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O freguês desapareceu

Por Archimedes Naspolini Filho 20/04/2020 - 10:25 Atualizado em 20/04/2020 - 10:37

Já estamos perdendo a conta de quantos dias estamos trancafiados em nossas casas por conta dessa pandemia infernal. E se não tivéssemos o que fazer, certamente utilizaríamos nosso tempo imaginando como será o retorno à vida normal. 

Moro num edifício em cujo andar térreo há inúmeros escritórios, lojas e afins. Nossa síndica me prestou algumas informações a respeito de como estão operando tais estabelecimentos. 

E ontem, com a rua completamente vazia, dei uma passeada à frente delas todas, para imaginar como será o tal retorno às atividades normais.

Há uma pizzaria e uma lanchonete de produtos naturais. Duas lojas de cosméticos, uma das quais trabalha com a internet. Uma imobiliária. Dois escritórios de engenharia. Uma financeira. Uma loja de eletrodomésticos e uma de móveis residenciais. Três ou quatro de decoração de interiores e de material para tal.

 Todos fechados. Ou a meia porta atendendo um e outro em intervalos tão largos que, eu acho, ganhariam mais se não abrissem nem essa meia porta.

A pizzaria, estou sabendo, faz e vende por moto-entrega.

Do restaurante não se ouve falar. A financeira abre e um funcionário fica fazendo ligações e pedindo explicações aos correntistas inadimplentes. As de cosméticos, continuam sendo muito procuradas, sendo que, aquela que vende por site continua praticamente no mesmo ritmo. A imobiliária sequer tirou um aviso, na porta, dizendo que retornaria ao expediente normal no dia 1 de abril. Nos escritórios de engenharia nota-se que há pessoas desenvolvendo algum trabalho. A loja de eletrodomésticos e a loja de móveis residenciais, com poeira em suas paredes envidraçadas. Aquelas que se ocupam de comercializar objetos e materiais de decoração nem as lâmpadas internas são lembradas de serem acendidas.

O freguês desapareceu. Mesmo que, teimosamente, esses estabelecimentos abram, não há comprador, nem cliente, nem freguês, nem ninguém.

Afora os salões de beleza e as barbearias e as lotéricas e os bancos e as prefeituras e as câmaras municipais e as funerárias e os postos de combustível, pela própria natureza de seus negócios, está indo todo mundo para a vala comum e o espectro é de quebradeira geral. Até os templos religiosos terão dificuldade para reunir seus fiéis como o faziam antes da praga.

Com certeza um dia retomaremos o curso normal interrompido pelo coronavirus mas é impossível antever quando isso ocorrerá.

Uma lição essa quarentena nos deu e dá: como administrar nosso tempo e como administrar nosso dinheiro. Este, então, que já era curto, tornou-se perigosamente curto. Já estava difícil com as operações financeiras seguindo o curso da normalidade, agora, o tal do vil metal simplesmente desapareceu.

Viagens, passeio, lazer, visitas... isso parece que só será levado a sério em tempo não inferior a um ano.

Mas há a contrapartida: as lições da crise, a necessária reação, o ressurgimento. E disto me ocuparei noutro dia!

E que todos comecemos o dia como queremos termina-lo! Bom dia!

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