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Entrevista com um gênio esquecido

Por Henrique Packter 11/06/2021 - 13:36 Atualizado em 11/06/2021 - 13:38

A ARTE DA ENTREVISTA

Antes de entrevistar, o jornalista deve programar suas perguntas baseadas em início, meio e fim. Assim, define os temas a serem abordados e a duração da conversa. Sempre estar atento a qual tipo de entrevista vai utilizar.

Perguntas devem ser curtas, não daquelas que dobram a esquina, mas suficientes para garantir que o entrevistado compreenda o que está sendo questionado.

Caso o entrevistado tenha dificuldade em formular suas respostas, deve ser estimulado com novas perguntas curtas, complementando o assunto, sempre fugindo de afirmativas.

O jornalista pesquisa sobre a pessoa que vai entrevistar. Fundamental que informações básicas não passem despercebidas, para uma abordagem objetiva. No início da entrevista, o jornalista deve apresentar sutilmente, como será a pauta trabalhada para o entrevistado, sem permitir palpites e sugestões sobre o que será perguntado.

Conforme o andar da entrevista, é possível que surjam outros assuntos. Importante que o jornalista saiba aproveitar as deixas, como também a hora de retornar ao foco inicial da pauta.

Entenda os direitos do entrevistado (para evitar processos envolvendo seu nome como responsável). Dizem que há 9 tipos de entrevista: as comuns em número de 8 e as do Adelor Lessa e do Bial. Vamos às comuns:

1. Entrevista de rotina:

A entrevista de rotina é representada pelas fontes de notícias factuais, pautas diárias que têm curto prazo de validade para divulgação. Mais usada de todos os tipos, entrevista pessoas que presenciaram acidentes, assaltos, desabamentos, vítimas de enchentes e de fura-filas vacinais. Depoimentos comprovam a veracidade da notícia.

2. Entrevista individual:

Marcada com antecedência, concedida a um só jornalista, dá ao entrevistado o tema da pauta após devido preparo das respostas, elaboradas pelo entrevistado ou assessoria.

3. Entrevista em grupo:

Ou coletiva de imprensa, dela participam vários jornalistas, revezando-se nas perguntas feitas a uma ou mais pessoas. As respostas são aproveitadas pelo grupo de jornalistas, destacando-se os autores das perguntas mais importantes e criativas sobre o tema da coletiva. Furo jornalístico pode alavancar uma carreira jornalística, daí ser importante não perder a chance de sacar a resposta almejadas por todos.

4. Entrevista exclusiva:

Concedida a um veículo, que divulgará o conteúdo em primeira mão. Pauta de grande interesse jornalístico porque atinge grande número de pessoas. Credibilidade e alcance veicular contam muito no aceite da exclusiva: significa lucro financeiro e crescimento da imagem do entrevistado.

5. Entrevista de Pesquisa:

Realizada com especialistas sobre certo assunto, para acrescentar informações a uma matéria com credibilidade. Conteúdos dessa natureza são importantes na construção de artigos, por exemplo.

6. Entrevista caracterizada:

Textos entre aspas, incluídos numa matéria. Então, a fala do entrevistado é posta como foi dita, transcrição fiel do que foi falado. Estas passagens são curtas, definidas pela sua importância, sem adaptação na transcrição.

7. Entrevista de personalidade:

Feita para traçar o perfil de pessoa pública. Nela constam informações sobre hábitos, história de vida e curiosidades relevantes sobre o entrevistado..

8. Entrevista opinativa:

Feita com pessoas que têm autoridade para falar sobre certo assunto, sejam profissionais consagrados, estudiosos, ou atletas experientes, por exemplo. Cede entrevista opinativa quem detém grande conhecimento sobre o assunto.

ENTREVISTANDO UM MESTRE. ENTREVISTA DE PERSONALIDADE

Já falei de outras vezes que estudei e me graduei na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná em 1959. São, portanto, 62 anos de prática médica. Entre os grandes mestres com os quais convivi, entre os maiores devo colocar o Nefrologista ADYR SOARES MULINARI e o Cirurgião MÁRIO BRAGA DE ABREU. Ah! Tem também o professor de Anatomia Topográfica BRASÍLIO VICENTE DE CASTRO e LYSANDRO DOS SANTOS LIMA professor de Clínica Médica.

Muito aprendi com eles e não somente na esfera médica. De todos eles recebi grandes lições de vida sem cujo conhecimento a muito sofrimento eu teria sido submetido em todas essas décadas de existência. Existe uma entrevista de ADYR MULINARI circulando faz tempo por aí. Muito do que aprendi com ele está nela estampado. Para se compreender a grandeza deste homem é necessário esboçar seu perfil profissional.

UMA BIOGRAFIA EXEMPLAR

ADYR faleceu a 2.12.2017, aos 90 anos, e foi um dos pioneiros na introdução e desenvolvimento da Nefrologia (doenças renais) no país. Entrevista concedida poucos meses antes de sua morte.

Nascido em Curitiba (1927), ingressou no curso de Medicina na então Faculdade de Medicina do Paraná, onde se formou em 1951. Meu ingresso se deu em 1954, ano da morte de Getúlio Dornelles Vargas. Adyr iniciou sua carreira profissional em 1952, como assistente voluntário de Técnica Operatória (com o famigerado Professor Dante Romanó) e como assistente da cadeira de Urologia entre 1955 e 1961 (desde 1953 com João Átila Rocha). O professor João Átila Rocha vem a ser parente próximo do nosso Urologista Álvaro Ronald Rocha. Em 1961 Adyr transferiu-se para o Departamento de Clínica Médica, quando visitou Curitiba o médico holandês Willem Kolff, criador do rim artificial.

Já radicado nos EUA, indicou Mulinari para estágio na Cleveland Clinic. Depois, Adyr concentrou seu treinamento em clínica médica e nefrologia com Belding Scribner na Washington University School of Medicine, Seattle, berço da nefrologia moderna. Retorna ao Brasil, final de 1963, no hospital-escola da UFPR iniciando o tratamento hemodialítico crônico, pioneiro no Brasil, com rim artificial de fluxo paralelo, doado pela Universidade de Washington, na qual Mulinari estagiara.

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