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Não existe almoço grátis (e a CVM mandou mostrar a conta)

Novas regras aumentam transparência de assessores de investimentos
Por Arthur Lessa 02/06/2023 - 18:12 Atualizado em 02/06/2023 - 18:55

Uma das principais informações da semana para os pequenos investidores é o início da vigência das novas práticas definidas pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a xerife da Bolsa brasileira, para a atividade de assessor de investimentos, chamado até pouco tempo de agente autônomo de investimentos (AAI).

O site BM&C News publicou em abril, quando foram anunciadas as mudanças, uma matéria com cada mudança bem explicada. Mas, para otimizar o seu tempo, vou ser mais conciso e focar no ponto que interessa mais aos investidores que são atendidos por esses profissionais.

Não tem almoço grátis

Começo pela mudança mais impactante, na minha opinião, que é a transparência de remuneração dos assessores de investimento. Quem abre uma conta em corretora que oferece serviço de atendimento pessoal, normalmente as grandes como BTG e XP, podem ter ouvido ouvir que não pagarão nada pelo serviço, salvo os impostos sobre a rentabilidade e as corretagens geradas em caso de operações de bolsa com ações, opções e afins. E daqueles que não ouviram, podem ter tido essa impressão e ninguém se esforçou para desmentir.

Acontece que ninguém trabalha de graça, certo? Muito menos profissionais do coração do mercado financeiro nacional, que vivem, basicamente, envoltos em dinheiro. Na realidade esses profissionais são remunerados indiretamente pelo investidor, através dos chamados "rebates", que são comissões pagas por instituições como fundos e bancos de investimento.

De onde vem esse dinheiro?

Essas comissões, que eu imagino serem chamadas de rebate por ser um dinheiro que "vai e volta", saem de custos de operações financeiras que são pagos pelo investidor sem que ele se dÊ conta. Vamos usar como exemplo um fundos de investimento. Se você olhar com atenção, ele cobra uma taxa de administração, que pode ir de 0,5% a 2,0% ao ano. O que, num montante de R$ 500 milhões investidos pelos cotistas, são arrecados R$ 5 milhões para o custeio de toda a estrutura de analistas, gestores, plataformas de informações, taxas, impostos e, aqui entra o nosso ponto, distribuição. 

Distribuição é basicamente o que o assessor de investimento faz ao indicar ao cliente investidor que aporte seu dinheiro no Fundo XPTO. Feito esse investimento, é gerado uma comissão (rebate) percentual ao volume investido e esse valor é rateado entre a corretora (XP, BTG, Ágora, Órama,...), o escritório (EQI, Wise, Messem,...) e o assessor.

Ou seja... O dinheiro vai, "bate" e volta. Rebate. E o que pega nesse modelo é que, muito semelhante ao que acontece nos bancos de varejo (Itaú, Santander, Bradesco, BB,...), a dinâmica desse comissionamento gere incentivos ruins, como indicar um produto "menos bom" porque este paga uma comissão maior.

Não digo que todos os profissionais desse meio estão enrolando ou explorando os clientes, mas muitos certamente estão. E, assim, "comendo" muita rentabilidade que poderia ser gerada para o investidor desavisado.

Transparência

Nesse ponto, a grande mudança não está na política de remuneração, mas sim na obrigatoriedade de os assessores e escritorios encaminharem trimestralmente a cada cliente investidor um relatório das remuenrações geradas aos profissionais pelos investimentos feitos por ele por meio dessa instituição.

O objetivo dessa medida é diminuir o efeito do incentivo ruim que citei anteriormente. E, assim, proteger os investidores, principalmente os mais desavisados, daqueles profissionais menos éticos do mercado, que colocam o próprio bolso acima da rentabilidade dos clientes.

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