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* as opiniões expressas neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do 4oito
Por Ananda Figueiredo 04/10/2017 - 22:00 Atualizado em 04/10/2017 - 22:13

Hey! Hoje é quarta-feira, metade da semana já se foi, e eu quero te pedir para assistir a este videozinho antes de dormir esta noite. Tenho certeza que ele te fará pensar sobre o seu lugar no mundo!

Você tem mais em comum com o outro do que imagina ;)

Por Ananda Figueiredo 06/10/2017 - 16:00 Atualizado em 06/10/2017 - 16:51

Outubro começou e - não podia ser diferente - falamos neste primeiro Fica a Dica do mês sobre a campanha outubro rosa e a condição psíquica em torno do câncer de mama.

Costumo dizer que doenças graves são como carimbos no nosso passaporte da vida: quem ganhou esse carimbo, passou, portanto, a conhecer outro lugar, diferente dos até então conhecidos. Assim, podemos pensar que as doenças dividem as pessoas em dois grupos: as que têm saúde e as que têm doença. A doença oncológica, neste caso, é uma ruptura no ciclo de vida planejado pela mulher e pode trazer inúmeros questionamentos: o tempo passa a correr diferente, os dias seguintes após o diagnóstico se tornam de outro tamanho... É bastante comum que a mulher inicie um processo de volta aos significantes pelos quais fez sua trajetória, ou melhor, que ela reviva e ressignifique sua história de vida.

Enquanto isso, a medicina continua se ocupando daquilo que faz bem: da utilização de instrumentos cada vez mais precisos na condução de diagnósticos das patologias orgânicas. É fato que as doenças estão nos livros, nos protocolos, nas lâminas dos microscópios e cada vez mais se descobrem avanços para o seu tratamento - e que ótimo, não é mesmo? Mas somente quando a doença encontra um corpo, produz o sofrimento, seja ele qual for. As doenças podem até ser iguais, os protocolos também, mas o sofrimento é individual, subjetivo e único. Por isso, falar de câncer de mama é falar também da psiqué daquela que o descobriu, do sofrimento que vem do diagnóstico, do convívio e até do tratamento da doença.

A mulher diagnosticada com câncer de mama convive com o medo de ser estigmatizada e rejeitada ao tomarem conhecimento de sua doença, com a possibilidade de disseminação da doença pelo seu corpo, com a queda do cabelo e o efeito disso sobre sua autoestima, com a incerteza quanto ao futuro, com o medo da recidiva... Sabemos também que uma das principais dificuldades das mulheres em tratamento oncológico é lidar com a retirada do seio. Ora, se o pênis é a parte do corpo que identifica o homem, percebemos que são os seios o símbolo da relação identidade-corpo na mulher. E, como nosso quadro no Jornal das Nove é sobre relacionamentos, vamos falar deles, que entram justamente aqui: como você, parceiro ou parceira desta mulher, tem lidado com esta ideia ou até mesmo com a mutilação que ela sofreu/sofrerá? Como você pode participar de forma positiva? É importante sempre lembrar que redes de apoio são fundamentais no enfrentamento de qualquer situação difícil, inclusive no câncer. Por isso, além de todas as recomendações que a campanha outubro rosa já faz muito bem, meu pedido hoje é: busque ajuda profissional, você, mulher, e também, vocês, familiares, para que possam oferecer adequado apoio e suportarem, juntos, o sofrimento que não está nos livros, nem na TV, mas muito fortemente dentro de vocês.

Por Ananda Figueiredo 07/10/2017 - 09:30

Bom dia!

Compartilho com vocês um texto de autoria de Rafaela Carvalho que trata sobre... bem, trata sobre você. Veja só:

Não se escuta do obstetra nem do pediatra. Passa batido pelo chá de bebê. Não está nos livros, não se aprende nas classes. Até a mais incrível das amigas falha ao tentar explicar. Não, não vim falar do amor. 
É sobre a importância. 
Bem vinda a maternidade, onde um ser de 50 centímetros que não aguenta segurar o próprio pescoço precisa de você.
Você.
Você com o abdômen recém cortado ou com o períneo extremamente magoado (leia-se puto da cara).
Você sem saber segurar direito, amamentar direito, trocar fralda direito, dormir direito.
O bebê precisa de você. 
Você.
Você com baby blues no coração, nas olheiras, no cabelo preso de qualquer jeito.
Você admirando a perfeição do rosto adormecido, com medo da falta de liberdade, soluçando ao sentir o vazio.
O bebê precisa de você. 
Você.
Você com o seio mais duro do que o seu bumbum jamais será, morrendo de medo da primeira ida ao banheiro (nº 2), e com o coração transbordando amor.
Você dormindo em pé, torcendo para o corpo voltar, e para "pelamordedeus" pararem de palpitar.
O bebê precisa de você. 
Você.
Você fazendo arrotar, andando de lá pra cá, embalando depois da mamada das ‪3:48‬. Cansada, frustrada, completa.
Você sem saber como sobreviveu a noite passada, a primeira semana, o primeiro mês, o primeiro ano.
O bebê precisa de você. 
Você.
Você tentando consolar, e amar, e fotografar, e viver, e lembrar.
A cólica precisa de você, o choro, o trocar, o alimentar, o banhar, o cuidar.
O bebê precisa de você. 
Você.
Você rezando para que a madrugada acabe, mas implorando para que o tempo passe mais devagar.
Ah o tempo... É ele quem devagarinho traz outras coisas que precisam de você.
O sorriso precisa de você, o abraço, o olho no olho, as gargalhadas precisam de você.
O "mamãe eu te amo" precisa de você, o dividir alegrias, o soprar as velinhas, o "olha mamãe" precisa de você.
O amor precisa de você, as emoções, os primeiros passos, o frio na barriga precisa de você.
E como nos filmes onde no final tem uma revira-volta, a gente cai na real.
A partir do momento que você segura o seu bebê no colo, na eternidade do sopro no ouvido "tá tudo bem, a mamãe tá aqui", acontece.
Você precisa do bebê. 
Você.

 E então, mamães, na sua casa, quem precisa de quem?

Por Ananda Figueiredo 09/10/2017 - 20:00 Atualizado em 10/10/2017 - 18:43

O dia das crianças está chegando e ele costuma me fazer pensar sobre como as crianças estão cada vez menos crianças. Enquanto as estatísticas mostram o amadurecimento e independência cada vez mais tardio entre os jovens, nós, adultos, temos nos dedicado a estimulação e ocupação cada vez mais precoce das nossas crianças: natação desde os seis meses, aula de inglês aos três anos, contra turno em atividade esportiva duas vezes por semana a partir do início da rotina escolar... ufa! Eu não sei como foi com você, mas as minhas melhores lembranças da infância tem relação com o brincar livre, ou seja, com momentos em que eu e minha turminha brincávamos do que tínhamos vontade naquele momento, sem a orientação de um adulto, sem hora marcada, sem protocolo. 

Por isso,de hoje à domingo trarei diariamente cinco motivos para você deixar seu filho "só" brincar. Ao final da semana, serão trinta e cinco razões. Leia as cinco primeiras e me dê  sua opinião  ;)

1) Brincar, especialmente em grupos, desperta vários sentimentos: alegria, medo, raiva, vergonha... Estes momentos são excelentes oportunidades para que seu filho ou filha perceba, identifique e expresse o que sente, o que é fundamental não só na infância, mas em toda a vida. Além disso, sabemos que, se precisarmos aprender isto na vida adulta, certamente será de  forma mais dolorosa do que através da brincadeira.

2) Em uma viagem há meses atrás, uma família hospedada no mesmo hotel em que eu estava acompanhou um garotinho de cerca de quatro anos, ao longo de todos os dias, hora em uma caçada por insetos, hora no catalogar de diversos tipos de folhas de plantas. A curiosidade e empolgação do menino e da familia me levam a crer que, diferente das crianças que estavam absortas em seus tablets, ele tem descoberto a beleza da natureza e aprendido a respeitar, amar e cuidar do meio ambiente.

3) A brincadeira com os amigos requer da criança o ouvir e compreender o outro. Além disso, impõe também a negociação do que farão primeiro, quais as regras, limites e responsabilidades. Importantes aprendizados para toda a vida, não?

4) Desde que a tecnologia não se torne a sua babá virtual sempre que você quiser ter um almoço tranquilo, por exemplo, seu filho ou filha pode se divertir no tablet, smartphone, computador ou videogame. Vez por outra recebo no consultório crianças com excelente raciocínio estratégico desenvolvido nos jogos de construção de cidades, por exemplo, ou ainda aquelas que falam muito corretamente por conta dos vídeos de desenhos animados. Claro, vale sempre lembrar de permitir o uso por tempo determinado, com supervisão e após os dois anos de idade, conforme recomenda a Sociedade Brasileira de Pediatria.

5) Uma pesquisa de uma Universidade Australiana confirmou o que todos os pais e mães já sabem: crianças que se movimentaram mais ao longo do dia adormeceram mais rápido,  além de dormirem mais e melhor. Ou seja: se sua pequena ou pequeno está com dificuldades para dormir, a regra é brincar até cansar!

Amanhã teremos mais cinco motivos. Acompanhe!

Por Ananda Figueiredo 10/10/2017 - 18:30 Atualizado em 10/10/2017 - 19:14

Como anunciei no texto de ontem, nesta semana apresentarei trinta e cinco razões para você incentivar seu filho ou filha a ser criança através do que é mais propício nesta idade: o brincar. Abaixo, você conhecerá mais cinco motivos:

6) Tem crescido o número de adultos que chegam ao consultório reclamando de sua falta de foco. E você sabe onde desenvolvemos isto? Na estimulação do brincar na infância! Quem nunca viu uma criança de olhos cerrados e língua entre os dentes enquanto montava um quebra-cebaça ou fazia uma torre com blocos?

7) Brincar é a principal linguagem da criança, independentemente de sua cultura, meio econômico ou social. "Ouvir" a brincadeira da criança é uma excelente maneira de conhecê-la. Quem precisa de um termômetro para saber que o filho ou filha não está bem se o vê quietinho, sem brincar?

8) É também na brincadeira que a criança constrói sua identidade. Nela, interage com seu corpo, com os familiares, com os objetos, com o mundo ao seu redor. Assim, se diferencia do que a cerca, se apropria de si, se entende e vai construindo sua maneira própria de agir.

9) A Universidade de Delaware e Temple, dos EUA, descobriu que crianças de até cinco anos que brincam com blocos de montar (aqueles que doem a beça quando pisamos em cima) possuem melhores habilidades matemáticas e noção de espaço na vida adulta. Para além do ganho escolar e profissional, estas habilidades são muito úteis do caixa do supermercado ao estacionar sem câmera de ré.

10) A última razão de hoje pode ser resumida em RI-SA-DA. Eu sei, você adora ouvir a gargalhada do seu pequeno - quem não gosta, não é? A diversão da brincadeira faz sua filha ou filho sorrir e já está provado que isto contribui diretamente com o bem-estar da criança: ativa cerca de vinte e quatro músculos da face, melhora a circulação e a oxigenação das células, reduz os hormônios do estresse e libera os de relaxamento. Bônus: duvido que você segure o riso diante da gargalhada do seu pequeno. Assim, você também garante todos estes benefícios ;)

Até amanhã, com as razões de 11 à 15!

Por Ananda Figueiredo 11/10/2017 - 16:30 Atualizado em 11/10/2017 - 17:29

Vamos a mais um post da semana da criança! Está acompanhando? Não? Então confira os dois primeiros aqui e aqui. Enquanto isso, vamos a mais cinco razões para seu pequeno brincar:

11) A brincadeira pode ajudar seu filho ou filha a comer melhor. Como? Não, não estou falando de aviãozinho. Transforme a alimentação em algo interessante para a criança! Você pode levá-la à feira e desafiá-la a acertar as frutas pelo cheiro, pode vendar os olhos e incentivá-la a descobrir qual é o alimento apenas pelo sabor, pode criar um jogo de experimentar um alimento novo a cada dia ou uma disputa de quem bebe mais água... Que tal?

12) A obesidade infantil tem se tornado um frequente problema. Por outro lado, na grande maioria das brincadeiras, a criança precisa mexer o corpo, certo? Pronto, aqui temos uma razão motivada na saúde do seu filho ou filha para incentivá-lo a brincar. Aqui (confira a tabela na página 03) você conseguirá recomendações e sugestões da Sociedade Brasileira de Pediatria  a respeito doc combate do sedentarismo na infância e adolescência, adequadas a cada faixa etária.

13) Desde o "cadê? achou!" do bebê e dos ainda desengonçados primeiros passos até a montagem de pulseiras de miçanga, as brincadeiras permitem que seu filho e filha desenvolva a coordenação motora, da mais ampla à fina. Mas, claro, isto apenas se você permitir que ele corra, tropece, caia e levante novamente ;)

14) É na brincadeira também que fazemos os primeiros ensaios de como se comportar diante das frustrações, de como se adaptar e se desenvolver a partir delas, seja quando a criança perde no jogo ou quando o amigo ou amiga não quer brincar da mesma coisa que ela. Se não superproteger é palavra de ordem na educação de crianças, estas são exclentes experiências para que a criança aprenda a administrar suas decepções e enfrentar as adversidades.

15) O contato com o diverso está presente na brincadeira e isso traz uma lista de benefícios: respeito ao diferente, desenvolvimento da tolerância, criação de novos exemplos e referências... O brincar ainda pode romper com estereótipos, como o de gênero, por exemplo. Diferentemente do que pensam algumas autoridades da nossa região, não há "viadagem" alguma em meninos brincarem de bonecas ou meninas de carrinho. Aliás, uma pesquisa das Universidades de Princeton e Illinois (EUA) concluiram que meninas de nove e dez anos já acreditam que ser "gênio" é algo destinado apenas ao sexo masculino. Que tal usarmos o brincar para educar crianças mais felizes, livres e empoderadas?

Encontro você amanhã, com mais cinco razões. Até logo!

Por Ananda Figueiredo 12/10/2017 - 15:30 Atualizado em 14/10/2017 - 16:10

Hoje é dia das crianças e vamos a mais cinco razões para deixar seu filho fazendo o que faz melhor na infância: brincar! Acompanhe:

16) Não se preocupe em encontrar companhia para o seu filho ou filha o tempo todo. Brincando sozinha, a criança desenvolverá iniciativa e autonomia e aprenderá que estar só consigo mesma basta ;)

17) Brincar também desenvolve a autoestima e autoconfiança, faz com que a criança perceba do que é capaz - seja acertando uma peça de encaixe, arremessando um pião com sucesso ou andando de bicicleta sem rodinhas pela primeira vez.

18) Paciência é outra virtude desenvolvida durante as brincadeiras, onde a criança precisa hora esperar sua vez no jogo ou separando peças, elaborando uma estratégia e persistindo até concluir a montagem de um quebra-cabeças. (Outra forma de exercitar a calma e a paciência em seu filho ou filha é contar histórias em capítulos, uma parte por dia, sempre terminando com algo que desperte a curiosidade dela ou dele. Isso vai ajudá-lo a ter serenidade para aguardar o desfecho).

19) A memória é uma capacidade estimulada o tempo todo no brincar - e não é só no jogo da memória. Isso porque registramos com mais qualidade as experiências prazerosas e aquelas que temos em momentos em que estamos felizes. E tem coisa mais prazerosa do que o brincar?

20) A capacidade de investigação, a coragem de fazer novas descobertas também pode ser exercitada durante as brincadeiras, seja fazendo um experimento científico, contando o tempo que consegue se equilibrar num pé só ou juntando uma lupa e uma lanterna para brincar de detetive. E, de brinde, você ainda descola um largo sorriso de felicidade. Que tal?

Até amanhã!

Por Ananda Figueiredo 13/10/2017 - 16:10 Atualizado em 14/10/2017 - 16:46

Hoje é dia de conhecermos as razões de 21 a 25 para incentivar seu pequeno a brincar! Vamos lá:

21) Começaremos com uma razão que, na sua infância, aposto, você conhecia bem: SUJEIRA! No livro Let them eat dirt: saving your child from an oversanitized world (que pode ser traduzido como Deixe que eles comam terra: salvando seus filhos de um mundo hiper-higienizado), os microbiologistas B. Brett Finlay e Marie-Claire Arrieta afirmam que sujeira faz bem. Permitir que seu pequeno se suje na grama, na areia ou no parquinho estimula o contato com "bactérias boas", chamadas assim porque são necessárias para o funcionamento saudável do corpinho do seu filho ou filha. Em outras palavras, brincar na sujeira aumenta a resistência a alergias e, de quebra, induz à felicidade e ao prazer, o que tem por consequência aumentar a imunidade.

22) Brincar pode tornar seu filho uma criança "sem vergonha". Se seu filho ou filha é daqueles que tenta se esconder atrás de você quando vê alguém, é provável que ele tenha dificuldades para expressar suas emoções ou dar uma opinião. No jogo coletivo ou no faz de conta, por exemplo, costuma ser mais fácil que a criança se solte e comece a superar a timidez.

23) Por falar em "faz de conta", é importante falarmos que é natural que a criança se interesse pelo mundo adulto, afinal, você é o grande exemplo para seu filho ou filha. Essa curiosidade se reflete nas brincadeiras, como a de mamãe e filhinho ou as relacionadas às profissões. É esse faz de conta que permite que a criança se insira no seu meio, resolva problemas e ensaie papeis sociais que terá que realizar mais adiante.

24) Na esteira do "faz de conta", no mundo da fantasia a criança pode ser o que quiser: cozinheiro, astronauta, atleta, super-heroína, médica... Além disso, é na fantasia que a criança pode dar novas funções aos objetos: uma vassoura vira cavalo e um lençol vira capa. Para estimular os exercícios de criatividade, ofereça sempre a seus pequenos brinquedos estruturados (jogos prontos) e não estruturados (sucata, por exemplo).

25) Ele está doentinho? Brincar costuma funcionar como uma terapia: a diversão provoca a liberação de endorfinas, popularmente chamada de hormônio do bem-estar. Ele é tão importante que pode até aliviar temporariamente a dor.

Quer mais motivos para deixar seu filho brincar? Amanhã lhe mostrarei mais cinco. Acompanhe!

Por Ananda Figueiredo 14/10/2017 - 17:00 Atualizado em 14/10/2017 - 17:25

Penúltimo post da semana da criança sobre a importância do brincar. Você está acompanhando? Vou facilitar sua vida: Partes I, II, III, IV, V. Agora que você já leu as razões de 1 à 25, vamos as próximas:

26) Crianças, especialmente aquelas com menos de três anos, têm dificuldades para dividir. Mas, com a orientação de familiares e educadores e com o estímulo à brincadeiras partilhadas, aos pouquinhos, a criança vai percebendo que o compartilhar é positivo: o preço para que eu tenha um pouquinho do outro é que eu dê um pouquinho de mim. O aprendizado da generosidade começa assim e depois vai se tornando mais complexo - quando a criança aprende a doar os brinquedos que não usa mais para alguém que não tem, por exemplo.

27) Por falar nisso, o brincar também é um excelente meio de ensinar as crianças sobre o consumismo: desde que não é bacana comprar um novo brinquedo a cada passeio até o cuidado que precisa ter com os seus jogos, bonecas, carrinhos, etc, para que durem mais. Que tal participar de uma feira de troca de brinquedos ou fazer junto com a pequena ou o pequeno uma limpa antes da festa de aniversário ou do natal?

28) O desenvolvimento da linguagem e da oralidade é outra conquista do brincar tanto para a criança que está aprendendo a falar quanto para aquela que já está ampliando seu vocabulário. Isso, claro, porque para se comunicar com os colegas e amigos ela precisa nomear objetos, ações e expressar sentimentos, desejos e dificuldades.

29) A brincadeira permite ainda que a criança comece a calcular riscos e tomar decisões: "Será que empurro com mais força este balanço?", "Será que vou me machucar?". 

30) Seja de escuro, de cachorro, de trocão ou de dentista, é normal que a criança tenha medo. E se eu lhe disser que brincando ela tem a chance de lidar com isso de forma mais leve? Se sua filha ou filho tem medo de ir ao pediatra, por exemplo, dê a ele um kit de médico e brinque como se fosse o paciente. Se tem medo de mostro embaixo da cama, ponha um líquido aromatizado em um borrifador e o transforme em uma poção espanta monstro. Que tal?

Amanhã encerraremos nossa série sobre a importância do brincar e eu quero ouvir você: na sua opinião, brincar é ou não importante?

Por Ananda Figueiredo 15/10/2017 - 16:50 Atualizado em 17/10/2017 - 10:56

Último post da série sobre a importância do brincar nesta semana da criança. Vamos às últimas cinco razões?

31) Brincar aflora os sentidos. Cantando e dançando num banho, a criança aproveita muito mais a sensação da água caindo no corpo. Na pracinha, a criança pode aprender a diferenciar a brisa do vento, assim como sentir diferentes temperaturas, daquela da madeira ao metal. O barulho do carro, o som do passarinho... tudo isso promove o desenvolvimento integral dos pequenos e pequenas.

32) Todo jogo tem regras, certo? Mas, quando a criança sugere mudanças - e faz isso de forma respeitosa - ela também aprende a questionar (não é só da fase dos "porquês" que nasce este aprendizado). Com já dizia Einsteis, não são as respostas que movem o mundo, são as perguntas.

33) No nosso dia a dia corrido, em que precisamos conciliar trabalho, supermercado, levar os filhos à escola, agendar com o pediatra, ir à academia e tantas outras coisas, o brincar pode ser um grande aliada para deixar o dia mais leve - inclusive o nosso! Em vez de brigar com o seu filho ou filha para guardar os brinquedos ou vestir logo o uniforme, que tal competir por quem consegue se trocar mais rápido ou guardar a maior quantidade de brinquedos? Outras sugestões que costumo fazer no consultório são brincar de basquete com o cesto e as roupas sujas ou desenhar na hora do banho com aqueles giz de cera laváveis.

34) Quando você brinca com seus filhos e filhas, estreita laços afetivos e aumenta ainda mais o amor entre vocês. Unir pais, mães, avós e dindos com os pequenos e pequenas é um maravilhoso poder da brincadeira. Mas, para isso, você precisa estar inteiro e disponível naquele momento, ok? Mesmo que seja por meia hora, esteja em essência e entre de cabeça no faz de conta.

35) Com a criança inserida cada vez mais cedo no nosso mundo competitivo, em que até a brincadeira é usada para atingir determinados objetivos e, assim, ela já sofre pressão por resultados, um grande benefício do brincar é justamente o brincar: livre, sem cobranças e preocupações com resultados, pura alegria e diversão. Como já disse Mário Quintana, as crianças não brincam de brincar, elas brincam de verdade. Por isso, deixe a sua criança (sua filha, seu filho e, inclusive, sua criança interior) brincar e, "simplesmente", ser feliz!

Feliz dia das crianças aos pequenos e aos grandinhos!

Por Ananda Figueiredo 16/10/2017 - 23:50 Atualizado em 17/10/2017 - 13:58

Não é mentira. Atrás apenas da infidelidade e dos problemas financeiros, o ronco é uma das maiores causas de divórcios no Brasil e no mundo.

Uma pessoa com apneia do sono (grosso modo: transtorno que provoca o ronco) sai do sono profundo toda vez que perde o ar - o que pode acontecer mais de 300 vezes em apenas uma noite. No entanto, apesar de não conseguir descansar com qualidade, a pessoa não percebe o que ocorre com ela. Já quem dorme ao seu lado...

Rosalind Cartwright, do Centro Médico Rush, em Chicago, pesquisa a relação entre casamento e apneia do sono. Com um dos casais que estudou, um exame de eficiência do sono revelou que o resultado da esposa que dormia com o marido roncador era de apenas 73%, sendo que o normal é acima de 85%. Seu sono era interrompido mais de trinta vezes pelos roncos; cada roncão mais alto resultava no acordar e significava 4 minutos de sono interrompido. Matematicamente: 2 horas insones por noite. Isso quer dizer que, de 8 horas que ela passava na cama, dormia de fato menos de 6 horas.

Além disso, o ronco tende a trazer um sério problema de comunicação: a "vítima" do roncador não consegue explicar o impacto do problema para si, porque a experiência de quem ronca é muito mais branda - e isso pode ser extremamente frustrante.

Diante deste problema, muitos casais optam por dormir em quartos separados. Na literatura, é comum encontrarmos este fato chamado de “divórcio do sono”, acompanhado do alerta de que costuma se tratar de uma perda progressiva da intimidade do casal, do ponto de vista sexual mas não somente: o momento antes de dormir é geralmente usado para fazer planos, tomar decisões e resolver problemas.

Ainda assim, uma pesquisa da Associação Brasileira do Sono revelou que, aproximadamente, só 10% dos roncadores busca tratamento. Hey, você, vai mesmo esperar o divórcio para só depois buscar ajuda?

Por Ananda Figueiredo 17/10/2017 - 13:30 Atualizado em 17/10/2017 - 13:56

Eu poderia ficar aqui discorrendo sobre a auto-estima feminina, sobre os padrões e pressões que atravessam o corpo da mulher, sobre tantas e tantas coisas... Mas vou compartilhar com vocês este vídeo que, como mulher e como profissional que recebe diariamente outras mulheres em sofrimento, me tocou absurdamente.

P.S.: Ele não tem fala, então tudo bem assistir sem áudio, ok? E é só 1min de vídeo, então assista até o final, por favor - vale a pena!

 

Por Ananda Figueiredo 18/10/2017 - 20:00 Atualizado em 18/10/2017 - 20:28

Você precisa reservar algum tempo para alimentá-lo, monitorar a água, levá-lo para passear e brincar um pouco com aquelas lindas bolinhas de pêlos - este é o preço para que tenhamos o amor incondicional dos nossos amados animais domésticos. Mas o que eles podem fazer por você?

Recentemente, uma série de estudos começaram a testar e confirmar os benefícios do vínculo humano-animal. Vou listar alguns:

1) O convívio com animais domésticos, sobretudo cães e gatos, reduz os riscos de doença cardíaca e diminuem os picos de pressão arterial em situações de estresse (AHA);

2) Donos de animais domésticos são menos propensos a sofrer de depressão (UFAL);

3) Brincar com os animais elevaa os níveis de serotonina e dopamina, hormônios que provocam estado de calma e relaxamento (UFAL);

4) Donos de animais domésticos têm menores níveis de triglicérides e colesterol (AHA);

5) Pacientes donos de cães que sofreram um ataque cardíaco sobrevivem por mais tempo do que aqueles sem cães (UNICID);

6) Donos de animais com mais de 65 anos fazem 30 % menos visitas a seus médicos do que aqueles sem animais de estimação (SBGG).

Diante de todos estes dados, o que você está esperando para esmagar seu bichano e agradecê-lo pelo bem que lhe faz?

P.S.: Caso você ainda não tenha um, entre em contato com a SOS Vira-Lata, ONG que encaminha animais para adoção aqui na nossa região. Tenho certeza que um dos gatinhos ou cachorrinhos vai concordar em adotar você, assim como esta gatinha da foto, a Frida, me adotou há um ano atrás ;)

 

Por Ananda Figueiredo 20/10/2017 - 16:00 Atualizado em 20/10/2017 - 16:35

 

Você sabe o que seu filho ou filha mais quer? Um brinquedo novo? Aquele tênis da propaganda? Eu não conheço o seu filho, mas sei o que as crianças, em geral, querem: atenção. Minutos em que você realmente está na presença dele, prestando atenção somente nele; um tempinho em que você está ali em essência e que ele é seu mundo. Lindo isso, não é mesmo? Mas, e se eu te disser que muitos pais e mães têm dado esta atenção nas horas erradas?

Costumo dizer que atenção negativa também é atenção. Vamos lá: seu filho, como toda criança, em algum momento terá um comportamento que você desaprova. Pode ser um momento de birra em local público, uma desobediência na escola seguida de uma reclamação da professora, um empurrão no amigo no parquinho… Diante disso (se você já tiver abdicado da punição física, como todas as linhas da psicologia e da pedagogia orientam), você chegará em casa, sentará em frente ao seu filho e dará início a um "sermão". Dezenas e dezenas de frases tentando fazê-lo entender que agiu errado, explicando as consequências e qual seria a melhor forma de se comportar naquela situação. Claro, esta orientação precisa ser feita. No entanto, além do fato de que as crianças, em geral, não conseguem manter sua atenção e ter um bom nível de compreensão em conversas muito extensas, temos aqui uma outra questão: naquele momento, na hora do sermão, seu filho conseguiu sua atenção plena. Movidos por nossas emoções, algumas vezes por decepção e até pela raiva, estamos ali, concentrados em dizer como nos sentimos e o quanto ele precisa melhorar. De tudo isso, o que a criança entenderá melhor é: quando eu não me comporto da forma que meus pais desejam, eles me dão a atenção que eu tanto quero. É claro que este não é um processo consciente, mas nós sabemos que as crianças são muito mais perceptivas do que nós. No outro dia, quando o comportamento dele foi ok, como nossa rotina não permite grandes momentos de descanso ou de brincadeira com os pequenos, nos ocupamos em dar banho, dar comida, conferir as tarefas e pôr para dormir. Tudo isso, com a cabeça na programação do dia seguinte. Assim, a necessidade de atenção real que nossos filhos querem não é atendida. Moral da história: você acabou de ensinar ao seu filho a continuar agindo diferente das suas orientações.

Mas então, o que fazemos? Minha dica é: acostume-se a atender a real necessidade de seu filho, a necessidade da sua atenção plena, mas nos momentos positivos. Dê elogios, lhe diga e mostre com as suas atitudes o quanto ele ou ela é uma criança especial. Quando ele não se comportar adequadamente - e nós sabemos que isso vai acontecer muitas vezes ainda -converse com ele, mas em poucas palavras. Ou seja, não dê atenção à ele, só ao problema. A situação é, certamente, muito menor do que o amor que você tem pelo seu pequeno - demonstre isso na forma que você empenha seu tempo e atenção.

Por Ananda Figueiredo 23/10/2017 - 19:45 Atualizado em 23/10/2017 - 20:00

A depressão, apesar de afetar mais de 300 milhões de pessoas no mundo de acordo com a Organização Mundial da Saúde, ainda é vista por muitos como frescura, falta de vontade ou fraqueza. Mas qual é a imagem que você faz de uma pessoa fraca?

Compartilho com você a reportagem que foi ao ar ontem no Esporte Espetacular (programa da Rede Globo) para que, caso você não tenha assistido, possa conferir o depoimento de jogadores de alto nível, homens reconhecidos em sua profissão, que sofreram ou ainda sofrem de depressão. Nomes como Nilmar, jogador do Santos, ex-atacante do Internacional, do Corinthians e da seleção brasileira, que segue em tratamento; Thiago Ribeiro, atacante do Santos que fez tratamento para a doença durante nove meses; Pedrinho, ex-jogador do Vasco, do Palmeiras e da seleção brasileira, que sofreu com depressão quando se machucou; Cicinho, atual jogador do Brasiliense e ex-Real Madri, cuja doença culminou no alcoolismo; e até mesmo o aclamado Ronaldo Fenômeno, que lutou contra a depressão na mesma época em que sofreu as lesões no joelho.

Confira:

 

Por Ananda Figueiredo 24/10/2017 - 17:00 Atualizado em 26/10/2017 - 18:49

A campanha "Conecte-se ao que importa" está circulando pelo whatsapp hoje. Ela foi desenvolvida pelo programa Dedica – Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, da Associação dos Amigos do Hospital de Clínicas, e tem o propósito de enfrentar uma das formas atuais do abandono: a violência virtual, que se inicia com a negligência dos pais e cuidadores de grande parte das crianças e adolescentes pelo desvio de seus olhares e atenção para as telas do mundo virtual.

Veja as imagens abaixo, reflita, confesse e transforme sua realidade:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Por Ananda Figueiredo 26/10/2017 - 20:00 Atualizado em 27/10/2017 - 11:42

Você já ouviu falar em disciplina positiva?

A disciplina positiva defende que, ao invés do castigo (e nem vamos entrar no assunto da punição física), você aplique com seus filhos e filhas a consequência lógica. Vou te explicar melhor do que se trata utilizando um exemplo. Acompanhe:

Um de seus filhos está dormindo e o outro brincando com você. Animado com a sua presença, o acordado começa a fazer barulhos e falar alto. Como você não quer que seu outro filho, aquele que está dormindo, acorde, pode pensar em ameaçar um castigo para o primeiro, certo? "Se você continuar fazendo barulho, vou parar de brincar com você!" seria uma frase comum neste tipo de situação. Na consequência lógica, por sua vez, a fala seria: "Eu entendo que você está muito feliz e isso te faz querer comemorar e fazer barulhos altos, não é meu filho? Mas se você gritar, vai acordar seu irmão e vou precisar para de brincar com você para ir lá atendê-lo. Ele vai ficar chateado e isso não seria legal. Como podemos resolver essa questão?"

Percebeu a diferença?

Na consequência lógica, nós incluímos a criança na situação e na construção da solução, explicamos à ela o que está acontecendo e o porquê das coisas. Assim, a criança se sente parte de todo o processo, além de que as consequências de seus atos passam a ser entendidas com uma certa lógica, o que ajuda na prevenção de próximos episódios - ela entendeu e por isso não vai repetir, já que não quer chatear você e o irmão, muito menos ficar sem sua companhia na brincadeira. Além disso, o uso da consequência lógica ensina a criança que o barulho é chato e inconveniente algumas vezes, mas que isso não a torna chata - ela é apenas uma criança que, como a criança que é, não sabe lidar com a felicidade e a energia como um adulto, em tese, saberia. Quando brigamos, em contrapartida, não promovemos empatia com o irmão, mas sim raiva; não promovemos cooperação, mas competição e autoritarismo; não ensinamos algo contínuo, afinal, a criança não entendeu nem mesmo nesta, que foi a primeira vez. 

Sendo assim, que tal repensar o castigo? Se quiser saber mais a respeito, recomendo o livro "Disciplina positiva", de Jane Nelsen. Vale a leitura, mas apenas para aqueles pais e mães que pretendem formar adultos mais seguros, empáticos e felizes ;)

Por Ananda Figueiredo 02/11/2017 - 20:00 Atualizado em 03/11/2017 - 15:00

Uma semana longe do blog. Uma semana longe do trabalho. Uma semana depois de quatorze anos. Vou explicar melhor…

Pelas minhas contas, em quatorze anos, foram treze ginecologistas - a maior parte deles recomendou atividade física ou uma vida com menos estresse, afinal, “a dor é psicológica”. Desculpem, eu não contei as idas ao pronto socorro, afinal elas sempre resultaram em soro+receita.para.qualquer.remédio.para.dor. Por escolha, decidi não contar também as vezes que ouvi que “vida de mulher é assim mesmo” ou que “ninguém desmaia de dor”, que “cólica é normal”. Fiz um esforço para esquecer as expressões das pessoas que me viram chorando, aparentemente julgando minhas reações como exageradas ou histéricas. Também não contabilizei as vezes em que fui para o trabalho, mesmo sem ter condições de trabalhar, porque “cólica não é motivo para atestado médico”. Aí, na semana passada, recebi um diagnóstico: endometriose. Com ele, uma indicação cirúrgica.

Ainda em recuperação, decidi vir aqui compartilhar com vocês o que aprendi nos últimos dias:

Grosso modo, endometriose é uma doença que se instala no útero, nos ovários, nas trompas e em outros órgãos abdominais, quando o endométrio, que deveria ser expelido pela menstruação, migra no sentido oposto e se aloja na cavidade abdominal. Além das cólicas insuportáveis, os sintomas de endometriose incluem dor abdominal e pélvica, dor durante a relação sexual, sangramento menstrual intenso ou irregular, alterações intestinais ou urinárias durante o período menstrual e dificuldade para engravidar ou infertilidade. É uma doença crônica, que não tem cura, mas que tem um bom prognóstico após a intervenção cirúrgica. Na ausência de diagnóstico e tratamento, pode levar a morte.

Apesar da seriedade, um estudo da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia identificou que 53% das mulheres nunca ouviram falar da doença. O mais impressionante, no entanto, é que os médicos também estão pouco familiarizados (será?) com a endometriose: em média, as mulheres passam por seis médicos e demoram de sete a dez anos para serem diagnosticadas e, obviamente, tratadas.

Outro ponto, importante para mim como psicóloga, é que sim, existem dores causadas pelo estado psicoemocional, mas, vocês sabem, também existe a dor física. Ao mesmo tempo em que percebemos uma resistência na sociedade e, ainda, na medicina, com as questões psíquicas, usamos deste título para justificar aquilo que não compreendemos - ou que não desejamos compreender. Além de postergar um adoecimento que poderia facilmente ser tratado se diagnosticado no início, causa uma outra dor: a dor de ser responsabilizada pelo seu sofrimento (lê-se: eu estou exagerando, eu estou criando esta dor… e, se eu crio, posso também dar fim à ela).

Não posso, ainda, me furtar de citar a responsabilidade cultural e social, afinal, talvez seja apenas o velho hábito de rapidamente qualificar as mulheres como “histéricas” ou “exageradas”. Além do mais, vocês já viram algum homem sofrendo com dor? Ao que parece, isso não costuma acontecer (espero que vocês leiam a ironia aqui).

Enfim, este texto é uma tentativa de:

1. Dizer que dor é dor, e que a única pessoa capaz de medi-la é quem a sente.

2. Alertar que cólicas não são normais e que existe uma doença - e seu respectivo tratamento - que dará fim ao que você sente.

3. Recomendar a Manu (Dra Manoela Vieira Bez), ginecologista que me acolheu, ouviu e descobriu o que eu tinha, e a Joana (Dra Joana Scheidt), cirurgiã que me operou. Dobradinha de sucesso que está me permitindo dormir com a sensação de que, no final do próximo ciclo, o que virá, realmente, vai ser o normal.

Quanto ao blog, obrigada por compreenderem a ausência. Como eu, ou seja, como alguém que se ausenta de repente e precisa voltar aos poucos, ele está voltando a atividade.

Por Ananda Figueiredo 10/11/2017 - 20:00 Atualizado em 10/11/2017 - 21:05

 

Hoje vamos falar das contribuições da psicologia na sua busca para encontrar a pessoa dos seus sonhos. E não, isso não é um passo a passo. Na verdade, hoje nos vamos conversar sobre idealização. Idealizar é um verbo que combina muitíssimo bem na infância, quando por exemplo, vimos nossos pais e mães como perfeitos, como nossos heróis. Já na vida adulta, muitas pessoas não conseguem se distanciar do hábito da idealização. Idealizam a escolha profissional, o novo emprego, a festa que estão organizando e, principalmente, sua futura relação amorosa.

Idealizar o amor é muito comum, ainda mais para aqueles que estão emocionalmente carentes ou machucados. E aí, enquanto você está pintando detalhadamente todas as características da pessoa dos seus sonhos, um número infinito de pessoas reais, que poderiam ser incríveis, passam ao seu lado, param em sua frente e... você não percebe. Ou, pior do que isso, idealizamos como incrível alguém que, na realidade, nao é tão bacana. São tantos planos, tantos projetos de futuro ao lado da pessoa, tantos cenários fabulosos, que podemos acabar fechando os olhos para a realidade. Apegados a idealização, passamos a encontrar desculpas para comportamentos inadequados, aceitamos explicações fajutas para negligências, permitimos invasões e vamos autorizando a manutenção de uma relação que está longe de ser a ideal.

Costumo brincar que, se a pessoa perfeita existisse, ela estaria em busca de outra pessoa perfeita, certo? Como você bem sabe, não é perfeito, assim como eu e como todos os outros leitores do blog. Somos cheios de defeitos, esta é a realidade. E, como tal, somos falhos e vamos frustrar, vamos decepcionar, ainda que essa não seja nossa intenção.

A verdade é que ninguém tem somente características positivas. Se você espera por alguém assim ou vê alguém desta forma, acredite, está é uma forma parcial, incompleta, irreal de ver a pessoa e o relacionamento. Numa relação amorosa, na medida em que conhecemos mais o outro e que nos descobrimos na companhia do outro, vamos descobrindo aspectos que não são tão bonitinhos como esperávamos. Aí, o desafio é  manter nosso amor em contato com a raiva e com a frustração e suportar sentir, de verdade, tudo isso pela mesma pessoa.

Quanto a pessoa dos seus sonhos, se ainda quiser encontra-la, minha dica é: durma. Depois, quando acordar, abra bem os olhos para contemplar a beleza que está no real!

Por Ananda Figueiredo 14/11/2017 - 17:00 Atualizado em 14/11/2017 - 17:23

O escritor Patrick S. Tomlinson compartilhou em suas redes sociais uma pergunta bastante interessante. Trata-se de um “experimento do pensamento”, de forma que você precisa confrontar o pior cenário possível, sem poder mudá-lo. Vamos a ele:

Imagine a seguinte situação: você está em uma clínica de fertilidade. O alarme de incêndio toca. Você corre para a saída de emergência. No caminho, você ouve uma criança gritando por trás de uma porta. Você abre a porta e encontra uma criança de cinco anos chorando por ajuda. No outro lado da sala, você detecta um recipiente congelado rotulado como “1.000 embriões humanos viáveis”. Neste ponto, a fumaça está aumentando. Você começa a sufocar. Você sabe que você só terá tempo de salvar um ou outro, mas não ambos, antes de sucumbir a inalação de fumaça, desmaiar e morrer, não salvando ninguém. Você: a) salva a criança, ou b) salva os mil embriões? Importante dizer que não há “c)" - a única outra alternativa é que todos morrem.

A questão de Tomlinson é extremamente pertinente em tempos de PEC 181 (aquela que criminaliza aborto até mesmo em casos de estupro). O escritor afirma que aqueles que acreditam que a vida começa na concepção e que as mulheres não devem poder abortar porque isso é o equivalente a um assassinato, seriam coerentes apenas se escolhessem salvar os mil embriões, já que salvariam mil pessoas, ao invés de uma. Agora, aqueles que não acharam a questão nem um pouco complicada, provavelmente salvariam a criança de cinco anos, afinal não consideram os embriões bebês.

Aqui não tem certo e errado, então não se preocupe de parecer cruel caso sua resposta seja "B". Afinal, muitos já soam cruéis quando argumentam que vítimas de estupro devem ser forçadas a dar à luz os bebês de seus atacantes. O que importa aqui é a reflexão e, felizmente, este é só um exercício mental. E então, qual seria a sua decisão?

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