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Futebol criciumense atinge maturidade

Por Henrique Packter 25/06/2021 - 10:43 Atualizado em 25/06/2021 - 10:44

O documentário de Zé Da Silva “A História do Metropol” mostra o lateral Zezinho Rocha, que chegou a pensar em casar com uma romena. Sem entender o idioma, Zezinho enredou-se no nome da moça: Sucosd. O namoro rendeu um anos de trocas epistolares com a misteriosa moça, após o que Zezinho se casou com uma brasileira-carvoeira. Adivinhem o nome da primeira filha! Justamente: Sucosd, o que pode ser um sobrenome romeno, um apelido, um endereço, pois não há nomes femininos romenos com fonética semelhante.

Quando cheguei a Criciúma, início da década de 1960, o futebol começava a ser utilizado como fator atenuante dos conflitos entre capital e trabalho na região carbonífera catarinense. Cada empresa mineradora mantinha seu próprio time de futebol, os jogadores-mineiros, atuando e descarregando tensões, esqueciam momentaneamente as difíceis condições de trabalho a que eram submetidos. Muitas partidas revestiam-se de violência, embora os campeonatos da época costumassem atrair famílias inteiras aos estádios.

A Companhia Carbonífera Metropolitana elevou o Metropol à categoria de time profissional, em 1959. Desde então, sob o comando do dirigente "Dite" Freitas, passou a contratar jogadores profissionais, mesclando-os com os trabalhadores mineiros que atuavam na equipe. Com o aporte financeiro da empresa, logo conquista um tricampeonato estadual (1960 – 1961- 1962). O Metropol era visto pela imprensa da capital como o “Real Madrid Catarinense”, alusão ao poderoso Real Madrid da Espanha, um dos maiores times do mundo já naqueles dias. Em 1962, o clube realizou uma vitoriosa excursão à Europa, fato ainda nao igualado em SC. Foram 23 partidas com 13 vitórias, 6 empates e 4 derrotas.

Foi, ainda, campeão estadual em 1967 e 1969. Em 1969, após a conquista do campeonato catarinense, o departamento de futebol profissional foi desativado e assim continua. Desde então, passou a disputar apenas competições amadoras, condição mantida até os dias atuais.

TÍTULOS CONQUISTADOS PELO  METROPOL

Títulos 5 vezes campeão catarinense  1960, 1961, 1962, 1967, 1969
Taça Brasil – Zona Sul 1 vez 1968
Taça  Brasil – Zona Sudoeste 1 vez 1968

A EXCURSÃO À EUROPA
O Metropol em inédita excursão futebolística brasileira à Europa, marcou 53 gols e sofreu 35, com um saldo positivo de 18 gols em 23 partidas. Elario foi o artilheiro da excursão, com 17 gols, seguido de Nilzo, com 8 gols, Helio, 7 gols, Marcio, Pedrinho, Arpino e Valdir marcaram 4 vezes cada, Paraná fez 3 gols e Sabiá 2 gols. Foram 13 vitórias, seis empates e apenas quatro derrotas. Destas 23 partidas, 11 foram na Romênia, com seis vitórias, dois empates e três derrotas (das quatro em toda a excursão. A primeira derrota foi para o Elche, da Espanha. Talvez na mais extensa apresentação do futebol brasileiro na Europa,em maio de 1962, o E.C. Metropol viajou 63,5 horas de avião, 78 horas de trem, 13 horas de navio e 126 horas de ônibus. O time visitou cinco países, Espanha, Suíça, Alemanha, Dinamarca e Romênia.

 

A ODISSEIA DE UM ÁRBITRO URUGUAIO EM TERRAS CRICIUMENSES

Era médico do Metropol nosso colega anestesistado Hospital São José, Everaldo Sabatini. Por ocasião da bem sucedida excursão à Europa, o Dr. Ângelo Lacombe substituiu-o na função. A disputa pelo título de campeão da LARM (Liga Atlética da Região Mineira), acirrava a tal ponto os ânimos, que um árbitro de fora era contratado, em geral do RS. De certa feita, veio de POA um árbitro uruguaio que apitava o campeonato gaúcho. A boca pequena rosnava-se aqui e ali que o árbitro estava na gaveta de Manoel Dillor de Freitas, outro dos 6 filhos do patriarca Diomício Freitas.

Termina o jogo com a vitória do Metropol. O árbitro uruguaio trata de escafeder-se, sentindo o ambiente pesado. Acabou interceptado  a meio caminho de Araranguá.  A expedição punitiva era chefiada por conhecidíssimo empresário criciumense, mas atuando em Cocal do Sul. O árbitro teve o corpo coberto de piche e de penas. Choramigava o tempo todo:

- Ai que dolor!

Ao que o grupo todo retrucava em coro:

- Que Dillor que nada!

O infeliz uruguaio foi deixado num saco sobre a ponte do Rio Araranguá, a boca firmemente amarrada com um desses fios utilizados em iluminação pública. Até o último momento, fizeram-no acreditar que seria jogado lá em baixo no rio, dentro daquele saco. Nenhum outro árbitro, fosse gaúcho ou da Província Cisplatina ou do rio da Prata,  depois deste exemplar corretivo, aventurou-se a apitar jogos em terras criciumenses que eu soubesse...

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