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* as opiniões expressas neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do 4oito
Por Archimedes Naspolini Filho 29/04/2020 - 06:55

Busquei, na edição que circulou na semana de 25 de abril a 2 de maio de 1964, do nosso saudoso semanário Tribuna Criciumense, os tópicos de publicações que dão um mergulho no passado e se transformam na Crônica da Cidade de hoje, falando de futebol:

HERCILIO GARANTIU A PONTA – Sete jogos movimentaram o extra de profissionais na sua sexta rodada. Comerciário perdeu a vice-liderança e o Metropol venceu o Avaí enquanto o Atlético empatou em Urussanga. Este era o ‘olho’ da notícia cuja manchete está aí em destaque. Depois, Milioli Neto, diretor da página esportiva, disse: ATLÉTICO EMPATOU - na capital do vinho, o Rolo Compressor, que fora em busca da reabilitação, conseguiu resultado dos mais satisfatórios. O time da Vila, em jornada regular, sofreu o tento de empate aos 41 minutos do tempo final. Sua defesa jogou sério e Catito esteve numa grande tarde. Aldo marcou para os atleticanos e Maneca para os uruçanguenses. O Atlético formou com Catito, Eromi, Monge, Zequinha e Foguinho; Rui e Ari Neves; Paulinho, Aldo e Peixe. O Urussanga, com Sandrini, Elmo, Gilberto (Antoninho), Gibi e João Paulo; Carlinhos e Valmir; Célio, Maneca, Bibi e Evaldo.

METROPOL GOLEOU – O Metropol aplicou a goleado de 5 a zero sobre o Avaí. Idésio, 2, Chico Preto, Galego e Arlindo marcaram para o Metropol que jogou assim: Dorni, Motini, Amilton (Zé Eduardo), Paulo Souza (Hamilton) e Tenente; Chico Preto e Nadir; Calita, Arildo, Idézio e Galego. COMERCIÁRIO DECEPCIONOU – Jogou contra o Figueirense e não foi além de um empate em um tento, assinalado por Nivaldo. Para os florianopolitanos marcou Ronaldo. HERCILIO 3 A ZERO NO MINERASIL – Marcaram Leonel, Tarcísio e Gonzaga.

FERROVIÁRIO 4 X 1 GUATÁ – O jogo foi nas Oficinas, em Tubarão. Marcaram para o Ferrinho: Boca, duas vezes, Brasinha e J. Sorato. BARROSO 1 X 0 NO POSTAL – Fantoni, o autor do único gol. IMBITUBA DERROTADO EM ITAJAÍ – Jogando contra o Marcilio Dias, o Atlético de Imbituba perdeu por 3 x 2.

CLASSIFICAÇÃO DO CAMPEONATO ESTADUAL, por pontos perdidos: Hercílio Luz, em 1º, com 2 pp; seguem: Metropol e Barroso, em segundo, com 3 pp; Comerciário, com 4; Marcilio  Dias e Ferroviário, com 5; Urussanga com 6; Atlético, Avaí e Guatá, com 7 pp; em 7º Postal Telegráfico e Figueirense, com 8pp; em 8º o Minerasil, com 9 e, em 9º e último lugar o Imbituba com 10 pontos perdidos.

E eu retornarei amanhã. Até lá amigos e um abraço do meu tamanho!

Por Archimedes Naspolini Filho 28/04/2020 - 10:35 Atualizado em 28/04/2020 - 10:42

In primo loco, permito-me lamentar que a FENACA foi cancelada. Refiro-me à Festa Nacional da Cachaça que estava programada para 17 a 19 de julho, na capital da cachaça de santa catarina, cidade de Luiz Alves. Essa festa reune os maiores produtores de cachaça do Brasil e os apreciadores dessa bebida, em três dias de intensa programação sócio-econômico-social, paralelamente à Festa da Banana. Mais um evento cancelado por conta dessa praga que castiga o mundo inteiro. E cumprimentos ao prefeito Marcos Pedro Veber e ao nosso amigo Leandro, presidente da Associação Nacional dos Produtores de Cachaça, que cuidam com muito carinho desse importante evento.

Dênis, meu ínclito amigo,

Volto às redes sociais e nelas encontro a pauta do meu comentário de hoje. Podemos afirmar que mais de 70% do que recebemos, em forma de texto e/ou imagens, são lixo. As imagens falam por si, dispensam ser olhadas uma vez que, ao abri-las, já se sabe o que retratam. Com os textos eu falo o seguinte: filtro a origem, isto é, quem me mandou e leio um ou dois parágrafos: se encontrar erro de correção de linguagem, não dou sequência e descarto. Posso garantir: sobra pouco.

Nesse pouco que sobra, não raras vezes, nos deparamos com textos que nos empurram para a reflexão e tomo a liberdade de fazer a leitura de um, postado num dos grupos de que faço parte,  que diz assim:

Nunca se justifique para ninguém, porque a pessoa que gosta de você não precisa que você faça isso e a pessoa que não gosta de você não acreditará no que você disser.

De manhã, quando você acorda, você tem duas opções: voltar a dormir e continuar sonhando ou, levantar e correr atrás de seus sonhos...

Nós fazemos chorar aqueles que se importam conosco
Nós choramos por aqueles que nunca se importam conosco
E nós nos importamos com aqueles que nunca vão chorar por nós.
Esta é a vida... é estranho, mas é verdade.
Assim que você perceber isso, nunca será tarde demais para mudar.

Não faça promessas quando estiver alegre,
Não responda quando estiver triste
Não tome decisões quando estiver zangado
Pense duas vezes... aja com sabedoria.

O tempo é como o rio: você nunca poderá tocar a mesma água duas vezes porque a água que passou nunca passará novamente.

Aproveite cada minuto da sua vida...

Se você sempre diz que está ocupado, então nunca estará livre.
Se você sempre diz que não tem tempo, então nunca terá tempo.
Se você sempre diz que vai fazer tal coisa amanhã, então o amanhã nunca chegará...

E que todos comecemos o dia como queremos termina-lo! Bom dia!

Por Archimedes Naspolini Filho 28/04/2020 - 06:59

Continuo buscando, na edição que circulou na semana de 11 a 18 de abril de 1964, do nosso saudoso semanário Tribuna Criciumense, os tópicos de publicações que dão um mergulho no passado e se transformam na Crônica da Cidade de hoje.

ESPORTES – HERCILIO LUZ PUXA O BLOCO Nº 1: METROPOL DERROTADO – 1 X 0; ATLÉTICO 0 X 0 MINERASIL: FIASCO – COMERCIÁRIO EM 4º DOBROU O GUATÁ: 2 x 1 – FIGUEIRENSE 2, ATLÉTICO DE IMBIBUTA 1 – URUSSANGA 2, FERROVIÁRIO 1 – POSTAL ENGANOU O MARCILIO DIAS:1 a zero – BARROSO IMPETUOSO 4 A UM NO AVAÍ. Bonsucesso campeão do torneio início da segunda divisão, no campo do Catarinense. O time da Mina do Mato jogou com Romeu, Valdenir, Venâncio e Valdemar; Adilton, Antônio e Rocilon; Geno, Ezequiel, Divo e Manoel. Renda excelente: ultrapassou Cr$ 70.000,00.

E chegamos à edição de Tribuna Criciumense que circulou na semana de 25 de abril a 2 de maio de 1964. Da capa eu destaquei: EMBAIXADOR LINCOLN GORDON EM FLORIANÓPOLIS – Está sendo esperado para o dia 27 à tarde, ao aeroporto Hercílio Luz, viajando em avião da Força Aérea dos Estados Unidos da América do Norte, o embaixador Lincoln Gordon, em sua primeira visita oficial ao estado de Santa Catarina. A viagem do embaixador atende a convite que lhe foi formulado pelo governo catarinense. O embaixador visitará, também, as cidades de Itajaí e Blumenau. Gordon foi intitulado, durante muito tempo, como o mentor intelectual da derrubada de João Goulart da presidência da República.

UM QUARTEL PARA A CAPITAL DO CARVÃO – E foi a primeira vez que se ouviu falar na possibilidade de trazer, para Criciúma, uma unidade do Exército Nacional. Os mineradores chegaram a oferecer o terreno para a sua construção e este assunto tomou grande fração do espaço da capa da edição em tela. Mas o quartel esperaria até a década de 1970 quando o prefeito Algemiro Manique Barreto o fez construir e disso nos ocuparemos ao tempo certo.

NOVA ERA PARA O PAÍS – O Gal. Castello Branco não sucede, apenas, ao presidente João Goulart que, a seu turno, sucedera ao presidente Jânio Quadros, tudo isto dentro de um quinquênio governamental. A solenidade de sua posse, em Brasília, teve, inegavelmente, um sentido muito mais profundo, pois formalizou o início de uma nova era.

E eu retornarei amanhã. Até lá amigos e um abraço do meu tamanho.

Por Archimedes Naspolini Filho 27/04/2020 - 10:20 Atualizado em 27/04/2020 - 10:22

Naquele dia - que não me lembro qual - a mídia nacional dava conta de que Sérgio Moro fora convidado e aceitara ser ministro da Justiça do futuro governo Jair Bolsonaro. Era voz unânime, de norte a sul, que Bolsonaro começava a formar bem a sua equipe.

E o nosso ilustre diretor, José Adelor Lessa, no seu programa, de chofre, me perguntou: o que achas desse convite e do aceite do Moro? E, de chofre, eu respondi: não gostei. E senti, pela reação do Lessa, que eu seria a voz dissonante a tudo que o se propalava naquele momento. Sérgio Moro “era o cara”.

E era! Um juiz competente e acima de qualquer suspeita.

Mas uma coisa é ser juiz acima de qualquer suspeita e outra coisa é esse juiz ocupando o cargo de ministro de Estado dos Negócios da Justiça e da Segurança Pública. 

Moro assumiu mas não assumiu, parece que ficou com medo do ‘tomar decisões’. O ministério o enxergava como um super ministro e, aos poucos, o próprio ministério foi vendo que se enganara: o super ministro se escondia atrás do biombo do “O que é que estou fazendo aqui?”. 

Uma coisa era comandar a República de Curitiba, pronunciando sentenças sobre processos muito bem instruídos, e outra, bem diferente, era a necessidade de tomar iniciativas e providências acerca dos negócios impostos à sua Pasta, a mais longeva da República. É ali que residem os assuntos da Justiça, com todos os seus matizes, e a Segurança, com a inatingível Polícia Federal. Moro se apequenou, ficou escondido, deixou de ser O ministro para ser mais Um ministro. E quando viu que seria fritado por todos, fez o que fez: o ventilador se encarregou de pulverizar

Com certeza não era a hora de fazê-lo. 

A tarefa de desemparelhar a administração pública, não sei se concluiu sua empreitada. Se o fez, Bolsonaro continuará nos governando. Caso contrário, corremos o risco de mais um desastre político com a substituição do titular da chefia do Poder Executivo. O Brasil não merece!

Como me disse o meu amigo Laércio:  atearam fogo no serpentário.

E que todos comecemos o dia como queremos termina-lo! Bom dia!

Por Archimedes Naspolini Filho 27/04/2020 - 07:04

Dou sequência, buscando na edição que circulou na semana de 11 a 18 de abril de 1964, do nosso saudoso semanário Tribuna Criciumense, os tópicos de publicações que dão um mergulho no passado e se transformam na Crônica da Cidade de hoje. 

A edição epigrafada foi a segunda, depois do espetacular 31 de março de 1964, cantado por uns, chorado por outros. Como na edição anterior esta também ocupou toda a capa com notícias vinculadas à deposição do governo de João Goulart. E eu transcrevo:

ATO INSTITUCIONAL JÁ ESTÁ EM VIGOR – O Ato Institucional foi proclamado pelos ministros militares e justificam o mais importante documento como sendo, o mesmo, necessário para assegurar a reconstrução econômica, política e moral do país. O artigo 10 diz o seguinte: No interesse da paz e da honra nacional, e sem limitações previstas na Constituição Federal, os comandantes em chefe que editam o presente ato, poderão suspender os direitos políticos pelo prazo de dez anos e cassar os mandatos legislativos federais, estaduais e municipais, excluída a apreciação judicial desses atos.

DETIDAS, EM CRICIÚMA, 27 PESSOAS – Desde o dia 3 de abril, estão sendo detidas e interrogadas diversas pessoas de nossa cidade. Dos detidos pelas tropas do Exército, oito foram levados à capital do estado e foram alojados no Quinto Distrito Naval. 
Enquanto isso, no acampamento das tropas do Exército, em Criciúma, encontram-se mais de 19 pessoas detidas

CASTELO B RANCO – NOME COTADO PARA A PRESIDÊNCIA – O nome do General Humberto de Alencar Castello Branco para a presidência da República, tem encontrado a mais ampla ressonância em todos os meios políticos. Castello Branco é cearense, nasceu no dia 20 de setembro de 1900. E Tribuna descreve o curriculum vitae do militar em referência.

NOVOS MINISTROS – É a seguinte a relação dos ministros pertencentes ao governo de Ranieri Mazzilli, já empossados: Luiz Antônio da Gama e Silva, ministro da Justiça, cumulativamente com o ministério da Educação e Cultura; Octávio Gouveia de Bulhões, da Fazenda; Vasco Leitão da Cunha, das Relações Exteriores; Arnaldo Sussekind, do Trabalho; General Arthur da Costa e Silva, da Guerra; Almirante Augusto Hamann Rademaquer Grunewald, da Marinha; e o Brigadeiro Francisco Assis Corrêa de Melo, Aeronáutica. E o nosso hebdomadário registra o perfil biográfico de três deles: o do Itamaraty, o da Fazenda e o do Trabalho.

E eu retornarei amanhã. Até lá amigos e um abraço do meu tamanho

Por Archimedes Naspolini Filho 24/04/2020 - 19:15

O nosso colega Nei Manique mandou-me uma mensagem lembrando que deixei passar o 21 de abril, de Tiradentes e de Brasília, como fizera com o Dia do Índio. Então, vou me redimir, agradecendo o privilégio da audiência.

Era o final de 1959. Eu acabara de ser eleito presidente do Grêmio Cultural Cid Rocha Amaral, da nossa escola, em Florianópolis, e já me encontrava em casa, ali no meu condado, para o início das férias. E ali aparece o secretário municipal Hercílio Amante, a procura de meu pai. Ele trazia a notícia de que eu deveria retornar a Florianópolis, no dia seguinte, para viajar ao Rio de Janeiro e, de lá, a Brasília, a convite do ministro Clóvis Salgado, da Educação. Seria incorporado a um grupo formado por lideranças estudantis das escolas federais, de todos os níveis, para ir conhecer as obras de construção da nova capital do Brasil, num projeto paralelo que levaria, também, lideranças sindicais.

Dois dias depois estava à frente do Professor Sezefredo Blascke, diretor, que me entregava uma passagem e algum dinheiro para empreender a viagem à capital, cidade do Rio de Janeiro. Leozir Müllmann, de Blumenau, viajaria comigo mas não compareceu.

Depois de desembarcar no Santos Dumont fui levado à base aérea e, lá incorporado a uma porção de colegas, do Brasil inteiro, embarcamos num Hercules, de bancos paralelos à fuselagem da aeronave, e fomos conhecer o desconhecido: as obras da nova capital. 

Ônibus nos aguardavam junto à pista de aterrissagem e, neles, embarcados, partimos para a descoberta. Começamos pelo Catetinho, um sobradinho de madeira, em meio a um pequeno bosque, onde fomos recebidos por um militar cheio de medalhas ao peito que anunciou: “com vocês o presidente da República”. E Juscelino Kubitschek veio à varanda para nos dar as boas-vindas num rápido discurso e, com uma antena de rádio de automóvel, mostrava, num grande mapa, as obras da nova capital do Brasil.

A cena não apaga do meu subconsciente: eu via um presidente da República que recebera o voto do meu pai e dos meus irmãos mais velhos. Não sabia se cuidava dos detalhes revelados pelo mapa ou se cuidava dos gestos e da fala do presidente. 

Simplesmente inimaginável, em poucos dias a eleição para o grêmio da escola, o início das férias, o reencontro com a família, o Rio de Janeiro e agora, Brasília. E eu com os meus 16 anos vivendo aquilo tudo.

Depois de um suco de caju – outra novidade – o ônibus foi nos levar a conhecer as obras de tudo o que se construía em Brasília. Quando chegamos à esplanada dos ministérios já se cuspia tijolo, tal o volume da poeira levantada das ruas e das obras em construção, algumas em fase final. O Teatro Nacional e a catedral já praticamente prontos. A praça dos três poderes, o Palácio da Alvorada. Tudo em fase de acabamento. Simplesmente deslumbrante.

Fomos hospedados no Hotel Alvorada, incendiado há poucos anos, pertinho do palácio do mesmo nome. Depois de acomodados e de um banho reconfortante, saí, para ver o Alvorada à noite. Maravilhosamente lindo, bem iluminado, esperando a família de JK que, meses depois, ali se alojaria, era a casa oficial da presidência da república. No dia seguinte visitamos um colégio apelidado de Elefante Branco, na W-3, o Setor Hoteleiro, a península das embaixadas, o Lago Paranoá, a vila denominada Gama, onde residiam os candangos; e uma capela católica, no Eixo Monumental, as avenidas largas que não se encontravam, os elevados, as enormes quadras cobertas de vegetação rasteira. Depois de um novo pernoite, o retorno.

De lá para cá estive muitas vezes em Brasília e inclusive, durante um certo período, ali residindo durante dois anos.

Brasília fez 60 anos, bela, imponente, formosa, moderna, epicentro do poder – e da corrupção – desmentindo todas as afirmações dos oposicionistas e orixás da desgraça que juravam que Brasília não vingaria. O mundo se curva à beleza e ao significado de nossa capital, que eu tive o privilégio de conhecer ainda em obras e ser ciceroneado pelo presidente que a construiu: Juscelino Kubitschek de Oliveira, o JK.

Por Archimedes Naspolini Filho 24/04/2020 - 12:15

Busquei, na edição que circulou na semana de 11 a 18 de abril de 1964, do nosso saudoso semanário Tribuna Criciumense, os tópicos de publicações que dão um mergulho no passado e se transformam na Crônica da Cidade de hoje. 

A edição epigrafada foi a segunda, depois do espetacular 31 de março de 1964, cantado por uns, chorado por outros. Como na edição anterior esta também ocupou toda a capa com notícias vinculadas à deposição do governo de João Goulart. E eu transcrevo:
DEMOCRACIA APLAUDIDA EM CRICIÚMA – Grande massa popular participou e aplaudiu o desfile realizado no último domingo, dia 5, em regozijo à vitória das forças democráticas e em prol da paz e da liberdade. A Praça Nereu Ramos foi pequena para abrigar a multidão que se fez presente às manifestações. Aos sons dos tambores e marchas desfilaram as valorosas tropas do Exército, seguidas por grande número de populares que davam vivas à democracia. Habitantes dos municípios vizinhos para cá se deslocaram abrilhantando, assim, uma festa que, antes de ser criciumense, ou catarinense, era do povo brasileiro. Na oportunidade diversas pessoas discursaram. E o nosso Semanário reproduz parte dos discursos proferidos pelo Senhor Dr. Ernesto Bianchini Góes e pelo prefeito Arlindo Junkes. 

O desfile, realmente reuniu milhares de pessoas. Naquele momento todos queriam estar ao lado dos vencedores, não ficou ninguém em casa. Eu, particularmente, vi tudo da sacada do 2º andar do edifício São Joaquim, onde estava localizada a sede da Uesc. Era gente!
PRISÕES NA GUANABARA – Prosseguem, as autoridades das Forças Armadas e do Dops, na campanha anticomunista que vem realizando na Guanabara. Calcula-se que já foram efetivadas mais de 2.500 prisões, estando, o navio transporte Ari Parreiras totalmente lotado, ancorado ao largo da baia, servindo de navio-presídio, com elementos civis e militares. Além das prisões cerca de 500 pessoas pediram asilo político em embaixadas sul-americanas. 

MAZZILLI ASSINA NOVAS NOMEAÇÕES – O presidente Ranieri Mazzilli designou, hoje, dia 8 de abril, novos ocupantes para postos chave da administração pública do país. General Oswaldo Pinto da Veiga, para a presidência da Cia. Siderúrgica Nacional. Para Diretor do Plano do Carvão o Tenente Coronel Lauro Cunha Campos, e o Coronel Varonil Albuquerque Lima para a presidência das Centrais Elétricas Brasileiras.

E eu retornarei segunda-feira. Até lá amigos e um abraço do meu tamanho!

Por Archimedes Naspolini Filho 23/04/2020 - 20:39

Dou sequência buscando, na edição que circulou na semana de 4 a 11 de abril de 1964, do nosso saudoso semanário Tribuna Criciumense, os tópicos de publicações que dão um mergulho no passado e se transformam na Crônica da Cidade de hoje. A edição epigrafada foi a primeira, depois do espetacular 31 de março de 1964, cantado por uns, chorado por outros. Como venho falando, significativo espaço da edição em tela foi dedicado à derrubada de Jango. Na Crônica de ontem retratei alguns registros da edição em epígrafe, todos eles voltados aos acontecimentos que derrubaram o governo de João Goulart, aos quais junto estes: 

Aqui em nossa região as notícias eram as mais desencontradas, uma vez que parte ouvia as emissoras da Libertação Nacional e, outra parte, sintonizava a Rede da Legalidade. Enquanto uma emissora solicitava calma e volta normal ao trabalho, a outra incitava às armas e à marcha contra os estados sublevados. Assim, o deputado Brizola dizia que Minas queria derramamento de sangue e que organizara um movimento golpista, direitista e reacionário e procurava levar o povo brasileiro a uma luta fraticida.

O Jornal Última Hora, de Porto Alegre noticiava que tropas do III Exército marchavam de Curitiba a São Paulo onde Amaury Kruel havia colocado o II Exército a serviço do golpismo e da subversão da ordem democrática. Enfim, havia uma palavra que as emissoras de ambos os lados repetiam: DEMOCRACIA.

Mas outros assuntos também permearam a edição que estamos enfocando, como esta: BANDA MUSICAL CRUZEIRO DO SUL – NOVA DIRETORIA – Em assembleia geral realizada no último dia 18 foi eleita a nova diretoria da Banda Musical Cruzeiro do Sul, a qual está assim constituída: Presidente, Augusto José Fermino, Vice-Presidente, Gilberto Machado Vieira, 1º Secretário Humberto Machado Vieira, 2º Secretário, Aldo Lima, 1º Tesoureiro, Francisco Faraco, 2º Tesoureiro, Ernandes João Scott, Orador, Dr. Ernesto Bianchini Góes e Fiscal, Manoel Alfredo Dias.

NOTAS ESPORTIVAS – HERCILIO LUZ FIRME NA LIDERANÇA. POSTAL TELEGRÁFICO: A PÁSCOA COMERCIARINA – MARCILIO DIAS E BARROSO, RENDA DE Cr$ 845.000,00 – GUATÁ FUZILOU MINERASIL – ATLÉTICO CAIU NA CAPITAL – IMBITUBA DERROTADO – METROPOL E URUSSANGA NÃO JOGARAM.

E lá no cantinho inferior esquerdo, da última capa, esta nota: ULTIMA HORA – Criciúma amanheceu guardada por tropas do Exército Nacional, da guarnição de Santa Catarina, que aqui vieram com o objetivo de manter a ordem. 

E eu retornarei amanhã. Até lá amigos e um abraço do meu tamanho!

Por Archimedes Naspolini Filho 23/04/2020 - 11:28

Dezenove de abril, último domingo, foi o Dia do Índio.

Então, vou falar do indígena, para não ser acusado de não tê-lo feito, na sua data.

Não por causa da comemoração, em si, mas pelo significado desse ser humano praticamente varrido do globo terrestre.

Começo por recomendar aos estabelecimentos de ensino de todos os níveis e de todos os graus, daqui e de qualquer lugar, que incentivem a pesquisa sobre a cultura e o modus vivendi dos nossos primeiros habitantes. Ao mesmo tempo, que procurem agendar uma visita ao sítio rural do engenheiro químico Sidnei Roque Périco – que trabalhava nas empresas Rio Deserto – no qual encontrarão o mais completo museu indigena norte-americano da américa latina.

Ali as nações indígenas daquele país afloram: são as fotos dos seus grandes guerreiros, dos grandes caciques, das grandes índias... São os textos de discursos proferidos por líderes dos povos que foram perseguidos à exaustão naquele território, é o Código de Ética de um povo massacrado.

Enfim, visitando aquele Rancho e analisando o que ali está exposto amealha-se um pouco de conhecimento sobre o cidadão que foi festejado, oficialmente, domingo passado.

Agora, há o seguinte: nós também tivemos nossos índios. No primeiro momento, escravisados pela coroa portuguesa e seus asseclas aqui plantados.

Num segundo momento, violentados no que tinham de mais significativo: seus hábitos, seus costumes, suas crenças, sua fé, pelo padre jesuíta que se achou dono da verdade e do único Deus e arrebatou-lhe isso tudo.

Finalmente, pelas colonizações que foram se plantando em todo o território nacional, espulsando os verdadeiros donos deste imenso país cada vez para mais longe do litoral ao ponto de varre-lo do nosso meio.

É preciso que meditemos um pouco sobre essa barbaridade cometida pelo homem branco, tido como civilizado, e rendamos um tributo àquele que, agredido e apreendido, outra alternativa não teve que não aceitar o seu próprio extermínio. E olha: dele nada sobrou... muito pouca coisa se reúne do primeiro brasileiro, especialmente aqui em nossa região.

O engenheiro químico Sidnei Roque Périco, que o diga.

Da dificuldade de buscar resquícios daquela civilização e, especialmente, da sua cultura e da sua história, é que Périco montou um templo sagrado, no alto da Serrra Geral, ali em Bom Jardim da Serra, em homenagem ao agredido – e agora festejado – índio americano.

Por aqui, gratificava-se bem aos “caçadores de bugres”, como eram denominados os matadores dos nossos indígenas, pagos por pares de orelhas, trazidos da caçada, que apresentassem à autoridade.

Inominável barbaridade que empurrou os índios do litoral para o interior, dos nossos povoados ao Costão da Serra, e do Costão à morte, ao extermínio.

19 de abril, Dia do Índio! É para festejar ou para lamentar?

E que todos comecemos o dia como queremos termina-lo! Bom dia!

Por Archimedes Naspolini Filho 22/04/2020 - 12:15

Dou sequência, buscando na edição que circulou na semana de 4 a 11 de abril de 1964, do nosso saudoso semanário Tribuna Criciumense, os tópicos de publicações que dão um mergulho no passado e se transformam na Crônica da Cidade de hoje. A edição epigrafada foi a primeira, depois do espetacular 31 de março de 1964, cantado por uns, chorado por outros. Como venho falando, significativo espaço da edição em tela foi dedicado à derrubada de Jango. Na edição de ontem vimos as principais manchetes daquela semana.

Nos quartéis, a hierarquia era quebrada e marinheiros paralisavam suas ações para pressionar o governo na busca de melhorias e, até, na nomeação de seus chefes. O presidente, ao invés de tomar pulso firme na busca de solução, curvava-se à vontade dos subalternos chegando a mudar o ministro da Pasta, o que revoltou todo o comando superior da Marinha.

Tribuna Criciumense retratava, todavia, os acontecimentos que antecederam à derrubada de João Goulart como o comunicado da Agência Nacional, que, através de rede nacional de rádio e televisão, informava: “A nação pode permanecer tranquila. O governo federal manterá inatingíveis a unidade nacional, a ordem constitucional e os princípios democráticos e cristãos com que ele se inspira, pois conta com a fidelidade das forças armadas e com o patriotismo do povo brasileiro”. 

Neste meio tempo o povo procurava se inteirar dos acontecimentos, porém a única voz que se ouvia era a da Guanabara, da Rádio Mayrink Weiga, que, sabidamente, era ligada aos partidários do governo de Goulart. Rádios paulistas informavam que o governador Adhemar de Barros estava solidário com o movimento eclodido em Minas e o General Kruel tomado posição dizendo que as armas do II Exército estavam à disposição do General Mourão Filho.

Em Brasília o senador Áureo Soares de Moura Andrade manifestava-se sobre os acontecimentos e dizia que os atos desencadeados sobre a nação constituem uma grande agressão à Constituição Federal, que precisa ser repelida. A sorte da democracia, da federação e da República está, inarredavelmente, ligada pela Constituição, à sorte das Forças Armadas. A nação deve, pois, reunir-se em torno de suas Forças Armadas. Devemos exigir que se respeite a sua hierarquia e que não se subverta a sua disciplina.

E eu retornarei amanhã. Até lá amigos e um abraço do meu tamanho!

Por Archimedes Naspolini Filho 22/04/2020 - 10:13 Atualizado em 22/04/2020 - 10:19

Neste período de confinamento, é natural que as emoções e a paciência atinjam patamares nunca dantes imagináveis. E, como temos todo o tempo do mundo para utilizar como quisermos, no ambiente domiciliar, a fuga para o whatsApp tem se constituído uma das maiores armas para nos ocuparmos. Comunicar, aprender, ler, aprovar, discordar, discutir e ignorar um universo de mensagens de todos os tons e sabores, tem sido o lenitivo para não ver o tempo passar.

Ontem recebi uma dessas peças feitas e retransmitidas às centenas, que me cativou. Foi-me enviada pelo meu amigo, do Facebook, Jorge Henrique Nunes, a quem renovo agradecimentos pela postagem, de autoria de um psicólogo de nome Augusto Cury, que diz assim:

“Dez técnicas de gestão e emoção para evitar a virose mental, em tempo de virose pelo Coronavirus ou Covid-19. 
1ª - aplauda sempre quem não seja apontador de falhas, pois o apontador de falhas está apto para consertar máquinas e não para construir belas histórias de amor. 
2ª – Saiba que ninguém muda ninguém, temos o poder de piorar os outros e não de muda-los. 
3ª – Não cobre demais de si e dos outros, pois quem é cobrador está apto para trabalhar numa financeira e não para promover emoções saudáveis. 4ª – Elogie três vezes por dia quem você ama e aprenda a ver um charme em seus defeitos suportáveis. E se você escolheu uma pessoa difícil para viver, provavelmente você não deve ser tão fácil. Seja leve! Relaxe! Somos imperfeitos convivendo com pessoas imperfeitas.  
5ª – Faça a oração dos sábios, quando alguém te contrariar: o silêncio. É comum alguém me dizer: nunca leve desaforo para casa. E eu respondo: claro, você é um desiquilibrado: não leva os desaforos para a sua casa física, mas os acumula em sua casa mental. 
6ª – Treine ser bem humorado, pois viver com uma pessoa pessimista - e que reclame o dia todo - é quase insuportável, esgota o cérebro. 
7ª – Garimpe ouro no solo de quem está ao seu redor. Indague: o que posso fazer para lhe tornar mais feliz? Quais são seus sonhos e seus medos? Encoraje seus filhos, parceiro ou parceira, a expressarem seus sentimentos.
8ª – Namore sua vida antes de namorar alguém, pois se você não for capaz de se abraçar e de dar risadas de alguns de seus erros, será um carrasco de si mesmo. 
9ª – Traga à sua memória aquilo que lhe traga esperança. Saiba que os medicamentos que estão sendo testados, os inúmeros laboratórios procurando a vacina e as medidas sanitárias adequadas, certamente farão o sol brilhar sobre a humanidade. 
10ª – Treine não sofrer por antecipação, pois quem sofre pelo futuro faz o velório antes do tempo e, portanto, adquire virose mental.” 

Impossível não retransmitir essa mensagem. Ela nos deixa surdos de tão alto que fala.
E que todos comecemos o dia como queremos termina-lo! Bom dia!

Tags: Coronavírus

Por Archimedes Naspolini Filho 20/04/2020 - 10:25 Atualizado em 20/04/2020 - 10:37

Já estamos perdendo a conta de quantos dias estamos trancafiados em nossas casas por conta dessa pandemia infernal. E se não tivéssemos o que fazer, certamente utilizaríamos nosso tempo imaginando como será o retorno à vida normal. 

Moro num edifício em cujo andar térreo há inúmeros escritórios, lojas e afins. Nossa síndica me prestou algumas informações a respeito de como estão operando tais estabelecimentos. 

E ontem, com a rua completamente vazia, dei uma passeada à frente delas todas, para imaginar como será o tal retorno às atividades normais.

Há uma pizzaria e uma lanchonete de produtos naturais. Duas lojas de cosméticos, uma das quais trabalha com a internet. Uma imobiliária. Dois escritórios de engenharia. Uma financeira. Uma loja de eletrodomésticos e uma de móveis residenciais. Três ou quatro de decoração de interiores e de material para tal.

 Todos fechados. Ou a meia porta atendendo um e outro em intervalos tão largos que, eu acho, ganhariam mais se não abrissem nem essa meia porta.

A pizzaria, estou sabendo, faz e vende por moto-entrega.

Do restaurante não se ouve falar. A financeira abre e um funcionário fica fazendo ligações e pedindo explicações aos correntistas inadimplentes. As de cosméticos, continuam sendo muito procuradas, sendo que, aquela que vende por site continua praticamente no mesmo ritmo. A imobiliária sequer tirou um aviso, na porta, dizendo que retornaria ao expediente normal no dia 1 de abril. Nos escritórios de engenharia nota-se que há pessoas desenvolvendo algum trabalho. A loja de eletrodomésticos e a loja de móveis residenciais, com poeira em suas paredes envidraçadas. Aquelas que se ocupam de comercializar objetos e materiais de decoração nem as lâmpadas internas são lembradas de serem acendidas.

O freguês desapareceu. Mesmo que, teimosamente, esses estabelecimentos abram, não há comprador, nem cliente, nem freguês, nem ninguém.

Afora os salões de beleza e as barbearias e as lotéricas e os bancos e as prefeituras e as câmaras municipais e as funerárias e os postos de combustível, pela própria natureza de seus negócios, está indo todo mundo para a vala comum e o espectro é de quebradeira geral. Até os templos religiosos terão dificuldade para reunir seus fiéis como o faziam antes da praga.

Com certeza um dia retomaremos o curso normal interrompido pelo coronavirus mas é impossível antever quando isso ocorrerá.

Uma lição essa quarentena nos deu e dá: como administrar nosso tempo e como administrar nosso dinheiro. Este, então, que já era curto, tornou-se perigosamente curto. Já estava difícil com as operações financeiras seguindo o curso da normalidade, agora, o tal do vil metal simplesmente desapareceu.

Viagens, passeio, lazer, visitas... isso parece que só será levado a sério em tempo não inferior a um ano.

Mas há a contrapartida: as lições da crise, a necessária reação, o ressurgimento. E disto me ocuparei noutro dia!

E que todos comecemos o dia como queremos termina-lo! Bom dia!

Por Archimedes Naspolini Filho 20/04/2020 - 07:01

Dou sequência buscando, na edição que circulou na semana de 3 a 11 de abril de 1964, do nosso saudoso semanário Tribuna Criciumense, os tópicos de publicações que dão um mergulho no passado e se transformam na Crônica da Cidade de hoje. A edição epigrafada foi a primeira, depois do espetacular 31 de março de 1964, cantado por uns, chorado por outros. Como venho falando, a capa da edição em tela foi toda dedicada à derrubada de Jango. Além do que já publiquei, em tal capa são lidas diversas notas, como esta: EM SÃO PAULO, GRANDE DESFILE – Na capital de São Paulo que, com seu governador Adhemar de Barros, teve participação decisiva nos acontecimentos, será realizado, na próxima segunda-feira, um grande desfile da vitória com a participação de um milhão de pessoas. Não recordo do número de tantas pessoas, mas foi um dos maiores desfiles vistos na capital paulista.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS – No aeroporto de Congonhas foram detidos os senhores Vilson Fadul, Osvaldo Lima Filho e Amaury Silva. Notícias do Rio dão conta de que o Sr. Brizola está em Montevidéu, onde chegou num avião particular.
Faz três edições que a Crônica da Cidade se ocupa, exclusivamente, do que publicou a capa da edição em epígrafe. Mas, nas páginas seguintes o assunto continuou sendo abordado, com ênfase. Na página dois, por exemplo: RADIOGRAFIA DA CRISE – MANCHETES DA SEMANA, NA IMPRENSA: GOVERNO CEDEU ÀS EXIGÊNCIAS DOS MARINHEIROS AMOTINADOS – CHEFES DA ARMADA E O CLUBE NAVAL CONDENAM, DE MANEIRA VEEMENTE, A SOLUÇÃO DADA À CRISE – NOVO MINISTRO DA MARINHA RECONHECE: MINHA NOMEAÇÃO FOI FEITA CONTRA A VONTADE DE TODO O ALMIRANTADO – EM DOIS DIAS ESTARÁ RESOLVIDA TODA A SITUAÇÃO – ÚLTIMA DO CLUBE NAVAL: OU OS MARINHEIROS SÃO PUNIDOS OU OS OFICIAIS NÃO VOLTAM AOS SEUS POSTOS – SÃO PAULO E MINAS REBELADOS PARA DERRUBAR JANGO – GOVERNADOR MINEIRO AFIRMA: O MOVIMENTO DEFLAGRADO NÃO TEM CARÁTER SEPARATISTA. Essas manchetes revelam o ‘animus’ que havia no Brasil, antes e durante a crise de 31 de março.

E eu retornarei amanhã, reproduzindo mais informações colhidas na edição que se reportou à derrubada do governo de João Goulart, a 31 de março de 1964. Até lá amigos e um abraço do meu tamanho! 

Por Archimedes Naspolini Filho 17/04/2020 - 13:06 Atualizado em 17/04/2020 - 13:07

5.570 municípios fazem parte da República Federativa do Brasil, 295 dos quais em Santa Catarina. O primeiro deles, São Francisco do Sul, em 1660. O segundo, Laguna, em 1714. O terceiro, Florianópolis, em 1726.

Em 1925, quando Criciúma foi emancipada de Araranguá havia, aqui no Sul, 7 municípios: Laguna, Tubarão, Jaguaruna, Orleans, Imaruí, Urussanga e Araranguá.

E o processo emancipatório de cada um deles seguiu sempre um ritual muito assemelhado um aos outros. Era criado um distrito, dentro do território municipal e esse distrito, com seu crescimento natural, passava a pleitear a sua independência. Foi assim por aqui e pelo Brasil afora. Só que, nesse “Brasil afora” o processo não foi bem assim. Famílias poderosas, econômica e politicamente falando, para dar empregos vitalícios aos seus membros, desmembravam vilas e vilarejos que sobrevivem às custas do Fundo de Participação dos Municípios, do governo federal.

Há municípios de grandes populações e expressivas vidas econômico-financeiras e há aqueles que, além de possuírem populações baixas, não arrecadam o suficiente para o custeio de seus serviços. 

Paulo Guedes viu isto e inspirou a lavra de um projeto que pretende corrigir a anomalia. Nasceu a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 188/2019, do Pacto Federativo, apresentada ao Congresso Nacional, dia 5 de novembro do ano passado, que repercutiu, adormeceu, e deve retomar os holofotes da imprensa nacional, agora, no ápice da discussão de alternativas a fortalecer a receita de cada município brasileiro.

Dentre outros assuntos, o texto prevê critérios para extinção e fusão de Municípios. 

Pela redação, Entes municipais com menos de cinco mil habitantes que tiverem arrecadação própria – Imposto sobre Serviços (ISS), Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) – abaixo de 10% da sua receita total, até 30 de junho de 2023, perderão autonomia e estrutura administrativa, sendo incorporados a um vizinho. Dormindo nos bastidores legislativos, a Pec poderá subir à tona e ser discutida durante este duro período de vacas magras no parlamento nacional.

Seria, a olhos apressados, uma boa alternativa essa de fundir municípios, incorporando-os àqueles do quais se emanciparam – ou não. Mas isso só pode ocorrer após feita ampla consulta plebiscitária às populações envolvidas. Deverão ser ouvidos os habitantes do município deficitário e aqueles do município que incorporará o filho pobre. Vai daí que não será com duas conversas que a matéria ganhará corpo a ponto de ser votada nos próximos dias.

Essa PEC abre caminho para que mais de 1.200 municípios no Brasil deixem de existir em 2025. Pela proposta, o processo começaria em 2023, quando se verificariam quais deles seriam extintos. Com isso, não haveria eleição municipal em 2024 e a incorporação seria formalizada no ano seguinte. O governo alega que os municípios menores não têm sustentabilidade financeira e não atendem de forma satisfatória a população. 

Para especialistas em finanças públicas, a redução de localidades permitiria uma distribuição mais justa do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e eliminaria despesas públicas administrativas. 

Só de agentes políticos cada município desses se obriga a pagar um prefeito, um vice-prefeito e nove vereadores. Somem-se a estes, os agentes públicos assim entendidos os secretários e diretores municipais, os assessores, os detentores de cargos comissionados e todos os demais servidores públicos que ali exercem suas atividades laborais. 

No grande Sul catarinense são poucos os que seriam alcançados por essa PEC, não mais do que dois, provavelmente. Mas quando o assunto chega a São Paulo, Minas, Bahia, Goiás, Mato Grosso e a todos os estados nordestinos, o assunto encrespa. Feudos e feudos foram levados à categoria de município independente, para oficializar o coronelato familiar dos poderosos.

Enfim, temos aí um assunto que poderá movimentar o parlamento nacional nos próximos dias 

E que todos comecemos o dia como queremos termina-lo! Bom dia!

Por Archimedes Naspolini Filho 17/04/2020 - 06:59

Dou sequência buscando, na edição que circulou na semana de 3 a 11 de abril de 1964, do nosso saudoso semanário Tribuna Criciumense, os tópicos de publicações que dão um mergulho no passado e se transformam na Crônica da Cidade de hoje. A edição epigrafada foi a primeira, depois do espetacular 31 de março de 1964, cantado por uns, chorado por outros. Como falei ontem, a capa da edição em tela foi toda dedicada à derrubada de Jango. Além do que publiquei ontem, em tal capa são lidas diversas notas, como esta: JANGO EM MONTEVIDÉU – Uma rádio de Montevidéo informou que o governo do Uruguai, exatamente às 15h56 da tarde de ontem havia recebido pedido de asilo do presidente João Goulart.

LACERDA – O governador Carlos Lacerda fez uma dramática proclamação dirigida aos fuzileiros navais e advertiu: Não te aproximes! Não te queremos matar, mas estamos prontos para repelir os que aqui te mandaram e, se tu atirares, morrerão também. Não queremos matar, mas não estamos dispostos a morrer na hora da vitória! É que, no Palácio Guanabara, sede do governo do estado de mesmo nome, chegara a notícia de que os fuzileiros navais continuavam fiéis ao presidente Jango e iriam ao Palácio para depor Carlos Lacerda. Não foram!

MARIA TERESA EM MADRI – Foi anunciado que a Sra. Maria Teresa Goulart encontra-se em Madri, acompanhada de seus filhos João Vicente e Denise. Era a família de Jango. Maria Teresa era a bonita primeira dama do Brasil. 

MAGALHÃES PINTO – O governador Magalhães Pinto foi um dos líderes da rebelião contra o governo federal, movimento este que conseguiu a solidariedade de todos os estados brasileiros e acabou por derrubar, da presidência da República, o Sr. João Goulart.

MAZZILLI NA PRESIDÊNCIA – O deputado Ranieri Mazzilli, presidente da Câmara Federal, assumiu a presidência da República, interinamente, segundo os ditames da Constituição brasileira. Caberá ao Congresso Nacional a escolha do novo presidente, uma vez que João Goulart renunciou e não se sabe, oficialmente, onde se encontra. Aqui, uma mentira, ou duas: 1. Jango não renunciou e 2. o mundo inteiro sabia que ele deixara Brasilia rumo a Porto Alegre e, dali, para Montevidéu.

COMANDANTES – O presidente Ranieri Mazzilli nomeou e manteve frente ao I Exército, o Gal. Otacílio Terra Ururai, no II Exército, o Gal. Amaury Kruel, no III Exército, o Gal. Mário Figueiredo e, no IV Exército, o Gal. Justino Alves Bastos.

Continuarei com este resgate na Crônica da Cidade de segunda-feira. Até lá amigos e um abraço do meu tamanho!

Por Archimedes Naspolini Filho 16/04/2020 - 12:35

Busquei, na edição que circulou na semana de 3 a 11 de abril de 1964, do nosso saudoso semanário Tribuna Criciumense, os tópicos de publicações que dão um mergulho no passado e se transformam na Crônica da Cidade de hoje. A edição epigrafada foi a primeira, depois do espetacular 31 de março de 1964, cantado por uns, chorado por outros. Como falei ontem, a capa da edição em tela foi toda dedicada à derrubada de Jango. Mas começa, no alto, dizendo que está tudo calmo em Criciúma.

Eis o texto:

TUDO CALMO EM CRICIÚMA – Durante a crise que se desenrolou no país, em Criciúma a situação geral era de calma. Pessoas discutindo o movimento contra o governo federal, quase todas levando rádios portáteis procurando se atualizar com os acontecimentos. A crise se refletiu diretamente no mercado, principalmente no setor de armazéns de gêneros alimentícios, uma vez que todos procuravam se abastecer temendo que o movimento atingisse maiores proporções, o que, felizmente, não aconteceu. Mas, no cantinho inferior direito da capa, esta notícia ÚLTIMA HORA – DETENÇÕES EM CRICIÚMA – O Dr. Helvídio de Castro Veloso Filho, Delegado Regional de Polícia de Criciúma, recebeu e está cumprindo ordens, de Florianópolis, para deter e interrogar diversas pessoas de nossa cidade. A polícia criciumense deu, também, uma batida no Sindicato dos Mineiros onde foram apreendidos alguns cassetetes. Quer dizer: no canto superior esquerdo a nota dizendo que tudo estava na mais perfeita calma e, no cantinho inferior direito, a notícia de detenções.

E continua, o nosso semanário: SUPERADA A CRISE: VITÓRIA DO MOVIMENTO REBELDE – O Brasil vive uma semana agitada com a rebelião contra o governo federal iniciada em Minas Gerais, rebelião esta que ganhou terreno com a adesão, a princípio, dos estados de São Paulo e da Guanabara e, depois, com a solidariedade dos demais estados da federação, com exceção do Rio Grande do Sul, onde o governador Ildo Meneghetti,declarando-se aliado das forças que se levantaram  em  Minas Gerais, contra o Sr.João Goulart, rsolveu transferir a sede do governo para o interior do estado, uma vez que as rádios, da capital gaúcha, ocupadas por elementos contrários à rebelião, estavam pregando desordem, indisciplina e violência. Enquanto isto sucedia, as informações que se obtinham sobre a situação nacional eram das mais confusas, porém o que se sabe é que o Sr. João Goulart, ao deixar a Guanabara, dirigiu-se para Brasilia. Na capital federal não se sabe, ao certo, as intenções do presidente. Porém às 3h15 da madrugada pousou um avião no aeroporto Salgado Filho, de Porto Alegre, e dele desembarcou o Sr. João Goulart. Um dos oficiais que acompanhavam o presidente, disse aos jornalistas que Jango vinha ao Rio Grande do Sul para prosseguir na luta.

Amanhã darei sequência a essa importante edição do nosso Tribuna Criciumense. Até lá amigos e um abraço do meu tamanho!

Por Archimedes Naspolini Filho 16/04/2020 - 10:23 Atualizado em 16/04/2020 - 10:28

Ontem me escudei em Luiz Vaz de Camões, com o seu Lusíadas, e o verso marcante de Cesse tudo o que a Musa antiga canta, que outro valor mais alto se alevanta.

A repercussão foi tão espetacular que me propus a voltar à literatura, fazendo uma comparação com os versos de um poeta e o estado de espírito do brasileiro comum.

É de Carlos Drumond de Andrade, o poeta maior da terra tupiniquim, a composição poética que embasa as minhas linhas de hoje. E observe, o prezado ouvinte, como cada verso se encaixa, perfeitamente, no cotidiano que estamos vivendo.
E Drumond diz:

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Drumond é fantástico. Parece que antevia, na década de 1940, o que ocorreria com o José brasileiro de 2020. Enfatiza, em cada estrofe, que os bons momentos terminaram, que a festa acabou, que a luz apagou, que o povo sumiu e pergunta: o que resta? Carlos Drumond de Andrade se refere a um José qualquer, muito comum no mundo onomástico brasileiro. Um José que pode ser um José, por que não? Mas que pode ser você que me honra com a sintonia. Um José qualquer, sem tradições, sem frequentar o andar de cima.

Mas Andrade vai além e pergunta: pra que serve a palavra escrita num tempo de guerra, miséria e destruição?

Na estrofe que segue Drumond chama José é sentencia:

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia,
e tudo acabou,
e tudo fugiu,
e tudo mofou,
e agora, José?

Como quem afirma: o Novo Coronavirus está aí, à porta, e você, José, não pode sair, está sem mulher, não tem o que falar, está sem carinho, vigiado e policiado por todos, tolhido da liberdade de ir e vir. E é duro ao afirmar que a noite esfriou, o dia não veio, o bonde não veio, o sorriso não veio. Tudo por conta dessa praga que castiga a humanidade no Século XXI.

E Drumond não se cansa e escreve a terceira estrofe:

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio — e agora?

É como se ele antevisse o dramático momento de José que não pensa noutra coisa que não no emprego, que está a um fio; na comida, que está escasseando; no salário, que pode ter seu valor nominal diminuído; na luta com seus próprios irmãos, na busca de uma situação confortável para a sua família.

Carlos Drumond de Andrade é cruel e escreve a quarta estrofe:

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Drumond é duro: José quer abrir a porta, mas porta não há, quer morrer no mar, mas o mar secou; sequer aventa a possibilidade de José morrer e obriga José a viver.

Aí ele diz para José:
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Quer dizer, ele tripudia José: Mas você não morre, José, Você é duro José!

E eu emendaria: Drumond sabia o que ocorreria em 2020. Drumond sabia que a pandemia do Novo Coronavirus tomaria conta do Planeta e encontraria o José indefeso. E este raciocínio é tão lógico que ele prossegue:

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua para se encostar,
sem cavalo preto que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?

Nosso poeta se antecipava e descrevia o isolamento do confinamento, sozinho no escuro, sem Deus, sem fé, sem parede para se encostar, sem cavalo preto ou sei lá de que cor, para cavalgar e fugir a galope. Pobre José!

E minha prosa termina recitando a primeira estrofe deste que é um dos maiores referenciais poéticos da língua portuguesa:

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

E que todos comecemos o dia como queremos termina-lo! Bom dia!

Por Archimedes Naspolini Filho 15/04/2020 - 11:35 Atualizado em 15/04/2020 - 11:37

“Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandre e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.”

Estes são versos que faziam o terror dos ginasiano de minha geração, que tínhamos que decorar os Lusíadas, de Luiz Vaz de Camões,  o poeta maior português, publicado pela primeira vez em 1572.

Busco Camões e os Lusíadas para repetir: Cesse tudo o que a Musa antiga canta, que outro valor mais alto se alevanta.

A pandemia que chicoteia a população terráquea com o Novo Coronavirus, ou o Covid-19, impõe um comportamento tão singular que, a partir dela, novos valores e novos rumos hão que ser adotados pela humanidade. E não sobra ninguém: essa pandemia não escolhe sexo, nem raça, nem condição social, nem poderio econômico, nem religião, nem etnia: somos todos iguais no medo, na contaminação e na morte.

Levados para dentro de nossas próprias casas, das quais somos verdadeiros prisioneiros, ela, a pandemia, nos obrigou a utilizar melhor nossos neurônios e a buscar novas alternativas para ocupar o tempo e desenhar o futuro próximo.

Um clima de solidariedade toma conta de todos, embora todos não se vejam, não se cumprimentem, não se abracem. A necessidade nos fez e faz pensar diferente; nos fez valorizar a liberdade, a dar valor ao ir-e-vir sem restrições, a tomar conta do que é de maior valor a cada um: da vida.

Cesse tudo o que a Musa antiga canta, que outro valor mais alto se alevanta. O que valia para o patrão, já não vale tanto como ele supunha. O que valia para o empregado, é bem diferente do que praticava. O sindicato mudou o tom da conversa. O emprego passou a ter peso e valor diferentes. O conceito de contrato de trabalho mudou o verniz. O aluno não precisa mais ir à escola, esta vem ao aluno e isto já faz parte do calendário escolar. Videoconferências reúnem centenas de pessoas, de todos os lugares, ao mesmo tempo, dispensando eventos de altos custos. A medicina já avança para consultas pelas câmeras dos aparelhos celulares. O próprio parlamento brasileiro já ouve discussões e faz votações por intermédio das redes sociais. A Suprema Corte toma decisões por meio virtual. Há uma nova realidade no ar. Novos valores afloram e darão um Norte diferente a tudo o que se faz em todos os lugares.

No confinamento buscamos novas ideias e, mercê de Deus, ao sairmos dele - do confinamento - viveremos novos tempos. Cesse tudo o que a Musa antiga canta, que outro valor mais alto se alevanta, dizia, Luiz Camões, nos anos 1500, para os viventes de 2020, 520 anos depois. Os estabelecimentos comerciais repensam sobre o seu modus operandi e já se vislumbra que suas operações, em todos os setores da economia, serão tratadas e executadas via internet. Os serviços de tele entrega, moto-entrega e até byke-entrega se avolumam e preenchem um espaço nunca dantes imaginado, cuja tendência é crescer cada vez mais. Empregados trabalham em casa, num novo conceito empregatício, os vales de todos os adjetivos desaparecerão, os funcionários públicos trabalharão em casa e a estabilidade funcional conta seus últimos dias, os governos fazem o seu mea culpa concentrados na necessidade de melhor se prepararem para crises assemelhadas.

São as lições impostas por Luiz Vaz de Camões, que a professora de português nos exigia à ponta da língua: Cesse tudo o que a Musa antiga canta, que outro valor mais alto se alevanta, querendo transmitir: o que passou, passou! Agora, a realidade é outra, é depois da pandemia do Novo Coronavirus, verdadeiro divisor de águas do mundo contemporâneo. É ela que passa a dar as cartas, determinando: Cesse tudo o que a Musa antiga canta, que outro valor mais alto se alevanta. 

Psiu, você aí: está preparado para o valor mais alto que se alevantará a partir do Corona?

E que todos comecemos o dia como queremos termina-lo! Bom dia!

Por Archimedes Naspolini Filho 15/04/2020 - 06:59

Busquei, ainda na edição que circulou na semana de 28 de março a 4 de abril de 1964, do nosso saudoso semanário Tribuna Criciumense, os tópicos de publicações que dão um mergulho no passado e se transformam na Crônica da Cidade de hoje.

JÃNIO: BICHO PAPÃO – Em São Paulo, inquéritos de opinião pública indicam que, até agora, o Sr. Jânio Quadros tem cerca de 60% dos votos da zona periférica da capital e de, 30% a 40%, da classe rica, resultado mais do que suficiente para considerar-se eleito prefeito da maior cidade do Brasil, nas próximas eleições municipais. Na capital paulista é previsto que, eleito, Jânio candidatar-se-á ao governo do Estado e, em 1960, disputará a presidência da República.

E foi o que aconteceu. Aquele jovem advogado mato-grossense, professor de língua portuguesa e vereador, foi eleito prefeito municipal, depois governou São Paulo, depois foi eleito deputado federal pelo Paraná (nunca foi a uma sessão, sequer, do Congresso Nacional) e, finalmente, eleito presidente da República. Renunciaria dia 25 de agosto de 1961, sete meses depois de ter assumido, e o resto da história o ouvinte vai saber em seguida.

AS MANCHETES DA PÁGINA DE FUTEBOL – HERCILIO LUZ É LIDER SOZINHO. O clássico Ferro-Luz, emTubarão, levou grande público ao estádio Aníbal Costa e a arrecadação foi a melhor do certame estadual: Cr$ 748.743,00. Hercílio ganhou por dois a zero. NÃO HOUVE GOL NO FLA-FU – Comerciário e Atlético Operário não saíram do zero a zero. GUATÁ SURPREENDEU – Marcilio Dias, franco favorito, não passou de um amargo empate em dois gols, jogando contra o Guatá, de Lauro Müller. MINERASIL CAIU – Num jogo pobre, tecnicamente, o Minerasil perdeu para o Postal Telegráfico, da capital, por 3 a zero. BARROSO VENCEU – Em Itajaí o Barroso aplicou dois a zero no Figueirense. METROPOL T ROPEÇOU – Em Imbituba, o Metropol perdeu para o Atlético local pelo escore de 2 a 1.

E chegamos à edição de Tribuna Criciumense que circulou na semana de 3 a 11 de abril de 1964, a primeira após o advento dos governos militares. E a capa foi toda ocupada por notícias e fotos daquela crise que derrubou João Goulart e levou para o governo as Forças Armadas brasileiras. As manchetes foram estas: TUDO CALMO EM CRICIÚMA – SUPERADA A CRISE: VITÓRIA DO MOVIMENTO REBELDE – MAZZILLI NA PRESIDÊNCIA – DONA MARIA TERESA EM MADRI – JOÃO GOULART VIAJA – JANGO EM MONTEVIDEU – DETENÇÕES EM CRICIÚMA – EM SÃO PAULO, GRANDE DESFILE – POVO CARIOCA FESTEJA A VITÓRIA – Por sua vez, as fotos foram de Carlos Lacerda, Jango, Magalhães Pinto e da festa popular do Rio de Janeiro. Na Crônica de amanhã, os pormenores.

E eu retornarei amanhã. Até lá amigos e um abraço do meu tamanho!

Por Archimedes Naspolini Filho 14/04/2020 - 10:25 Atualizado em 14/04/2020 - 10:33

Há alguns anos, quando o blog era uma das novidades do mundo das comunicações modernas, um colega de trabalho me induziu a construir o meu – embora a contra gosto – e nele publiquei alguns trabalhos literários de minha lavra. Para mexer no seu conteúdo precisava ser digitada uma senha constituída de letras e algarismos. Nos primeiros dias, tudo bem. De repente, qual é mesmo a minha senha? Perdi aquela combinação algorítmica e o blog, oh, foi para o arquivo do tempo.

Ontem, por obra do Denis Luciano e seus colegas de estúdio, um novo blog me foi construído e inserido no Portal 4oito.com.br, aqui da nossa emissora. Este comentário, por exemplo, dentro de instantes estará fazendo parte do seu corpo, assim como a crônica diária que traz à tona os principais tópicos de edições antigas do nosso grande hebdomadário Tribuna Criciumense, de saudosa memória.

E é dela, da Crônica da Cidade, que quero me reportar. Este trabalho, de resgate histórico, começou retratando fragmentos noticiosos de Criciúma, a partir de 1951, estampados nas edições do nosso primeiro semanário, o Folha do Povo, de propriedade do advogado Dr. Pedro Vergara Correa. Era 24 de abril de 2017 e, desde ali, diariamente, um pedaço escondido da nossa história é trazido ao ar e fazendo recordar importantes acontecimentos havidos em nossa progressista cidade.

Hoje está sendo radiofonizada a edição que circulou na semana de 28 de março a 4 de abril de 1964. Foi a primeira edição a partir dos episódios ocorridos a 31 de março de 1964, porém, como o jornal já esteva impresso quando da chegada dos militares ao Poder, tais fatos fariam o cerne da edição seguinte e isto é o que veremos amanhã.

Até agora a Crônica da Cidade – que é um compromisso da Som Maior com a História de Criciúma – vem sendo apenas radiofonizada. Daqui pra frente, além de três inserções diárias, na programação da emissora, ela estará estampada nas páginas do meu blog, no portal 4oito.com.br.

Amanhã, por exemplo, divulgarei as manchetes intrigantes da capa da edição da semana de 3 a 11 de abril de 1964 que nos disseram: TUDO CALMO EM CRICIÚMA – SUPERADA A CRISE: VITÓRIA DO MOVIMENTO REBELDE – MAZZILLI NA PRESIDÊNCIA – DONA MARIA TERESA EM MADRI – JOÃO GOULART VIAJA – JANGO EM MONTEVIDEU – DETENÇÕES EM CRICIÚMA – EM SÃO PAULO, GRANDE DESFILE – POVO CARIOCA FESTEJA A VITÓRIA – Por sua vez, ainda na capa, quatro fotografias: Carlos Lacerda, Jango, Magalhães Pinto e a festa popular do Rio de Janeiro. 

Isso tudo estará sendo dissecado, com a transcrição - ipsis literis - de tais notícias que retratam o sentimento da cidade nos primeiros momentos daquela grave crise política que se abateu sobre a nossa combalida República. Muitos, certamente, se lembrarão de tudo. Outros, em número consideravelmente maior, tomarão conhecimento daqueles fatos todos.

Então, finalizando a prosa de hoje, o que falo e o que escrevo, a partir de ontem, publicados no meu blog inserido no Portal 4oito.com, inclusive com o podcast, isto é, com o áudio da minha fala.

E que todos comecemos o dia como queremos termina-lo! Bom dia!

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