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* as opiniões expressas neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do 4oito
Por Dr. Renato Matos 23/08/2021 - 08:12 Atualizado em 23/08/2021 - 08:14

"Estamos planejando distribuir coletes salva-vidas extras a pessoas que já têm colete salva-vidas, enquanto estamos deixando outras se afogarem", afirmou Mike Ryan, diretor do programa de emergência de saúde da OMS.

Essa declaração reforça o posicionamento da Organização Mundial da Saúde, que é contra a administração de terceiras doses da vacina contra a Covid-19 enquanto ainda existir um número substancial da população mundial sem acesso às primeiras doses. Mas além do aspecto ético, o que temos de evidências sobre a aplicação da terceira dose?
A dificuldade começa na quantificação da dita “perda da imunidade”.Não temos ainda exames que deem essa informação com segurança – os chamados correlatos de proteção, quando determinado exame indiscutivelmente reflete a resposta vacinal.
Temos apenas pressuposto de proteção, quando essa relação não está bem estabelecida ou comprovada – como as desaconselhadas dosagens de anticorpos.A informação populacional de aumento de casos entre os vacinados também pode ter diversas interpretações, entre elas o abandono das máscaras e a volta de grandes aglomerações.
A variante Delta, mais transmissível, tirou a tranquilidade daqueles países que achavam que já haviam vencido o SARS-CoV-2 e que poderiam voltar à vida normal.
Israel, com um dos maiores índices de vacinação completa do mundo (mais de 70% entre os maiores de 12 anos), enfrenta uma nova e severa onda de Covid-19, que atinge – saliente-se – principalmente aqueles que não estão completamente vacinados.
Esse percentual aproximou Israel da imunidade coletiva contra a cepa original, mas não contra a Delta.
Talvez o caminho imediato seja reforçar as doses da vacina, principalmente entre aqueles mais suscetíveis a formas graves da doença.
Mas devemos ter clareza de que essa não é a solução definitiva.
Países com baixos índices de vacinação podem ser criadores de novas variantes, que, como a Delta, afastarão o fim da pandemia.
Se não vacinarmos, para valer, todo o mundo, viveremos correndo atrás de reforços vacinais.

Por Dr. Renato Matos 16/08/2021 - 07:54 Atualizado em 16/08/2021 - 08:02

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, em manifestação, no dia 13 de agosto, passou formalmente a recomendar uma dose adicional de vacina contra Covid-19 para pessoas que tenham seu sistema imunológico debilitado de forma moderada a severa .

Essa diretriz surgiu da análise de estudos que existe que essa população, sabidamente mais vulnerável a formas graves da doença, responde pior às doses habituais das vacinas.
Já há pesquisas mostrando que uma grande proporção de pacientes internados após estarem com as doses completas da vacina são imunocomprometidos e que essas pessoas têm maior probabilidade de transmitir o vírus para comunicantes domiciliares.

Importante saliente que as recomendações do CDC são exclusivas para aqueles que receberam mRNA vacinas, como a da Pfizer e da Moderna.
Não existe, até o momento, aconselhamento semelhante para aqueles vacinados com Janssen, AstraZeneca ou Coronavac.

Apesar da ausência de evidências mais definitivas para a mistura de vacinas, esse é um assunto que está na linha de frente das pesquisas e parece ser promissor.
Aqui no Brasil, inclusive, já estamos tendo essa experiência em grávidas que tomaram a primeira dose da vacina da AstraZeneca, mas trouxemos uma segunda dose da Pfizer.

Além disso, no sábado passado, 14 de agosto, o Ministério da Saúde autorizou os municípios a aplicarem a vacina da Pfizer como substituta para a segunda dose da AstraZeneca. Apesar de já haver um trabalho realizado no Reino Unido comparando a intercambialidade entre essas duas vacinas, o que realmente motivou esta nota técnica foi a escassez no produto da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford.
Salientamos que não há nenhuma recomendação por parte do CDC de doses de reforço para qualquer outra população, nem mesmo para os idosos.
As indicações são extremamente restritas a grupos especiais de imunodeprimidos, relacionados no documento da agência americana.

Em documento anexo, o CDC deixa bem claro que testes para avaliar uma resposta humoral (a) ou celular, fora do contexto de pesquisa, não são recomendados nesse momento nos EUA, nem mesmo entre os imunossuprimidos.
Citam como justificativas:    
- A utilidade de testes para avaliar uma resposta imune às vacinas contra o SARS-CoV-2 não está escolhido;
- A exata correlação entre os dados de conteúdo e proteção contra a Covid-19 atual incerta;
- Os kits comerciais para avaliação da imunidade celular e humoral podem não ser consistentes entre diferentes laboratórios.

Para animar nossa segunda-feira

Foi postada no Twitter, pelo cardiologista Christopher Cannon, professor da Harvard Medical School, uma proporção de pessoas hospitalizadas em San Diego, cidade de pouco mais de 3 milhões de habitantes, no sul da Califórnia, no período de 12 de julho a 10 de agosto , considerando seu estado vacinal.

 

Por Dr. Renato Matos 09/08/2021 - 07:57 Atualizado em 09/08/2021 - 08:01

O Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) estima que a variante Delta do SARS-CoV-2, surgida na Índia, é responsável por mais de 82% dos casos nos Estados Unidos. Ela tornou-se dominante em outros países também. De acordo com a Organização Mundial da Saúde  a variante Delta foi responsável por 75% ou mais dos casos na Austrália, Bangladesh, Botsuana, China, Dinamarca, Índia, Indonésia, Israel, Portugal, Rússia, Cingapura, África do Sul e Reino Unido. 

Já circula em pelo menos 132 países. 
Em nosso país a maioria dos estados já apresenta casos de transmissão comunitária, inclusive Santa Catarina.
No Estado do Rio de Janeiro, segundo dados confirmados pela Secretaria Municipal de Saúde, a variante já representa 45% das amostras analisadas. 

As vacinas em uso protegem contra formas graves da doença, desde que a pessoa tenha sido completamente vacinada – no nosso caso, duas doses da AstraZeneca, Coronavac ou Pfizer, ou uma dose da Jansen.
Nos EUA mais de 97% das pessoas que estão sendo internadas com Covid-19 não estão vacinados.
Lá a taxa de doentes entre aqueles completamente vacinados fica bem abaixo de 1% em todos os estados, variando de 0,01% em Connecticut a 0,29% no Alaska.
A preocupação vem para aqueles não vacinados ou com doses incompletas. Estudo recente publicado no New England Journal of Medicine mostrou que uma dose da vacina da Pfizer ou da AstraZeneca alcançou eficácia de apenas 30%, contra aproximadamente 80% naqueles com duas doses.

Como estamos com pouco mais de 20% da nossa população completamente vacinada, ainda temos  80% de suscetíveis a formas mais graves da doença caso sejam infectados pela variante Delta.
Estamos numa situação parecida com a que vivemos em fevereiro deste ano, quando tínhamos apenas 20 pessoas de Criciúma hospitalizadas, com a sensação de que a pandemia estava indo embora.
Chegou então a variante Gama (P1), surgida em Manaus, e tivemos os piores meses desde o início da pandemia.

Não vamos errar novamente. 
Como diz Márcio Bittencourt, epidemiologista de USP: “ainda não é hora de ficarmos brincando de normalidade”.

Por Dr. Renato Matos 05/08/2021 - 07:53 Atualizado em 05/08/2021 - 07:54

O presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou em 29 de julho, novas orientações para mais de 4 milhões de funcionários federais e centenas de milhares de empreiteiros que trabalham em instalações federais em todo o mundo, com o objetivo de aumentar as taxas de vacinação contra a Covid-19 entre a força de trabalho do país e influenciar outros empregadores.

Conforme o site da Universidade John Hopkins, que atualiza as informações sobre a Covid-19, “embora não seja considerado um mandato de vacina, todos os trabalhadores federais serão obrigados a assinar formulários atestando que estão totalmente vacinados para SARS-CoV-2 ou enfrentar inconvenientes em suas vidas diárias de trabalho”.

Os trabalhadores não vacinados "serão obrigados a usar máscara no trabalho, não importando sua localização geográfica, distância física de outros funcionários e visitantes, além de serem obrigados a realizar teste de triagem semanal ou duas vezes por semana e estarem sujeitos a restrições nas viagens oficiais".

Além disso, o presidente Biden sugere que os governos locais, usando o financiamento federal que receberam, paguem US$ 100 a quem estiver totalmente vacinado. Também solicitou que o Departamento de Defesa dos EUA implemente rapidamente uma política de uso de máscaras para os militares, alguns relutantes em se submeter à vacinação.
Felizmente, acostumados com o Zé Gotinha, temos menor resistência à vacinação por aqui.

Com o risco de chegada da variante Delta, precisamos rapidamente de doses para vacinar de forma completa nossa população.

Por Dr. Renato Matos 02/08/2021 - 08:37 Atualizado em 02/08/2021 - 08:39

Em meio a um aumento nacional de casos de Covid-19, hospitalizações e mortes atribuídas à variante Delta, o Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) emitiu novas orientações sobre o uso de máscaras, recuando de recomendações prévias, que liberavam o seu uso para indivíduos totalmente vacinados. 
Em áreas onde o número de casos vem aumentando ou que estão com altas taxas de transmissão, volta a ser indicado o uso de máscaras em ambientes internos, mesmo entre aqueles totalmente vacinados.
Os EUA já tiveram 34,7 milhões de casos de Covid-19 e 609.853 mortes. A incidência diária continua aumentando, agora chega a 66.606 novos casos por dia, o que é quase 6 vezes maior do que os números de 19 de junho. A mortalidade diária também continua aumentando, chega a 296 óbitos por dia, 78% maior do que as mortes observadas em 10 de julho (166).
O CDC também volta a recomendar o uso universal de máscaras por professores, funcionários e alunos que retornaram às escolas primárias e secundárias, independentemente de sua situação vacinal.
De acordo com a diretora do CDC, Dra. Rochelle Walensky, a agência reestabeleceu suas recomendações de uso de máscaras em ambientes internos com base em novas pesquisas, cujos resultados mostram que pessoas vacinadas infectadas com a variante Delta carregam cargas virais semelhantes às de pessoas que não foram vacinadas.
As boas notícias são que as pessoas totalmente vacinadas raramente apresentam doenças graves e as reinfecções entre elas permanecem incomuns. 
Hospitalizações e mortes ocorrem quase que exclusivamente entre as pessoas não vacinadas.

Por aqui, com um percentual ainda pequeno de pessoas completamente vacinadas e com o risco da chegada da variante Delta, certamente não é hora de deixarmos as máscaras de lado.

Por Dr. Renato Matos 26/07/2021 - 07:05 Atualizado em 26/07/2021 - 07:06

A Associação Médica Brasileira, a Sociedade Brasileira de Infectologia e a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia avaliaram criticamente as evidências existentes sobre o tratamento da Covid-19 leve – aqueles a serem tratados sem necessidade de internação - e publicaram seus resultados neste mês de julho.

O Projeto Diretrizes, uma iniciativa da Associação Médica Brasileira, visa combinar informações da área médica para padronizar as condutas e para auxiliar no raciocínio e na tomada de decisões dos médicos.
Foram avaliados os ensaios clínicos randomizados fase 3, aqueles que fornecem as melhores evidências, assim como as revisões sistemáticas desses estudos, dentro da melhor metodologia atualmente disponível.
Aos interessados, a totalidade das informações está disponível num encorpado documento no site da Associação Médica Brasileira.

Vamos à síntese desses estudos:
- Não há evidência baseada em ensaios clínicos randomizados (ECR) disponíveis no momento que suporte a indicação de antibioticoterapia profilática ou terapêutica específica para pacientes com quadro de Covid-19 leve.
- Não há diferença em hospitalização e óbitos ao se comparar grupos que usaram Hidroxicloroquina (HCQ) com controles sem a HCQ.
- Além disso, o uso de profilático de HCQ aumenta o risco de eventos adversos em 12%, quando comparado aos controles.
- Não há evidência consistente disponível que suporte o uso de Ivermectina, seja em pacientes sob risco de Covid-19 ou em pacientes com doença leve. Não há diferença no risco de hospitalização, na mortalidade ou em eventos adversos quando comparado com o uso de placebo.
- Não é recomendado o uso de Colchicina no tratamento de pacientes com quadro de Covid-19 leve, devido a uma razão nula entre benefício (hospitalização) / dano (eventos adversos graves).
- Os esteroides, em pacientes com quadro de Covid-19 leve, também não devem ser utilizados.
Ao contrário do encontrado na medicina de WhatsApp, nada de novas evidências que suportem esses tratamentos.

Por Dr. Renato Matos 22/07/2021 - 07:55 Atualizado em 22/07/2021 - 07:56

A edição de ontem, 21, do New England Journal of Medicine traz um artigo original sobre a efetividade das vacinas da Pfizer e AstraZeneca, no Reino Unido, contra a nova variante Delta, surgida na Índia.
A efetividade das duas vacinas foi muito semelhante quando avaliada naqueles indivíduos que receberam apenas a primeira dose: apenas cerca de 30%.
Quando foram estudados aqueles que já haviam recebido as 2 doses, a eficiência subiu muito: 88% para os vacinados com a Pfizer, 67% para quem foi imunizado com a AstraZeneca.
Não há ainda estudos populacionais equivalentes com a Coronavac.
Segundo o diretor do Instituto Butantan, Bruno Covas, a Coronavac mostrou resultados “muito animadores” quando testada em laboratório na China. 
Apesar de já apresentar circulação comunitária no país – há casos detectados inclusive em Gramado - não sabemos ainda se essa variante vai se tornar predominante em nosso meio.
Como tradicionalmente temos um atraso de 6 a 8 semanas em relação às ondas ocorridas no hemisfério norte, devemos ficar atentos.
E, o mais rapidamente possível, avançar na vacinação completa da nossa população, principalmente dos mais vulneráveis.

Por Dr. Renato Matos 19/07/2021 - 07:27 Atualizado em 19/07/2021 - 07:28

Em nossa cidade, depois de meses vivendo com cerca de 200 internações/dia de pacientes com Covid-19, os números estão baixando. Nos últimos dias estão um pouco acima de 100 – sendo a metade de outros municípios.
Números ainda bem acima dos observados em fevereiro. No dia 10 daquele mês, tínhamos 40 pacientes internados em nossos hospitais, sendo 21 de Criciúma.
Na sequência, chegou a variante Gama (P1) e sabemos como a situação evoluiu. Apenas nesses últimos 5 meses, morreram 350 criciumenses: mais da metade do total de óbitos (611) até o momento.
A dúvida, agora, quando a P1 vem perdendo força, é se a variante Delta, já com transmissão comunitária em alguns estados, ganhará espaço em nosso país.
A variante foi identificada pela primeira vez na Índia e foi responsável por uma onda esmagadora, que causou 30 milhões de infecções e, pelo menos, 400.000 mortes naquele país. 
O vírus rapidamente se espalhou para a Inglaterra, onde agora é a fonte de 99% dos casos. Desde então, apareceu em 104 países e em todos os 50 estados norte-americanos.
Nos EUA, infecções, hospitalizações e mortes estão subindo rapidamente em alguns estados com baixas taxas de vacinação:  Arkansas, Missouri, Texas e Nevada, por exemplo.
A “baixa vacinação” nesses estados significa 35% de pessoas totalmente imunizadas no Arkansas e 43% no Texas e em Nevada.
Pelo vacinômetro do governo do estado de Santa Catarina, atualizado em 17 de julho, estamos com 15,32% da população totalmente vacinada.
Esse é um dado crucial.
Até o momento, sabemos que as vacinas trazem proteção contra formas graves da variante Delta – desde que a pessoa esteja com a vacinação completa.
Apesar de podermos comemorar os últimos números em nossa cidade - resultado da eficiência mostrada pelas vacinas - é bom não baixar demais a guarda.

Por Dr. Renato Matos 15/07/2021 - 07:11 Atualizado em 15/07/2021 - 07:11

A variante Delta foi identificada pela primeira vez na Índia, no final do ano passado. 

Declarada uma "variante de preocupação" pela Organização Mundial da Saúde em maio passado, ela foi a responsável pela violenta onda de casos e mortes que ocorreu na Índia este ano.

Pesquisas sugerem que a Delta é a mais contagiosa de todas as variantes conhecidas até o momento.

Essa variante já foi relatada em mais de 95 países, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, inclusive alguns poucos casos em nosso país.

No Reino Unido, já é responsável por mais de 95% dos novos casos de Covid-19, levando ao aumento no número de casos – mas não mortes. 

Está se tornando a variante dominante nos EUA. Casos envolvendo a Delta já foram confirmados em todos os 50 estados do país.

As vacinas em uso parecem oferecer uma boa proteção contra a variante Delta, e a maioria dos cientistas concorda que indivíduos totalmente vacinados provavelmente enfrentem pouco risco de hospitalizações e mortes.

 A Delta Plus

A variante da variante, chamada de Delta Plus, foi relatada pela primeira vez em um boletim do Public Health England, em 11 de junho. Casos dessa variante foram descobertos na Índia, EUA, Canadá, Japão, Reino Unido, Portugal, Suíça, Nepal, Polônia, Rússia e Turquia.

Ela é uma sub-linhagem da variante Delta, que adquiriu outra mutação da proteína Spike, já encontrada na variante Beta, identificada pela primeira vez na África do Sul.

Existe a preocupação que essa variante seja ainda mais transmissível.

E que possa escapar da proteção de algumas vacinas, como aconteceu com a variante sul africana.

Não há atalhos.

Precisamos acelerar nossa vacinação – e manter as medidas sanitárias - até que possamos contar com uma situação mais segura.

Por Dr. Renato Matos 12/07/2021 - 08:15 Atualizado em 12/07/2021 - 08:17

Uma briga pública eclodiu entre a Pfizer e as autoridades federais de saúde americanas sobre a necessidade de doses de reforço das vacinas contra o coronavírus.
A Pfizer e a empresa alemã BioNTech anunciaram recentemente que planejam buscar autorização regulatória para uma injeção de reforço, prevendo que as pessoas precisariam de uma dose adicional de vacina de seis a 12 meses depois de serem totalmente imunizadas. 

Horas depois, o Departamento de Saúde americano emitiu uma repreensão enfática, dizendo que "os americanos que foram totalmente vacinados não precisam de uma injeção de reforço neste momento”.
A discordância ocorre quando o mundo é agitado pela variante Delta, surgida na Índia e que coloca em discussão as medidas de abertura tomadas pelos países com altos índices de vacinação.
A declaração do departamento de saúde não mencionou a Pfizer pelo nome, mas disse que "um processo rigoroso e baseado na ciência liderado pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, pela Food and Drug Administration e pelos Institutos Nacionais de Saúde determinarão se os reforços serão necessários”

Embora algumas variantes tragam preocupações por poderem escapar da proteção fornecida pelas vacinas, os dados disponíveis até o momento mostraram que pessoas totalmente vacinadas permanecem bem protegidas contra doenças graves, internação e morte.

Um relatório dos analistas da Bloomberg Intelligence estimou que os reforços da vacina contra o SARS-CoV-2 poderiam representar um mercado global de US$ 11 bilhões a US$ 37 bilhões a cada ano. 
"Ninguém está dizendo que nunca precisaremos de um reforço, mas dizer que precisamos agora e dar ao público a impressão de que as vacinas estão falhando e algo precisa ser feito com urgência... O momento não é agora", disse John P. Moore, professor de microbiologia e imunologia da Weill Cornell Medicine. 
Por aqui, sem dúvidas, a prioridade é completar a vacinação de toda a população o mais rapidamente possível.
Reforçando: pessoas totalmente vacinadas (doses completas) permanecem bem protegidas contra doenças graves, internação e morte..

Por Dr. Renato Matos 07/07/2021 - 13:54 Atualizado em 07/07/2021 - 13:55

Linfonodomegalia é o termo usado para definir um aumento dos gânglios linfáticos, popularmente conhecida como ínguas.

Geralmente está associada a algum processo infeccioso, mas eventualmente pode sinalizar a presença de algum tumor.

A mamografia é um exame radiológico usado para detecção do câncer de mama.

Faz parte desse exame, a avaliação de gânglios axilares – seu aumento pode sugerir a presença de alguma metástase.

Entra aí, a vacina contra a Covid.

Uma reação rara após a aplicação de uma vacina no membro superior é o aumento dos gânglios axilares no mesmo lado da injeção.

Pode acontecer com a vacina do sarampo, da gripe - e com a vacina contra a Covid.

Não sinaliza nenhuma gravidade ou problema na aplicação da dose.

Mas pode confundir o radiologista quando da interpretação de uma mamografia.

Para normatizar a realização desse exame de rastreamento, a Sociedade Brasileira de Mastologia, juntamente com outras entidades relacionadas, recomenda que seja realizado antes da primeira dose ou quatro semanas após a segunda dose da vacina contra a Covid-19.

Em casos específicos, converse com seu ginecologista.

Por Dr. Renato Matos 05/07/2021 - 07:44 Atualizado em 05/07/2021 - 07:45

Pelos mais diversos motivos, existe uma evidente desconfiança contra a Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan.

É o patinho feio das vacinas que utilizamos no Brasil. 

As vacinas que hoje estão disponíveis, ao contrário do que boa parte das pessoas pensam, não surgiram de uma hora para outra.

Mesmo as vacinas de tecnologia mais revolucionária, como as de vetor viral ou mRNA, já vêm sendo desenvolvidas há anos.

Faltavam os vultosos investimentos que só a pandemia poderia liberar.

Nesse aspecto de receio de novidades, a vacina do Butantan leva imensa vantagem.

Sua técnica de fabricação, usando vírus inativados, é a mais testada de todas – é usada em vacinas que utilizamos há muito tempo, como a da gripe, desenvolvida para ser utilizada nos soldados americanos na segunda guerra mundial (1939 a 1945).

Já aprovada pela Organização Mundial da Saúde, também tem mostrado segurança e eficácia em estudos de fase 2, quando utilizada em crianças e adolescentes de 3 a 17 anos de idade (The Lancet Infectious Disease, 28 de junho de 2021). 

Em estudo de vida real, sua eficiência foi testada no município de Serrana (SP), cidade com 45 mil habitantes. 

Cinco semanas após ter-se completado a vacinação da população adulta, observou-se redução de 95% dos óbitos, 86% nas internações e 80% dos casos sintomáticos. 

Esses números foram observados na população geral, apesar de apenas a população adulta ter sido vacinada.


Ainda lembrando das cópias baratas de diversos produtos que vinham da China décadas atrás?

A China é, hoje, a maior formadora mundial de alunos com graduação em ciências e engenharia. 

Desde 2007, o país concede mais doutorados em ciências naturais e engenharia do que qualquer outro país.

Atualmente é o segundo país com maior gasto em pesquisas e desenvolvimento, ficando atrás apenas dos EUA.

Deixemos de tolices.
Vamos virar a página dessa pandemia.

Por Dr. Renato Matos 30/06/2021 - 07:51 Atualizado em 30/06/2021 - 07:51

Foi publicado no New England Journal of Medicine, em 23 de junho passado, o resultado de um estudo que avaliou a incidência de infecção secundária pelo SARS-CoV-2 em indivíduos não vacinados que tiveram contato com infectados dentro do ambiente domiciliar.
 Foram acompanhadas pouco mais de 960 mil pessoas nos meses de janeiro e fevereiro de 2021, em cidades da Inglaterra. 
Todos tiveram contato com infectados dentro de suas residências.
Entre aqueles que moravam com não vacinados, 10% desenvolveram a doença.
Quando o caso índice havia recebido a vacina Oxford/AstraZeneca (pelo menos 21 dias após a primeira dose), 5,7% desenvolveram a doença.
Quando a vacina utilizada foi a Pfizer/BioNTech, 6,2% dos comunicantes apresentaram a infecção.
Já sabemos que a vacinação contra a Covid-19 previne infecções e reduz a gravidade dos sintomas.
Os dados apresentados mostram que aqueles vacinados também transmitem menos a doença – mas não totalmente.
Por isso, a importância das conhecidas medidas sanitárias até que um alto percentual da população esteja imunizado e a circulação do vírus controlada.

Variante Delta e vacinas

Em Israel, que já tem mais de 80% da sua população adulta vacinada, a variante Delta (surgida na Índia) está se tornando a dominante.
Mais transmissível, a Delta levou a um aumento no número diário de casos naquele país – 308 casos no dia de ontem – mas sem aumento nas hospitalizações ou mortes.
Sua parede de imunização, até agora, tem se mantido firme..

Por Dr. Renato Matos 28/06/2021 - 08:01 Atualizado em 28/06/2021 - 08:02

Dados recentemente disponibilizados pelo CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA) e analisados pela agência Associated Press mostraram que pessoas totalmente vacinadas foram responsáveis por apenas 0,1% das 853.000 internações ocorridas em maio por Covid-19 naquele país.

O impacto na mortalidade também é imenso:  das 18.000 mortes, apenas 150 ocorreram naqueles completamente vacinados – 0,8%.
A diretora do CDC, Rochelle Walensky, disse que a vacina é tão eficaz que “quase todas as mortes por Covid-19, especialmente entre os adultos, são, neste ponto, totalmente evitáveis”.
Dados de 23 de junho mostram que 77% dos americanos acima de 65 anos estão completamente vacinados.
Acima de 18 anos, 56%. 

Os EUA, com uma população de 330 milhões de pessoas, contabilizam, até o momento, 603 mil mortes pela Covid-19.
Do pico de mais de 3.000 mortes diárias, hoje estão com cerca de 300 mortes/dia, que poderiam ser praticamente zeradas se todos os elegíveis tivessem sido vacinados.
 

Por Dr. Renato Matos 21/06/2021 - 08:06 Atualizado em 21/06/2021 - 08:07

O princípio da hipótese nula se aplica à ciência em geral: um fenômeno não deve ser considerado verdadeiro antes da sua comprovação.
Até prova em contrário – usando as ferramentas do método científico – partimos do pressuposto de que não existe associação entre uma intervenção e um resultado.
Não só na definição da eficácia de medicamentos.
Usar celular causa câncer no cérebro?
Como o uso do celular é disseminado e vemos poucos casos de câncer no cérebro, partimos do pressuposto que não existe essa associação – esta é a hipótese nula. 
Para provarmos o contrário, precisaríamos que estudos muito bem delineados mostrassem, com mínimas margens de erro, que existe causalidade entre o seu uso e a doença.
Existem exceções a essa regra básica. 
Uma delas é o princípio da plausibilidade extrema, quando devemos acreditar no fenômeno ou adotar uma conduta médica, independente de demonstração científica.
O exemplo comumente usado é o paradigma do paraquedas. 
É tão plausível que o paraquedas vá reduzir a morte de alguém que pule de um avião que não há necessidade de nenhum estudo para testar essa hipótese.
O uso de máscaras para a prevenção da transmissão do coronavírus não preenche os critérios do princípio da plausibilidade extrema, mas pode se aproximar dele.
Em junho de 2020, a revista Lancet publicou uma revisão sistemática dos estudos observacionais publicados sobre a eficácia do uso de máscaras e distanciamento físico no controle da disseminação da doença, com resultados favoráveis a sua adoção. 
Foi apenas nessa época – meados de 2020 - que a Organização Mundial da Saúde recomendou a adoção disseminada do seu uso.
A rota primária de transmissão do SARS-CoV-2 é por meio de partículas respiratórias, muitas vezes eliminadas por indivíduos assintomáticos.  
Ao criar uma barreira, a máscara consegue estabelecer um obstáculo físico a sua transmissão.
A preponderância das evidências científicas atuais indica que as máscaras reduzem a transmissibilidade tanto em contextos clínicos quanto laboratoriais.
Dada a gravidade da pandemia, essas evidências, combinadas com o baixíssimo risco de complicações, suportam o seu uso pela população em geral.
A magnitude potencial do benefício a nível populacional é imensa.
Enquanto não tivermos uma parcela significativa da população vacinada, sua utilização é, literalmente, vital.

Por Dr. Renato Matos 14/06/2021 - 07:39 Atualizado em 14/06/2021 - 07:40

A vacina tríplice viral é uma combinação dos vírus vivos atenuados do sarampo, da caxumba e da rubéola, usada rotineiramente em crianças acima de 12 meses de idade.
Em janeiro foi tornado público um estudo preliminar feito na Universidade Federal de Santa Catarina, sugerindo que o seu uso reduziria o risco de internação por Covid-19 em 74%. 
Apesar da falta de plausibilidade e o pequeno número de voluntários testados, algumas pessoas correram para tomá-la, esperando com isso ativar sua imunidade.  
Não leram a bula.
Lá está descrito que de 5% a 15% dos vacinados apresentam febre alta (maior que 39,5⁰C), que surge de 5 a 12 dias após a vacinação, com um a cinco dias de duração. Alguns podem apresentar convulsão febril, sem consequências graves.
A bula também informa que inflamação das meninges (meningite), em geral benigna, pode ocorrer entre o 11º e o 32º dia após a vacinação, além de inflamação do cérebro (encefalite), que pode surgir entre 15 e 30 dias após a vacinação. 
O número dessas complicações oscila entre 1 a cada 1 milhão e 1 a cada 2,5 milhões de vacinados com a primeira dose.

Outra vacina de uso corrente, a meningocócica ACWY, da Pfizer, a mesma fabricante da vacina contra o SARS-CoV-2, indicada para crianças e adolescentes, leva, em até 10% dos casos, a reações no local da aplicação, irritabilidade, dor de cabeça, sonolência, perda de apetite, febre, dores musculares e calafrios.
A mesma bula da vacina da Pfizer indica que “como ocorre com qualquer vacina, pode não ser induzida resposta imune protetora em todos os vacinados”.

Se formos ler a bula de todas as vacinas que são aplicadas há décadas, a relação de efeitos colaterais é muito semelhante.
Não seria diferente com as vacinas contra o coronavírus. 
Reações graves são excepcionalmente raras, a ponto de, quando aparecem, levarem à suspensão temporária de seu uso, até que a relação de causalidade seja estabelecida.

Além disso, não existem estudos comparando a efetividade das vacinas.
A eficácia de 90% de uma vacina não pode ser simplesmente comparada com os 70% de outra, testadas em outros locais e sob diferentes condições.

Todas as vacinas utilizadas no Brasil foram aprovadas em grandes ensaios clínicos e já tem o aval da Organização Mundial de Saúde.


Com menos de 15% da população brasileira vacinada com as duas doses necessárias, não é hora de querer ficar escolhendo marca de vacina.

Qual a melhor?

Aquela que puder ser aplicada no seu braço.
 

Por Dr. Renato Matos 07/06/2021 - 08:17 Atualizado em 07/06/2021 - 08:18

A Bioética é a área de estudo focada na influência de princípios morais e éticos na prática médica e na pesquisa científica.
A resolução de dilemas bioéticos se baseia na análise de quatro princípios fundamentais: beneficência, não-maleficência, justiça e autonomia.
Beneficência é o ato, a prática ou virtude de fazer o bem.  Aplicada a saúde, determina que os tratamentos médicos devem ser aplicados considerando o máximo de benefício, com o mínimo prejuízo possível.
Não-maleficência se confunde com o princípio anterior e o complementa. Nenhum tratamento deve causar prejuízos além dos já existentes como consequência da doença.
O preceito da justiça determina que o acesso aos tratamentos de saúde seja feito de forma justa e igualitária, independente de questões sociais, culturais, étnicas, de gênero ou religiosas.
O foco da autonomia é centrado no paciente, habitualmente, a parte mais frágil na relação médico/paciente: a sua vontade quanto ao tratamento que será submetido deve ser respeitada.
A autonomia é o único dos princípios bioéticos que não é contemplado no Juramento de Hipócrates, escrito no século V a.C.

E quanto a autonomia do médico?

Uma boa discussão sobre o assunto, fruto de uma colaboração formal entre pesquisadores brasileiros e o Centro de Medicina Baseada em Evidências da Universidade de Oxford, está exposta no site da Oxford-Brazil EBM Alliance: “Autonomia Médica em Tempos de Pandemia”.
“Autonomia não significa liberdade irrestrita. Curiosamente, este pressuposto é muito utilizado para justificar opiniões pessoais e não surgiu na pandemia. Vemos com muita frequência médicos (e outros profissionais de saúde) resistentes a seguir diretrizes assistenciais ou protocolos de segurança do paciente, com a justificativa de que a sua autonomia estaria sendo tolhida”. 
Sob a pressão da pandemia, alguns médicos defendem a posição de que devemos “fazer qualquer coisa”, como se não prescrever algum tratamento, mesmo que ineficaz, caracterizaria omissão.
É uma posição ultrapassada, conhecida como o paradigma da mentalidade do médico ativo, em que fazer mais é sempre o melhor.


“Por fim, infelizmente a maioria dos médicos não é treinada para a prática do pensamento científico, e tem conhecimentos limitados de métodos de pesquisa. Vemos com tristeza condutas e defesas fervorosas de conduta A ou B baseadas em estudos com falhas ou limitações graves, que não poderiam jamais justificar as condutas médicas tomadas”. 
“Sim, os médicos, na maioria, são médicos, não são cientistas”.
O Código de Ética Médica adotado no Brasil, atualizado em 2019, estabelece que é direito do médico “indicar o procedimento adequado ao paciente, observadas as práticas cientificamente reconhecidas e respeitada a legislação vigente”.

Não é opinião e independe de pandemia.

É ditame do Código de Ética...

Por Dr. Renato Matos 31/05/2021 - 09:52 Atualizado em 31/05/2021 - 09:53

A eficácia das vacinas, inclusive contra a Covid, nunca é de 100%.
Assim, existiria algum exame que poderia ser feito para assegurar que os vacinados estão realmente imunizados?


É preciso lembrar que vários atores participam da resposta imune. 
Além dos linfócitos tipo B - que produzem os conhecidos anticorpos que medimos nos testes sorológicos para o SARS-CoV-2 - temos os menos conhecidos, mas igualmente importantes, linfócitos T. 
São as células responsáveis pela imunidade celular. 
Para realçar a importância das células T, pode-se recordar que essa é a célula visada pelo vírus HIV.   
Quando depletadas, levam a graves - muitas vezes fatais - infecções oportunistas.
Também entram no jogo as células de memória, outro subgrupo dos linfócitos.


Os testes sorológicos para COVID-19, que estão disponíveis há meses nos laboratórios, detectam a presença de anticorpos da classe IgM, IgA ou IgG.
A presença desses anticorpos apenas mostra que houve exposição ao SARS-CoV-2, por infecção natural ou pós-vacina.
Não significa proteção contra infecção ou doença.

Recentemente foi disponibilizado comercialmente outro teste: a pesquisa de anticorpos neutralizantes.
Estes, bloqueando especificamente a ligação do vírus às células, impedem o desenvolvimento da infecção.
A produção desses anticorpos também pode ser secundária à infecção natural ou vacinação.
O resultado reagente vem acompanhado de um resultado numérico: acima de 20%, o teste é considerado positivo.
Contudo, até o momento, não existe definição da quantidade de anticorpos neutralizantes necessários para proteção contra a infecção pelo SARS-CoV-2.
Se o resultado for positivo, não significa que o indivíduo esteja realmente protegido.
Se negativo, não indica que não haja imunidade: há os outros mecanismos de defesa não avaliados por esse método.

Houvesse um teste laboratorial que indicasse com segurança a presença de imunidade plena após a vacinação, não seriam necessários os demorados e caros ensaios clínicos, padrão ouro, para avaliar a eficácia das vacinas.

Resumindo:  dentro dos conhecimentos atuais, à nível individual, não existe indicação de fazer qualquer tipo de teste para confirmar a eficácia da vacina.

Como tem sido dito à exaustão, as vacinas cumprirão seu papel quando grandes percentuais da população as tiverem recebido, reduzindo os susceptíveis na população. 
Vacina não é um tratamento individual. É coletivo.

Por Dr. Renato Matos 25/05/2021 - 18:53 Atualizado em 25/05/2021 - 18:57

Frente a grande cobertura vacinal contra o SARS-CoV2, o Centro de Controle e Prevenção de Doença (CDC) dos EUA publicou novas diretrizes a serem adotadas dentro do território norte-americano.

A partir de agora, pessoas totalmente vacinadas podem participar de atividades em qualquer ambiente (interno ou ao ar livre) sem necessidade de usar máscara ou manter o distanciamento físico.

A dúvida é como proteger as crianças – ainda não imunizadas - uma vez que não é possível saber se as pessoas sem máscaras que estão em lugares públicos estão realmente vacinadas.

Na edição do dia 21 passado, o New York Times publicou uma enquete realizada com 828 especialistas, entre epidemiologistas e infectologistas, para avaliar essa questão.
Bom saber que será uma fase temporária.

A Pfizer, que já testou e liberou as vacinas contra o Covid-19 para adolescentes acima de 12 anos, anunciou que espera vacinar crianças acima de 2 anos ainda em setembro deste ano.
Nos Estados Unidos da América, existem apenas 3 vacinas aprovadas para uso emergencial: as eficientíssimas Pfizer e Moderna e, um pouco atrás, as da Johnson & Johnson.
Na pesquisa do New York Times, a maioria dos especialistas afirma que as crianças só podem ir a lugares públicos com máscaras. 

Mais prudentes, 30% dizem que as crianças simplesmente não deveriam frequentar esses locais.

E quando famílias, com todos os adultos já vacinados, decidem socializar em lugares fechados?
27% respondem que concordam que adultos vacinados fiquem juntos, mas não as crianças.
26% optaram por manter todas as precauções sanitárias, apesar dos adultos já vacinados.
36% admitem a possibilidade de ficarem todos juntos, mas apenas com um número limitados de pessoas.

Em ambientes externos, quando as crianças não puderem usar máscaras (como praticando natação ou alimentando-se), 69% dos entrevistados concordam que, eventualmente, poderiam ficar próximas.
Em lugares fechados, ¾ dos pesquisados acham que não deveria ser permitido que crianças fiquem sem máscaras – o risco de infectar-se nesses lugares é muito alto.
O mesmo percentual acha necessário que crianças usem máscaras em playgrounds ou praticando esportes ao ar livre.

Se essa é a percepção entre os especialistas norte-americanos, onde quase 300 milhões de doses já foram aplicadas e o número de mortos e infectados pela Covid-19 caiu drasticamente, como fazer diferente com nossas crianças? 

Por Dr. Renato Matos 17/05/2021 - 09:20 Atualizado em 17/05/2021 - 09:23

A gravidez é um fator de risco para complicações da Covid-19, assim como é para a Influenza.

Um estudo publicado na JAMA Pediatrics, em 22 de abril deste ano, reforça essa associação: 2.130 mulheres de 18 países foram acompanhadas sob a supervisão de pesquisadores da Universidade de Washington e de Oxford. 

As grávidas que contraíram o vírus tiveram um risco 22 vezes maior de morrer do que as não infectadas.

Elas também apresentaram um risco maior de pré-eclâmpsia (hipertensão arterial durante a gravidez), parto prematuro e maior necessidade de internação em unidades de tratamento intensivo.

Comorbidades, como diabetes, e doença sintomática amplificaram o risco de complicações e mortes.

Recém-nascidos de mulheres diagnosticadas com Covid-19 tiveram mais chance de serem prematuros e necessidade de permanência em unidades de tratamento intensivo.

Cesarianas aumentaram o risco de testes positivos para Covid-19 nos recém-nascidos, mas não a amamentação.

A Organização Mundial da Saúde recomenda que todas as mulheres grávidas que têm maior risco de exposição ao SARS-CoV-2 ou que tenham comorbidades sejam vacinadas após consulta e concordância do profissional de saúde que acompanha o caso.

Os dados de segurança sobre vacinação nesse grupo são limitados. Mulheres grávidas habitualmente são excluídas dos estudos de eficácia das vacinas.

Um estudo pequeno, com 131 mulheres, publicado na American Journal of Obstetrics & Gynecology, em março, mostrou que as vacinas da Pfizer e Moderna, que utilizam a técnica do RNA mensageiro, eram seguras e efetivas em grávidas e em mulheres que estavam amamentando. 

Em 21 de abril, o New England Journal of Medicine publicou um estudo mais robusto, avaliando as vacinas da Pfizer e Moderna em 35.000 mulheres grávidas.

Não houve aumento de complicações durante a gravidez ou riscos identificados nas crianças nascidas de mães vacinadas.

A partir daí, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA passou formalmente a recomendar a vacinação de grávidas, mas especificamente com essas vacinas.

No Brasil, em 26 de março, o Ministério da Saúde decidiu incluir todas a grávidas e puérperas (mulheres no pós-parto) no grupo prioritário para receber a vacina contra a Covid-19.

Todas as vacinas disponíveis no país estavam sendo utilizadas: Coronavac, Oxford/AstraZeneca e as raras Pfizer.

Essa determinação mudou após a morte, no Rio de Janeiro, de uma gestante de 35 anos, por AVC, após ter recebido a vacina da AstraZeneca.

Até que a associação entre a vacina da AstraZeneca e o óbito da gestante esteja esclarecida, o uso dessa vacina está suspenso em grávidas no país.

Agora, também, a vacinação está restrita somente a grávidas e puérperas com comorbidades. 

E apenas com as vacinas CoronaVac e Pfizer.

Importante ressaltar que enquanto o risco de trombose associado à vacina da AstraZeneca é de 0,0004%, o risco relacionado ao uso de anticoncepcionais é de 0,05%.

E naqueles infectados pela Covid-19, 16,5%!

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