Ir para o Conteúdo da página Ir para o Menu da página
Carregando Dados...
FIQUE POR DENTRO DE TODAS AS INFORMAÇÕES DAS ELEIÇÕES 2024!
* as opiniões expressas neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do 4oito
Por Arthur Lessa 25/04/2022 - 12:00 Atualizado em 25/04/2022 - 12:16

O mercado financeiro mundial vem acompanhando a "batalha" do Twitter, uma das poucas redes sociais relevantes que não é Google nem do Meta (Facebook), para se proteger da aquisição hostil de Elon Musk, trilionário dono da Tesla. Os principais portais de informações econômicas dão conta, na manhã  desta segunda-feira (25), que está próximo um acordo para venda da empresa a Musk, em um negócio de 54,20 dólares por ação em dinheiro.

Falei sobre essa operação, no 60 Minutos do último dia 22, com a publicitária e especialista em cultura digital Alê Koga. Confira no vídeo abaixo.

 

Por Arthur Lessa 18/02/2022 - 05:49 Atualizado em 18/02/2022 - 06:54

O Banco Central do Brasil (BCB) liberou, na última segunda-feira (14), a consulta de valores a receber que foram esquecidos por cidadãos e empresas em instituições bancárias brasileiras desde 2001. O montante passa de R$ 8 bilhões e os “esquecidos” somam mais de 28 milhões, entre CPFs e CNPJs. A consulta deve ser feita no site valoresareceber.bcb.gov.br.

Infelizmente, como já alertamos no 60 Minutos durante toda a semana, já existem golpistas usando essa movimento para aplicar golpes nos menos avisados. Eu mesmo recebi um e-mail de um dos “amigos do alheio”, como gosta de chamá-los o Cel. Márcio Cabral, nosso especialista em segurança. É a imagem abaixo.

É possível notar o cuidado de usar a logomarca do Banco Central e o mesmo padrão de desenho das letras que é aplicado na página oficial e real, fazendo se passar por comunicação oficial. Mas não é. No nome do remetente aparecia Banco Central, mas o endereço era [email protected]. Você acha que Roberto Campos Neto, presidente do BC, pediu emprestado o e-mail de promoções do Restaurante Nanquim?

Além do mais, por que motivo o Banco Central do Brasil, uma instituição que não tem foco no atendimento ao público, mas sim às instituições financeiras, iria chegar ao ponto de mandar e-mail para cada um dos 28 milhões de beneficiados informando sobre o saldo a resgatar se já abriu um site específico pra isso?

É importante estar atento o tempo todo para não cair nesses golpes.

Para ajudar você a se proteger dessas arapucas, no Toda Sexta dessa semana eu listei algumas medidas simples e eficazes de proteção. Confira as dicas clicando aqui.

Por Arthur Lessa 17/12/2021 - 11:21 Atualizado em 17/12/2021 - 11:32

Muitos negócios evoluem de maneiras que nós nem imaginamos. Nem mesmo depois de ter acontecido!

Uma característica natural do ser humano é entender, subconscientemente, que a situação atual vai se perpetuar. Seja para o bem, seja para o mal. Se você está endividado, pensa que nunca sairá dessa situação. Se está num momento de grandes rendimentos, já começa a se imaginar curtindo a aposentadoria nas Ilhas Gregas.

Um exemplo (perigoso) muito repetido e conhecido é de jogadores de futebol que perderam tudo. Quando se destacam e chegam a ganhar salários de seis dígitos, e os que chegam nesse nível vivem isso por algo em torno de 15 anos, sendo que os primeiros 10 com valorização maior a cada ano. A maioria deles tem certeza que isso vai durar pra sempre, gastam quase tudo, não investem no futuro, não se reinventam e quebram, como empresas.

Confira o texto completo no Toda Sexta

Por Arthur Lessa 16/12/2021 - 16:16 Atualizado em 16/12/2021 - 17:04

Eram 4 da manhã da terça-feira, dia 23 de novembro, quando o empresário Ricardo Faria, de 46 anos, pegou seu jato Citation CJ3 no aeroporto Catarina, em São Roque, São Paulo, e rumou para Baixa Grande do Ribeiro, no interior do Piauí.

O parágrafo acima é o primeiro da matéria principal da edição mais recente da revista Exame, que estampa o empresário criciumense na capa. Faria se tornou o grande nome de 2021 do agronegócio brasileiro por conta do investimento de R$ 1,8 bilhões na Insolo, que o colocou na posição de 5º maior produtor de grãos do país em área plantada. Em um país conhecido com o “celeiro do mundo”, isso é muita coisa!

Ao apresentar a história empreendedora de Faria, a reportagem desfaz a imagem criada por boa parte do Mercado de que ele seria uma “novato” no setor. Acontece que, segundo ele próprio, a Lavebrás, rede de lavanderias que foi de seus primeiros grandes negócios, pode ser chamado de uma desvio de rota, já que o setor do campo já chamava a sua atenção. Antes dela surgiu a confecção de uniformes, que tinha como grande cliente a Perdigão. Dos uniformes (feitos e lavados), entrou de vez no setor no início dos anos 2000, com a criação da Granja Faria.

Mas o que esperar de 2022?

Com avanços tecnológicos intensificando a produtividade, a área plantada, que na safra 2021/2022 está em 120 mil hectares, deve aumentar para 150 mil hectares, alçando a receita de R$ 1 bi para R$ 1,3 bi. Com esses números, Ricardo Faria é possivelmente o maior proprietário individual de terras no Brasil, já que as maiores tem controle pulverizado, como a SLC Agrícola, listada na B3 sob o ticker SLCE3.

E, se já está deste tamanho, podemos esperar um IPO?

Em entrevista concedida em novembro, que você pode conferir abaixo, citava que abrir capital não era prioridade do momento para a companhia, que se manteria investida com capital proprietário, mas não descartava a possibilidade. O tema também foi abordado na matéria da Exame, a possibilidade segue estudada, mas sem definição de momento.

 

Por Arthur Lessa 10/12/2021 - 15:08 Atualizado em 10/12/2021 - 15:09

Imagine que você está numa sala com outras 30 pessoas e um leilão está para começar. O objeto apregoado é uma nota de US$ 1. E, como em qualquer leilão, leva o prêmio quem der o maior lance. Sendo assim, é bastante simples enxergar que há uma espécie de teto para os lances. Se o vencedor ofertar 60 centavos, são 40 centavos de lucro. Chegando ao lance de US$ 1, não há motivo para continuar, tendo em vista que a partir desse ponto o único resultado possível é o prejuízo, que cresce a cada oferta.

Mas esse leilão tem uma regra diferente, bastante simples, mas que altera completamente a dinâmica do jogo: o melhor lance paga o que ofereceu e leva a nota, enquanto o segundo melhor paga a própria oferta e não leva nada.

Esse leilão foi levado à prática diversas vezes pelo professor de economia Max Bazerman, autor do livro Negociando Racionalmente. No caso contado abaixo o objeto em disputa era uma nota de US$20. Os resultados são impressionantes!

Fizemos esse leilão com banqueiros da área de investimentos, consultores, médicos, professores, sócios das grandes seis empresas de auditoria, advogados e executivos de diversas áreas. As regras eram sempre as mesmas. Os lances começam rápida e ferozmente até chegarem à faixa de $12 e $16. Nesse ponto, todos, exceto os dois maiores arrematadores, caem fora. Os dois últimos arrematadores caíram na armadilha. Se um fez um lance de $16 e o outro de $17, o proponente de $16 pode fazer um lance de $18 ou arcar com uma perda de $16.

Nesse estágio, um deles acha que pode ganhar se a outra pessoa desistir. Como pode ser mais atraente continuar do que assumir tamanha perda, então o arrematador faz o lance de $18. Quando os lances são de $19 e $20, surpreendentemente, a lógica de arrematar por $21 é muito semelhante à usada para tomar as decisões anteriores — você pode aceitar uma perda de $19 ou continuar com a esperança de reduzir as perdas. Claro, o resto do grupo racha de rir quando os lances superam os $20 — e isso quase sempre ocorre. Obviamente, os arrematadores estão agindo irracionalmente.

Mas quais são os lances irracionais? Leitores céticos deveriam experimentar fazer o leilão com seus amigos, colegas de trabalho ou alunos. São muito comuns lances finais na faixa de $30 e $70, mas nosso leilão de maior sucesso chegou a $407 (os lances finais foram de $204 e $203). Nos últimos quatro anos já ganhamos mais de U$10.000 fazendo esses leilões em salas de aula.

Essa lógica se aplica também no mundo corporativo, principalmente em setores chamados de winner takes all (“vencedor leva tudo”), onde o sucesso se baseia mais em dominar o mercado que nas margens de resultado, como no caso das redes sociais.

Não sei quem está lendo esse texto agora, mas vou me arriscar a dizer que você tem conta no Facebook, no Instagram e no Twitter. Possivelmente também o LinkedIn. Posso ter errado sobre todas, mas uma ou outra você certamente tem. Muita gente interage por essas plataformas, e o faz exatamente porque muita gente está nelas. É um ciclo virtuoso, onde quanto mais clientes ativos, mais clientes novos.

No Whatsapp é a mesma coisa. Como plataforma, eu prefiro sensivelmente o Telegram, mas é pelo “zap zap” que eu converso desde clientes de São Paulo até a minha tia do interior do Paraná.

Outro exemplo é o Google+. Você lembra dele? Pois é… Eu tive que puxar forte da memória!

O Google+ foi uma rede social criada em 2011 para concorrer com o Facebook. Mas a plataforma do Zuckerberg já tinha naquele ano mais de 800 milhões de contas. Só no Brasil eram 35 milhões (17,7% da população na época). O Google, mesmo já muito poderoso, não conseguiu competir e o projeto foi oficialmente encerrado em 2019.

São vários os setores que seguem essa lógica, quase sempre são negócios escaláveis e digitais. Por isso você vê e-commerces oferecendo frete grátis, corretoras de investimento ofecerendo dinheiro (de verdade, na conta) para você abrir conta e outras táticas como essas. É, na prática, comprar mercado e, sendo o ganhador, leva tudo.

Por Arthur Lessa 03/12/2021 - 16:24 Atualizado em 03/12/2021 - 16:35

O ser humano gosta de uma mirabolância (sim, essa palavra existe… eu me certifiquei)!

Quanto mais complexa uma explicação sobre algum tema, mais brilham os olhos dos ouvintes e mais especialista parece o orador. Para cada novo termo técnico, um novo “uau”.

Entenda que não estou desprezando a ciência, as estratégias, ferramentas, modelos e métodos que os profissionais de diversos setores vem desenvolvendo e aprimorando no decorrer de décadas ou séculos. Mas é bom sempre ter em mente que, muitas vezes, essas camadas não passam de pirotecnia, compondo mais uma narrativa que um método.

Eu quero falar do simples! Eu adoro o simples! Eu acho que o mais genial no processo de resolução de um problema ou desenvolvimento de um produto é fazê-lo simples. Eu gosto (com certa inveja “branca”) da sensação de “como não pensei nisso antes? Era tão simples!”

Vamos pegar, para exemplo, a prática de vender publicidade, algo que acompanho há anos de fora. Existem centenas de técnicas, seja para busca de clientes-alvo, como funil de vendas e landing pages, seja para a abordagem, com palavras-chave, programação neurolinguística, postura correta e afins. Tudo certo, tudo útil (se bem utilizado), mas o que mais importante é simples: conheça o seu cliente, entenda o problema que seu produto ou serviço pode resolver e apresente o valor dessa solução. Ouça, converse, apresente.

É simples! Aprendemos a conversar pouco na mesma época que saímos das fraldas. Os outros “apetrechos” podem ser incorporados depois, para otimizar tempo e controle de desempenho. Mas só funcionam se o básico (e simples) estiver funcionando. O melhor funil de vendas não vai ajudar que você venda areia no deserto.

Mudando de ares, vamos para a final da Taça Libertadores da América 2021, maior campeonato de clubes de futebol do continente. Dois times brasileiros se enfrentando. Empate de 1x1 no tempo normal, jogo na prorrogação. Andreas Pereira, jogador disputado pelas seleções da Bélgica e Brasil, emprestado ao Flamengo, recebe a bola sem pressão e se “embanana”. Deyverson, do Palmeiras, pega a bola, entra na área e faz o gol do título.

Andreas falhou porque pensou demais, complicou o que era simples. Recebeu a bola sozinho, poderia ter só jogado pra frente e tirado da área de perigo, mas demorou e condenou a equipe. É nesse tipo de lance que soam nas arquibancadas, bares e sofás: “Joga simples!”

Dei acima dois exemplos de como o simples é poderoso. Mas, se você olhar pro título, ele não é fácil. E vamos entrar nisso.

No caso de Andreas, por exemplo, eu estava numa mesa de amigos assistindo ao jogo, milhares de quilômetros distante de Montevidéu, onde aconteceu a final. Nem torço para nenhum dos times. Estava matando tempo.

Ele, pelo contrário, estava sendo observado por dezenas de milhares de pessoas in loco, além de milhões de torcedores flamenguistas ou curiosos (como eu) à distância. Já eram mais de 100 minutos de jogo intenso, ele estava cansado, fisica e mentalmente. Um distração, destino traçado. Jogar futebol não é complexo, mas é difícil.

Administrar suas finanças não é complexo. Gaste menos do que recebe e invista parte disso. Matemática básica, de ensino primário. Assim se constrói patrimônio, de pouco em pouco, como ensinam vários livros espalhados pelo mundo. “Invista 10% do que você ganha e fique rico”. Simples, não? Mas temos desejos, ambições e necessidades,… Difícil, não?

Tem uma anedota bem antiga que eu gosto muito e ilustra esse caso. Um cidadão está tranquilo fumando quando outro chega e começa o diálogo:

- Você fuma há quanto tempo?
- Uns 30 anos…
- Você sabia que, se tivesse guardado todo dinheiro que gastou com cigarro, você hoje teria uma Ferrari?
- Você fuma?
- Nunca coloquei um cigarro na boca!
- E cadê a sua Ferrari?

Por Arthur Lessa 09/11/2021 - 11:48

Lembro que quando eu era criança, uma única barra de chocolate era suficiente para saciar uma turma de crianças. Quando era para uma ou duas apenas, era normal que fosse consumida em períodos, guardando um pouco para depois. Afinal de contas, uma barra de chocolate é muita coisa pra comer sozinho, certo? 

Hoje em dia, se eu abro uma barra lá em casa ela dura minutos. Dependendo da situação,  nós (dois adultos e uma criança) dão conta de duas barras tranquilamente. Mas por que essa diferença? Será que desenvolvi uma gula irresistível nesses anos ou perdemos a noção de limite? Nem uma coisa, nem outra. O problema é a barra.

Quando citei a barra da minha infância (anos 90s), eu estava falando de uma tábua espessa de 200 gramas divididos em quadrados grandes. Quando vemos hoje nas gôndolas, estamos falando de uma embalagem tímida, de 90 gramas e com conteúdo tão fino que não é incomum que algumas das barras quebrem pelo simples manuseio. Para se ter uma ideia melhor, para juntar 1 kg de chocolate precisávamos apenas de cinco barras. Atualmente onze não são suficientes. 

Essa redução de porções tem um nome: reduflação (shrinkflation, em inglês). E acontece não só com chocolate, mas também com papel higiênico, pasta de dente e diversos outros produtos.

Uma barra é uma barra

Estamos vivendo, por conta da crise econômica desencadeada pela pandemia de 2020 (e mal enfrentada pela equipe econômica), um período de inflação sensível e doída. O IPCA está acumulado em 10,25% nos últimos 12 meses, a  gasolina, em Criciúma, acumulou alta de mais de 43% apenas em 2021, o patinho (corte de carne comum na mesa dos brasileiros) subiu cerca de 30% e por aí vai. 

Essa onda de aumentos atinge a todos (de fornecedores a consumidores finais) e, invariavelmente, deve ser repassada para o preço dos produtos finais. Caso contrário, as margens dos elos da cadeia produtiva se reduzem a ponto de não valer a pena produzir. 

Admita que você está desconfortável com essa situação. Ver os preços subindo dói, causa raiva, “dá ranço”. É um efeito psicológico baseado em vieses comportamentais, sendo o principal deles a ancoragem, que é quando você se baseia num valor anterior para avaliar o valor atual. Algo como “35º nem é tão calor já que aqui a temperatura chega a 42º”. 

Sabendo disso, alguns setores da economia acabaram encontrando há alguns anos uma maneira de tapear o cérebro do consumidor. Se o que incomoda é o aumento do preço, é só deixar o preço como está. Genial, não? 

Mas a inflação é real, é preciso administrar as margens, que se achatam, e tudo aquilo que eu expliquei acima. Como fazer isso sem mexer no preço? Reduzindo as porções. Afinal de contas, inconscientemente, entendemos que pagávamos R$ 5 por uma barra de chocolate e continuamos pagando R$ 5 por uma barra de chocolate. A redução de mais de 50% no tamanho dessa barra é menos perceptível ao longo do tempo. 

Em 2017, em uma matéria sobre o tema para a revista Exame, Renata Martins, analista de pesquisa e especialista em alimentos embalados da Euromonitor, explicou que “ao reduzir o tamanho das embalagens, o custo (do produto) por quilo ou litro se torna maior, mas o consumidor não sente tanto essa diferença no bolso”.

E nessa explicação da Renata fica claro outro ponto importante para a prática: funciona com embalados, principalmente aqueles que não são porcionados em um ou meio quilograma. 

Gasolina, verduras, frutas e carne são, via de regra, vendidos a granel, por peso ou volume. Um litro de gasolina é um litro de gasolina. Não dá para reduzir a embalagem para 750 ml e vender pelo mesmo preço. Ao comprar uma peça de picanha, mesmo que esteja embalada na gôndola, é escolhida por peso. 

Um item básico que comporta esse tipo de estratégia, e já foi até destaque no Jornal Nacional, é o papel higiênico. No início dos anos 2000 tiveram os rolos reduzidos de 40 para 30 metros. 25% de redução não é pouca coisa. Atualmente há registros de consumidores reclamando de marcas vendendo rolos de 20 metros. 

Outros produtos que merecem destaque por reduções recentes são farofa pronta (200g para 170g) e farelo de aveia (200g para 165g).

Vale ressaltar que cortar o tamanho das embalagens não fere o código de defesa do consumidor, desde que os rótulos deixem claro que houve a redução e de quanto. Essas informações devem ficar disponíveis por pelo menos três meses, segundo o Procon. 

Tudo bem, tudo bom, mas não mostrei ainda como entender o efeito. Em 2010, segundo um encarte da época, um pacote de 154g da bolacha recheada Trakinas custava R$ 1,38. Hoje o pacote está com 126g (18% menor) e custa R$ 2,39 (73% a mais). Se igualarmos o tamanho, voltando aos 154g de 11 anos atrás, o pacote hoje custaria R$ 2,92 (112% de aumento). Essa é a magia da reduflação.

Por Arthur Lessa 07/11/2021 - 18:37 Atualizado em 08/11/2021 - 01:09

Imagina você, todo “nicolas-cagezinho” andando pelo deck quando, não mais que de repente, cai na piscina e morre afogado. A causa pode ser um momento mais produtivo do ator americano Nicolas Cage.

Se não acredita em mim, olhe o gráfico!

E tem mais!

Você acredita que investir em ciência aumenta os casos de suicídio por asfixia?

Não? Então olhe o gráfico abaixo!

Esse cruzamento de dados é chamado de várias maneiras, mas uma das mais objetiva é correlação espúria. E nós as criamos diversas vezes e, em muitas delas, firmamos argumentos convictos baseados nelas.

Um dos exemplos deste ano aconteceu na Eurocopa, quando Cristiano Ronaldo trocou uma garrafa de Coca Cola por uma de água ao início de uma coletiva. O episódio deu oportunidade para manchetes chocantes como essa, do Lance!:

Mas se olharmos na matéria, já é possível ver que a relação está um tanto forçada. Começando pela queda “brutal” de… 1,6%.

De verdade… 1,6% na B3 é quase andar de lado. Não dá nem emoção. E é completamente comum e esperado da renda variável, que tem esse nome porque varia. Se fosse uma small cap como a catarinense Intelbrás, por exemplo, o mesmo percentual de queda representaria uma desvalorização de pouco mais de R$ 145 milhões. 

Acontece que a Coca Cola tem valor de mercado de US$ 235 bilhões (em torno de R$ 1,3 trilhão), enquanto a Intelbrás superou há pouco os R$ 9 bilhões (menos de 4% o valor da americana). 

Mas, como hoje é dia de gráficos, olhem uma imagem mais espaçada do movimento da KO (ticker da Coca Cola Company na Bolsa de Nova Iorque) com cada ponto marcando o preço de fechamento do dia, de 24 de maio a 16 de julho. Veja se a queda tão anunciada realmente chamaria a sua atenção não fosse o círculo preto que eu acrescentei para apontar o dia em questão.

Peguei você, esse é o dia 15 de junho. A tal queda aconteceu no dia 14, que é o ponto anterior.

Note que a ação, mesmo neste curto período do corte, vinha de um preço abaixo dos US$ 55, deu duas “passeadas” acima dos US$ 56, desceu abaixo dos US$ 54 e fez a máxima dias depois. Variou, subiu, desceu e seguiu a vida.

Nesse contexto, o gesto de Cristiano Ronaldo fez diferença? Não sei… Mas, se fez, foi irrelevante no contexto geral. 

_______________

>>>> Você sabia que pode investir direto no exterior sem precisar de offshore ou outras complicações? Quer saber mais? Então clique aqui e baixe o relatório gratuito da Nord Research

_______________

Não deixe os dados pensarem por você

Ouvi nessa semana uma frase do palestrante e mentor Romeo Busarello que é muito boa pra esse contexto: “o conteúdo é rei, mas o contexto é Deus”.

O contexto dessa fala dele é um vídeo onde ele explica como usa métricas, dados e correlações para impulsionar uma campanha de venda de apartamentos, mas se aplica ao assunto acima também.

As informações estão aí. Podem estar claras ou precisarem de alguma mineração, mas nunca se teve tanto a acesso a insumos para ideias. O problema é deixar um grande volume delas virar um rio, que te leva ao seu bel prazer, quando não te afoga. 

As informações dos primeiros gráficos dessa página são reais, mas não há ligação alguma entre eles. Eles apenas, casualmente, tiveram comportamentos semelhantes. 

Sendo assim, o alerta que eu deixo é: não confunda causalidade (quando há relação real entre causa e efeito) com casualidade (quando não passa de coincidência).

E, pra fechar, se quiser se divertir mais um pouco com esse tema, busque no Google: Maldição Ramsey.

Por Arthur Lessa 22/10/2021 - 10:12 Atualizado em 22/10/2021 - 10:34

A frase do título abre o capítulo 11 do livro A Psicologia Financeira, de Morgan Housel, um dos mais comentados nas listas de leitura do mercado financeiro. E é realmente muito bom! (Inclusive coloquei nessa página o link pra comprar na Amazon)

O nome do capítulo é Razoável > Racional e disserta sobre o impacto da relação pessoal do individuo com o ativo escolhido para comprar uma carteira. Me chamou atenção, primeiramente, por contradizer algo que é apresentado como básico no ensino da análise de investimentos: não misture emoção com investimento, ou, colocando de maneira mais coloquial e ilustrativa, “não se apaixone pela ação”.

O médico racional

Para ilustrar a diferença entre os termos “Racional” e “Razoável” com a história de um psiquiatra que, por volta de 1900, adotou como tratamento para pacientes com neurossífilis grave (inevitavelmente fatal na época) a injeção de doenças como febre tifoide, malária e varíola. Sim... Esse era o tratamento.

Mas por que, diabos, ele trataria uma doença com outra doença. Parece uma anedota de comédia pastelão, quando para “fazer sumir” uma dor de cabeça se pisava no pé do paciente. Mas o médico em questão tinha no que se basear para seu tratamento “ousado” (o resto das pessoas chamava de loucura mesmo): padrões.

Ele notou que os pacientes com sífilis que, por alguma outra doença, tivessem febres fortes e prolongadas tinham uma forte tendência de se recuperar. Afinal, analisando friamente, a febre não é um problema, mas sim um procedimento de defesa do corpo humano. Sendo assim, além de não ser ruim, é bom. Repita comigo (mentalmente, para não assustar ninguém): ter febre é bom!

Somando os dados citados e analisando racionalmente, foi fácil tomar a decisão: se é pra não morrer, que tenham febre.

Após alguns ajustes de dosagem (e mortes de alguns mais azarados), o médico adotou como método o uso da malária mesmo, que era mais branda e controlável, criando a malarioterapia, que lhe rendeu o Prêmio Nobel de Medicina em 1927.

E por aí vai a história, com mais desdobramentos e informações. Mas o ponto de reflexão que surge no texto é o seguinte:

[...] Se a febre é benéfica, por que a combatemos?

Acho que a resposta é simples: porque a febre dói. Ea as pessoas não querem sentir dor.

É isso.

[...]

Pode ser racional querer ter febre se você está com uma infecção. Mas não é razoável.

Na prática a teoria é outra...

Outro exemplo citado nesse capítulo é de Harry Markowitz, condecorado com um Nobel (dessa vez de Economia) por conta de seu estudo que explorava a relação matemática entre risco e retorno. Ao ser questionado sobre como montava sua carteira de investimentos, ele não descreveu seus padrões de estudo, fórmulas matemáticas, taxa livre de risco e outros termos que baseiam a teoria que ele mesmo criou. Pelo contrário, ele afirmou que dividia seu portfolio meio a meio entre títulos e ações pois teria muito remorso caso as ações subissem e ele não as tivesse. Sua intenção, segundo suas próprias palavras, era “minimizar seu arrependimento no futuro”.

Termos como arrependimento e remorso não são matemáticos. Não são racionais. Mas são razoáveis, como Housel descreve:

Um investidor razoável toma decisões em uma sala de reuniões, cercado por colegas que ele espera que admirem, ao lado de um cônjuge que não quer decepcionar, tomando como referencial concorrentes idiotas, mas realistas, como o cunhado e o vizinho.

Por mais racionais que tentemos ser, não seremos 100% racionais. Se formos, por um momento, logo depois deixaremos de ser. E, quando acontecer, o que fazer com as decisões tomadas friamente frente a dúvidas e preocupações que surgirem (elas sempre surgem)?

Das coisas mais recentes que aprendi nos últimos solavancos da bolsa está a relação que existe entre o quão claro é para você o motivo/a tese que o levou a investir seu dinheiro em um ativo com o quanto as oscilações lhe afetam. Isso vale para o bem e para o mal.

Uma ação investida com base apenas numa indicação de um influenciador, relatório de swing trade ou um motivo fútil (como “vou investir na Ambev porque gosto de cerveja”) causa calafrios a cada queda e uma vontade incontrolável de realização de lucro a cada simples valorização. No primeiro caso você sai com menos do que entrou, no segundo sai do bonde antes da valorização real.

Por outro lado, se você conhece a atividade da empresa representada pelo ticker XPTO3, acompanha o que acontece com ela e seu mercado, acredita nos projetos apresentados e futuro crescimento, como aconteceria se você estivesse entrando como sócio numa empresa do seu bairro, você mal vai olhar as cotações. Vai olhar resultados, fatos relevantes (onde são informados os rumos e planos das empresas) e afins.

Como diria Warren Buffet, quem se destaca nesse mercado não são os mais inteligentes, mas os mais disciplinados. E disciplina vem de constância. E ser razoável é mais constante que ser racional.

Por Arthur Lessa 01/10/2021 - 10:36 Atualizado em 01/10/2021 - 10:37

Tudo no mundo evolui. Tem que evoluir. É consenso.

Dizem que o tempo da era da internet corre mais rápido.

“Quem não inova, fica pelo caminho” é quase um mantra.

E vemos isso em todos os cantos.

Carros se dirigem sozinhos. O aspirador de pó vai passeando pelo cômodo quando, como e onde bem entender. Reuniões são feitas em vídeo. Fotografias e filmagens são feitas pelo telefone.

O mundo de hoje não é o mundo 15 anos atrás.

Muitos dos produtos de lá não se encaixam na realidade de cá, como escrever mensagens pelo teclado numérico de um celular sem tela de toque. A simples mensagem de “estou atrasado” demandaria o esforço de “discar” 3377778666880287772777723666 (entendedores entenderão).

Por outro lado, tem produtos que lembram filmes de ficção científica, daqueles que um ser congelado há séculos é reanimado e volta à vida em um mundo mais moderno.

Esse é o caso do Show do Milhão, ressuscitado pelo SBT em parceria com o PicPay.

Quem me falou que o programa tinha voltado, depois de 18 anos de hibernação midiática, foram os algoritmos do YouTube.

Olhei aquela thumb e pensei: “Legal... Vou ver como adaptaram o programa pra realidade atual”.

Estamos falando de uma atração que foi veiculada de 1999 a 2003, numa época em que celulares começavam a se popularizar, mas praticamente sem internet e sem nenhum esboço de rede social. Facebook foi fundada em 2004, abrindo para o público geral em 2006, mesmo ano em que foi ao ar o Twitter. O Whatsapp foi lançado em 2009. O Instagram em 2010. TikTok em 2016.

Essas plataformas, e outras tantas similares, são parte da vida do cidadão comum. São a base da comunicação de algumas gerações de consumidores. (Conheço pessoas de 7 a 87 anos ligadas nas redes)

Com essa contextualização, qual não foi minha surpresa ao ver que a única mudança do Show do Milhão foi o apresentador. Silvio Santos deu lugar a Celso Portiolli. E nem foi tanta mudança assim, já que Portiolli é a versão 2.0 mais precisa que o dono do SBT poderia ter.

Reanimado, mas não remodelado

O terno, a entonação, os movimentos das mãos, as frases repetidas em eco, as perguntas padrão,... Tudo em Celso Portiolli é igual ao que Silvio fazia há 20 anos.

“Ah, mas a dinâmica do programa deve ter sido atualizada...”

Não!

Tirando o processo de sorteio, baseado em transações feitas pela conta da fintech Pic Pay, patrocinadora da atração, o resto é igual. Tiraram o roteiro da gaveta, olharam pro Celso e disseram “vai!”.

Eu comparei. E fiquei impressionado!

Os candidatos ao prêmio ficam na plateia aguarda seu número ser tirado de uma urna. Cada um que sai sorteia o próximo.

Em caso de dúvida, existem possibilidades. Uma delas é apelar aos universitários, que seguem presentes e prontos para responder qualquer questão. Outra opção são as cartas, que seguem sendo físicas e gigantescas. A terceira opção é contar com os “colegas do auditório”, que levantam placas que seus palpites.

E o melhor é que, parando pra pensar, eu mesmo não consigo apontar melhorias para o Show do Milhão. O modelo segue perfeito pra ele.

E esse é o ponto aqui... Num mundo que anseia pela permanente inovação dos negócios, dos produtos e dos processos, o Show do Milhão ressurge depois de duas décadas e é um exemplo de que quando um produto é o melhor que pode ser, nada se deve fazer além de manter a receita.

Se o Show do Milhão fosse uma caneta, seria uma Bic (foto).

A melhor caneta do mundo

Você pode não acreditar, mas a mais comum (e talvez mais barata) das canetas é um case de inovação, tecnologia e design. Montblancs não tem chances contra ela.

Em 1950, o francês Marcel Bich adquiriu (e melhorou) uma tecnologia patenteada há pouco mais de 10 anos de uma caneta com uma bolinha na ponta (por isso esferográfica) para melhorar a distribuição da tinta pelo papel.

Uma das melhorias foi o furinho que vemos no cabo, ou na ponta oposta à da escrita, que serve para igualar a pressão de dentro e de fora da caneta, evitando que ela explodisse ou vazasse, algo que era muito comum com outros modelos.

 Que coisa, não?

Duas histórias bem diferentes, de um programa de televisão (e YouTube hoje) e uma caneta. Mas com um mesmo conceito:

Procure sempre melhorar o seu produto, mas tenha em mente que em algum momento ele pode chegar ao seu ponto ótimo.

Se temos, ao falar de startups, o Produto Mínimo Viável (MVP em inglês), por que não aceitar que podemos ter um Máximo Produto Necessário?

Por Arthur Lessa 30/07/2021 - 12:39 Atualizado em 30/07/2021 - 12:54

Gestor de investimentos, com atuação em family offices e wealth management, Renoir Vieira é um dos mais conhecidos contrarians do Mercado Financeiro brasileiro (mesmo não se considerando um). Talvez seja ele um dos mais autênticos influenciadores do setor, com opiniões fortes e sempre bem embasadas.

Tive a oportunidade de conversar com ele sobre diversos assuntos como a tese do "Short em Itaú" de 2019, suas denúncias contra golpistas nas redes sociais , a dinâmica do mercado atual, criptomoedas, relógios, arte e NFTs.  

Sobre a dinâmica do mercado, ele defende que o ritmo de inovação e sucessivas disrupções que acompanhamos em todos os setores derrubam (ou questionam, ao menos) a tese de investimento com foco no longo prazo defendida por investidores como Peter Lynch e Warren Buffet. "Qualquer um pode ser disruptado hoje em dia. Então casar com empresas não dá mais certo".

Confira abaixo a entrevista na íntegra

 

Por Arthur Lessa 16/07/2021 - 12:50 Atualizado em 16/07/2021 - 12:53

Caracterizado pela baixa volatilidade, os Fundos de Investimento Imobiliário (FII) registrara duas grandes oscilações nos últimos 30 dias por conta das discussões sobre a Reforma Tributária. 

Sobre esse mercado, conversei com Rodrigo Colombo, especialista e investidor de FIIs há mais de uma década, deu detalhes do que viu nesses movimentos e como tem acompanhado o cenário atual do setor.

Confira abaixo a entrevista completa

Por Arthur Lessa 01/07/2021 - 18:46 Atualizado em 02/07/2021 - 09:40

Há exatos dois anos, em 28 de junho de 2019, US$ 1 custava R$ 3,82. Se viajarmos 12 meses para a frente, para 26 de junho de 2020, o dólar estava em R$ 5,48. Valorização de 43,5% frente ao Real. Ou desvalorização de 30% do Real frente ao dólar.

Essa alta da moeda americana em 2020, que teve seu pico de R$ 5,94 em 14 de maio daquele ano, chamou atenção de muitos investidores para a ideia de dolarização da carteira, que consiste em ter parte de seus investimentos em outra moeda (normalmente o dólar) para compensar as possíveis perdas causadas pela desvalorização do Real, no caso do brasileiros.

O problema é que, graças a vieses comportamentais humanos, tal ideia se mostra uma boa ideia na hora errada. Pensar em dolarizar a carteira quando o dólar está batendo na porta dos R$ 6 é muito pior que fazê-lo quando cada Washington verdinho valia menos de R$ 4. Mas nossa cabeça funciona assim. É o mesmo que achar uma grande ideia fazer seguro do carro assim que batemos num poste. Boa ideia, péssimo timing.

Mas por que eu trago esse assunto agora? Porque alguns acontecimentos recentes têm puxado o dólar para baixo dos R$ 5. O futuro é incerto, mas podemos dizer categoricamente que o momento agora é melhor que no último ano para este movimento. So move your butt!

Um “vale” chamado BDR

Brazilian Depositary Receipts, ou BDRs, são o que o nome diz: Recibos Brasileiros de Depósito. É como se fosse uma espécie de “vale um quentão” de festa junina, só que o quentão é uma ação da Tesla (TSLA34), da Disney (DISB34), do Google (GOGL34), Mercado Livre (MELI34) ou outra que tenha essa modalidade no Brasil. Há também empresas de outros países, como a britânica Unilever (ULEV34) e a japonesa Toyota (TMCO34).

Confira no fim do texto uma tabela com alguns dos principais BDRs da B3

Em poucas palavras, um BDR surge quando uma instituição financeira compra uma quantidade de ativos na bolsa de origem (NYSE ou Nasdaq, por exemplo) e lança recibos desses papéis na B3. Com esse recibo, a ação ou parte dela (explico logo mais) é sua propriedade, até que você a passe para frente, assim como funciona com as ações.

A primeira característica você já deve ter notado, que são os números no fim de cada ticker, que podem variar de 32 a 35. Esse número é relacionado ao fato de ser um BDR patrocinado ou não, de nível I, II ou III. Essa questão é mais complexa e não vou aprofundar nesse momento. Na prática, muda pouca coisa para o pequeno investidor.

Uma segunda questão importante de saber é que cada BDR não significa, obrigatoriamente, uma stock (ação em inglês) inteira. Muitos sofrem uma espécie de desdobramento, como é o caso do GOGL34, atrelado às ações do Google na Nasdaq. Cada BDR representa 0,00666... GOOGL (ticker da empresa na Nasdaq). Ou seja, para ter uma GOOGL inteira na carteira, você precisa adquirir 150 GOGL34.

Isso é necessário por conta das regras de cada bolsa. Enquanto no Brasil temos os lotes padrão (nossas jabuticabas) de 100 ações e o fracionário para comprar ações unitárias, nos EUA é possível comprar frações ação. Por conta disso, não é necessário fazer desdobramentos de ação para gerar liquidez. Essa flexibilidade faz com que os valores nominais das ações lá sejam como da Amazon (cerca de US$ 3.400) ou Google (cerca de US$ 2.450). Se não houvesse esse fracionamento, cada BDR estaria custado algo em torno de R$ 17 mil (hoje, na fração de 1/157, está um pouco acima de R$ 105).   

Um exemplo da necessidade de desdobramento no Brasil aconteceu recentemente com a Magazine Luiza, que dividiu cada ação em 32 desde agosto de 2019, em dois desdobramentos. Se não o fizesse, hoje cada ação MGLU3 estaria custando quase R$ 700, com cada lote movimentando R$ 70 mil.

Os BDRs já existem há muito tempo no Brasil e não são exclusividade tupiniquim. A versão americana se chama ADR e existem da Petrobrás, da WEG, da Vale, entre outras. O que mudou recentemente foram novas regras de 2020 que tornaram esse ativo acessível a todos os investidores, e as novas opções de BDRs que surgiram depois dessa nova regra.

Então, se o que te impedia de investir nas empresas americanas que nos rodeiam era estar no Brasil, seus problemas acabaram!

De quem vamos ser sócios? Musk, Gates, Zuckerberg,...

 

Por Arthur Lessa 14/04/2021 - 12:58 Atualizado em 14/04/2021 - 12:59

Tem uma anedota famosa no mercado financeiro que diz que todo dia saem de casa um trouxa e uma malandro. Quando eles se encontram, sai negócio.

Esse raciocínio normalmente é lançado para ilustrar situações como cair em golpes de bilhete premiado, propagandas com promessas de retornos irreais e cursos milagrosos de day trade.

É inevitável pensar, quando se tem notícia de alguém que sofreu um revés num caso desses, “tava na cara que era golpe” ou “como fulano pode cair nisso?”. 

Mas e se o golpe acontece no maior mercado financeiro do mundo e atinge alguns dos mais poderosos investidores e bancos do planeta?

É sobre isso que trato nesse texto: Bernard Madoff, ex-presidente da bolsa eletrônica Nasdaq e conselheiro de investimentos dos mais conceituados de Wall Street na virada de século.

A história começa em 1960, quando aos 22 anos, com dinheiro emprestado pelo sogro e US$ 500 de suas economias, Bernard Madoff fundou a Bernard L. Madoff Investment Securities.

Seus primeiros negócios vieram das “sobras” do Goldman Sachs e do Bear Stearns, que posteriormente foi comprado pelo JP Morgan.

No fim dos anos 80, Madoff estava enriquecendo, chegando a ganhar mais de US$ 100 milhões ao ano. Aos poucos, ele ia ganhando a atenção do mercado oferecendo retornos estáveis de 15% a 20% que, conforme insiste em afirmar para a revista New York, eram perfeitamente legais. 

No final da década de 80, início dos anos 90, a recessão econômica já era uma realidade. Foi nessa época que o esquema começou de fato.

Madoff passou a usar o capital dos novos investidores para pagar “retornos sólidos” para os velhos. Apesar de falsos, as demonstrações de resultado que divulgava exibiam ganhos de 15%. Esses retornos faziam propaganda de si mesmos e cada vez mais dinheiro novo chegava. 

Conseguiu sustentar o esquema até 2008 quando, em meio à crise financeira, diversos investidores solicitaram a retirada do dinheiro dos fundos. Mas ele não tinha esse dinheiro em conta e tentou sua “última tacada” se reunindo com diversos investidores para tentar levantar capital suficiente para pagar os que estavam retirando dinheiro. 

Ele devia US$ 7 bilhões em resgates, mas só conseguiu US$ 700 milhões, valor que poderia ter mantido o esquema em funcionamento ainda por algumas semanas. Cansado, decidiu abrir o jogo no dia 10 de dezembro de 2008, três meses depois que o mercado acionário americano desabou, reunindo a família no escritório da casa.

Réu confesso, Madoff foi indiciado em 2009 a 150 anos de prisão e US$ 117 milhões de indenização. 

Estima-se que as fraudes de Madoff resultaram na perda de US$65 bilhões de dólares. Porém, como envolvia bancos, instituições de caridade, pequenos e grandes investidores, o valor pode ser ainda maior.

Algumas famílias perderam o patrimônio de suas vidas. Houve pelo menos quatro suicídios ligados ao esquema Ponzi de Madoff. Sendo três de suas vítimas, um aristocrata francês que supostamente enviou clientes para Madoff, um condecorado veterano do Exército que faliu pela fraude e um executivo de fundo de hedge que perdeu milhões. E o filho de Madoff, Mark Madoff, que também se matou em 2010.

Madoff enganou não só pequenos investidores, como também entidades bancárias e grupos de investimento. Foram cerca de 37 mil vítimas em 136 países.

[olho] Se você quiser conhecer melhor essa história, sugiro o filme O Mago das Mentiras, com Robert De Niro no papel de Madoff.

De acordo com o The Wall Street Journal, os investidores com maiores perdas incluíam:

  • Fairfield Greenwich Advisors: US$ 7,5 bilhões;
  • Tremont Capital Management: US$ 3,3 bilhões;
  • Banco Santander: US$ 2,87 bilhões;
  • Bank Medici: US$ 2,1 bilhões;
  • Ascot Partners: US$1,8 bilhão;
  • Access International Advisors: US$1,4 bilhão;
  • Fortis: US$ 1,35 bilhão;
  • Union Bancaire Privée: US$1 bilhão;
  • HSBC: US$ 1 bilhão.

Mais de 10 anos depois da prisão de Madoff, o ressarcimento das vítimas ainda não foi concluído.

Dois fundos foram estabelecidos pelo Departamento de Justiça americano compreendendo confiscos de vários processos criminais de Madoff para pagar as indenizações.

Além de liquidar a firma Madoff, os bens e objetos pessoais do operador financeiro foram leiloados.Até o momento, US$ 14,40 bilhões foram recuperados. (Dados de janeiro de 2021).

Tags: piramides

Por Arthur Lessa 17/02/2021 - 11:24 Atualizado em 09/06/2023 - 11:07

Nunca li um livro tão rápido pelo puro prazer de acompanhar a história!

Depois que ajustei, na minha cabeça, que livros são como séries e cada capítulo é um episódio, posso dizer que “maratonei” o Na Raça, da Maria Luíza Filgueiras. Esse livro, de 208 páginas, é uma biografia de tripla. É centrado na vida profissional de Guilherme Benchimol, CEO e fundador da XP Inc., mas também conta o nascimento e crescimento da XP Investimentos e a implementação de um modelo de negócio que virou de pernas para o ar o mercado financeiro brasileiro.

A resenha do livro você encontra em qualquer lugar na internet. Não é o que vou apresentar aqui. Vou falar do que me chamou atenção.

- Como Guilherme Benchimol criou a XP e revolucionou o mercado financeiro brasileiro (VÍDEO)
- Confira a edição 016 do Toda Sexta

- Se interessou pelo livro "Na Raça"? Compre aqui

Começando pelo personagem, o estilo do Guilherme me surpreendeu. Ao contrário da pessoa calma, carismática, com fala de fácil compreensão e sem pretensão de ser o dono da verdade. Parece alguém que naturalmente entrou no mercado financeiro, teve uma grande ideia e investiu nela. Mas não! A desconfiança do pai, que é médico e queria o mesmo para o filho, foi boa parte do combustível que impulsionou o foguete XP.

Pelo começo difícil, inclusive psicologicamente, não surpreende, no andamento do livro, que vá se formando um líder com perfil de trator (ele recebe esse adjetivo em algumas passagens do livro), com o foco no objetivo e arrastando a todos e a tudo que fosse necessário para que chegassem ao checkpoint definido (tanto de lucro, tantos clientes, uma aquisição, a entrada de um investidor,...). Vencer com a XP era questão de honra. Representava para Benchimol a validação de que era capaz, de que tinha escolhido o caminho certo, de que tudo que tinha passado teria valido a pena.

Ainda na linha de trator, entram os tombos pessoais necessários para que a empresa chegasse onde chegou, que são, de certa forma, admiráveis. Muitos envolvidos, entre sócios, investidores e colaboradores, ficaram pelo caminho de maneira forçosa. Não há relatos de ninguém que tenha sido passado ou tenha tentado passa-los pra trás. As rupturas eram sempre questão de envolvimento, dedicação, alinhamento de ideias ou desempenho.

É necessário desprendimento para esses “cortes na carne”. Lembra uma regra antiga (mas sempre válida) de que não se deve contratar ninguém que não possa demitir. Não são poucos os exemplos (principalmente em empresas familiares) em que existem as tartarugas nas árvores, que são aquelas pessoas que pouco contribuem, mas seguem na empresa por decisão da diretoria, seja por alguma relação pessoal próxima, seja por serviços prestados. Na XP, para Benchimol, vale o quanto entrega e enquanto entrega.

Falando em entrega, vamos pra resultado e, de resultado, vamos para um jargão/ferramenta/estratégia do mercado de renda variável que é aplicado na corretora: stop loss. A linha de criação de implementação de produtos e práticas era baseada em “stop curto”, ou seja, põe em prática, vê se funciona e, se não funcionar, elimina rápido. Isso não significa agir sem pensar, sem planejar, mas agir quando é necessário, reduzindo perdas. Com essa estratégia, um dos pontos destacados no livro é que a XP nunca teve prejuízo e nunca se alavancou.

Por fim, fica a lição do conservadorismo financeiro do Guilherme e da XP. No começo sofrido, era aperto financeiro, venda de patrimônio particular e criatividade. Nas evoluções, os novos recursos entravam com novos sócios e/ou investidores. Sem empréstimos, sem gastar mais do que tem, sem dar passos maiores que a perna. Essa última vale pra pessoa, pra família, pras empresas e pros Governos (lição difícil!).

Ao contrário do que dizem os influencers, isso é sim uma recomendação de investimento. Recomendo a leitura, principalmente aos empreendedores e possíveis empreendedores, que vão acompanhar as partes boas e ruins da evolução de um negócio que começa do zero.

[o texto acima foi publicado originalmente na edição 016 do Toda Sexta, em 15/01/2021]

Por Arthur Lessa 27/11/2020 - 17:22 Atualizado em 27/11/2020 - 17:39

Mais uma empresa catarinense encaminha abertura de capital da Bolsa de Valores de São Paulo (B3). A Intelbras enviou à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) pedido para realizar uma oferta pública inicial primária e secundária de ações, conhecido como IPO. 

Segundo o site MoneyTimes, o prospecto preliminar informa que a companhoa pretende utilizar os recursos da oferta para acelerar seu crescimento através de aquisições, além de expandir capacidade de produção de fábricas em Manaus e Minas Gerais, bem como em sua nova unidade em Santa Catarina, focada em produtos de energia.

Sediada em São José, na Grande Florianópolis, a Intelbrás produz e comercializa produtos e soluções em segurança eletrônica, controles de acesso, redes, comunicação, energia e energia solar. A companhia conta hoje com quatro unidades fabris no Brasil, além de um centro de pesquisa e desenvolvimento na China.

A principal fonte de receita da Intelbrás atualmente é unidade de segurança eletrônica, que representa cerca de 53% do total, com R$ 777 milhões no acumulado do ano. O restante é dividido entre os setores de comunicação, responsável por 37% da receita, e de energia, que gerou 9,7% do faturamento.

Em se tratando de resultados, de janeiro a setembro de 202 a receita operacional líquida da companhia totalizou R$ 1,46 bilhão, com aumento de 20,2% em relação ao mesmo período de 2019. Já o lucro líquido no período foi de R$ 121,2 milhões, alta de 2,6% em relação à mesma etapa de 2019.

O IPO da Intelbrás é coordenado por Santander (SANB11), BTG Pactual (BPAC11), Itaú BBI e Citigroup.

Confira o prospecto na matéria do site MoneyTimes

Por Arthur Lessa 08/11/2019 - 16:38 Atualizado em 08/11/2019 - 16:45

Horas após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) contrária à execução de pena em 2ª instância, o ex-presidente do República Luiz Inácio Lula da Silva deve voltar a liberdade a qualquer momento desta sexta-feira (8).

O juiz Danilo Pereira Júnior, da 12ª Vara Criminal Federal de Curitiba, aceitou o pedido da defesa do Lula e o autorizou a deixar a carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, onde está preso há 580 dias.

Logo após pedir o alvará de soltura, Cristiano Zanin, advogado de Lula, afirmou que “a decisão da Suprema Corte confirma aquilo que nós sempre dissemos, que não havia a possibilidade de execução antecipada da pena”.

Condenado em duas instâncias no caso do triplex, Lula ficou 1 ano e 7 meses preso na Superintendência da Polícia Federal (PF) de Curitiba. Agora, ele terá o direito de recorrer em liberdade e só vai voltar a cumprir a pena de 8 anos, 10 meses e 20 dias após o trânsito em julgado.

A defesa disse que espera agora a “nulidade de todo o processo, com o reconhecimento da suspeição do ex-juiz Sérgio Moro”.

Por Arthur Lessa 03/10/2019 - 19:05 Atualizado em 03/10/2019 - 19:10

O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Santa Catarina (Setpes) pediu, e conseguiu, uma liminar expedida pela Justiça Federal de Santa Catarina proibindo viagens do aplicativo Buser com chegada ou saída do Estado. A informação está no blog do jornalista Anderson Silva.

Na decisão, o juiz federal substituto Diógenes Tarcísio Marcelino Teixeira determinou que a empresa "se abstenha de divulgar, comercializar e realizar as atividades de transporte rodoviário interestadual de passageiro, com ponto de partida ou de chegada no Estado de Santa Catarina, em desacordo com as autorizações que as empresas cadastradas em sua plataforma possuem".

A reclamação do Sindicato é de que o serviço estaria oferecendo viagens clandestinas e, pelo preço sensivelmente mais baixo, a empresa estaria oferecendo concorrência desleal.

Em comunicado oficial (íntegra no final do texto), a Buser afirma que a decisão não impede que a empresa preste seu serviço, que promover “o fretamento compartilhado, conectando pessoas que pretendem fazer uma viagem e empresas de fretamento de ônibus”, mas sim determina “que a ANTT fiscalize as empresas de fretamento, o que a agência já faz”.

Sobre a acusação do Setpes de transporte clandestino, a startup ressalta que “essa alegação é inverídica e já foi afastada pela Justiça Federal de São Paulo, em sentença, e também em liminar do Supremo Tribunal Federal (STF), proferida pelo Ministro Edson Fachin”.

Confira a nota oficial da Buser sobre a liminar

A Buser está autorizada a funcionar como empresa de tecnologia que promove o fretamento compartilhado, conectando pessoas que pretendem fazer uma viagem e empresas de fretamento de ônibus. Nesse sentido, só aceita em sua plataforma empresas de ônibus que estão regulares com a ANTT, fiscalizadas e com plena segurança.

A sentença proferida pela 3ª Vara Federal de Florianópolis não desautoriza ou impede a atividade da Buser. A decisão tão somente atende a solicitação da autora para determinar que a ANTT fiscalize as empresas de fretamento, o que a agência já faz.

As ações judiciais que a Buser enfrenta são movidas por empresas concessionárias de transporte que alegam que a startup pratica transporte clandestino; no entanto, essa alegação é inverídica e já foi afastada pela Justiça Federal de São Paulo, em sentença, e também em liminar do Supremo Tribunal Federal (STF), proferida pelo Ministro Edson Fachin.

A Buser é uma empresa da nova economia, que fomenta o mercado de turismo, garantindo economia financeira, conforto, e a segurança de viajarem em ônibus mais novos e confortáveis. Além disso, os usuários estão cobertos por seguros mais abrangentes que os das empresas tradicionais.

Não há, portanto, nenhum ponto em que os passageiros que optarem por contratar suas viagens via aplicativo da Buser estejam em desvantagem em comparação com as empresas tradicionais do setor de transportes.

Por Arthur Lessa 15/05/2019 - 19:11 Atualizado em 15/05/2019 - 19:12

Depois de protagonizar o maior "Oi, Sumido!" dos últimos anos na música brasileira - fazendo lembrar o saudoso Belchior -  com o lançamento do novo álbum "Reconstrução", Tiago Iorc volta a ser o ponto central de um importante retorno: o Acústico MTV.

A confirmação da empresa Viacom, proprietária da MTV, foi publicada hoje pelo site da revista Meio & Mensagem, que afirmou que "as negociações com marcas para as cotas de patrocínio iniciaram esta semana", o show será gravado ainda em maio, para convidados, e a estreia ainda não tem data definida.

Encerrado em 2012 no Brasil, o formato criou registros históricos de bandas como Titãs, Cássia Eller e Charlie Brown Jr. No caso dos irmãos Sandy & Júnior, que estão preparando um breve retorno para os próximos meses, a atração marcou o fim de 17 anos de carreira como dupla e início das carreiras independentes dos filhos de Xororó.

Nos Estados Unidos não é menos importante, com destaque para o antológico MTV Unplugged do Nirvana, principal registro do trio encerrado em 1994 com a morte de Kurt Cobain. 

Por Arthur Lessa 16/04/2019 - 18:49 Atualizado em 16/04/2019 - 19:13

Foi-se o tempo em que os videogames eram uma brincadeira de criança baseada em desenhos básicos e de pouca definição. A hoje milionária indústria dos games chegou a um ponto tecnológico em que, além de criar mundos inteiros em alta definição de imagem, replica com fidelidade quase total cenários reais. E essa fidelidade pode ajudar na reconstrução da Catedral de Notre Dame, incendiada na última segunda-feira (15).

Segunda reportagem do site The Enemy, na época de lançamento do game Assassin's Creed Unity, baseado na Revolução Francesa (1789 - 1799), a artista Caroline Miousse comentou sobre a reprodução da Catedral. Ela usou inúmeras fotos para conseguir que arquitetura fosse exata, além de trabalhar com artistas de textura para que cada tijolo estivesse como deveria. Ela foi ajudada até por historiadores, para saber quais as pinturas exatas que estavam nas paredes.

A promessa do presidente da França, Emmanuel Macron, é de que a reconstrução da Catedral de Notre-Dame seja concluída em até cinco anos. O incêndio levou nove horas para ser controlado e causou grandes danos à catedral, que teve todo o telhado e toda a armação destruídos, além da queda de parte da abóbada e da "flecha".

As investigação trabalham prioritariamente com a hipótese de que o episódio foi causado por acidente.

Veja reprodução da Catedral de Notre Dame no game Assassin's Creed Unity:

 

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Copyright © 2022.
Todos os direitos reservados ao Portal 4oito