUCCO, dentista prático licenciado, depois farmacêutico e proprietário de quase tudo que vale a pena em Garopaba, especialmente terras. PIUCCO faleceu recentemente vítima de assalto em sua residência em Garopaba. OSCAR DE ARAGÃO PAES, pediatra em Criciúma, terminou seus dias clinicando em Garopaba.

Em 1910, 22 anos, LEANDRO deixa a lavoura paterna, 80 hectares entre Rio Carvão e a estação ferroviária de Urussanga, para trabalhar na abertura de estradas em São Gabriel, RS.  Deixa as polentas brustoladas douradas na chapa, campos de pastagens naturais de raros pinheiros fêmeas com braçadas de pinhas em buquê e pinheiros machos erguendo os braços hieráticos como punhos fechados. Fez grande parte do trajeto (via Serra da Rocinha e Vacaria), a pé. Dois anos e está de volta para trabalhar na construção da parada Saquarema, ferrovia Curitiba-Paranaguá, maior e mais ousada obra da engenharia férrea do mundo, medindo 110 km.

Iniciada em 1880, entregue em 2.2.1885, a primeira viagem durou 9 horas. Tida como impraticável por engenheiros europeus, firmas estrangeiras recusaram-se a construir a ferrovia pelas dificuldades do trecho serrano entre Morretes e Roça Nova. Giusepe Ferrucini, primeiro construtor, de empresa inglesa, desistiu no km 45, nível do mar, cabendo ao engenheiro Teixeira Soares, 33 anos, concluir em 5 anos o projeto de André Rebouças. Nove mil homens, lavradores e imigrantes, trabalharam na obra que interligava Curitiba, Antonina, Morretes e Paranaguá, e que levou à morte cinco mil operários, principalmente por doenças típicas da floresta. Mil trabalhadores por ano, 90 por mês, quase 3 mortes por dia.

Em 131 anos de operação a ferrovia é praticamente a mesma. Desde os anos 90 funciona apenas para trens turísticos. A reivindicação de estação no km 21, em Saquarema, Paranaguá, para escoar a produção agrícola dos moradores do Bairro Rio das Pedras, data da construção da ferrovia e inaugurada em 1925. A estação de madeira, na qual LEANDRO trabalhou, saqueada em seu abandono, viu tudo ser levado, incluindo o madeiramento das paredes.

LEANDRO MARTIGNAGO, homem de poucas letras, vida difícil e laboriosa, sem acesso a ensino qualificado, tinha anseio de evoluir, aprender.

Volta de Paranaguá em 1925, sabe do Instituto Polytechnico de Blumenau onde aprende o ofício de dentista prático. Em CRICIÚMA: EVOLUÇÃO E SUCESSO, págs., 93 e 94, DAURO afirma: Não havia curso superior de Odontologia em SC.

Por Henrique Packter 13/04/2021 - 10:32

Em 11.3.2020 a OMS declarou ser a Covid-19 doença infecciosa de alcance global, uma Pandemia. No Brasil havia zero mortes pela doença, o primeiro óbito sendo registrado na cidade de SP. Passado um ano, SP contabiliza 19,1 mil mortos e a China 4,8 mil. Comparando as estatísticas há 0,35 morto para cada 100 mil habitantes na China contra 126 no Brasil.  Estaria a ditadura comunista chinesa manipulando dados? A vizinha Taiwan genética e culturalmente a mesma China, ostenta 0.04 óbitos por 100 mil pessoas, 88% menos que na China!

No Oriente, todos os números são baixos. No extremo leste asiático o Japão é o país com maior número de óbitos: 6 para cada 100 mil habitantes. Metade disso na Coreia do Sul e vamos deixar para lá as estatísticas da Coreia do Norte do ditador Kim. Mas, lá não se aperta mãos, nem se dá beijocas em ninguém. Os cumprimentos se limitam a meia reverência, leve inclinação – se tanto.

Dispiaridade dos números seria explicada por aspecto cultural 

Os povos do leste sempre praticaram um certo distanciamento social com escassos toques, abraços, apertos de mão. Disciplina social vem com o hábito de usar máscaras em resfriados comuns e, quando os índices de poluição atmosférica assustavam. Os baixos índices da doença pelo Corona no oriente dizem respeito ao (1) distanciamento social (2) uso de máscara pela população ao menor sinal de perigo à saúde.

Excentricidade numérica do Covid nos países ricos

São altíssimas as estatísticas de mortalidade nos países ditos ricos. Na conta por 100 mil habitantes o número de mortos nos EUA (160) é 20% maior que o do Brasil, o do Reino Unido (187) 48%, o da Bélgica, 53. Dos 10 países com mais mortes por 100 mil habitantes, todos participam da OCDE, o clube das nações desenvolvidas.

Excentricidade numérica do Covid nos países pobres

Ocorre o oposto. O índice da Índia (11,6) é 90% menor que o nosso, o da Nigéria (1,0), 99%. Ou o vírus gosta de dinheiro ou a subnotificação em países pobres anda à solta.

E o mundo em 11 de abril?

Casos globais, atualizado em 11 de abr., às 18:35, hora local.

Confirmados 135.756.507 casos

Mortos: 2.937.730

O número de mortos no mundo equivale (quase) à população do Acre (734.000 habitantes), Rondônia (1.800.00) e Roraima (632.000).

E o Brasil?

Brasil, ou Belíndia (rica Bélgica encravado numa pobreza indiana), deitados eternamente em berço esplêndido da desigualdade.  Ocupamos o 24º lugar no ranking de mortes por 100 mil habitantes, posição alta. É possível que estejamos em situação pior do que aquela revelada pelos números oficiais.

Por Henrique Packter 06/04/2021 - 06:19

Historiadores concordam com que o passado muda todo dia. De acordo com as motivações do presente, alguns personagens ganham brilho enquanto outros se apagam; episódios inspiram feriados cívicos, anônimos viram heróis.

Até 2003 Dilma era personagem pouco relevante na luta contra a ditadura. Ministra das Minas e Energia, já cotada para a sucessão de Lula, seu passado se transfigurou. Virou protagonista. Na 1ª edição do livro Mulheres que foram à luta Armada (1999), do jornalista Luiz M. Carvalho, a presidenta nem sequer aparece. Em 2003 (caso exemplar de como o passado muda de acordo com o presente), o jornalista adicionou a história de Dilma ao livro.

ROMEU PINICILINA, natural de Itajaí, 29.12.1921, filho de José Lopes de Carvalho e de Etelvina Ramos de Carvalho, casou-se com Carmezinda (Carmem) Freitas de Carvalho: o casal não teve filhos. Funcionário autárquico do IAPETEC de Criciúma, onde executou as funções de enfermagem ambulatorial, incorporado depois ao INAMPS, era dotado de zelo e capacidade invulgares. Vereador com mandato de 1970-1972, era vice-presidente do legislativo. Foi suplente de deputado federal. Desenvolveu intensa atividade social, sobretudo em inúmeros eventos de caráter esportivo.  Presidente da Banda Musical Cruzeiro do Sul também fundou e foi  presidente da Associação Ciclistas de Criciúma e presidente da Escola de Samba Vila Isabel. Os mais antigos vão lembrar-se dos desfiles de bicicletas adornadas com as cores pátrias, sua responsabilidade nos desfiles de 7 de setembro. Faleceu em Criciúma em 26.4.1999, 78 anos.

Romeu Pinicilina era personagem menor do folclore criciumense, mas não menos importante. Filiado ao PTB tentava galgar os degraus da política pela Câmara de Vereadores.

ROMEU LOPES DE CARVALHO, O ROMEU PENICILINA. ENFERMEIRO, MEMBRO DO DIRETÓRIO DO PTB, CICLISTA                        

Os vereadores à Câmara Municipal de Criciúma (1963/1966) foram Abílio dos Santos, Arlindo Junkes – agricultor, comerciante, filósofo, professor de latim no Madre Teresa Michel, prefeito ante a renúncia de Nery Jesuíno da Rosa,  jornalista Aryovaldo Huascar Machado - imprensa, rádio e TV, presidente da Câmara de Vereadores,  Fidélis Back -  servidor público e vice-prefeito de Algemiro Manique Barreto, Fidélis Barato – contabilista, empresário, natural de Jaraguá do Sul, fixa-se em Criciúma aos 17 anos, presidente do legislativo local, Antônio Guglielmi Sº- pecuarista, vereador duas vezes, presidente da edilidade, deputado estadual, falecido aos 45 anos, José Martinho Luiz, Lafaiete Borba - funcionário do IAPETEC,  Nelson Alexandrino – presidente da Câmara, técnico  em contabilidade, economista, advogado; aos 90 anos reside em Florianópolis, Pedro Guidi – servidor público municipal, duas vezes vereador, pai de Nereu (advogado, vereador, presidente da Câmara, dois mandatos de deputado federal), e de Nelson (médico pediatra), Wilmar Zózimo Peixoto – de Porto Belo, topógrafo e agrimensor, três mandatos consecutivos de vereador, presidente por duas vezes do legislativo municipal, fundador e presidente da LARM, fundador e dirigente do EC Próspera. Foram suplentes:  Apolinário Tiskoski, Antônio Casagrande, Edgar Cândido da Rosa, João Antônio Nunes, Matias Ricardo Paz, Nicolau Destri Napoleão, Nilton Francisco Rebello, Otávio Pacheco dos Reis, Romeu Lopes de Carvalho, Tibélio Otávio Milanez).

OS COMEÇOS. FICHA DE ATENDIMENTOS EM OFTALMOLOGIA

Conheci ROMEU LOPES de CARVALHO, o Romeu Pinicilina, atendendo-o profissionalmente em 08.9.1960, quando ele contava 38 anos de idade. Natural de Itajaí, agora residia em Criciúma. Tinha pterígios internos . Voltou a consulta em 29.3.1962.  Era míope de -2.00 graus.  Tinha pressão arterial e ocular normais. Ainda consultou em 20.1.1967, 08.1.1969, 11.2.1976, 8.1.1969, 11.2.1976, 17.10.1979, 11.1.1983, 23.3.1983 quando remove seu pterígio interno no OE.  Os pontos são removidos em 29.3. 1983. Tinha queixa de estafa em 13.3.1990.  A PA sobe e chega a 14x10.  Em 29.10.1992, aos 71 anos de idade  seu último exame em minha clínica já apresentando um catarata em AO e com PA normalizada.

Locomovia-se pela cidade de bicicleta, mini guarda- chuva pendurado na cintura. Estudava à noite no Colégio Sebastião Toledo dos Santos. Nos desfiles de 7 de setembro invariavelmente sua bicicleta era a mais vistosa com fitas verde-amarelas que resplandeciam ao sol. Perseguia incansavelmente um lugar na Câmara de Vereadores e era membro convicto do diretório municipal do PTB.

1945, ANO ZERO

Nesse ano, morre o presidente dos EUA, Franklin Delano Roosevelt, por AVC. Assume seu cargo o vice-presidente Harry Truman. 08.5.1945 é o dia da vitória na Europa, dia em que a Alemanha nazista rendeu-se incondicionalmente às forças aliadas. A 6 e 9 de agosto Hiroshima e Nagasaki são bombardeadas com armas nucleares. A Segunda Guerra Mundial vai terminar a 2.9.1945 com a vitória dos aliados. A 24 de outubro a ONU é fundada e a 29 de outubro Getúlio Vargas é deposto da presidência do Brasil, finda o Estado Novo. Aporelly, o Barão de Itararé se regozija. Eterna vítima da violência da polícia política carioca, em seu box de trabalho no Jornal A Manhã (sua coluna chamava-se A Manha), pendurara aviso:

- Entre sem bater! 

Quando HENRIQUE DAURO MARTINGAGO  retorna a Criciúma, início dos anos 60, a cidade está em efervescência, exatamente o ambiente que sua personalidade inquieta requeria. Imagino-o apresentando armas ao chegar:

- Quem mandava aqui?

BRASIL, PAÍS SEM MEMÓRIA. O IMBECIL COLETIVO

Noutros países o passado integra o presente; mesmo vilões como GUEVARA ganham investigadores e admiração. Na Argentina há verdadeira disputa em torno de personagens enterrados, embalsamados e de seus ossos – o caso de Perón. No Brasil essas coisas não são levadas muito a sério e há ossos ilustres perdidos por aí.

A vida de ROMEU LOPES DE CARVALHO, vivida em Criciúma, é tanto mais notável por se passar num momento decisivo de nosso desenvolvimento, quando todos grandes protagonistas de nossa história já aqui estavam e contracenaram com nosso singular personagem. Às vezes, ler registros daquela Criciúma exige visão ampla e estômago forte. A indústria carvoeira, suas semelhanças e estranhamentos com todo o resto; seus sindicatos, empresários e mineiros, políticos, religiosos, comerciantes, médicos, engenheiros, contadores, jornalistas -, estranho, cruel e impiedoso mundo de negócios em que tudo precisava estar em seu devido lugar sob pena de catástrofe. 
Historiadores sabem que o passado não é um campo imóvel de contornos definidos. As interpretações históricas favorecem a ampliação do conhecimento possibilitando conhecer os fatos tal como eles realmente ocorreram. A análise do passado não nos obriga à ingestão de pratos feitos, quase sempre indigestos. Assassinos da memória parecem não ter dúvidas a respeito do caminho percorrido e a percorrer. Para ficar numa só voz crítica, vinda do universo religioso, Leonardo Boff disse a respeito:

- Quem tem tanta certeza não pode ter misericórdia. Não pode entender e respeitar a convicção alheia – condição indispensável da vida democrática.
 

Por Henrique Packter 31/03/2021 - 07:10 Atualizado em 31/03/2021 - 07:14

Quantos lembrarão do advogado HELMUT ANTON SCHAARSMIDT, nome de rua na Próspera, que brilhou nas lides jurídicas em Criciúma nos anos 60, 70 e 80? Atuou na área trabalhista, não deixando de brilhar também no crime. Era natural de Guaíba, na grande POA/RS. Aqui chegando, logo passa a advogar para o grupo Diomício Freitas, chegando a ocupar uma diretoria na CECRISA (Cerâmica Criciúma S.A.). Depois, trabalhou no TRT em Florianópolis, cidade onde faleceu prematuramente, últimos anos do século 20.

Pouco antes de vir a falecer, esteve em Criciúma para ser homenageado pela Fundação Cultural (FCC), por mim presidida à época. Trouxe trabalhos artísticos que executara em parceria com artista criciumense: versos seus emoldurados por belas paisagens. Foi uma noite nostálgica, casarão da rua Pedro Benedet lotado e havia um brilho particular naquela noite destinada a confidências. Helmut mostrou mágoa ao relatar que certos trabalhos seus em prol da comunidade haviam sido ignorados pelas autoridades. Estava doente, sabia que sua morte não tardaria e, diante da morte quase todos falamos a verdade. O Helmut brincalhão que conhecêramos não mais existia, víamos um homem amargo e até certo ponto desiludido. Não era segredo para ninguém que ele muito lutara e apoiara a esposa, dona Marlene, que sofreu por anos de moléstia que a impedia de apanhar o sol do Morro dos Conventos em Araranguá.

Torcedor do Grêmio Portoalegrense ficou famoso pelo vigor que emprestava às suas atuações nas mesmas areias araranguaienses, em ensolaradas tardes futebolísticas de sábado. Ganhou mesmo, pelas suas atuações, o apelido de Baidek, truculento zagueiro do tricolor gaúcho das antigas. Tempo houve em que o balneário Morro dos Conventos, era o favorito das famílias criciumenses. Fins dos anos 60 tinham moradias de veraneio naquele balneário David Luis Boianowski, Adhemar e Beverly Godoy Costa, Boris Pakter, Henrique Packter, Jacy Eustachio Fretta, Dino Gorini, Helmut Schaarsmidt, a família de Vánio Sampaio da Farmácia Sampaio, Giácomo João Puggina - e outros mais.

O CACHORRO DE HELMUT

Em Criciúma sempre morei na rua Lauro Müller e Helmut na rua José Tarquínio Balsini, a rua do Criciúma Clube. Vizinhávamos, portanto. Tinha ele um cão de guarda portentoso, acho que um Dog Alemão que frequentemente fugia da coleira e punha o bairro em polvorosa. Era dono de porte soberbo, cabeça sempre  elevada, rabo empinado, sem aqueles balanços amistosos. Ladrava alto e forte, assustando a pacífica gente do bairro. Eu também tinha um Dog alemão, porém dócil, amistoso, apesar do porte, da aparência. Nossos cães tinham um veterinário comum, AMADEU LUZ, eterno candidato pelo PCB a vereador, deputado, senador ou governador. Que eu saiba, nunca se elegeu, mas por conta de sua filiação partidária esteve preso e chegou a ser torturado em Curitiba. Era funcionário do cartório ALDO LUZ, de seu irmão.  Na verdade, Amadeu era  um veterinário não ex-offício. Tinha muitos cães num canil caseiro e, graças a isso adquiriu grande conhecimento no trato de doenças  de cães sendo uma autoridade inquestionável e respeitada na área. Certo dia,  Amadeu saia de minha casa após atender meu cão, o Blue. Com a mão ainda no portão semi-aberto chamou o cão do Helmut que passava pela calçada oposta com pose de rei da Inglaterra. Amadeu chamou-o pelo nome com seu vozeirão  de grande fumante. O cachorro nem olhou: colocando o rabo entre as pernas, cabeça baixa, escafedeu-se velozmente.

HELMUT, JUIZ CLASSISTA

Em 20.12.1989 foram nomeados juízes classistas temporários, Helmut Anton Schaarschmidt (representante dos empregadores), e Amauri Izaías Lúcio, representante dos empregados, e seus respectivos suplentes, Telmo Joaquim Nunes e João Carlos Nunes Mota, que tomaram posse em Sessão Solene no dia 18.1.1990. O final de 1989 assinala o fim das atividades em Criciúma de Helmut.

O COMODORO HELMUT SCHAARSMIDT

Helmut decide-se por adquirir uma vistosa lancha e pilotá-la em alto mar. Para isso precisava fazer curso na Capitania dos Portos de Laguna, do Ministério da Marinha. A lancha já fora adquirida e após curto espaço de tempo Helmut anuncia a conclusão do curso, detendo, portanto, plena capacitação para pilotar a embarcação.

Era novamente verão e um dos sábados da temporada foi destinado à chegada de Helmut, pilotando sua lancha, A Rainha dos Mares, vinda da Laguna. A praia estava lotada de gente. Lá pelo farol, verdadeira multidão, munida de fogos de artifício,  aguardava o momento da grande chegada na foz do rio Araranguá. Grande alarido se ouviu quando foi anunciado, pelos espectadores munidos de binóculos  que a lancha fora avistada. O céu claro e sem nuvens daquele belo dia de verão enegreceu-se com o fumo dos rojões, piorado por barulho ensurdecedor. O barco apontou na curva do rio.  De repente, ó surpresa! Agora, um silêncio perturbador e afinal, gritos por toda a parte. Era a embarcação  que adernava perigosamente, fazendo água e depois de poucos instantes, afundava! A tripulação chegou à praia a nado. Helmut nunca mais tocou no assunto. Todos nós outros, prudentemente, também esquecemos o naufrágio após refletir sobre as qualidades do zagueirão Helmut que dividia todas nas peladas. Melhor deixar as coisas assim mesmo.

Seu Otavinho, morador nas proximidades e que cuidava de nossas propriedades no balneário e que muito ouvia e muito repetia os ditos de DIOMÍCIO FREITAS, proprietário do único hotel da praia e de quase todos os seus terrenos, contava o acontecido para quem quisesse ouvir, acrescentando:

- Não há o que não haja! 

Por Henrique Packter 24/03/2021 - 07:50 Atualizado em 24/03/2021 - 07:52

Meu falecido amigo, o engenheiro GIÁCOMO PUGGINA, vindo da cidade de Rio Grande/RS, a Criciúma/SC, para trabalhar na mineração de carvão e especificamente na Cia. Próspera, falou-me do tio, comerciante varejista em sua cidade natal, cujos negócios não iam nada bem em virtude da GRIPE ASIÁTICA de 1957. Abria a loja diariamente na esperança de que as coisas viessem a melhorar, e nada!

Ia até a calçada, olhava o céu de onde despencava chuva torrencial, olhava para um lado, olhava para o outro e voltava desanimado para dentro da loja, exclamando:

- I piove, governo ladro!

No idioma italiano a expressão Piove, governo ladro! (Chove, governo ladrão!), é utilizada como paródia de slogans contra o governo, que seria o culpado pelo que há de negativo e até mesmo pela chuva. A expressão italiana satiriza o hábito de se atribuir ao governo a culpa por tudo.

Puggina trabalhava na mina Próspera. No intuito de incrementar a produção, no final da década de 1950 a Cia. Próspera trouxe para Siderópolis a Shovel Marion 5323 e a famosa Dragline Marion 7800, com 27 m³ de caçamba e lança de 70 m de comprimento, a maior da América Latina.

O carvão bruto extraído das entranhas das minas era tratado industrialmente, possibilitando a separação do carvão metalúrgico a ser utilizado na usina siderúrgica de Volta Redonda (RJ). Patrocinado pela CSN entrou em operação o Lavador de Capivari (SC) para separar o carvão bruto do carvão metalúrgico (1945), além da Usina Termelétrica de Capivari. O lavador, instalado na rota da estrada de ferro Dona Tereza Cristina, entre o porto de Imbituba e as minas de Criciúma, era local com bons mananciais.  A implantação do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, década de 50 em Capivari de Baixo (SC), deveu-se à enorme quantidade de carvão depositado no local e subutilizado, sendo destinado como matéria-prima para a termelétrica.

No início dos anos 70 estavam em atividade 11 mineradoras, a maioria pertencente a empresários locais.

A indústria carbonífera teve seu auge na década de 70, rápido crescimento em resposta à crise mundial do petróleo. No auge da atividade carbonífera havia perto de 15.000 mineiros na região, hoje reduzidos a 5.000. No início da década de 90 foram retirados os incentivos do setor, levando a região sul catarinense a profunda crise.

2.    A IMPORTÂNCIA DO VERNÁCULO

Nos tempos em que o Distrito Federal era no RJ, a Câmara dos Deputados era um repositório de histórias, quase sempre jocosas. Nas eleições de 1934 elegeram-se para o Palácio Tiradentes, Álvaro Teixeira Pinto Filho e Benedito Nilo de Alvarenga, entre muitos outros. O primeiro tinha um discurso eloquente e que respeitava com rigor nosso sempre combalido vernáculo. Já o segundo não era tanto assim. Certo dia, para surpresa geral, Álvaro Teixeira Pinto vai à tribuna para invectivar contra discurso de Benedito que considerou ofensivo pelos crimes cometidos contra o purismo da língua. Benedito se defende. Diz que certas regras do discurso parlamentar podem ser flexíveis em razão de maior entendimento para as gentes. O exemplo mais flagrante – disse -, era o próprio deputado Álvaro.

- Como, de que jeito, pergunta o surpreso Álvaro.

- Ora, diz Benedito, o nome de Vossa Excelência é Teixeira Pinto. A obedecer-se o que recomenda o português castiço deveria eu chama-lo de Cheira-te Pinto!

3.    IVETE VARGAS X CARLOS LACERDA

Lacerda, Deputado Federal (1955-1959 e 1959-1963), era temível tribuno. Ganhou a alcunha de O Corvo.

Nasceu no RJ em 30.4.1914. Jornalista, escritor e empresário, fundou o jornal Tribuna da Imprensa e a editora Nova Fronteira. Político marxista a princípio, em 23.3.1935, participa da fundação da Aliança Nacional Libertadora (ANL), frente popular contra o integralismo, o imperialismo e o latifúndio. Rompeu com o comunismo em 1939, publicando artigo que o fez ser acusado de traidor pelos ex-correligionários. Em 1945, filiou-se à UDN, elegendo-se Vereador do RJ, então DF (1947). Renuncia ao mandato no mesmo ano, em protesto contra a aprovação pelo Senado da diminuição das prerrogativas da Câmara Municipal. Opositor ferrenho do segundo Governo Getúlio Vargas, foi uma das vítimas  do Atentado da Toneleros, em 5.8.1954 (ferimento no pé), desencadeando crise que levaria Vargas ao suicídio.

Deputado Federal em outubro seguinte com a maior votação do DF, participou em 1955 de conspiração para impedir eleição e posse de Juscelino Kubitschek e seu vice João Goulart na Presidência da República. Na Câmara, foi líder da UDN (1957-1958) e, reeleito (deputado mais votado), tornou-se líder da Minoria (1959, UDN e PL). Eleito em outubro de 1960 Governador da Guanabara, Estado recém-criado, renuncia ao mandato parlamentar para assumir o governo estadual (1960-1965). Remove favelas e realiza importantes obras viárias, de abastecimento de água e de esgotamento sanitário. Entrou em choque com o Presidente Jânio Quadros (jan.-ago./1961) por várias vezes e fez oposição sistemática a João Goulart (1961-1964). Apoiou o Golpe de 1964 e em novembro, divergindo dos militares que haviam tomado o poder, lançou-se candidato pela UDN à Presidência da República. Ato Institucional no 2 (AI-2), de 27.10.1965, frustrou suas pretensões, terminando com a eleição direta para Presidente da República. Em 1966, apoiado pelos exilados Kubitschek e Goulart, articulou a Frente Ampla, pregando a união das forças políticas  pela redemocratização do País. Em abril de 1968, banida a Frente, em 14/12, um dia após a edição do AI-5, Lacerda é preso. Libertado após uma semana de greve de fome, tem seus direitos políticos suspensos por dez anos. Morre no RJ em 22.5.1977.

Polemizava ele, certo dia, no Palácio Tiradentes, com a deputada federal IVETE VARGAS do PTB, que termina por chama-lo de purgante.

- Vossa excelência é um purgante!

- E o resultado é Vossa Excelência, retruca Lacerda

Por Henrique Packter 18/03/2021 - 06:36

Uso das máscaras reduz em 87% as chances de ser infectado pelo coronavírus. Evita que pessoa contaminada transmita a doença, funciona como barreira impedindo que gotículas de saliva contaminadas alcancem os outros. Se precisar retirar a máscara, certifique-se de que não há pessoas ao redor para evitar risco de contaminá-las ou ser contaminado. Segure a máscara sempre pelas beiradas ou pelos elásticos. Nunca toque no meio do tecido, como fez nosso quarto ministro da doença na sua primeira entrevista. Se seus dedos estiverem contaminados, você conduzirá o coronavírus direto para o nariz e boca. Higienize as mãos antes de tocar o rosto.

 

Qual o modelo de máscara mais recomendado?

Fundamental: uso correto da máscara  indicada, lavar as mãos com álcool a 70º e distanciamento social. Máscaras caseiras de maneira geral devem ser evitadas.  Recomenda-se as industrializadas, sobretudo em espaços públicos. Usar a N95 ou a PFF2, principalmente para lugares fechados e maior exposição. As caseiras somente em locais abertos e limitada circulação de pessoas. A peça precisa cobrir nariz, boca e queixo. Mantenha-a rente à pele, sem frestas nas bochechas. Há máscaras que ficam presas na orelha ou são amarradas atrás da cabeça. Tanto faz.

 

PFF2 E N95

Há estruturas com poder de filtragem superior, maior vedação (ficam completamente presas ao rosto). Talvez a PFF2 seja a mais recomendável, sobretudo para consultas médicas, idas ao banco, supermercados,  transporte público, taxis, viagens. Consideradas descartáveis, não devem ser lavadas nem nelas passar álcool ou outro produto para limpeza. Após uso deixar descansar por 3 dias para inativação do vírus. Depois desse período usar normalmente. Do ponto de vista de proteção, são  as melhores. Chegam a filtrar 95% do ar e retém partículas pequeníssimas. Máscaras N95 são as que oferecem mais proteção, pois selam firmemente ao redor do nariz e da boca. Geralmente reservadas para profissionais de saúde.

 

MATERIAL DAS MÁSCARAS

As melhores devem ser confeccionadas com algodão em 3 camadas e espaço para inserção de folha de polipropileno com celulose  (pano ou papel de toalha-papel reutilizável). Evitar tecidos muito  porosos e máscaras com costuras no meio (tipo bico de pato). A OMS recomenda que as máscaras tenham três camadas: uma interna que absorve, uma do meio de filtragem e uma terceira externa, feita de material não absorvente, como poliéster. São as chamadas máscaras híbridas, feitas com mais de um material.

Trocar as máscaras a cada 2 horas ou quando estiverem úmidas.  Elas também podem ser desinfetadas, deixando-as de molho em solução de água sanitária (2 coleres de sopa para cada litro d´água) ou em água com sabão por 30 minutos. Enxaguar em água limpa. A máquina de lavar desgasta o tecido mais rapidamente e, portanto, deve ser evitada.    Descartar após 30 lavagens. Devem ser feitas com três tecidos. As camadas interna e intermediária precisam ser de algodão. A parte mais externa pode ser de poliéster ou polipropileno. Há quem prefira deixar a peça de molho por cerca de 20 minutos num balde com pouco de água sanitária diluída. Outra opção é colocar na máquina junto com as outras roupas e fazer o ciclo completo de lavagem com sabão e amaciante. Na sequência, deixe secar no varal. Para se certificar de que a trama do tecido não carrega nenhuma partícula de vírus, alguns passam a máscara a ferro. O calor inativaria qualquer ameaça que restasse. Como regra geral para uma máscara, o tecido de composição deve ser o mais firme possível e grande contagem de fios, que são melhores na filtragem de partículas.

MÁSCARAS CIRURGICAS

São feitas de TNT em 3 camadas. Têm boa capacidade de filtragem, mas vedação inferior à PFF2. Devem ser descartadas após o uso. São finas  e umedecem mais rapidamente. As proteções cirúrgicas descartáveis também são eficazes. Estudo de 2013 concluiu que esse material era cerca de três vezes mais eficiente no bloqueio dos aerossóis da gripe do que máscaras faciais caseiras.

 

FACE SHIELD E ÓCULOS DE PROTEÇÃO

Devem ser utilizados sempre com máscara. A chance de contaminação através dos olhos é pequena. Máscaras transparentes de vinil NUNCA DEVEM SER USADAS.  Além do material não ser capaz de filtrar o ar inspirado ou expirado não oferecem boa adesão ao rosto. Esse escudo de acrílico protege os olhos e é uma boa para profissionais de saúde e para quem tem contato com o público.

 

E DUAS PEÇAS?

Prática que aumenta a segurança usando diferentes materiais e melhor vedação lateral. Mas, para lugares quentes este artifício não é prático.

 

BANDANAS E LENÇOS
Estudo publicado pelo Journal of Hospital Infection apontou que um lenço só filtra 44% das gotículas inicialmente. Após 20 minutos de exposição a uma pessoa infectada, por exemplo, o lenço só filtra 24% das partículas. Da mesma forma, os pesquisadores da Universidade Duke descobriram que as bandanas apresentam baixos índices de proteção, são o tipo de material menos protetor – comparado com semelhantes.

No entanto, na maioria das vezes, qualquer cobertura facial é melhor que nenhuma, com apenas uma exceção: máscaras com válvulas de ventilação. Proteções do tipo podem expelir partículas infecciosas para a atmosfera, ajudando na propagação do vírus.

MÁSCARA N95.......................................................................................↑PARA PROFISSIONAIS DA SAÚDE

MÁSCARA CIRÚRGICA.........................................................................↑PARA PROFISSIONAIS DA SAÚDE

MÁSCARA HIBRIDA E/OU DE ALGODÃO COM 2 CAMADAS...........PARA USO EM PÚBLICO, LOCAIS FECHADOS OU LOTADOS

MÁSCARA DE PANO OU DE 100% DE ALGODÃO..............................PARA USO EM ÁREAS EXTERNAS

MÁSCARA DE SEDA NATURAL............................................................↓PARA USO EM ÁREAS EXTERNAS

BANDANA...............................................................................................COMO ÚLTIMO RECURSO; COMO TANGO ARGENTINO: SÓ NA HORA DA MORTE

MÁSCARA COM VÁLVULA DE VENTILAÇÃO....................................NUNCA!     

 

E OS RESULTADOS?
Máscaras têm desempenho diferente dependendo de como são usadas Mesmo com indicação de eficácia, é sempre bom ter cautela com os resultados alcançados. Nem sempre é fácil simular o desemprenho de uma máscara na vida real. Alguns testes imitam diretamente o tamanho de partículas do novo coronavírus, enquanto outros avaliam o desemprenho da proteção com base em vírus semelhantes, como o da gripe.

Diferentes estudos também testam máscaras em diferentes circunstâncias. Alguns imitam o forte fluxo de ar produzido quando uma pessoa tosse, enquanto outros testam o ar quando um indivíduo fala ou respira normalmente.

Por tudo isso é recomendado que sejam utilizadas e avaliadas de acordo com a necessidade.

Por Henrique Packter 11/03/2021 - 10:41

Nascido em Montenegro, RS,  graduou-se em engenharia mecânica pela Universidade Federal do RS.  Engenharia econômica, administração de empresas e finanças industriais, todas  pela UFSC.

CARREIRA POLÍTICA
Foi deputado federal (1983 a 1987), prefeito de Blumenau  (1989 a 1990), governador de SC  (1991 a 1994) e senador (1995 a 1998). Exerceu ainda os cargos de secretário de Agricultura e Abastecimento de SC.

Kleinübing, vice-líder do governo no Senado era um dos mais ativos senadores na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Na CPI dos Títulos Públicos ficou evidente sua preocupação com o zelo na fiscalização do endividamento público de estados e municípios, das principais competências do Senado Federal. Casado com Vera Maria Karam Kleinübing teve três filhos: João Paulo, Eduardo e Diogo.

MORTE
O senador Vilson Kleinübing (PFL-SC) morreu em 23.10.1998 aos 54 anos, vitimado por câncer de pulmão, no Hospital de Caridade de Florianópolis. À época, era Senador, eleito pelo extinto Partido da Frente Liberal. Geraldo Althoff, ex-vereador  e médico em Tubarão, completou seu mandato no Senado Federal na qualidade de primeiro suplente eleito em 1990. Kleinubing foi sepultado no Cemitério Jardim da Paz de Florianópolis.

Em 22.11.1996 atendi o senador VILSON PEDRO KLEINUBING em meu consultório no Hospital de Caridade, Florianópolis. O pai falecera de cardiopatia aos 88 anos. Contou-me que corria 10km diariamente em Brasília com seu assessor no senado. Disse:

- Henrique, eu era um atleta!

VAI DAÍ QUE COOPER PASSA PELO BRASIL

É quando o médico americano revisa sua teoria revolucionária e inclui boa alimentação e distância do cigarro como fatores determinantes para saúde. Em passagem pelo Brasil para o Congresso Brasileiro de Medicina do Exercício e do Esporte, Cooper participa de caminhada de 3km na Cidade Universitária de SP. “Minha maior conquista na vida foi mostrar que o exercício é um excelente remédio” (Kenneth Cooper).
Tudo ia bem até que Kleinubing viu entrevista de Glória Maria com Keneth Cooper, exibida no Fantástico  e ficou convencido que estava fazendo justamente o que Cooper condenava. Cooper, ficou mundialmente ligado à corrida depois de desenvolver um teste simples para medir a capacidade física de atletas amadores, inicialmente membros das Forças Armadas Americanas, na década de 1960. O chamado teste Cooper consiste em uma corrida de 12 minutos, em que se mede o consumo máximo de oxigênio pelo corpo (VO2max) para estabelecer parâmetros de condicionamento. Seus conceitos foram muito além dos limites do exército, dando início a um nova concepção de saúde pelo esporte.  

KLEINUBING VAI A DALLAS, TEXAS, EUA

Como constava em sua agenda visitar brevemente os EUA para atender a compromissos políticos, na volta de Washington faz escala em Dallas onde se submete a exames com Cooper. Foi nesse momento que soube ser portador de câncer de pulmão (“tumor no lobo superior do pulmão direito”).  Passa por 28 sessões de radioterapia após cirurgia (pneumectomia) na Santa Casa de POA.

COOPER VISITA O BRASIL

- Minha maior conquista na vida foi mostrar que o exercício é um excelente remédio. Isso tem sido provado em estudos científicos. Hoje o exercício é base de qualquer programa de medicina preventiva e reduz mortes por todas as causas (incluindo doenças do coração, diabetes e câncer) e prolonga vidas - disse enquanto caminhava.

Cooper prega que o médico deve seguir as mesmas orientações que dá aos pacientes, servindo de exemplo e motivação. Mas afirma que cometeu um erro em sua publicação mais famosa, o livro Aerobics, de 1968.

- Pensava que um bom programa de exercício compensaria o excesso de peso corporal, nutrição, e mesmo os efeitos do hábito de fumar. Naquela época, eu e outros cientistas pensávamos que se você corresse uma maratona estaria livre de morrer de um ataque cardíaco – cita, como exemplo.

 A teoria foi revista depois de noticiados alguns casos de ataques cardíacos em pessoas ativas, ou problemas pulmonares em corredores que também eram fumantes. Desde 1982 Cooper mudou seu discurso para “corra 24km por semana, controle seu peso e pare de fumar” e isso vai lhe garantir uma vida saudável. Faço isso há 60 anos e funciona bem pra mim   (Kenneth Cooper). Novos estudos mostraram que o exercício sozinho não garante a saúde, mas faz parte de uma boa combinação.  (Cont.)

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