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DEIXE AQUI SEU PALPITE PARA O JOGO DO CRICIÚMA!
* as opiniões expressas neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do 4oito
Por Denis Luciano 24/04/2018 - 12:05 Atualizado em 24/04/2018 - 12:10

A convocação da Seleção Brasileira Sub-20 anunciada ontem, no fim da tarde, pelo técnico Carlos Amadeu, não causou surpresa no Criciúma. Afinal, já se esperava que Vinícius fosse um dos goleiros lembrados. E foi mesmo. "É, não diria que foi surpresa, o Argel veio conversar comigo", comentou o jogador, que conversou com a imprensa na manhã desta terça depois do treino no CT.

Fernando Ribeiro / Criciúma EC

A suspeita da convocação vinha há algumas semanas, tanto que antes do jogo contra o Joinville, há mais de um mês, pelo Campeonato Catarinense, o técnico Argel comentava que a Seleção estava de olho em Vinícius. "Mas foi meu primeiro jogo profissional e nem pensei nisso", ponderou o jogador, atual goleiro reserva do Tigre, alternativa ao titular Luiz. "É uma grande referência para mim (Luiz). Eu e meu pai dizemos que sou um cara de sorte por ter o Luiz aqui, aprendo muito com ele".

Vinícius no treino de hoje / Foto: Denis Luciano / 4oito

Com Vinícius foram chamados os goleiros Gabriel Brasão, do Cruzeiro, e Hugo, do Flamengo  "Na Seleção todos estão no mesmo nível. Vou fazer o meu trabalho", comentou o goleiro tricolor. Ele se apresenta à Seleção em São Paulo para treinos entre os dias 7 e 14 de maio. No último dia haverá um jogo treino contra o Corinthians.

Vinícius com os colegas Márcio Cardoso e Rogério Dimas, veteranos da reportagem,
hoje no CT - Foto: Denis Luciano / 4oito

Ouça abaixo a entrevista coletiva com Vinícius.

 

Por Denis Luciano 25/04/2018 - 10:45 Atualizado em 25/04/2018 - 10:50

Em levantamento que publicamos hoje no jornal A Tribuna, constatamos que o Criciúma recebe em média 3 mil torcedores por partida em 2018. Foram exatos 33.907 tricolores em 11 partidas entre Campeonato Catarinense, Copa do Brasil e Série B. Pouco, diante de outras temporadas. Os picos de público no Heriberto Hülse neste ano ocorreram contra o Figueirense e Tubarão, nos jogos de estreia de Argel e Zé Carlos, respectivamente. As únicas partidas com mais de 5 mil pessoas no HH.

Denis Luciano / 4oito

"Estamos trabalhando para melhorar. Precisamos do retorno do torcedor", disse o superintendente Róbson Izidro. O Criciúma tem feito promoções, mas a grande prioridade do clube é reforçar o quadro de sócios. Atualmente, são 3,5 mil pagantes. O Plano Empresa, pelo qual uma empresa pode associar 30 funcionários pagando R$ 49,90 por carteirinha, é o trunfo. "Algumas empresas já aderiram, é um bom plano", destaca Izidro. De fato, levando-se em conta que a mensalidade normal custa R$ 90.

O pior público do Criciúma na temporada foi no jogo de estreia no Majestoso em 2018, com 1.891 torcedores na vitória sobre o Concórdia no Catarinense. Na maior parte dos jogos, o público oscilou entre 2,2 mil e 2.8 mil. Na estreia na Série B, estiveram 2,7 mil tricolores no HH.

Denis Luciano / 4oito

Recentemente as torcidas se uniram e formaram a CLT, Comissão de Lideranças do Tigre, grupo que vai articular ações como a do sábado passado, quando houve carreata, churrasco no pátio do estádio antes da partida contra a Ponte Preta e recepção festiva, barulhenta e animada aos jogadores. Foi bom, um início e tudo será repetido, com incrementos.

Denis Luciano / 4oito

Outro sinal animador veio com a venda de camisas. Um sucesso desde o dia 13, quando do lançamento. No Tigre Festival, as mais de 400 unidades postas à venda tiveram saída. Na segunda seguinte, 16, iniciou a comercialização na Loja Tigremaníacos, também com bons resultados, procura constante. No sábado à tarde, visitamos a loja e constatamos que já havia falta de alguns números. A Embratex está repondo.

Denis Luciano / 4oito

Na reunião do Conselho Deliberativo, na última segunda-feira, o presidente Carlos Henrique Alamini apelou aos conselheiros que participem mais das iniciativas do clube. Citou a Comissão Social que está montando a programação de aniversário do clube, e prometeu para hoje, quarta, o lançamento de detalhes sobre o evento que ocorrerá no dia 12 de maio no pátio do Heriberto Hülse, um costelaço com atrações musicais.

Alamini anunciou, ainda, a exclusão de 2,3 mil sócios patrimoniais dos quadros do clube. "Não pagam há muito tempo, não estão com cadastros atualizados, não conseguimos localizar. Cada vez que emitimos correspondências para todos, voltam essas 2,3 mil. Não tem sentido mantê-los", comentou o presidente do CD. O estatuto do Criciúma permite ao clube efetuar a exclusão de patrimoniais que não paguem por pelo menos três meses a contribuição. Com isso, vão restar 1,8 mil sócios patrimoniais no clube, e não há previsão de venda de novos títulos. "Vamos manter esses 1,8 mil, deixar o cadastro 100% e mais adiante então venderemos novos títulos", anunciou.

Denis Luciano / 4oito

Esse menino da foto acima é o Kevin. O encontrei no pátio do Heriberto Hülse no sábado, antes da recepção aos jogadores do Criciúma. Tímido mas animado, ele carregava seu cavalinho do Tigre empolgado. Certamente saiu frustrado com a derrota para a Ponte Preta. Aí chegamos na conclusão de muitos para a evasão de torcedores: a falta de resultados. O nosso comentarista Sarandi falou nisso hoje na matéria de A Tribuna. Confere lá na página 25.

A lista de jogos e públicos do Criciúma em 2018:

Jogo Público
21/1 - Criciúma 2x0 Concórdia - Catarinense 1.891
24/1 - Criciúma 0x0 Chapecoense - Catarinense 2.876
4/2 - Criciúma 0x1 Avaí - Catarinense  2.271
14/2 - Criciúma 2x1 Joinville - Catarinense 2.497
21/2 - Criciúma 1x1 Cianorte - Copa do Brasil 2.567
25/2 - Criciúma 0x1 Figueirense - Catarinense 5.445
11/3 - Criciúma 1x1 Tubarão - Catarinense 5.198
16/3 - Criciúma 1x1 Brusque - Catarinense 2.655
25/3 - Criciúma 2x1 Inter de Lages - Catarinense 3.425
1/4 - Criciúma 1x0 Hercílio Luz - Catarinense 2.335
21/4 - Criciúma 0x1 Ponte Preta - Série B 2.747
Total 33.907

 

Por Denis Luciano 25/04/2018 - 11:15 Atualizado em 25/04/2018 - 11:17

Por Nova Veneza, você passa a Barragem do Rio São Bento e segue. Anda mais alguns quilômetros. Lá pelas quantas, estrada de chão afora, uma bifurcação. Vença a pequena ponte de madeira e, à esquerda, surpreenda-se depois de, já a pé, ultrapassar uma entrada no mato. Desponta a linda Cachoeira do Bianchini, um dos muitos paraísos que a natureza nos oferece tão perto daqui, da vida agitada da cidade.

Denis Luciano / 4oito

Não são poucos os que usufruem daquela maravilha. Vão lá relaxar, tomar um bom banho, repor as energias, passar tempo, descontrair. Vale e muito a pena encarar os buracos e a poeira da estrada, e isso que fizemos o caminho por Nova Veneza. É possível chegar ali por Siderópolis, que é a cidade da cachoeira, e também por Treviso.

Denis Luciano / 4oito

No fim de semana que passou, quando por lá passamos, ainda pela manhã, o sol brilhava, a temperatura era agradável e a água estava cristalina e refrescante. Perto da hora do almoço chegaram alguns visitantes, uns casais e amigos, fazendo aumentar o fluxo no lugar. Para chegar na cachoeira, quem conhece sabe, é preciso caminhar sobre as pedras por onde a água corre, com cuidado para não escorregar, até alcançar uma trilha que leva a uma escada de pedra e dali, para a parte inferior. Nesse caminho você vai se deparar com a cena da foto abaixo, alguém tentou um dia fazer um deque por ali. Seria fantástico.

Denis Luciano / 4oito

Ali, o lago que resulta da queda d´agua antecipa o rio que serpenteia mata adentro apinhado de pedras. Duas placas dos bombeiros advertem para os riscos do nadar por ali sem a devida atenção. Não se recomenda saltar lá de cima, afinal há muitas pedras no fundo. E há alguns pontos com dois metros ou mais de profundidade, então todo cuidado é necessário. Mas o cenário é de tirar o fôlego de tão bonito.

Denis Luciano / 4oito

Mas há quem leve seu espírito de porco, literalmente, até o belo lugar. No mesmo passeio do domingo que passou, flagramos com tristeza o lixo acumulado. Ainda não é muito, ainda, mas é incompatível com a beleza do espaço. 

Denis Luciano / 4oito

Algum imundo, ou alguns, deixaram restos de um churrasco, uma festinha qualquer, com latinhas, plásticos, papeis, toda sorte de porcaria acumuladas entre pedras que certamente foram amontoadas para servir de churrasqueira improvisada. Nada contra fazer tais encontros etílicos e gastronômicos por ali, mas que levem o lixo embora. E para piorar, há uma lixeira, que não é pequena, lá fora da cachoeira, na beira da estrada.

Denis Luciano / 4oito
Denis Luciano / 4oito

Leiam as placas, limpem a sua sujeira e, por favor, garantam que as futuras gerações possam também usufruir de um lugar tão bonito e tão nosso. Obrigado.

Denis Luciano / 4oito
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Por Denis Luciano 25/04/2018 - 18:15 Atualizado em 25/04/2018 - 18:17

O treino da tarde no CT do Criciúma, o penúltimo antes da partida diante do Coritiba na sexta-feira pela Série B, deixou dúvidas no ar: o esquema tático, o lateral direito e se o time terá mais um volante ou mais um atacante. Foram as alternâncias testadas pelo técnico Argel Fucks na atividade desta quarta. O trabalho de quinta pela manhã deve confirmar a equipe.

Denis Luciano / 4oito

Argel arrancou o treino com Luiz, Sueliton, Sandro, Nino e Marlon, Liel, Elvis, Nicolas, João Paulo e Andrew, Lucas Coelho, repetindo a escalação do treino da véspera. Depois, Argel trocou Sueliton por Natan, tirou Lucas Coelho e colocou Jean Mangabeira. Daí, ele saltou do 4-1-4-1 para um mais cauteloso 4-3-3, sem abrir mão da ofensividade mas reforçando a marcação no meio. A dúvida parece estar no ar.

Jean Mangabeira titular na metade do treino / Foto: Denis Luciano / 4oito

"Estamos preparados para jogar no 4-1-4-1, no 4-4-2 ou no 4-3-3, são os esquemas que usamos no Catarinense e estamos acostumados", assegurou o zagueiro Sandro, que bateu um papo com a reportagem à tarde, antes do treino no CT. "Não adianta resmungar nem reclamar. É o Coritiba? Com todo o respeito, mas vamos para cima". Ouça abaixo a entrevista.

Sandro no treino de hoje / Foto: Denis Luciano / 4oito

Sandro treinou o tempo todo entre os titulares, fazendo dupla com Nino. Fábio Ferreira, que foi o titular assim que chegou, no Catarinense, segue fora. Hoje à tarde ele continuou o trabalho de transição correndo à margem de um dos gramados e fazendo um circuito monitorado pelo auxiliar de preparação Ramon Fabris.

Fábio Ferreira na transição / Foto: Denis Luciano / 4oito

Zé Carlos está fora. Foi mais um dia que o atacante não desceu para a transição no gramado, assim como já havia ocorrido na terça-feira. O médico Ricardo Furtado vem monitorando e o veto para o jogo de Curitiba será confirmado nesta quinta. Não é certo nem o retorno dele contra o CSA, na próxima terça-feira. Zé volta de uma lesão muscular de grau 1 e Argel tinha esperanças, até o final de semana passado, de poder contar com ele contra o Coritiba.

Natan foi testado por Argel / Foto: Denis Luciano / 4oito

Mais do Criciúma a gente conta às 18h50min na Som Maior e amanhã em A Tribuna. Abaixo, mais fotos que clicamos à tarde no CT.

Preparador Rogério Juidecce orienta aquecimento / Foto: Denis Luciano / 4oito
Elvis no treino da tarde / Foto: Denis Luciano / 4oito
Goleiro Luiz espiando o ataque do treino / Foto: Denis Luciano / 4oito

 

Por Denis Luciano 26/04/2018 - 15:50 Atualizado em 26/04/2018 - 15:52

O Criciúma já está na estrada. No fim da tarde, chega na sua concentração em Curitiba à espera do terceiro compromisso na Série B. Amanhã o tricolor encara o Coritiba às 21h30min, no estádio Couto Pereira. "A motivação, a pressão, a cobrança são normais", apontou Argel, ciente da fase difícil.

Denis Luciano / 4oito

Depois do fôlego que ganhou livrando o Criciúma do rebaixamento no Catarinense e terminando a competição estadual em quarto lugar, agora Argel encara outra realidade. Os tropeços contra Atlético Goianiense e Ponte Preta criaram um ambiente que justificou a seguinte frase na entrevista coletiva de hoje pela manhã, antes do embarque: "o resultado é mais importante que a exibição".

Andrew, aposta ofensiva do Tigre amanhã / Foto: Denis Luciano / 4oito

De fato, ganhar é decisivo, é necessário. Qualquer outro resultado e Argel pode ter que perder mais tempo ainda dando explicações, e olha que o tempo será mínimo até o quarto compromisso, na terça que vem contra o CSA. "Precisamos ser compactados e com uma equipe rápida", define.

João Paulo volta depois da virose de sábado / Foto: Denis Luciano / 4oito

Foram dois esquemas nos treinos da semana. "A variação de um sistema para outro é jogar com dois volantes ou não", confirma. Ou o 4-2-3-1 ou o 4-1-4-1, e tem o tradicional 4-4-2 na manga. "Já jogamos nesses três sistemas. Vai depender muito da variação dentro do jogo", explica.

Mailson perdeu lugar no time / Foto: Denis Luciano / 4oito

O treino apronto foi pouco conclusivo em termos de escalação. Foi um trabalho físico sucedido de um treino com bola arrematando com bolas paradas. Nos pênaltis e faltas, destaques como sempre para Elvis e João Paulo. Marlon, Nicolas e Alex Maranhão também trabalharam bem.

Alex Maranhão, bem na bola parada / Foto: Denis Luciano / 4oito

A montagem do time foi prioridade dos treinos de terça e quarta. Argel encaminhou o Tigre no 4-2-3-1 com Luiz, Sueliton, Sandro, Nino e Marlon, Liel, Jean Mangabeira, Elvis, João Paulo e Andrew, Nicolas. Na variável para o 4-1-4-1, sai Jean Mangabeira e entra Lucas Coelho, assumindo como referência e Nicolas recuando para recompor ao lado de Elvis.

Vinícius no grupo pós convocação para a Seleção / Foto: Denis Luciano / 4oito

Viajaram, ainda, o goleiro Vinícius, os laterais Natan e Enzo, o zagueiro Christian, o volante Barreto, os meias Alex Maranhão e Wallacer e o atacante Mailson. Destaque para este último, Mailson, que perdeu a titularidade após a atuação irregular contra a Ponte e vai encarar banco. Argel lembrou, depois da rodada passada, que Mailson é o artilheiro do Criciúma na temporada e que "a paciência é pouca com ele".

Zé Carlos treinou na segunda. Depois, só recuperação / Foto: Denis Luciano / 4oito

O atacante Zé Carlos e o zagueiro Fábio Ferreira seguem na transição. Os dois chegaram a ser cogitados por Argel, na semana passada, com possíveis retornos na partida de Curitiba. Não deu certo. Zé tem alguma chance, não das maiores, de pegar o CSA na terça. Fábio demorará um pouco mais. O atacante Caio também faz transição, em recuperação de lesão. O atacante Kalil, lesionado, é mais um desfalque. Já não tinha participado do treino de ontem.

Fábio Ferreira na transição / Foto: Denis Luciano / 4oito

"Eles são um adversário direto, estreiam técnico, a gente conhece o treinador deles, já jogamos várias vezes contra", comentou Argel, citando Eduardo Baptista no Coxa. "Historicamente o Criciúma faz bons jogos lá", concluiu. Abaixo, a coletiva com Argel.

Amanhã estaremos em Curitiba com o Jotha Del Fabro e o Sarandi para o Futebol Som Maior a partir das 20h.

Por Denis Luciano 26/04/2018 - 16:45 Atualizado em 26/04/2018 - 16:56

Eles são o avesso. Se os outros dez usam os pés, ele trabalha com os braços. Se os outros dez dão a pancada, ele amacia com os dedos. Ele é o amor pela bola. Ele é o guerreiro isolado de um contra todos. Ele tem a perspectiva oposta. Ele tem um dia. Goleiros, ah os goleiros...

O primeiro goleiro que conheci na vida chamava-se Carlos. Era 1986. Fazia calor. A casa pequena lá na Cidade Nova em Rio Grande estava repleta de caixas empilhadas. A primeira das duas mudanças para Santa Catarina estava por vir. A pequena TV em preto e branco mostrava os lances da Copa do Mundo. Meus quatro olhos (sim, já repousavam óculos pesados sobre nariz e orelhas) procuravam ansiosos aqueles lances. Brasil x França.

Carlos foi um azarado. Poxa, a bola bateu nas costas dele e entrou. Pela primeira vez, menino de 6 anos, senti a dor de uma eliminação em Copa. Lá do México, o primeiro ensinamento de tantos que a vida haveria de continuar oferecendo.

Daí veio Taffarel. Aquele grandalhão de preto e vermelho que defendia o time do coração da minha mãe. Lembro dele pegando praticamente tudo no começo de 89, nas finais da Copa União. O Internacional perdia o Brasileiro para o Bahia e a Libertadores, na semifinal, para o Olímpia. Dois dramas em que goleiros foram protagonistas. Que vida dura desses caras, continuei pensando. Ainda tinha Carlos na memória.

O Taffarel naufragou em 90 com a Seleção na Itália, mas em 94 deu a volta por cima. Os berros de "Taffarel, Taffarel, vai que é tua Taffarel" já mexiam naquele 94 mais pela magia da comunicação do que pela atração da bola. Nunca fui muito familiar do manejo com ela, talvez por isso nos times dos campinhos de terra e da quadra de cimento do Léa Lepper, lá em Joinville, eu era... zagueiro. Arriscava perto dos goleiros.

Ali aprendi, com o Taffarel, que a vida é assim, de altos e baixos, lado a lado, crueis e desbravadores. Descer e subir na vida são primos irmãos automáticos na gangorra arriscada dos goleiros. Talvez por isso até o uniforme deles seja diferente.

No rádio, o primeiro goleiro que entrevistei se chamava Ciro e jogava a terceira divisão do Campeonato Gaúcho em 95 pelo Sport Club Rio Grande. "Ciro, a grama tá boa?", perguntei no primeiro clássico da vida de repórter, um Rio Grande x São Paulo no Arthur Lawson. "Não sei, não provei ainda". A jocosa resposta, compatível à lastimável pergunta feita pelo precário repórter que eu era (e talvez continue sendo), me fez por um tempo irado com os goleiros. Ah, o Ciro ganhou aquele "Rio-Rita", 2 a 1.

Mas daí uma lembrança da infância, daquelas que vem por reflexo, me trouxe à terra de novo, me fez deixar de odiar os goleiros. Lembrei que a Martinha, minha prima e também minha madrinha de batismo (um amor de pessoa que hoje mora lá pelas bandas de Itapoá, a vida nos distanciou, uma pena) ela foi casada com um cara muito gente boa que foi um goleiraço, o Schneider. Sim, eu era uma criancinha quando o grande Schneider, aquele alemão que pegava tudo nos anos 80 no gol do Inter, frequentava a minha família. 

Reabilitada a admiração pelos goleiros, cheguei a Porto Alegre em 2001. Lá fui eu com meu gravador tentar ser repórter na Guaíba, na grande chance da vida que me ofereceu o grande amigo Luiz Carlos Reche na lendária Caldas Júnior. Eu era um poste perto de gente como o próprio Reche, o Dal Pizzol, o Praetzel, o Andrezinho, o Gabardo, o Boaz (que me deu um baita conselho que pratico até hoje, mas não é assunto para agora), o Vidarte (que Deus o tenha, fera), o Darci, o Serginho, o Zé Alberto, credo, só craques. E daí conheci o Danrlei. Outro dia li que, além de deputado, ele já é um cara de 55 anos. Como assim? Participei de algumas entrevistas bem bacanas com ele.

Nessa época de Porto Alegre lidei com muito passado. Conheci muito passado ouvindo as histórias do Rogério Böhlke e do Mário Mazeron (dois dos mais brilhantes radialistas que conheci na vida). O Böhlke contava algumas histórias de um tal Manga. Lembrei disso hoje, manuseando arquivos de uma pesquisa que faço para um livro que demoro tanto a lançar, a concluir, a entregar, que aumento a suspeita sobre a capacidade do candidato a "autor" e "escritor". Na pesquisa encontrei essa foto abaixo: Manga e Clésio Búrigo. E de novo vi que o microfone e os goleiros sempre foram bons amigos. Se o Clésio, ícone maior do rádio de Santa Catarina, foi clicado nos anos 60 com essa alegria do lado de um monstro como o Manga, quem sou eu para duvidar de qualquer respeito mútuo entre as partes?

E olha que nem falei de Luiz e companhia, os bons craques da camisa 1 que conheci nesses dez anos aqui em Criciúma. Ah, a data de hoje, Dia do Goleiro, é aniversário do Manga, 81 anos desse cara que foi mágico na pequena área. Talvez tenhamos em comum essa individualidade por vezes tão difícil de definir, essa vida solitária, vocês goleiros na área, nós do microfone nas falas e relatos. Nosso respeito a vocês.

Tags: goleiro Manga

Por Denis Luciano 26/04/2018 - 18:35 Atualizado em 26/04/2018 - 20:11

Rubens Angelotti será reeleito presidente da Federação Catarinense de Futebol (FCF) na próxima segunda-feira. Foi o que encaminhou a Comissão Eleitoral da FCF em reunião com quatro horas de duração que terminou pouco depois das 18h em Balneário Camboriú. Os integrantes da comissão entenderam, na análise da documentação, que a chapa 1, de Angelotti, está regular, enquanto a chapa 2, liderada pelo advogado Alexandre Monguilhott, apresentava irregularidades.

"Eles não preencheram o exigido pelo Estatuto da FCF no número de clubes e ligas assinando. Faltou apoio para cumprir o determinado de 40% de aval com assinaturas", explicou ao blog por telefone, a pouco, o presidente da Comissão Eleitoral, Afonso Buerger Filho.

Monguilhott soube pelo blog que sua chapa estava rejeitada. "Vamos aguardar a ata da reunião para saber o que fazer, mas já temos desde ontem uma ação na Justiça Comum para suspender essa eleição por uma série de irregularidades na condução do processo", afirma. O candidato de oposição é presidente do Conselho Estadual do Esporte. A ata foi publicada a pouco pela FCF, clique aqui e confira.

Na ata é referido que a chapa 2 teve assinaturas de apenas quatro clubes: Joinville, Caçador, Concórdia e Juventus, e nenhuma liga. A pouco a juíza Dayse de Oliveira Marinho respondeu ao recurso impetrado pela oposição e decidiu pelo indeferimento da ação. Assim, a eleição está confirmada e com apenas uma chapa.

A eleição está marcada para segunda-feira. O vencedor, no caso tudo indica que será Angelotti, cumprirá mandato de abril de 2019 a abril de 2023. Mais detalhes nesta sexta-feira no jornal A Tribuna.

Por Denis Luciano 27/04/2018 - 07:30

O até então candidato a presidente pela oposição na eleição da próxima segunda-feira na Federação Catarinense de Futebol (FCF), Alexandre Monguilhott, já havia alertado no inicio da semana, em entrevista ao blog e ao jornal A Tribuna, que o regulamento do pleito era 'anti-democrático", pois a muito custo permitia a inscrição de duas chapas. Ocorre que é exigida a adesão, por assinatura, de 40% dos clubes e 40% das ligas inscritos na FCF para avalizar a chapa. Ou seja, somente duas poderão, matematicamente, conseguir.

A Chapa 2, denominada "Muda FCF", não conseguiu atender os requisitos. Conforme a ata ontem à noite expedida pela Comissão Eleitoral, os oposicionistas só tiveram assinatura de quatro clubes e nenhuma liga. Por isso, a inscrição foi rejeitada. Enquanto isso o presidente Rubens Angelotti conseguiu para a sua Chapa 1, "Renovação, Respeito e Transparência", a adesão de 21 dos 25 clubes e 11 ligas, ou seja, todas.

Somente quatro clubes assinaram com Monguilhott: Joinville, Concórdia, Juventus de Jaraguá do Sul e Caçador. Com Angelotti estão Chapecoense, Tubarão, Concórdia, Criciúma, Inter de Lages, Figueirense, Hercílio Luz, Joinville, Barra, Blumenau, Camboriú, Metropolitano, Marcílio Dias, Operário, Fluminense, Guarani, Juventus (assinou com as duas), Navegantes, Curitibanos, Porto e Imbituba, mais as ligas LARM, Verde Vale, LAVM (Vale do Mampituba, Passo de Torres), Tubaronense e as de Blumenau, Chapecó, Florianópolis, Itajaí, Joinville, São José e Vale Norte.

Serão 61 votos no colégio eleitoral na votação de segunda, 50 dos clubes (cada um tem peso 2) e 11 das ligas (cada uma tem peso 1). Na chapa que será eleita, já que concorre sozinha, além do presidente Angelotti - paranaense radicado em Criciúma há muitos anos - a região está representada pelo vice-presidente Emerson Lodetti, que licenciou-se da presidência da LARM para compor a chapa. Ele foi convidado há algumas semanas por Angelotti e teve a sua inscrição confirmada e homologada com os demais ontem, que foi o dia do seu aniversário de 45 anos. Emerson é filho de Waldir Lodetti, que por muitos anos presidiu a LARM e foi antes renomado árbitro da FCF nos anos 70 e 80.

O candidato da oposição moveu, na quarta-feira, uma ação na Justiça Comum. Queria suspender a eleição do dia 30 alegando irregularidades no processo eleitoral. A juíza Dayse de Oliveira Marinho indeferiu o pedido no fim da tarde de ontem. Assim, a eleição está mantida e apenas a Chapa 1 registrada. Terá a Chapa 2 alguma nova cartada? "Precisamos analisar com calma a ata da comissão", disse Monguilhott, no último contato com o blog ontem à noite antes de desligar o celular e partir para mais uma reunião.

Seja como for, as adesões manifestadas em ata já confirmam que, mantidos os números Angelotti terá ao menos 53 dos 61 votos possíveis.

 

Por Denis Luciano 27/04/2018 - 15:05 Atualizado em 27/04/2018 - 15:24

Venha de Criciúma de carro e em sete horas esteja tranquilamente em Curitiba. Com o Jotha Del Fabro e o Sarandi cumprimos o caminho na boa, com tempo ainda para uma esticada de pernas de dez minutos respirando a maresia de Itapema.

Aqui estamos. Na chegada, na longa avenida que liga a BR ao Centro, obras. Muitas, várias, frenéticas.

Eles escavam o canteiro. Remexem a terra. Vão e vem em caminhões e tratores e escavadeiras e certamente vão tornar mais largo o acesso de já bem congestionadas seis pistas.

O paranaense é o típico motorista brasileiro. Mão na buzina, esquecimento frequente do pisca pisca e, claro, celular na mão.

Bastou o sinal vermelho e pronto. Todos nós com o celular na mão. Motoristas e passageiros. A passagem pela sede da PRF fez lembrar que outra P, a PF, é ponto turístico pelo seu ilustre "morador" das últimas semanas e pelo togado que ali despacha.

O cenário urbano das casas de todos os padrões logo se descortina na horizonte e avisa que estamos em mais uma metrópole de seus dois milhões de habitantes.

Logo em seguida desse trânsito pesado, o estádio do Paraná e a placa avisando que, embora uma avenida, estamos numa área tranquila, na qual a velocidade máxima é de 40 km/h.

E a gasolina? R$ 3,69 a R$ 3,99, no nosso padrão. Fora que estamos cercados por bares, árvores, odor de pastel e de tudo quanto é lanche e ao lado do glorioso Teatro Guaíra, na quadra dessa placa aí.

Aqui, Curitiba. Segunda viagem do Futebol Som Maior com o Criciúma. A partir das 20h falamos do Couto Pereira para Coritiba x Tigre. Vem com a gente!

 

Por Denis Luciano 30/04/2018 - 11:20 Atualizado em 30/04/2018 - 12:21

Argel surpreendeu. De novo. No treino apronto do Criciúma hoje pela manhã, no Heriberto Hülse, montou o time com novidades para encarar o CSA nesta terça, às 16h, pela quarta rodada da Série B. Natan, Alex Maranhão e Zé Carlos entraram no time, nos lugares de Sueliton, Andrew e Lucas Coelho. "Colocar a responsabilidade só no Argel é um crime", disse Maranhão, que volta a ser titular depois de muito tempo, atenuando a responsabilidade do técnico com a campanha ruim da arrancada do Brasileiro.

Denis Luciano / 4oito

O time terá, então, Luiz, Natan, Sandro, Nino e Marlon, Liel, Elvis e Alex Maranhão, João Paulo, Zé Carlos e Nicolas. Durante o treino Argel chegou a testar Andrew no lugar de Alex Maranhão e Lucas Coelho na vaga de Zé Carlos, esta uma substituição que deverá ocorrer no jogo.

Alex Maranhão reforçou que Argel bateu muito na tecla da recomposição e responsabilidade de marcação, mencionando os dois gols sofridos contra o Coritiba e cobrando de novo atenção redobrada na marcação. "Esse combate ao rebote, o Argel voltou sim a chamar a atenção. Tinha um jogador para marcar ali", lembra o meia, sem citar, claro, quem seria o tal responsável. Após cabeceio de Sandro, Kady fez o primeiro gol do Coritiba assim, de uma sobra da entrada da área.

Alex Maranhão observado por Elvis / Foto: Denis Luciano / 4oito

Zé Carlos carrega a esperança do Criciúma. Citamos isso na edição de hoje do jornal A Tribuna e Alex Maranhão reforçou no bate papo com a reportagem após o treino da manhã desta segunda. "Depositamos nossa confiança nos nossos atacantes sim". Maranhão afirmou, ainda, que o Criciúma tem criado muito, chegado bastante, mas está faltando o arremate, a definição, e Zé volta depois de desfalcar o time contra Ponte Preta e Coritiba. Abaixo, a entrevista com o meia.

O sistema 4-1-4-1 está adotado de novo. Liel é o volante, e Alex Maranhão terá a companhia de Elvis, com João Paulo e Nicolas completando a linha de quatro, e Zé Carlos centralizado à frente. "Estamos na obrigação de ganhar", apontou Elvis. "Ele trabalha bastante, nos passa confiança, mas o resultado não está vindo, e a culpa é nossa", disse o meia, na mesma linha de Alex Maranhão, de isentar Argel.

Zé Carlos volta, Lucas Coelho é banco / Foto: Denis Luciano / 4oito

Sobre o posicionamento, Elvis disse que está fazendo a sua parte. "É um pouco mais recuado, mas estou procurando dar o meu melhor, e consegui chegar na frente", disse, referindo-se à derrota de 2 a 1 em Curitiba. "Teve 11 bolas na trave e 9 gols na rodada do Brasileirão", exemplificou, mencionando as chances perdidas pelo Tigre e citando como referência os jogos deste domingo na Série A. Abaixo, o bate papo de Elvis com a reportagem.

Natan é o novo lateral direito. Mudança esperada, a partir da troca que Argel promoveu no Couto Pereira e, principalmente, por conta dos elogios feitos ao jovem atleta, que ganha a titularidade. Sueliton vai para o banco. Na sexta, Argel disse o seguinte.

Natan é o novo titular da lateral direita / Foto: Denis Luciano / 4oito

"Espero que o torcedor venha, nos apoie", conclamou Elvis. "O torcedor nunca quis espetáculo, quer é vitória", lembrou Alex Maranhão. Sobre a torcida, o Criciúma lançou a sua promoção para a partida desta terça. Sócios em dia compram ingressos a R$ 20 com mais cinco apostas da Timemania marcando o Criciúma como Time do Coração no concurso 1175. Há volantes à venda na secretaria. Não sócios compram a R$ 40 mais as cinco apostas. Hoje, a partir das 14h, tem um lote de ingressos a R$ 60 no Supermercado Angeloni da Avenida Centenário. Crianças de até 11 anos não pagam.

Andrew é opção ofensiva no banco / Foto: Denis Luciano / 4oito

E Zé Carlos? Treino bem, está à vontade e, aparentemente, com fome de bola. A conferir a repercussão desse tempo fora no futebol do atacante.

Os concentrados são os goleiros Luiz e Vinicius, os laterais Natan, Marlon, Sueliton e Enzo, os zagueiros Sandro, Nino e Christian, os volantes Liel, Barreto, Jean Mangabeira e Eduardo, os meias Elvis, Alex Maranhão e Wallacer e os atacantes João Paulo, Zé Carlos, Nicolas, Andrew, Lucas Coelho e Mailson.

A gente fala mais do Tigre daqui a pouco no Debate Aberto e logo mais no Ponto Final na Som Maior.

Sueliton perdeu a titularidade / Foto: Denis Luciano / 4oito
Zagueiro Fábio Ferreira segue na transição / Foto: Denis Luciano / 4oito

 

Por Denis Luciano 30/04/2018 - 11:44 Atualizado em 30/04/2018 - 11:47

O clima não era dos mais amistosos na esquina coberta de barracas brancas e coloridas e sob sol forte na manhã quente de sábado em Curitiba. Fazia três semanas que, a poucos metros dali, um ex-presidente da República havia se tornado prisioneiro na sede da Superintendência da Polícia Federal do Paraná. E fazia poucas horas que, a 800 metros, em outro sentido, um militante havia sido baleado.

“Qual o teu jornal?”. A pergunta seca sem dirigir olhar muito amistoso partia de uma jovem senhora, liderança da área de comunicação da Vigília Lula Livre, instalada em Curitiba em seguida do dia 7, quando Luiz Inácio Lula da Silva entregou-se à Polícia Federal, resultado da ação do juiz Sérgio Moro e das investigações da Operação Lava Jato. 

A tentativa da reportagem de A Tribuna de circular com alguma desenvoltura no sábado entre as cerca de duzentas pessoas que transitavam pelas doze barracas instaladas no cruzamento próximo da PF, no bairro Santa Cândida, não foi plenamente feliz. Sem obter a credencial que o articulado e bem organizado movimento entrega aos jornalistas, conhecemos o espaço sem entrevistas e sob alguns olhares desconfiados.

Pelo menos conseguimos gravar o som ambiente da manhã de sábado na esquina próxima à PF. Confira abaixo:

Denis Luciano / 4oito

A concentração é constante

Há dois pontos de fluxo constante de lulistas, petistas, esquerdistas, sindicalistas e simpatizantes em geral do ex-presidente desde a prisão de Lula em Curitiba. O primeiro é a “Praça Olga Benário”, criada pelo movimento no cruzamento das ruas Guilherme Matter e Barreto Coutinho. Ao chegar já é possível notar a concentração diferenciada. Há mais carros que o normal, Polícia Militar e cones limitando o acesso. E gente indo e vindo. E bandeiras e camisas vermelhas, roxas e pretas com a figura de Lula.

Denis Luciano / 4oito

Subimos o leve morro da Barreto Coutinho e logo nos deparamos com as tendas espalhadas no leito da rua, rentes às calçadas. O vai e vem dos moradores está, naturalmente, limitado. E o barulho é constante. Da esquina, é possível ver a sede da PF ao fundo. A rua está bloqueada, e viaturas passam por ali de vez em quando. 

De uma barraca, brota o som permanente. Alguém sempre está no microfone, seja animando os presentes, seja propondo atividades. “Sou professora de biodança e peço que façam um círculo”, pedia uma mulher. Antes dela, o som entoava “Lula-lá, brilha uma estrela”, o icônico jingle de 89 da derrota para Collor de Mello.

Denis Luciano / 4oito

“Lula livre”, “Lula inocente”

“Um mais um é mais que dois”. Uma das oradoras que uniu as duas centenas na praça nos minutos que ali ficamos conclamava à união pela liberdade de Lula. O enigmático cálculo antecedia a reveladora frase da militante. “Depois de Jesus, Lula é quem mais admiro”.

Nas barracas, há de tudo. De souvenirs a abaixo-assinados e até uma caixa de acrílico onde os visitantes depositam cartas para o ex-presidente. Rapidamente vimos três, uma com letra de criança. Ao lado, camisetas de vários modelos à venda, de R$ 10 a R$ 30. E bottons um pouco mais baratos. Adiante, um grupo vestindo jalecos alaranjados defendia os trabalhadores da Petrobrás. E havia sindicatos, muitos. E, claro, camisetas do MST. Várias.

“Lula livre”, bradou o próximo orador, um cantor com sotaque paulistano. “Lula livre”, responderam todos. “Lula inocente”, puxou, e os presentes repetiram. Em uma das barracas, uma bandeira de Santa Catarina estendida. A única de unidade da Federação por ali.

Denis Luciano / 4oito

Mais longe, tensão

O Acampamento Marisa Letícia, a 800 metros da PF, na rua Joaquim Nabuco, é a segunda concentração dos lulistas e foi montado em um terreno após os acampados terem sido retirados no dia 17, por ordem judicial, da esquina já citada, mais perto da Superintendência. Nele, os grupos descansam e se organizam. E nele aconteceram os disparos da madrugada de sábado.

Márcia Koakoski, de 42 anos, é advogada e saiu do Rio Grande do Sul para acampar por Lula. Sofreu ferimento por estilhaços de uma das balas disparadas por um homem ainda não identificado. Ao descrever o episódio em seu site, o PT colocou que Márcia “foi acordada pelos fascistas que atacaram a tiros o acampamento”. A nota menciona que a militante ouviu gritos de “Bolsonaro presidente” antes dos disparos. Jeferson de Menezes, 39 anos, de São Paulo, sofreu um tiro de raspão no pescoço. A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, tratou o episódio como um “atentado”.

Lula publicou mais uma carta, entregue à senadora Gleisi, na qual ataca o juiz Sérgio Moro. “Que país é esse em que uma instância inferior desacata a superior, em que um juiz de primeira instância desacata os ministros da suprema corte?”, escreveu. E cada um dos 22 dias posteriores à prisão de Lula começaram, nas concentrações, com o “Bom dia, Lula”. Hoje, de novo.

Denis Luciano / 4oito

* Matéria publicada em conjunto com o jornal A Tribuna nesta segunda-feira.

Por Denis Luciano 30/04/2018 - 19:25 Atualizado em 30/04/2018 - 19:26

Há algumas semanas a direção ditou o ritmo para o comando do futebol: para chegar um reforço, era preciso sair alguém do elenco do Criciúma. Desde então, havia uma saída, a do atacante Siloé, e mais duas avolumaram essa conta hoje. Terminaram os contratos do lateral esquerdo Chico e do meia Caio. Os vínculos não foram renovados e ambos acabaram liberados, não treinam mais, não estão nos planos e ganharam a liberação do Tigre.

Ou seja, em tese há três vagas para contratações. E o clube está em busca justamente de três reforços: um zagueiro, um volante ou meia e um atacante. Disse ainda na sexta o diretor executivo Nei Pandolfo que ao menos um está próximo. Já o técnico Argel Fucks citou que havia gente de saída mesmo, o que acabou se confirmando.

E há pendências ainda a resolver. O lateral esquerdo Eltinho não conseguiu outro clube, tem contrato em vigor até o fim do ano e se nega a sair. Já houve inúmeras tentativas de acordo. A única alternativa aceita pelo atleta é o Criciúma emprestar ele para alguém, mas está difícil arrumar um destino. Enquanto isso, ele segue treinando à parte.

O lateral Carlos Eduardo e o meia Luiz Fernando são casos diferentes. O primeiro, formado na base, foi alvo de um pedido da direção à comissão técnica para ser reincorporado. Houve o ok, porém os dias passaram e até agora nada. Luiz Fernando veio por empréstimo do Cruzeiro, que paga os salários, que não são baixos. Já houve indicativo de retorno dele ao elenco, até porque o clube mineiro não estaria vendo com bons olhos esse afastamento, depois de toda a pressão que o Criciúma fez para ter o atleta.

As saídas

Chico (à esquerda) e Caio estão fora do Criciúma

Chico disputou oito jogos no time principal do Criciúma. O jovem lateral de 21 anos pintou como boa aposta na temporada passada, foi aproveitado em duas partidas da Primeira Liga e três jogos do Catarinense. Voltou a ser lembrado no Estadual deste ano. Foi titular na derrota por 3 a 0 para o Tubarão que derrubou o técnico Lisca e, antes, participou ainda dos jogos contra Chapecoense e Concórdia. Não foi aproveitado por Argel.

Caio teve mais espaço, embora na soma tenha jogado menos. Apareceu no Criciúma para treinar com a base, mas em seguida foi guindado ao elenco principal. Participou de seis jogos, fez até um gol no empate em 2 a 2 com o Inter em Lages e apareceu pela última vez na vitória sobre o Joinville por 1 a 0, fora de casa. Na partida de Chapecó, onde o Tigre perdeu por 1 a 0, chegou a ser elogiado por Argel, e ali havia expectativa de maior aproveitamento, o que não se confirmou depois.

Por Denis Luciano 01/05/2018 - 21:35 Atualizado em 01/05/2018 - 21:41

Dizer que o sujeito está prestigiado nem sempre é bom presságio no futebol. E esse termo não foi utilizado desta vez. O Criciúma, pelo seu diretor executivo de futebol Nei Pandolfo, assegura que nada mudará na comissão técnica, mesmo com a quarta derrota em quatro jogos na Série B. "Nada muda na comissão técnica", reforçou o dirigente, visivelmente constrangido com a falta do que anunciar após os 3 a 1 tomados perante ao CSA no Majestoso nesta terça. Abaixo, o bate papo da reportagem com Pandolfo.

Argel quer reforços. Não é de hoje que ele diz isso após cada jogo. Mas, curiosa e até estranhamente, desta vez ele não reivindicou. Chegou a elogiar Eduardo, dizendo que ele "pode ser o segundo volante que precisamos", e demonstrou conformismo ao afirmar que "vamos com esses jogadores, é com eles que teremos que sair dessa situação". O técnico parece estar mudando sua estratégia. Se pedir publicamente não adianta, o negócio é lamentar e, claro, trabalhar.

A nada mole vida de Argel / Foto: Caio Marcelo / Criciúma EC

O Criciúma não demite Argel por falta de alternativas e, claro, pela enorme confiança que a diretoria depositou no treinador. A situação, por resultados, é obviamente insustentável, mas Argel se mantém pois os reforços que vieram foram todos, sem exceção, por força e pressão e aval dele. E se o Tigre tem dificuldades para achar reforços até em times e mercados médios e de menor porte, imagine trazer um treinador a essa altura.

Pela identidade, pelo histórico e perfil, Argel continua sendo o bombeiro necessário. Por essas e outras que a minha pergunta na coletiva com ele, após o revés lastimável diante do CSA, foi "se ele tem forças para tirar algo mais desse time". Ele tangenciou, ao seu melhor estilo, e continuou absorvendo a responsabilidade que os jogadores tratavam, até antes dessa partida, de assumir.

Zé "reclamão" Carlos

Zé encrencou o jogo inteiro / Foto: Caio Marcelo / Criciúma EC

"É muita fumaça para pouco fogo". A frase disparada pelo João Nassif no primeiro tempo contra o CSA, quando o placar ainda marcava 0 a 0, define esse Criciúma que sai de campo com 64% de posse de bola, com seis arremates a gol, números superiores ao adversário, e perde. É a "posse enganosa", como o próprio Argel definiu. 

E sobre fumaça demais e fogo de menos, Zé Carlos teve uma tarde para esquecer. Reclamou do início ao fim e quando teve a chance para exercer seu papel, perdeu um gol feito em cruzamento de Alex Maranhão, no primeiro tempo, quando o ligado Cajuru, goleiro alagoano, estava vencido. 

Zé começou o jogo reclamando. Aos 4, deu um puxão de orelhas em João Paulo. Aos 12 minutos, em Nicolas. Aos 18, de novo nos mesmos dois. Em todos, achava que era para ele que a bola devia ir. E quando teve a oportunidade, aos 40, estapeou-se repetidas vezes. Contei ao menos meia dúzia de tapas de Zé contra a própria cabeça após perder um gol feito. Depois, tomou um amarelo aos 4 do segundo por reclamação, saiu aos 16 e aos 41, do banco, foi expulso por reclamar mais. Para colocar a cereja no bolo, ficou um minuto pós expulsão na boca do túnel e, ao ouvir xingamentos de torcedores, virou-se para a arquibancada e retrucou. Erro atrás de erro. Foi salvo, arrastado para o vestiário, pelo auxiliar Galego.

Argel deu o recado na coletiva, avisando que "é hora de reclamar menos, de gesticular menos, de trabalhar mais". 

Rara exceção, João Paulo foi o craque na Som Maior / Foto: Caio Marcelo / Criciúma EC

Sem Zé, sem Marlon e com os nervos à flor da pele, Argel e o Guarani vão a Campinas na próxima terça-feira precisando colocar ordem na casa e trazer pontos. O treinador chegou a 13 jogos nesse seu retorno ao Criciúma, perdeu a sexta, tem cinco vitórias. Vaias dos 2,5 mil presentes sob chuva no Majestoso totalmente justas.

Natan entrou no lugar de Sueliton, e não rendeu / Foto: Caio Marcelo / Criciúma EC

 

Por Denis Luciano 02/05/2018 - 09:05 Atualizado em 02/05/2018 - 09:06

Final de jogo ontem. O Criciúma tomou 3 a 1 do CSA em pleno Heriberto Hülse. As vaias ecoaram, os jogadores se calaram. Argel Fucks e Nei Pandolfo foram os porta-vozes da difícil jornada. Antes, ao se deparar com os atletas no vestiário, o treinador pediu a palavra. Falou forte. Com todos. Do goleiro ao atacante. Do titular ao reserva. Mais cobrança dos titulares, claro. Zé Carlos reagiu. Bate boca? Garantem algumas testemunhas que não, mas sim circunstância de jogo. Vozes exaltadas? Com certeza. Argel cobrou de Zé sobre o destempero, a falta de equilíbrio, as cobranças excessivas dentro de campo, a expulsão fora dele e até o entrevero com torcedores após ter tomado o cartão vermelho. O cara tido como "a esperança de gols" antes de a bola rolar "parece que quis se mostrar para os alagoanos rivais do CRB", como bem definiu um observador interno atento das coisas do Tigre.

Denis Luciano / 4oito

A liderança de Argel está preservada. A diretoria entende que o trabalho dele é bom, embora alguns ponderem os excessos ofensivos com o esquema que segue sendo proposto. Mas administrar isso faz parte da autonomia que o Criciúma confere. E o clube reconhece, ainda, que faltam jogadores, faltam reforços. Mas os nomes que estão pintando como possíveis contratações esbarram na natural dificuldade financeira. "Salário de 60, 70 mil a gente não paga", insistem os dirigentes. É um fio de navalha. Para manter a saúde financeira - e o Criciúma pagou os salários na última folha dois dias antes do vencimento, era para receberem na sexta e o dinheiro estava quarta nas contas - é preciso manter sob controle os gastos. 

Alex Maranhão teve chance ontem / Foto: Denis Luciano / 4oito

Hoje tem reunião. O departamento de futebol será cobrado. Se quer mais ação do diretor executivo Nei Pandolfo. E se quer mais empenho dos jogadores. Há episódios em que os atletas poderiam se redobrar um pouco mais, entendem dirigentes. E isso será levado pelo presidente Jaime Dal Farra e pelo superintendente Róbson Izidro à comissão e ao diretor de futebol. É preciso tirar um pouco mais desse elenco, o recado está claro, e Argel tanto entendeu que bateu nessa tecla ontem, de que "vamos com esses jogadores mesmo".

Outra especulação das últimas horas: de que Argel teria "perdido" o grupo por uma cobrança mais forte a Sueliton no vestiário em Curitiba, depois da derrota para o Coritiba. O indício disso teria sido reforçado com os elogios a Natan e a troca da titularidade, e ganhou outros contornos com a morte da mãe do lateral ontem, no fato que culminou com a sua licença para não estar no banco diante do CSA. A tal discussão em Curitiba é negada enfaticamente, e Argel teria sim feito a cobrança respaldada pela direção, sem particularizar. O tempo dirá se Argel perdeu mesmo o grupo ou não.

Conclusão: o Criciúma se fecha, se cobra mais internamente, reforça a autoridade de Argel e puxa a orelha dos jogadores e do departamento de futebol em busca de trabalho, empenho e resultados. O clube entende que está dando todas as condições de trabalho. A primeira resposta dessa blitz interna de reanimação vamos saber na terça que vem em Campinas. Até lá, muito trabalho e pouco verbo, já adiantou o treinador.

Por Denis Luciano 02/05/2018 - 11:25 Atualizado em 02/05/2018 - 11:35

A torcida do Criciúma já fez protestos mais barulhentos em outros momentos de crise. "Estamos acuados. Qualquer coisa que a gente faça já vão nos punir", contou um integrante de uma das torcidas ao blog. A rigidez das regras impostas pela Polícia Militar vem inibindo protestos mais agudos, tanto que as faixas, usadas pela última vez naquele confronto com o Joinville no Catarinense, desapareceram. Logo, as manifestações ontem, durante e depois os 3 a 1 para o CSA, não passaram das vaias, das cobranças naturais de campo e da reunião de nem meia dúzia no pátio após a partida.

Denis Luciano / 4oito

"O torcedor paga ingresso e tem direito", comentou o técnico Argel Fucks. "E tem razão em muita coisa que cobra". Ao fazer esse mea culpa e reconhecer que o time vem rendendo muito pouco - "foi a pior atuação nessa minha volta" -, o treinador busca não se distanciar da torcida, mesmo que assuma algumas fissuras internas no elenco. É o preço. Sobre as cobranças, pisou na bola Zé Carlos, que bateu boca e gesticulou com tricolores que se aglomeraram, uns 20, atrás do gol de Luiz e focaram no atacante que, logo após a expulsão aos 41 do segundo tempo, ficou um minuto ali pela escadaria de acesso ao vestiário.

O protesto mais marcante foi flagrado ao amanhecer do pós quarta derrota em quatro jogos na Série B. O muro do Heriberto Hülse está pichado na rua Treze de Maio, ao lado das grades frontais ao estádio. "Fora Dal Farra. Vaza FDP" são os dizeres nada amistosos e dirigidos ao presidente Jaime Dal Farra. É de se esperar que muito em breve uma tinta branca nova venha a cobrir a frase pintada por algum, ou alguns torcedores, na madrugada. Dal Farra está na dele. No último contato conosco, na sexta passada após a partida em Curitiba, estava visivelmente nervoso, tanto que chegou a responder uma pergunta nossa na Som Maior sobre contratações lascando um "eu já falei mais de dez vezes...". 

Amanda Farias / 4oito

Hoje, Dal Farra e seus diretores reúnem-se à tarde. Devem contar com Nei Pandolfo e Argel Fucks na cobrança. O recado será enviado aos jogadores. Com tudo do bom e do melhor na estrutura, com salários em dia e todas as obrigações cumpridas pelo clube, a expectativa é pela contrapartida dentro de campo. Será o teor da conversa do dia, enquanto os jogadores folgam. A reapresentação será amanhã.

Sobre o público... lembram que na semana passada tratamos aqui e em A Tribuna sobre "os 3 mil de sempre"? Pois é, foram 2,5 mil e mais um pouco ontem, conforme bem registrou a Amanda Farias no seu blog aqui no 4oito. A nada mole vida do Criciúma no Brasileiro só vai mudar com pontos e vitórias. Próximas terças serão decisivas, a que vem em Campinas diante do Guarani e a outra em casa, frente ao Juventude. É o prazo fatal para Argel dar jeito.

Denis Luciano / 4oito

 

Por Denis Luciano 02/05/2018 - 20:17 Atualizado em 02/05/2018 - 20:33

Durou apenas algumas horas o protesto mais veemente da torcida do Criciúma após os 3 a 1 sofridos para o CSA em casa ontem. Com as quatro derrotas em quatro jogos na Série B, algum ou alguns torcedores picharam um muro do estádio Heriberto Hülse com os dizeres "Fora Dal Farra. Vaza FDP". A revolta ali esteve da madrugada até o final da manhã quando um funcionário do clube lançou uma camada de tinta branca, removendo os impropérios.

Daniel Búrigo / A Tribuna

À tarde, enquanto os jogadores folgaram, a direção reuniu-se. Em uma longa conversa, bastante roupa suja foi lavada. A lista de cobranças é grande. Se Nei Pandolfo não tem dinheiro de sobra para contratar, se Argel reclama que quer volante, zagueiro e atacante, a diretoria expõe que não há orçamento para pagar os salários de R$ 60 mil corriqueiros no mercado da Série B. Por essas e outras que hoje o Tigre perdeu mais uma briga. Vinha tentando repatriar Roberto, aquele atacante que passou pelo clube em 2016. Ele estava no Ceará e agora tomou o rumo da Ponte Preta. Além de não reforçar o Criciúma, ainda será adversário na sequência do Brasileiro.

Pipico foi oferecido. Ele fez gol no Tigre em 2015 pelo Macaé / Foto: Macaé / Divulgação

No bolso do Criciúma serve o Pipico. Atacante do Macaé, um dos artilheiros do último Campeonato Carioca, foi oferecido. O problema com ele é a idade. Tem 33 anos, acima daquela meta que Nei Pandolfo, tão econômico nas palavras, já tornou pública algumas vezes. "Entendemos que já agregamos experiência com outros reforços, queremos agora jogador com perfil de Série B mas que tenha uns 25 anos, não muito mais, não muito menos".

O muro pichado durante a manhã / Foto: Denis Luciano / 4oito

O Criciúma negocia a renovação de contrato com o volante Lucas Bessa, 18 anos, formado nas categorias de base do clube. O vínculo termina em dezembro e não está sendo muito fácil o acerto. Bessa começou o ano entre os profissionais, é apontado como um atleta talentoso, de futuro, mas voltou para o sub-20, do qual é titular e capitão. Conto mais nesta quinta-feira em A Tribuna.

Bessa teve três chances com Lisca / Foto: Fernando Ribeiro / Criciúma EC

Também nesta quinta, a página 32 de A Tribuna vai trazer detalhes de um levantamento que fizemos e que consagra Zé Carlos, desta vez, com um recorde negativo, e que foi aditivado contra o CSA. Ele é o segundo atacante mais indisciplinado da história do Criciúma. A foto abaixo, do Daniel Búrigo, ajuda a explicar. Zé cumprirá suspensão contra o Guarani na próxima terça.

Zé Carlos bateu boca com torcedores / Foto: Daniel Búrigo / A Tribuna

 

Por Denis Luciano 03/05/2018 - 10:45 Atualizado em 03/05/2018 - 10:48

"É hora de reclamar menos, de gesticular menos". O recado de Argel foi claro, com remetente evidente, e tornado público minutos depois de um clima tenso no vestiário do Criciúma. Ao dirigir a cobrança pós jogo aos atletas, normal de uma derrota por 3 a 1 em casa para o CSA, o treinador foi rebatido por Zé Carlos. A insatisfação que o atacante mostrou dentro de campo, reclamando dos colegas e da arbitragem, resultando em um cartão amarelo e um vermelho, repetiu-se nos bastidores, motivando o desabafo do treinador. "É hora de trabalhar mais". O recado também era para Zé.

Vai fazer dois meses que o artilheiro voltou. Fez oito jogos, anotou três gols. No Brasileiro, disputou duas partidas e, na última, tomou um cartão amarelo e, depois, já no banco de reservas, um vermelho. "A gente pede calma", lembrou Argel. Foi o que faltou para o atacante. Na súmula, o árbitro Elmo Rezende relatou os xingamentos que Zé Carlos desferiu contra Celsinho, do CSA, quando o mesmo foi cobrar um lateral perto do banco do Tigre. "Joga igual homem", terminou dizendo o atacante, após proferir alguns palavrões. Na saída, Zé Carlos xingou o auxiliar. Para coroar, discutiu com torcedores.

Zé discutindo com torcedor na terça / Foto: Daniel Búrigo / A Tribuna

Um recorde indigesto

O episódio ajuda a ilustrar uma triste conta de Zé Carlos. Ele alcançou 88 jogos pelo Criciúma, tem 31 cartões amarelos e quatro vermelhos. Na história do clube, somente um atacante teve mais cartões que ele: Lucca, com 37 amarelos e quatro vermelhos. Zé supera jogadores como Vanderlei, que em 431 partidas tomou 24 amarelos e três vermelhos.

Levando-se em conta que a cada três amarelos há uma suspensão a cumprir, Zé totaliza, em uma conta simples, 14 partidas fora. Fazendo a média. a cada seis jogos o artilheiro fica fora uma vez por cartões. Desta vez, será ausência diante do Guarani, na próxima terça-feira, em Campinas.

Abaixo, o quadro dos atacantes mais indisciplinados da história do Criciúma em números absolutos. Os dados são do Meu Time na Rede:

Jogador Cartões
Lucca 37 amarelos, 4 vermelhos
Zé Carlos 31 amarelos, 4 vermelhos
Carlos Henrique 25 amarelos, 2 vermelhos
Vanderlei 24 amarelos, 3 vermelhos
Bruno Lopes 21 amarelos, 1 vermelho
Edemílson 19 amarelos, 2 vermelhos

 

*Matéria publicada em conjunto com o jornal A Tribuna

Por Denis Luciano 03/05/2018 - 11:10 Atualizado em 03/05/2018 - 11:11

O impasse continua. Suspensa via ação judicial na última sexta-feira, a Assembleia Geral para eleger o presidente da Federação Catarinense de Futebol (FCF), que ocorreria na segunda, não tem data para ser realizada. "Deve demorar", comentou ontem no fim da tarde, em conversa com o blog, o procurador da FCF, Rodrigo Capella.

A chapa 2, "Muda FCF", do advogado Alexandre Monguilhott, foi impugnada pela Comissão Eleitoral da FCF na quarta passada, por não alcançar a cláusula de barreira. São necessárias cinco assinaturas de ligas e dez de clubes para avaliar uma chapa e adequar a inscrição ao que está estabelecido no estatuto. "Desde 1995 é assim", reforçou Capella.

Rubens Angelotti é o presidente desde dezembro de 2016 / Foto: FCF Divulgação

E justamente esta impugnação da chapa 2 foi o que motivou o recurso, que não foi acatado no Fórum de Balneário Camboriú mas encontrou guarida no Tribunal de Justiça do Estado. "Nós queremos a revisão desse estatuto antidemocrático", destacou Monguilhott, que também atendeu o blog no fim de tarde ontem. "Estamos lutando por transparência", sublinhou o advogado. 

Monguilhott argumenta que o previsto no estatuto inviabiliza a inscrição de mais chapas, e usa o seu episódio para exemplificar. "Quando fomos inscrever, todas as 11 ligas já haviam assinado com o presidente Angelotti, e 21 clubes dos 25 também", observou. "Assim nunca vai ter renovação".

Monguilhott é candidato de oposição e presidente do Conselho Estadual de Esporte
Foto: Vandrei Bion / Divulgação

A FCF tentou no fim de semana um recurso junto ao TJ-SC para garantir a eleição, mas não teve sucesso. "O plantão argumentou que não pode derrubar a decisão de um desembargador. Agora o processo está sendo distribuído para uma Câmara Cível, e há prazos para isso", explicou Rodrigo Capella. O mandato do próximo presidente começa em 12 de abril de 2019. Há, portanto, tempo de sobra para resolver o impasse. "Vamos esgotar todas as instâncias no TJ. Mas se for necessário vamos sim ao STJ", adiantou Capella. "A Constituição confere total autonomia às entidades, o estatuto é um ato privativo, nem o Poder Judiciário pode interferir. E o nosso estatuto segue as regras da CBF", completou o procurador.

Dez das onze ligas filiadas à FCF estiveram ontem à tarde com seus presidentes e representantes reunidos com o presidente Rubens Angelotti. No ato, reforçaram o apoio já expresso em ata à reeleição do presidente, que lidera a chapa 1 do processo eleitoral suspenso. O presidente licenciado da Liga Atlética da Região Mineira (LARM), Emerson Lodetti, que é candidato a vice-presidente, participou do encontro.

Angelotti e os presidentes de ligas ontem / Foto: FCF / Divulgação

 

Por Denis Luciano 03/05/2018 - 18:58 Atualizado em 03/05/2018 - 19:10

Na quinta-feira de reapresentação do Criciúma quase faltou tempo para treinar. A conversa foi longa no vestiário principal do CT. A atividade, marcada para 15h30min, começou às 17h25min. No papo de mais de duas  horas os problemas da derrota para o CSA por 3 a 1 na terça-feira e, certamente, muitas cobranças após as quatro derrotas em quatro jogos na arrancada da Série B.

Os titulares e os que jogaram mais tempo na rodada passada fizeram um trabalho de recuperação, enquanto os demais desceram para o gramado, onde o técnico Argel Fucks comandou um pegado treino tático contra o sub-17 que esteve reforçado.

Titulares do treino de hoje / Foto: Denis Luciano / 4oito

No reforço ao time reserva, a novidade do fim de tarde: as reintegrações dos laterais Carlos Eduardo e Eltinho e do meia Luiz Fernando. Os três atuaram na equipe de baixo, e são os "reforços" que Argel terá daqui por diante. O treinador recebeu o claro recado, na reunião de ontem, que não há mais orçamento para contratar. Dentro da linha que o próprio treinador havia adotado após o jogo com o CSA, o Criciúma "vai com o que tem".

Fábio Ferreira treinou normalmente / Foto: Denis Luciano / 4oito

Na equipe de cima do treino, dois sinais já apontando para o jogo de terça que vem em Campinas contra o Guarani. O lateral Enzo aparecendo na esquerda, no lugar de Marlon, a exemplo do atacante Lucas Coelho na vaga de Zé Carlos. Os dois vão ganhar vaga no time por conta das suspensões de Marlon e Zé Carlos. Fábio Ferreira também treinou. Assim, a transição está concluída com sucesso e, recuperado de lesão, ele deve jogar no lugar de Nino.

Por curiosidade, os titulares do treino do fim de tarde foram Vinícius, Sueliton, Christian, Fábio Ferreira e Enzo, Leandro Melo, Jean Mangabeira e Wallacer, Andrew, Lucas Coelho e Mailson.

Carlos Eduardo, um dos reintegrados / Foto: Denis Luciano / 4oito

O time ainda treina nesta sexta, sábado e domingo até a viagem de segunda-feira para Campinas. A destacar que a noite estava chegando, por volta das 18h, e o Tigre ainda corria atrás da bola no CT. É esforço para fugir logo da crise no Brasileiro. Antes do treino, o bate papo da reportagem à tarde no CT foi com o atacante Nicolas. Confira abaixo!

 

Por Denis Luciano 03/05/2018 - 20:55 Atualizado em 03/05/2018 - 21:02

Na falta de dinheiro para contratar, o Criciúma encorpa seu elenco reintegrando. Entregues aos preparadores físicos desde 18 de março para recondicionamento, os laterais Carlos Eduardo e Eltinho e o meia Luiz Fernando estão de volta ao grupo principal. Eles participaram do treino desta quinta no time reserva, que contou ainda com atletas do sub-17 para testar a equipe de cima que, claro, esteve desfalcada daqueles que jogaram diante do CSA e fizeram o regenerativo normal das reapresentações.

Jean Mangabeira em um esquema mais defensivo na terça? Difícil
Foto: Denis Luciano / 4oito

Carlos Eduardo parece despontar um pouco à frente. É da casa, é da base, pintou como volante, andou jogando bem na lateral direita mas vinha mesmo precisando de um "algo a mais" no físico. Não será surpresa se daqui a pouco, conforme o rendimento nos treinos, tiver alguma oportunidade.

Luiz Fernando vem numa posição, digamos, intermediária. Ele desagradou Argel na última chance que teve, naquele 1 a 1 diante do Brusque no Catarinense em casa, tanto que depois daquela partida acabou mandado para o tal período especial de treinos fora do elenco principal. Acontece que o Cruzeiro paga integralmente os salários do meia, que não são tão baixos, e vinha descontente com a postura do Criciúma. Volta por força das circunstâncias. Até que apareceu bem no treino do fim de tarde no CT.

Fábio Ferreira treinou. Vai para o jogo / Foto: Denis Luciano / 4oito

E Eltinho é o caso mais complicado. Tem contrato até o fim do ano, não pode reclamar de falta de chances ao longo do Estadual mas sofre de problemas físicos crônicos. Lesionou algumas vezes. O Criciúma tentou emprestar o lateral, faltaram interessados. Quem quis, não topou arcar com o salário, e o jogador quer cumprir seu vínculo no Tigre. Terá uma nova oportunidade.

Eltinho de volta. Nova chance / Foto: Denis Luciano / 4oito

A volta dos três - eram quatro lá em março, mas Siloé acertou a saída - é outro claro indicativo do que foi acertado na reunião de ontem. A direção pediu e Argel teve que aceitar que o Criciúma não contrata mais. O orçamento está no limite. A ideia é fazer o possível com esse grupo que aí está. O treinador concorda que a direção contratou sete jogadores depois da vinda dele, e ao menos cinco estão jogando. Pós Argel vieram Zé Carlos, Marlon, Sueliton, Fábio Ferreira, Liel, Nicolas e Leandro Melo. Além de Siloé, saíram Caio e Chico. Ou seja, a fotografia do Tigre com a obrigação de reagir no Campeonato Brasileiro é esta.

Luiz Fernando no treino de hoje / Foto: Denis Luciano / 4oito

Tá difícil de apostar em um time para encarar o Guarani na terça em Campinas. A defesa até vai, com Luiz, Sueliton (Natan), Sandro, Fábio Ferreira e Enzo. No meio? Liel e Elvis, ok. E o resto? Outro volante? De novo Nicolas com o trio João Paulo, Lucas Coelho e Andrew na frente? Mais conservador ou mais ousado? As três próximas manhãs dirão. O Criciúma, que conversou duas horas antes do trabalho desta quinta, treina sexta, sábado e domingo pela manhã, viaja segunda e terça estará em campo no Brinco de Ouro.

Andrew no aquecimento com Ianson / Foto: Denis Luciano / 4oito

 

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