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* as opiniões expressas neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do 4oito
Por Ananda Figueiredo 16/11/2017 - 16:00 Atualizado em 16/11/2017 - 16:01

O sociólogo Zygmunt Bauman já anunciou: o amor moderno é líquido. Essa expressão, além de afirmar a fluidez das relações e, nas palavras do autor, "que nada é feito para durar", nos traz uma metáfora interessante, e é sobre ela que eu quero refletir com vocês hoje, ouvintes: a metáfora da água. Ora, não há uma forma exata de água, um único jeito correto de parecer água. Se colocamos água num copo, ela tem a forma de um copo; se colocamos num jarro, veremos água em forma de jarro. Mas parecer com jarro não é melhor ou pior que parecer com copo, é apenas mais uma forma de ver a água.

Dito isso, voltemos ao amor e aos relacionamentos: não há uma única forma de sentir amor. É verdade que nunca houve esta única forma, mas o fato é que estamos lidando, cada vez mais, com um processo de assumir a beleza dos diferentes tipos de amor. Mesmo a monogamia, tradicional em nossa cultura, tem se adaptado como água ao formato de recipiente em que está. Felizmente, tem extrapolado, por exemplo, os muros da heterossexualidade. Mas hoje quero conversar com vocês sobre dois formatos que tem aparecido mais nas rodas de conversa e nas notícias cotidianas: o poliamor e os chamados relacionamentos abertos.

Grosso modo, poliamor é a definição de um tipo de relacionamento simultâneo entre três ou mais pessoas e com o conhecimento de todos. Já nos relacionamentos abertos, os parceiros envolvidos concordam com uma forma de não-monogamia, ou seja, relações afetivas/sexuais com terceiros não são consideradas traição ou infidelidade. Parece estranho para você?

Sim, nós fomos educados para crescer, casar e ter filhos. Mas quem é que pode dizer que esta é a fórmula perfeita da felicidade? Trabalho com famílias e casais e sei que muitas são as possibilidades de não funcionamento deste modelo. A frequência da infidelidade é o maior exemplo de que a monogamia não está acima dos outros formatos de amar. E, só pra deixar claro, que ótimo se esta fórmula funciona para você! O que quero enfatizar é que tanto os relacionamentos abertos quanto o poliamor têm algo muito importante para ensinar aos adeptos das relações tradicionais: a importância do acordo para a felicidade familiar. A fidelidade é importante para você? Combine isso com o seu parceiro ou parceira. Acorde o que é fidelidade e quais os limites dela na relação. Infidelidade é ter relações sexuais com outra pessoa? É conversar pelo whatsapp com o colega de trabalho e esconder isso do parceiro? Enfim, o que é certo e o que é errado para este casal? Converse, esclareça e alcance um ponto comum, uma espécie de acordo final. Mas, se você quiser um amor livre, tudo bem também, desde que haja honestidade entre todas as pessoas envolvidas nesta relação. Aliás, é isto que diferencia o poliamor e o relacionamento aberto das costumeiras infidelidades conjugais: enquanto no primeiro há acordo das ações e o direito é de todos, o segundo implica em deslealdade, segredos e, com frequência, na aplicação unilateral da liberdade.

Para finalizar, já dizia a minha avó: o combinado não sai caro. Que nós consigamos então compreender que, como cantava Lulu, todas as formas de amor são justas, e aprender com o que cada uma delas tem a nos ensinar.

Por Ananda Figueiredo 20/11/2017 - 18:40 Atualizado em 21/11/2017 - 08:39

Deixei para escrever este texto no final do dia porquê, propositalmente, quis ouvir os comentários das pessoas com quem cruzei acerca do dia da consciência negra. Alguns, confesso, provoquei a fala através da simples menção à data. Ao entardecer de hoje, só consigo pensar em uma frase: nem tudo é sobre você.

Claro, se você é negro, é certo que já terá notado isso há muito tempo. Agora, se você está entre aqueles que foram privilegiados ao longo da história do nosso país, te convido a fazer esse exercício mental: tente trazer à memória os momentos em que você esteve em um círculo social quando qualquer assunto relacionado a negritude surgiu e preste atenção no que ocorre logo em seguida. O que você vê? Eu percebi um esforço tremendo na construção de um discurso que ateste que aquela pessoa não é racista. Neste momento, eu nem estou me referindo à clássica frase "eu não sou racista, mas...", mas ao quanto precisamos parar de nos ausentar de um problema que acontece, é fato, e no qual o buraco é muito mais embaixo. Apesar de eu nunca ter ouvido alguém admitir que é racista, a realidade que se apresenta ainda é essa. Duvida? Veja os dados abaixo:

- De cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras (IPEA e Fórum Brasileiro de Segurança Pública);

- Em 2015, os brasileiros brancos ganhavam, em média, o dobro do que os negros: R$1589, ante R$898 mensais. Estima-se que apenas em 2089, daqui a pelo menos 72 anos, brancos e negros terão uma renda equivalente no Brasil (IPEA/PNAD);

- 67% dos negros no Brasil estão incluídos entre os brasileiros que recebem até 1,5 salário mínimo, enquanto o mesmo ocorre com 45% dos brancos (IPEA/PNAD);

- Entre 2003 e 2013, o número de mulheres negras assassinadas cresceu 54%, ao passo que o índice de feminicídios de brancas caiu 10% no mesmo período (Mapa da violência 2015);

- Mulheres negras são mais atingidas pela violência obstétrica (65,4%) e pela mortalidade materna (53,6%) (Ministério da Saúde e Fiocruz);

- Só 10% dos livros brasileiros publicados entre 1965 e 2014 foram escritos por autores negros (UnB);

- 80% dos personagens retratados pela literatura nacional são brancos (UnB);

- Homens negros são só 2% dos diretores de filmes nacionais. Não há registro de nenhuma mulher negra nesta posição (UERJ);

- Dentre os filmes produzidos no Brasil que alcançaram as maiores bilheterias entre 2002 e 2014, apenas 31% tinham no elenco atores negros, quase sempre interpretando papeis associados à pobreza e criminalidade (UERJ).

Se você ainda não está satisfeito com esses dados, coloque-os diante do resultado do Censo: mais da metade da população brasileira (54%) é de pretos ou pardos. Quer mais? Treine seu olhar para perceber onde estão os negros e negras nos espaços em que você frequenta. Sabe a praça de alimentação do shopping? O pronto-socorro hospitalar? A empresa em que você trabalha? Só por uns minutinhos, tire o olhar do seu umbigo e observe. Não importa se você "não é racista", nem tudo é sobre você - é sobre uma sociedade que é diversa, plural, desigual e racista e, você sabe, para curar qualquer doença, é preciso reconhecê-la.

Por Ananda Figueiredo 22/11/2017 - 21:00 Atualizado em 22/11/2017 - 22:06

Você leu meu último texto? Nele eu escrevi sobre a necessidade que temos de afirmar categoricamente que não somos racistas. Tendo isso em vista - e acreditando que você não quer ser racista - trouxe hoje 13 expressões que podem parecer brincadeiras ou até elogios mas, na realidade, integram e reproduzem o discurso opressor de superioridade dos brancos frente aos negros. Vamos aprender juntos? Veja só:

1 - "Serviço de preto": iiixi, como eu ainda escuto isso por aí! Esta expressão é usada para desqualificar determinado esforço e/ou trabalho. Trocando em miúdos, fazer “serviço de preto” é igual a ser desleixado, enquanto o “bom” trabalho seria o do branco. 

2 - "A coisa tá preta": a situação aqui é a mesma da anterior - se a coisa está preta, é porque ela não está boa.

3 - "Mercado negro", "magia negra", "lista negra" e "ovelha negra": precisa explicar? Em todos estes casos, "negro" funciona como um adjetivo que substitui "ruim".

4 - "Denegrir": sinônimo de difamar, possui na raiz o significado de “tornar negro”, como algo maldoso e ofensivo, “manchando” uma reputação antes “limpa”.

5 - "Inveja branca": finalizando a leva de palavras e expressões que associam negro e preto à comportamentos negativos, temos a“inveja branca”, tida como a inveja boa, “positiva”.

6 - "Não sou tuas negas": esta ganhou a internet nos últimos tempos. Facilmente explicável se lembrarmos de que quando se tratava do comportamento para com as mulheres negras escravizadas, assédios e estupros eram recorrentes. Na frase está claro que com as negras pode-se desfazer, assediar, maltratar, etc., e com as demais não.

7 - "Cor de pele": aprende-se desde criança que “cor de pele” é aquele lápis meio rosado, meio bege. Mas é evidente que o tom não representa a pele de todas as pessoas, principalmente em um país como o Brasil. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2014, realizada pelo IBGE, 53% dos brasileiros se declararam pardos ou negros.

8 - "Doméstica": negras eram tratadas como animais rebeldes e que precisavam de “corretivos” para serem “domesticados”.

9 - "A dar com pau": expressão originada nos navios negreiros. Muitos dos capturados preferiam morrer a serem escravizados e faziam greve de fome na travessia entre o continente africano e o Brasil. Para obrigá-los a se alimentar, um “pau de comer” foi criado para jogar angu, sopa e outras comidas pela boca.

10 - "Meia tigela": os negros que trabalhavam à força nas minas de ouro nem sempre conseguiam alcançar suas “metas”. Quando isso acontecia, recebiam como punição apenas metade da tigela de comida e ganhavam o apelido de “meia tigela”, que hoje significa algo sem valor, algo medíocre.

11 - "Mulata": na língua espanhola, o termo "mulata" referia-se ao filhote macho do cruzamento de cavalo com jumenta ou de jumento com égua. Se isso não fosse o bastante, a enorme carga pejorativa é ainda maior quando se diz “mulata tipo exportação”, reiterando a visão do corpo da mulher negra como mercadoria. A palavra remete à ideia de sedução, sensualidade.

12 - "Samba do crioulo doido": título do samba que satirizava o ensino de História do Brasil nas escolas do país nos tempos da ditadura, composto por Sérgio Porto (ele assinava com o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta). No entanto, a expressão debochada, que significa confusão ou trapalhada, reafirma um estereótipo e a discriminação aos negros.

13 - "Moreno" ou "Morena": racistas, autodeclarados ou não, acreditam que chamar alguém de negro é ofensivo. Falar de outra forma, como “morena” ou “mulata”, embranquecendo a pessoa, “amenizaria” o “incômodo”.

E então, que tal nos preocuparmos menos com provarmos que não somos racistas e mais em como não reproduzir o discurso opressor para realmente não sermos racistas? Podemos começar banindo estas expressões de nossa fala ;) Conto contigo!

 

Apoio: Géledes - Instituto da Mulher Negra

Por Ananda Figueiredo 23/11/2017 - 18:00 Atualizado em 23/11/2017 - 19:39

Recebi ontem pelo whatsapp um áudio que se espalhou no norte do estado. Nele, uma mãe desesperada e com raiva porque seu filho de 5 anos havia levado uma boneca para casa no final de semana, sob orientação da professora. Segundo a mãe, "boneca é brinquedo de menina" e manda-la pelo menino é “ideologia de gênero”.

Eu não vou me alongar aqui sobre esta tal ideologia de gênero que muito tem se falado ultimamente, mas o assunto já está na lista para os próximos posts do blog. Sobre o fato em si, vou dizer apenas que a boneca em questão era a Mariana Conta 1, personagem do desenho Galinha Pintadinha que ensina os números (se quiser saber mais sobre o caso, uma rápida busca no google pode te conar dos detalhes). Este texto é, na verdade, sobre o que este episódio me fez refletir: sobre pais que não sabem ser pais.

Vez por outra recebo no consultório pessoas que têm grandes dificuldades relacionais e cujo problema começou na relação que não tiveram com seus pais. Em geral, as tarefas de cuidado, o carinho, o afeto, se desenvolveram apenas com a mãe. Recebo também muitas mulheres-mães que reclamam que os pais não participam da educação dos filhos e filhas. Mas o que tem me deixado curiosa nos últimos tempos é que é crescente o número de homens que me procuram porque perceberam, com o nascimento dos filhos, que não sabem como se aproximar da criança, o que lhes causa grande sofrimento.

Não se trata de desamor, se trata de desajeito. Eles não sabem como pegar, não sabem como trocar fralda, não sabem muitas e muitas coisas e, para piorar, tem medo de aprender. Primeiro, porque aquilo é tão distante da sua realidade que não sabem nem por onde começar. Segundo porque, apesar do grande desejo de estar com o seu bebê, se condenam porque isto, da forma como aprenderam, é tarefa da mãe – seu "papel de homem" é pôr comida na mesa. Eu também pensava que estes preconceitos estavam diminuindo, mas no interior do consultório, onde todos sabem que seus segredos estarão muitíssimo bem guardados, estas confissões aparecem. O fato é: ainda são muitos os pais que não sabem ser pais.

Salvo aqueles que realmente negam este papel, o que eu quero dizer é que não saber ser pai não é só responsabilidade daquele homem. Nós, mulheres, ganhamos uma boneca como primeiro brinquedo e fomos estimuladas a brincar de mamãe. Eles, os homens, não só não ganham a boneca como ainda recebem olhares atravessados de “isso não é coisa de menino” quando, por alguma razão, tem uma boneca em mãos. E aí, de forma bem generalizada e extrema, eles crescem aprendendo que precisam ser bons em direção, afinal brincaram muito de carrinho. E nós, mulheres, aparentemente precisamos sair na frente no cuidado com o bebê, já que temos anos de experiência cuidando das nossas bonecas. Mas, nós sabemos, não somos mais só mães – dirigimos, trabalhamos e muuuuito mais. Os homens, por sua vez, também não podem mais ser só os responsáveis pelo dinheiro – precisam, e desejam, desempenhar as tarefas da casa e da família - principalmente estar com os filhos, para o bem de todos.

Por isso, eu te pergunto: quando um menino brinca de boneca, você tem medo de que? De que ele se torne um pai?

Por Ananda Figueiredo 28/11/2017 - 09:30 Atualizado em 28/11/2017 - 09:49

O fotógrafo brasileiro Marcos Alberti registrou reações faciais de mulheres antes, durante e depois do orgasmo para explorar a verdadeira expressão de prazer ligada à sexualidade feminina. Segundo ele, o objetivo do "The O Project" é mostrar que o verdadeiro orgasmo feminino não tem nada do que é vendido pela pornografia:

Eu queria falar sobre esse tabu de uma forma divertida e leveEu quero mostrar a realidade da vida, porque essa não é a maneira como vemos orgasmos na televisão ou na internet. Isso é real“.

Para isso,  Alberti registrou as expressões faciais de mais de 20 mulheres antes, durante e depois de usar um brinquedo sexual pessoal. A sequência de fotos revela a progressão lenta ou, em alguns casos, rápida das mudanças faciais de cada mulher enquanto ela atinge e se recupera do orgasmo. Veja as fotos:

A sexualidade feminina é repleta de tabus, silenciamentos e padrões. Que tal começarmos a lidar com o prazer de forma bem vinda e real?

Por Ananda Figueiredo 29/11/2017 - 14:30 Atualizado em 29/11/2017 - 16:28

Um ano da tragédia com o time da Chapecoense. Diante de tanta dor e consternação, gosto de escolher do que lembrar. É claro, as lembranças de tristeza não desaparecem, mas prefiro que elas não se bastem. Por isso, quero que aproveitemos a data de hoje para lembrar da Dona Ilaídes.

Dona Ilaídes perdeu o filho, o goleiro Danilo, na tragédia. Do alto de seu sofrimento, ao final de uma entrevista para o Sportv, surpreendeu o repórter Guido Nunes com a pergunta que pode ser vista no vídeo abaixo:

Se a Dona Ilaídes, ainda digerindo a intragável notícia da perda tão abrupta de um filho, conseguiu ser solidária, gentil e empática, como conseguiremos justificar nosso egoísmo?

Por Ananda Figueiredo 30/11/2017 - 17:00 Atualizado em 30/11/2017 - 17:16

 

Eu costumo brincar que as semanas no consultório tem temas. Por alguma razão que eu não sei explicar, muitos pacientes trazem as mesmas queixas. Esta semana, muito se falou sobre a birra dos bebês de colo, sobre as manhas e birras. Mas será que bebês fazem mesmo manha?

Bem, primeiro é importante entendermos o que é isto que chamamos de manha. Em geral, este julgamento está ligado a uma certa intencionalidade em um dado comportamento, com o objetivo de receber outro como resposta. Em resumo, faço isto para receber aquilo. Assim, quando dizemos que um bebê está manhoso, ou quando dizemos que ele está birrento, significa dizer que ele está se comportando daquela maneira porque quer algo em resposta. Desta forma, para fazer manha é necessário que o bebê entenda essa relação de causa e efeito entre os comportamentos. E será que ele é capaz disso?

Não. Se você fica em dúvida de pegar seu filho com menos de 1 ano no colo porque ele está chorando, não tenha dúvida. Pegue-o no colo, acolha, abrace, dê carinho - é disso que ele precisa. No entanto, prepare-se, porque a manha e a birra virão em outro momento.

Fazer manha é um comportamento previsto em crianças que estão aprendendo a lidar com a negação dos pais, ou seja, aprendendo a lidar com limites, mas ainda não conhecem outras formas de reagir. Um bebê de 2 meses, 8 meses e de até 1 ano não reage com birra porque ainda não está aprendendo a lidar com a negação. Isso virá uns aninhos depois, em geral, entre 1 ano e meio e 2 anos.

É possível que você esteja pensando que este texto não faz o menor sentido, afinal os bebês aprendem rápido que quando choram são pegos no colo. Sim, isto é verdade mas, veja bem, não se trata de uma manha ou birra. Neste caso, o bebê tem alguma necessidade e a única forma de comunicar isso é através do choro. Inclusive, cabe sempre ressaltar que as necessidades do bebê não são ligadas apenas a alimentação, a ter as fraldas trocadas ou a cólica - ele também tem necessidade de colo. E antes de julgar esta frase, pense um pouquinho nas vezes em que você também precisou ser acolhido. Todos nós precisamos, não é mesmo, inclusive os bebês ;)

Por Ananda Figueiredo 01/12/2017 - 16:00 Atualizado em 01/12/2017 - 17:08

Todos conhecem a Barbie. Diante deste nome, logo vem a nossa mente a boneca loira, alta, magra, de salto e maquiagem, ao lado do Ken, seu namorado. Mas e se eu te disser que esta imagem só revela parcialmente o que é a Barbie hoje em dia?

A Mattel, dona da marca Barbie, tem se esforçado para refletir em suas bonecas a diversidade que existe no mundo. Prova disso são as últimas coleções, que apresentam aos pequenos as mais diversas etnias(aqui e aqui), tamanhos(aqui e aqui), profissões e culturas. Agora, a novidade é que a Barbie ganhou uma namorada.

Saindo do padrão heteronormativo, a Mattel lançou a boneca Aimee, que foi anunciada em um post no perfil oficial da Barbie no Instagram

Nas montagens - que já se tornaram marca registrada da boneca, Barbie e Aimee aparecem em situações de afeto e companheirismo, exibindo uma camiseta com os dizeres "Love Wins", que significa "O amor vence" - a mais pura verdade, não é mesmo?

Por Ananda Figueiredo 06/12/2017 - 17:30 Atualizado em 06/12/2017 - 18:51

Você quer dormir, mas o vizinho está oferecendo uma festa: "ele é um mal educado!". Você precisa pôr um parafuso na parede, mas já é tarde da noite: "que reclamão, foi rapidinho!"

Você bebe uma cervejinha, dirige e é parado na blitz: "essa polícia não tem mais o que fazer?". Alguém bebe, dirige e comete um acidente: "cadê a polícia?"

Você é casado e é infiel com sua parceira: "tenho minhas necessidades". Sua esposa lhe trai: "aquela %$&*#&"

Você tem horário agendado e o médico atrasou: "que absurdo!". Você agenda horário e desistiu de ir à consulta: "ah, pra que avisar?"

Você casou grávida, escondida da família: "coisa da época, né?". A menina da sua rua engravidou: "onde já se viu engravidar com essa idade?"

Você está atrasado e dirige apressadamente, cortando os carros: "só dessa vez". Você está dirigindo e alguém lhe corta: "barbeiro!"

Você recebe um bilhete da escola dizendo que seu filho tem se comportado mal e solicitando sua presença: "a professora está implicando com meu filho!". Seu filho vai para casa com uma mordida no braço: "as professoras nunca fazem nada!"

Você espera que alguém cumpra algum combinado, mas isso não acontece: "que irresponsável!". Você esquece de fazer algo combinado: "é a correria!"

Esta lista poderia ser infinitamente mais longa, mas não é necessário. E sim, eu sei que isto não acontece com você. Mas, sabe aquele seu amigo? Aquele que você conhece muito bem? Aquele que habita a sua consciência, sabe? Pergunte para ele: quais são os relativismos que você tem utilizado para justificar as suas falhas? Com a resposta, durma e acorde amanhã com a lembrança de que a régua do certo e errado é única quando se convive em sociedade. E mais: ela não é elástica. Afinal, não é disso que você reclama quando olha para cima e vê a situação do país?

 

Por Ananda Figueiredo 07/12/2017 - 18:00 Atualizado em 08/12/2017 - 10:05

Estes dias atendi uma família e, ao final da sessão, a criança começou a chorar, aparentemente porque não queria ir embora. Os pais tiveram uma reação bastante comum, que eu tenho certeza que você já viu: diante do choro da criança, eles falaram: "Para de chorar! Você fica tão feio chorando! Se não parar, em casa te dou um motivo de verdade pro choro!". Como nosso tempo havia acabado, eu tive que guardar este assunto para a próxima sessão, mas fiquei pensando qual seria a resposta se nós invertêssemos os personagens dessa história. O que eu quero dizer é: você já experimentou chorar na frente de uma criança?

Pela minha experiência, eu arrisco dizer que a criança vai olhar para você com um rostinho preocupado e tentar lhe acalentar de alguma maneira. Pode ser que ofereça um brinquedo, um abraço ou qualquer outra forma de carinho que ela conheça. Mas eu duvido que a criança vá reprimir ou julgar o seu choro.

Esse julgamento, ou seja, esse impulso que temos em instantaneamente qualificar o sofrimento do outro como válido ou não, é ensinado geração após geração. Do mesmo jeito que costuma acontecer com os hábitos e tradições familiares, nós não nos questionamos dos porquês e das consequências dessas palavras. Ora, fomos tantas vezes desrespeitados em nossa infância, desconsiderados em nosso sentir, que desaprendemos a acolher. Claro, nossos pais e mães não fizeram de propósito para que nós sofrêssemos, assim como aquela família de quem falei também não quis o mal da criança. O fato aqui é que este dedo em riste é aprendido. Em essência, nós somos compassivos, empáticos, cuidadosos. 

E não, eu não estou aqui dizendo que você tem que atender a todos os desejos de uma criança, mas menosprezar o seu sentir certamente não é a outra única opção. Se quiser aprender a fazer diferente, aproveite a criança mais próxima pra relembrar como agir quando alguém chora. Quebre esse ciclo! Oferte um abraço, um ombro amigo! Substitua o "cale a boca" por um "eu sinto muito!".  Aí, caso sua ferida seja tão grande que lhe impede de acolher, é sinal de que chegou a hora de cuidar dela ao invés de criar novas feridas nos outros. Afinal, os outros não merecem ouvir essas palavras. Seu filho não merece. Você também não mereceu. Na verdade, bem na verdade, ninguém merece.

Por Ananda Figueiredo 14/12/2017 - 16:00 Atualizado em 14/12/2017 - 16:30

Estamos finalizando a primeira quinzena de dezembro e nosso pensamento já está nas celebrações de final de ano. Mas, no meio disso, vem a notícia: seu filho ficou de recuperação. É verdade que o boletim dele já não estava exatamente aquela maravilha, mas ainda assim, a possibilidade de reprovação lhe deixou preocupado e sem saber como agir, não é mesmo?  Tudo bem, esse é um sentimento bem comum que se constrói frente às expectativas que costumamos construir de que "tudo dará certo".

Diante da recuperação nós logo compreendemos que a criança precisará de ajuda para estudar, e isto é um fato. Se as dificuldades dela forem pontuais, o auxílio de um professor pode ser de grande valia, já que ele pode trabalhar com a criança os mesmos conteúdos, só que de maneiras mais lúdicas e atrativas que irão auxiliar na fixação. Agora, se a dificuldade for global, é difícil tentar aprender em alguns dias tudo o que não foi assimilado durante o ano todo.

De todo modo, para além do auxílio com os estudos, a também precisa de acolhimento. Afinal de contas, se você já está decepcionado, imagine ela que corre o risco de repetir o ano, perder o convívio com os amigos e ainda ouvir um belo sermão.

É importante lembrar que o objetivo da recuperação vai além das notas: é preciso ter a certeza de que a criança adquiriu a base de conhecimentos necessária para a etapa seguinte. Vamos imaginar que o problema seja com continhas de dividir, por exemplo. Se a criança não desenvolve a habilidade de calcular na divisão básica, o problema irá reaparecer na hora de aprender números decimais e frações. Aí, um problema que era pontual se torna uma bola de neve e a criança terá sempre dificuldades de aprendizagem na matemática.

Isso não quer dizer que seu filho deva estudar sem parar para "tirar o atraso". A neurociência já comprovou que horas seguidas de estudo, sem intervalo, atrapalham mais do que ajudam - até porque geram um grande estresse na criança. Agora, se mesmo com tudo isso, este ano foi difícil e a criança reprovou, respire fundo e a apoie. Entenda que a escola é um ensaio pra vida e que seus filhos precisarão refazer muitas tarefas ainda, sempre que, mesmo por um detalhe, as dificuldades que ele tem o impeçam de entregar o resultado que esperavam.

Depois das férias, quando o próximo ano letivo começar, virão as reflexões e ações corretivas. É importante observar aquilo que não funcionou na escola e também em casa. Lembre-se que seu filho precisa de rotina, ou seja, principalmente nos dias de semana, estabeleça horários para comer, descansar, brincar, dormir e estudar (lembrando que crianças que não se alimentam bem ou não tem um sono de qualidade podem ter dificuldades de concentração e aprendizagem). Seu filho também precisa de um cantinho de estudo e é simples entender o porquê: quantos adultos você conhece que conseguem se concentrar em estudar ou trabalhar na mesa da cozinha ou no sofá da sala? Por fim, seu filho precisa perceber que você está com ele pelo seu empenho, independente da nota. Mostre que o esforço real que ele fez e faz já é suficiente para que você se orgulhe dele e o ame. Afinal de contas, é isso que constroi a autoconfiança, o sentimento de que "sou capaz" e, na realidade, isso vale mais do que qualquer nota ou aprovação.

Por Ananda Figueiredo 19/12/2017 - 10:20 Atualizado em 19/12/2017 - 12:34

No último dia 11 a Câmara de Vereadores de Criciúma aprovou o projeto "Escola sem Partido". Não pretendo apresentar o projeto, que já foi citado aqui no portal algumas vezes e cujo texto inicial você pode ler aqui. Minha intenção neste texto é compartilhar minha opinião sobre o projeto. Entre, sente, pegue um chá e vamos conversar...

Em tempos em que os partidos políticos e seus representantes tomaram os meios de comunicação e têm sido o principal assunto, tenho ouvido muito a frase "não gosto de política". Entendo. Na medida em que a política tem sido apresentada como sinônimo de política partidária, negar a participação ou mesmo o gasto de energia mental em algo tão corrompido é totalmente compreensível. Mas será que política é só isso mesmo?

A palavra “política” provém do grego “politéia”, termo que era usado para se referir a tudo relacionado a pólis (cidade-estado) e à vida em coletividade. Desta forma, podemos afirmar que a política está relacionada diretamente com a vida em sociedade, de modo a fomentar que cada indivíduo expresse suas diferenças e conflitos sem que isso seja transformado em um caos social. Em outras palavras, política tem relação direta com o exercício da cidadania.

O projeto Escola sem Partido acredita que as escolas têm sido palco de doutrinação partidária. Desconheço as fontes desta crença, mas julgo os fatos apresentados no site como movimento de construção e promoção de consciência política crítica. Ou seja, para mim, quando o movimento ESP vê partidos, eu vejo política, no seu conceito mais amplo. 

Falar de Karl Marx é falar de política. Falar de Adam Smith é falar de política. Enquanto ideologia, eles estão nos extremos opostos e, sim, dão origem à partidos políticos. Mas não são partidários, tampouco falam de instituições partidárias. Repito: eles falam de política, ou seja, acreditam e defendem uma forma de viver em sociedade, sem que os conflitos e diferenças provoquem um caos social.

Você, que viu o título deste texto, entrou, sentou, pegou um chá e dedicou uns minutinhos do seu dia na leitura, acredita em um determinado modelo de sociedade. Eu, aqui deste lado do computador, também. E sabe como você, aqui nestas linhas finais, concluiu se concorda ou não com a minha forma de ver a sociedade? Conhecendo o meu modo de pensar. E olha que é só o MEU modo de pensar, guardado na sua insignificância. Estes caras que o ESP buscam proibir na escola são nomes conhecidos e estudados mundialmente, ao longo de centenas de anos. E sabe como é que a gente sabe se concorda ou não com eles? Conhecendo. Até porque, eles falam de política, e pode ser que o Sr. Prefeito determine uma escola sem política. Mas, aí, espero que ele determine também que todas as outras instituições sejam sem política. Já pensou a saúde pública sem partido? Como é que você vai conseguir dar um jeitinho de acelerar o agendamento daquela consulta médica pelo SUS?

Por Ananda Figueiredo 20/12/2017 - 11:30 Atualizado em 21/12/2017 - 09:06

Você leu meu texto de ontem sobre o projeto Escola sem Partido? Lá eu te convido para conversar e, como resposta, alguns leitores me falaram da preocupação com a idade das crianças e como acreditam que elas são facilmente influenciadas. Pois bem, vamos falar deste ponto então.

Me parece legítima a preocupação. Afinal de contas, o que nós não queremos é que a próxima geração seja tão "não-pensante" quanto a nossa, não é mesmo? Nós somos muito bons em reproduzir e reproduzir e reproduzir e reproduzir novamente discursos, sejam eles do assunto que forem. Somos ótimos em emitir opiniões razas, baseadas em fake news ou naquele programa de televisão. Somos repentinamente influenciados a comprar este ou aquele produto porque fulano-de-tal-disse-no-instagram-que-é-bom (aliás, não é só bom, ele faz milagre!). Diante de tudo isso, compartilho da preocupação de vocês em não criarmos uma nova geração de pessoas vulneráveis, impressionáveis e manipuláveis. Mas será que as crianças e adolescentes são realmente assim?

Vamos iniciar com outra pergunta: quando você diz que "não" para seu filho ou filha, ele prontamente o obedece? No meu círculo social e nas famílias que costumo receber no consultório, a realidade não é bem esta. Desde os três anos, quando a criança vivencia a popularmente chamada "fase dos porquês", nós, adultos, precisamos nos esforçar bastante para dar conta de responder às indagações curiosas das crianças. Depois, elas crescem um pouquinho e chegam à adolescência, mas o enfrentamento, o questionamento e a dúvida permanecem ali. Se você convive com algum adolescente, já deve ter observado que eles não costumam aceitar qualquer resposta. Inclusive, preferem que sejam eles aqueles que dão a última palavra. Tanto que não raro ouvimos as palavras "adolescente" e "revolta" na mesma frase, não é mesmo?

Este fato, que muitos chamam de "problema de autoridade", não é uma dificuldade restrita ao ambiente doméstico. Especialmente na fase do adolescer, todos os dias vimos professores, diretores e outras "autoridades" educacionais gritando suas dores e pesares sobre "como a educação não é mais a mesma". Correndo o risco de simplificar o problema em demasia, a questão é: se você impõe, o adolescente se opõe.

Enfim, o que quero dizer é que enxergar a criança ou o adolescente como uma folha em branco é uma compreensão parcial e incompatível com os dias atuais. Ainda que a infância ou adolescência fossem momentos de construção linear de personalidades, visões e posicionamentos de mundo, tenho grandes dúvidas se o local de recebimento de informações seria a escola, já que o smartphone parece muito mais atrativo. De todo modo, uma coisa nós sabemos: antes de ir para a escola, a criança já tem perguntas. Você pode fomentar no seu pequeno ou pequena o pensamento científico, aquele que questiona e duvida e que a acompanhará por muitos anos, ou pode responder o que provavelmente responderam para você: "porque sim". Dá menos trabalho, é verdade, mas, por favor, depois não projete a sua responsabilidade no outro caso seu filho ou filha seja "influenciado" ou "doutrinado" com verdades absolutas e respostas simples.

Por Ananda Figueiredo 21/12/2017 - 11:50 Atualizado em 29/01/2018 - 13:39

Nossa vida, caro leitor, é inteiramente marcada por fases. Primeiro bebês, depois diversas etapas da infância, adolescência e, de repente, adultos. Nesse estágio, são muitas as fases que se definem pelas escolhas, mas também pelos fatores e circunstâncias externas. E ai, chega a velhice, outro período repleto de particularidades e também de limitações. O fato é que todas essas fases possuem entrançamentos no tempo, ou seja, elas são completamente intermediadas pela finitude: tudo que começa, em algum momento, experimenta seu fim.

Somos sempre convocados a refletir acerca de nossas decisões, escolhas, reações e comportamento, afinal, a janela da mudança e da renovação está sempre aberta para nós. Assim acontece quando, por exemplo, mudamos de emprego, iniciamos um relacionamento amoroso ou fazemos aniversário. Igualmente, parece que o natal nos chama à uma grande reflexão: ele nos chama à pensar sobre as nossas relações familiares. É claro que não é o natal, digo, a data em si. A questão é que por todos os lados nós ouvimos chamados à celebrar a data com os seus, à comemorar a família com a família. E sim, isto é maravilhoso, não é mesmo? Aliás, na cultura cristã, este é um dos verdadeiros sentidos do natal.

Mas, contraditoriamente, todos os finais de ano, o meu consultório fica cheio de pessoas preocupadas em resolver seus conflitos familiares para tentar amenizar os possíveis problemas dos encontros natalinos; ou de pessoas cuja relação familiar não é nem de longe saudável como a televisão pinta; ou ainda daquelas pessoas que se incomodam com o ar de bem estar que se instala na ceia entre pessoas que brigaram durante todo o ano. E talvez você faça parte do grupo daqueles que amam o natal e veem sentido nos encontros familiares, e eu fico feliz por isso. Mas, talvez você não esteja neste grupo...

Então quer dizer que é errado ou perda de tempo celebrar o natal? Lógico que não! Estar aberto ao renascimento, à esta nova vida que é apresentada pela ideia de natal repercute num cenário bastante favorável para a saúde psíquica, de modo que as ocasiões ou as pessoas das quais você não é muito fã podem se tornar fontes de aprendizado, superação e até de surpresa positiva, quem sabe, né? Portanto, não importa se você crê em Jesus, Papai Noel, Iemanjá ou se não crê em nenhum deles, pois a questão central é poder encarar o Natal como uma porta a se abrir, uma nova chance de ser e fazer melhor, independente do que passou, seja no seu relacionamento familiar ou até no seu relacionamento consigo mesmo.

Quando nosso olhar está atento às possibilidades de crescimento, nós temos muito mais condições de transformar nós mesmos e nossa realidade - isso serve para todos nós, independente do quão saudável ou não é nossa relação com a família. E ai, se você conseguir enxergar esta possibilidade na mesa da ceia, rodeado de seus familiares, tudo bem. Se não for lá, tudo bem também. No fundo, no fundo, este é um ciclo de muitos que você vai iniciar e concluir em sua vida. Aliás, todo dia é um novo ciclo. O que você está fazendo com o ciclo de hoje?

Do seu jeito, com o seu normal, eu desejo um feliz dia de natal!

Por Ananda Figueiredo 22/12/2017 - 16:30 Atualizado em 22/12/2017 - 16:44

Ontem foi a final do The Voice Brasil e a vencedora foi Samantha Ayara. A estória da cantora no programa já é uma lição: no ano passado, Samantha não passou das audições às cegas, primeira fase do programa. Mas, aqui no blog, quero chamar atenção para a música que ela escolheu para sua apresentação da noite.

Dê play no vídeo abaixo - que está legendado ;) - e, para além do talento da cantora original na música, Jessie J, repare na letra. É possível que ela traga muitas coisas que você precisa ouvir.

Se o nosso desejo tem força, desejo que você seja verdadeiro com quem você é!

Por Ananda Figueiredo 30/12/2017 - 09:00 Atualizado em 30/12/2017 - 09:49

2017 está acabando e por todo lado se vê “feliz ano novo!”. Datas fazem isso conosco: nos dão a sensação de ciclos. 365 dias se passaram, 365 dias que guardam momentos que não voltam mais.

Todo fim, felizmente, traz um novo começo. 2018 vem aí! Outros 365 dias estão a caminho e esta época parece nos lembrar da tarefa de construir um ano realmente novo. Velhos hábitos? Ficarão em 2017. Problemas na carreira? Ficarão em 2017. Relacionamentos tóxicos? Ficarão em 2017. Dificuldades familiares? Ficarão em 2017. Seja lá qual for o problema, ficará em 2017.

Linda esta oportunidade de construir o novo, não é mesmo? O ponto é que o seu antigo eu não é capaz de construir um ano novo. Novos anos vêm, inevitavelmente, através novas pessoas. E tudo bem, eu sei que, na prática, abandonar aquilo que lhe aprisiona não é tão simples quanto o caminhar do relógio que anuncia o réveillon. Mas é no seu mundo interior que mora a mudança, é lá onde o novo é gestado.

Logo, aproveite o final deste ciclo para refletir e identificar o quê de antigo precisa sair para dar espaço ao novo. Afinal, um novo ano vem aí - que tal apresentar um novo você para ele?

Por Ananda Figueiredo 31/12/2017 - 14:00

Antes que o ciclo de 2017 se feche, eu quero agradecer!

Agradecer aos meus pacientes, que estiveram comigo no 1.357 atendimentos realizados neste ano. Obrigada por confiarem tanto do que mais lhes dói a mim e pela fé numa vida mais leve e feliz!

Agradecer aos meus alunos, por se lançarem comigo à muitos pontos de interrogação e não à respostas rápidas e prontas. Se são as perguntas que movem o mundo, vocês nos levarão para realidades incríveis!

Agradecer aos meus parceiros e colegas do portal 4oito e do Jornal das Nove, na rádio Som Maior. Estar com vocês é uma honra e um prazer. Obrigada!

Por fim, agradecer a você, leitor. Meu blog foi lançado no dia 22 de agosto e, desde então, 15.967 pessoas como você dedicaram uns minutinhos de seu dia para ler e comentar meus textos - muito mais do que eu poderia esperar! Muito obrigada! E ah! Aqui, como você sabe, será sempre bem vindo na conversa, viu? Venha sempre! 

Que estejamos juntos novamente em 2018!

Com carinho,

Ananda

 

Por Ananda Figueiredo 11/01/2018 - 12:00 Atualizado em 11/01/2018 - 12:21

O que será que nos deixa realmente felizes?

Bem, a verdade é que eu, Ananda, não tenho condições de responder sozinha à esta pergunta. Por isso, quis trazer para vocês um dos maiores estudos da história das ciências humanas, que em 2018 completa 80 anos. Desde 1938, a Universidade de Harvard, nos EUA, se propõe a descobrir o que realmente nos deixa felizes - e eles continuam buscando essa resposta. Inicialmente, o estudo era realizado com 700 jovens do sexo masculino, entre estudantes da própria universidade e moradores de bairros pobres de Boston, que foram acompanhados durante toda a vida para o monitoramento de seu estado mental, físico e emocional. Nos dias atuais, os sujeitos da pesquisa são os filhos dos primeitros participantes, que somam mais de mil homens e mulheres.

É claro que um estudo desta magnitude leva à uma série de conclusões. No entanto, o fundamental, segundo o atual diretor da pesquisa, um psiquiatra estadunidense chamado Robert Waldinger, é que o importante para nos mantermos felizes e saudáveis ao longo da vida é a qualidade dos nossos relacionamentos.

Mais do que fama ou dinheiro, são as conexões que estabelecemos que nos fazem ter uma vida plena. A pesquisa descobriu, por exemplo, que quando os participantes chegaram aos 50 anos (lá na década de 80) a qualidade das relações que eles haviam construído pesou mais do que a taxa de colesterol para determinar a expectativa de vida de cada sujeito. Isso porque são as nossas conexões que fazem com que tenhamos com quem compartilhar alegrias e tristezas. São elas que criam em nós uma sensação de pertencimento, elemento que outros estudos também apontam como uma das bases para a felicidade. 

Mas que tipo de relacionamento é este? Segundo a pesquisa, uma relação de qualidade é uma relação em que você se sente seguro e pode ser você mesmo. Um relacionamento que te abriga, te acolhe, e onde sua espontaneidade é bem vinda.

Por isso, se seu plano para 2018 é ser feliz, aposte nos seus relacionamentos. Se seu plano é ter saúde, invista nos seus relacionamentos. Se seu objetivo é ter uma vida leve e plena, atente-se aos seus relacionamentos. Eles, certamente, não resolvem tudo, mas 80 anos de pesquisa merecem atenção, não é mesmo?

Por Ananda Figueiredo 16/01/2018 - 17:00 Atualizado em 16/01/2018 - 17:18

A cantora Dolores O'riordan, do The Cranberries, faleceu nesta segunda-feira aos 46 anos. Apesar de a causa da morte ainda não ter sido revelada, reacendeu a discussão sobre os transtornos alimentares, já que, em 2014, a cantora declarou numa entrevista que sofria de anorexia.

Há alguns anos eu acompanho pacientes que sofrem com distorção de imagem e transtornos alimentares. E sim, elas sofrem.

Elas (85% são mulheres) não se enxergam seus corpos como realmente estão. Elas não comem. Quando comem, sentem uma culpa intensa, e então provocam vômito, tomam laxante ou se embrenham de forma demasiada na atividade física. Elas têm rituais de auto-medição. Além da culpa, há uma sensação que as acompanha diariamente: a de estar sempre em débito, devendo algo, seja para si, para seu corpo, para a família, para os parceiros ou para a sociedade.

Aí, no consultório, fazemos um trabalho quase arqueológico para entender as razões por trás deste sofrimento - e não é menos doloroso descobrir. Mas, já dizia minha avó, "o que arde cura", e assim começamos a trilhar no caminho do bem-estar. A ponto de, na busca por aceitar seu corpo e as marcas que ele trás, elas tiram fotos de seus corpos magérrimos, ainda em recuperação, e fazem o que todos nós fazemos: postam nas redes sociais - e é este o ponto que quero conversar com você hoje.

Logo que a foto é postada, há uma chuva de likes e de comentários: Linda! Magra! Que corpão! Fiu fiu! Dia desses me deparei com o comentário de um homem (que ostentava sua barriguinha de cerveja) pedindo para que a mulher na foto passasse a receita da dieta para sua esposa. A questão aqui é: é imperativo que elas aceitem e reconheçam o corpo como sua casa, mas para isso precisam abdicar de um ideal de beleza que as faz sofrer absurdamente. E o seu comentário, por mais bem intencionado que seja, só reforça que a beleza está em ser magérrima, num corpo onde é possível estudar a anatomia dos ossos e músculos sem retirar a pele e que só é alcançado com muita dor e autolesão.

Por que será que boa parte dos elogios é destinado aos corpos? Que beleza é essa que está sempre vinculada à díade magreza-juventude e que, assim, é obviamente finita?

Por Ananda Figueiredo 17/01/2018 - 12:00 Atualizado em 18/01/2018 - 14:23

Seguindo no tema do texto de ontem, hoje quero lhes apresentar o projeto "Perceptions of Perfection", desenvolvido pela companhia Superdrugs Online Doctors.

Em 2015, a SOD recrutou 18 designers mulheres de diferentes países e deu à elas a tarefa de ajustar a figura de uma mulher ao padrão de beleza vigente em seu país. Abaixo a foto original:

Agora, veja o resultado do projeto:

Argentina
China
Colômbia
Egito
Itália
México
Holanda
Peru
Filipinas
Romênia
África do Sul
Espanha
Síria
Reino Unido
Ucrânia
Venezuela
Estados Unidos

Aqui, efetivamente se percebe que o padrão de beleza é uma visão parcial de uma mesma realidade: o corpo feminino. A questão é que manter uma régua de certo e errado no que se refere ao corpo por muito tempo acabam resultando num grande impacto cultural, que resulta numa pressão que, de uma forma ou de outra, adoece. Por isso, pare um minutinho agora e se pergunte:

Quem é que lhe disse que este ou aquele corpo é belo?

Em seguida, questione:

É isto que eu considero belo?

O quão realista esta beleza é para mim?

O que há de belo no meu corpo?

Agora, respire fundo, levante o queixo e enfrente o mundo ;)

 

 

P.S.: Para saber mais, visite o site da Superdrugs Online Doctors.

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