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O vídeo da reunião ministerial

Por Archimedes Naspolini Filho 25/05/2020 - 10:18 Atualizado em 25/05/2020 - 10:20

Honestamente – perguntaram-me – o que achaste do vídeo da reunião ministerial?

Olha – respondi – realmente a liturgia de uma reunião ministerial foi quebrada. Igual a mim, o presidente foi curto e grosso: ou manda ou despede, isto é, ou a sua voz de comando é respeitada e acatada, ou os incomodados que se retirem.
E acrescento: é bem provável que, em reuniões ministeriais de presidentes pretéritos, e não tão longevos, alguns ministros tivessem recebido sinalização para permanecerem no local por mais algum tempo, ao fim delas. E daí, em petit comitê a técnica da corrupção tenha norteado o papo. E ninguém se importou com a liturgia de tais encontros. Liturgia? Pra Portugal de navio, ora pois!

O que é preciso ficar patente, em letras garrafais, é que os tempos são outros e o que se vê foi o que se pediu. Nenhum brasileiro, dos tantos milhões de votos, votaram nele para que continuasse na prática do toma lá dá cá; nenhum eleitor votou nele homenageando os bons costumes; nenhum brasileiro votou nele pensando que, na liturgia de reunião com seus auxiliares, os parâmetros até então estabelecidos fossem respeitados. Nenhuma pessoa maior de 16 anos, que foi às urnas para elegê-lo, o fez para que falasse bonito: não, nenhum deu-lhe o voto para que não usasse palavras de baixo calão quando defendesse o Brasil. Nenhum!

Todos foram conscientes de que, com ele, haveria mudanças. Em tudo. Até na liturgia de uma reunião ministerial.

Temos ali, brasileiros que me honram com a sintonia, um homem angustiado com o próprio tempo: quer soluções imediatas para problemas que atravessam séculos e, apesar do peso mal criado dos seus mandamentos e falas, teimosamente dormem na gaveta do amanhã.
Temos ali um presidente pressionado por todos os meios porque estancou a vazão das fartas tetas mamadas por inescrupulosos que se locupletavam do poder, a favor de seus bolsos. Temos ali um presidente que está pouco se lixando para a liturgia de uma reunião ministerial, especialmente quando ordena e não é obedecido.

Os brasileiros não votamos nele para ele ser mais um. Não! Depositamos o voto a seu favor para que ele acabasse com aquele estado de coisas. 

O que mais incomoda os que criticam a quebra de normas civilizadas para conduzir uma reunião, é que ninguém, do seu gabinete, sai de restaurante carregando mala com um monte de dinheiro, dinheiro de propina; é que ninguém põe a sua digital em licitações viciadas; é que ninguém é denunciado por meter a mão no nosso dinheiro, ali da Petrobras; é que ninguém pode acusa-lo de um mensalão. É que nenhum dos seus ministros guarda fortuna de dinheiro sujo, em seu apartamento, em quantidades absurdas. 

A quebra dessa liturgia é que incomoda os apeados do poder que procuram brechas, desde a posse, para desaloja-lo da presidência da República. Essa prática litúrgica quebrada é que dá o desconforto aos que foram deixados para trás.

Em resumo, os que advogam a obediência à liturgia do favor, votaram noutro candidato e não se conformam com a derrota que lhe impôs um presidente casca grossa que mandou à liturgia de reunião ministerial às favas. Democracia é assim: das urnas sai a vontade da maioria. E a maioria quis o rompimento radical com o modus operandi dos governos anteriores. Cabe ao vencido dar-se por preterido e aplaudir o vencedor: é da democracia.

Obedientes à liturgia reclamada estão os outros que disputaram aquele pleito, o principal deles, lecionando em São Paulo e que, inconformado por ter sido derrotado por um candidato mal criado, quebrador de protocolo, turrão e avesso à liturgias impostas, não raras vezes sai por aí espumando sua raiva e vociferando contra o povo que não o elegeu.

E que todos comecemos o dia como queremos termina-lo! Bom dia!

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