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* as opiniões expressas neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do 4oito
Por Ananda Figueiredo 07/12/2017 - 18:00 Atualizado em 08/12/2017 - 10:05

Estes dias atendi uma família e, ao final da sessão, a criança começou a chorar, aparentemente porque não queria ir embora. Os pais tiveram uma reação bastante comum, que eu tenho certeza que você já viu: diante do choro da criança, eles falaram: "Para de chorar! Você fica tão feio chorando! Se não parar, em casa te dou um motivo de verdade pro choro!". Como nosso tempo havia acabado, eu tive que guardar este assunto para a próxima sessão, mas fiquei pensando qual seria a resposta se nós invertêssemos os personagens dessa história. O que eu quero dizer é: você já experimentou chorar na frente de uma criança?

Pela minha experiência, eu arrisco dizer que a criança vai olhar para você com um rostinho preocupado e tentar lhe acalentar de alguma maneira. Pode ser que ofereça um brinquedo, um abraço ou qualquer outra forma de carinho que ela conheça. Mas eu duvido que a criança vá reprimir ou julgar o seu choro.

Esse julgamento, ou seja, esse impulso que temos em instantaneamente qualificar o sofrimento do outro como válido ou não, é ensinado geração após geração. Do mesmo jeito que costuma acontecer com os hábitos e tradições familiares, nós não nos questionamos dos porquês e das consequências dessas palavras. Ora, fomos tantas vezes desrespeitados em nossa infância, desconsiderados em nosso sentir, que desaprendemos a acolher. Claro, nossos pais e mães não fizeram de propósito para que nós sofrêssemos, assim como aquela família de quem falei também não quis o mal da criança. O fato aqui é que este dedo em riste é aprendido. Em essência, nós somos compassivos, empáticos, cuidadosos. 

E não, eu não estou aqui dizendo que você tem que atender a todos os desejos de uma criança, mas menosprezar o seu sentir certamente não é a outra única opção. Se quiser aprender a fazer diferente, aproveite a criança mais próxima pra relembrar como agir quando alguém chora. Quebre esse ciclo! Oferte um abraço, um ombro amigo! Substitua o "cale a boca" por um "eu sinto muito!".  Aí, caso sua ferida seja tão grande que lhe impede de acolher, é sinal de que chegou a hora de cuidar dela ao invés de criar novas feridas nos outros. Afinal, os outros não merecem ouvir essas palavras. Seu filho não merece. Você também não mereceu. Na verdade, bem na verdade, ninguém merece.

Por Ananda Figueiredo 06/12/2017 - 17:30 Atualizado em 06/12/2017 - 18:51

Você quer dormir, mas o vizinho está oferecendo uma festa: "ele é um mal educado!". Você precisa pôr um parafuso na parede, mas já é tarde da noite: "que reclamão, foi rapidinho!"

Você bebe uma cervejinha, dirige e é parado na blitz: "essa polícia não tem mais o que fazer?". Alguém bebe, dirige e comete um acidente: "cadê a polícia?"

Você é casado e é infiel com sua parceira: "tenho minhas necessidades". Sua esposa lhe trai: "aquela %$&*#&"

Você tem horário agendado e o médico atrasou: "que absurdo!". Você agenda horário e desistiu de ir à consulta: "ah, pra que avisar?"

Você casou grávida, escondida da família: "coisa da época, né?". A menina da sua rua engravidou: "onde já se viu engravidar com essa idade?"

Você está atrasado e dirige apressadamente, cortando os carros: "só dessa vez". Você está dirigindo e alguém lhe corta: "barbeiro!"

Você recebe um bilhete da escola dizendo que seu filho tem se comportado mal e solicitando sua presença: "a professora está implicando com meu filho!". Seu filho vai para casa com uma mordida no braço: "as professoras nunca fazem nada!"

Você espera que alguém cumpra algum combinado, mas isso não acontece: "que irresponsável!". Você esquece de fazer algo combinado: "é a correria!"

Esta lista poderia ser infinitamente mais longa, mas não é necessário. E sim, eu sei que isto não acontece com você. Mas, sabe aquele seu amigo? Aquele que você conhece muito bem? Aquele que habita a sua consciência, sabe? Pergunte para ele: quais são os relativismos que você tem utilizado para justificar as suas falhas? Com a resposta, durma e acorde amanhã com a lembrança de que a régua do certo e errado é única quando se convive em sociedade. E mais: ela não é elástica. Afinal, não é disso que você reclama quando olha para cima e vê a situação do país?

 

Por Ananda Figueiredo 01/12/2017 - 16:00 Atualizado em 01/12/2017 - 17:08

Todos conhecem a Barbie. Diante deste nome, logo vem a nossa mente a boneca loira, alta, magra, de salto e maquiagem, ao lado do Ken, seu namorado. Mas e se eu te disser que esta imagem só revela parcialmente o que é a Barbie hoje em dia?

A Mattel, dona da marca Barbie, tem se esforçado para refletir em suas bonecas a diversidade que existe no mundo. Prova disso são as últimas coleções, que apresentam aos pequenos as mais diversas etnias(aqui e aqui), tamanhos(aqui e aqui), profissões e culturas. Agora, a novidade é que a Barbie ganhou uma namorada.

Saindo do padrão heteronormativo, a Mattel lançou a boneca Aimee, que foi anunciada em um post no perfil oficial da Barbie no Instagram

Nas montagens - que já se tornaram marca registrada da boneca, Barbie e Aimee aparecem em situações de afeto e companheirismo, exibindo uma camiseta com os dizeres "Love Wins", que significa "O amor vence" - a mais pura verdade, não é mesmo?

Por Ananda Figueiredo 30/11/2017 - 17:00 Atualizado em 30/11/2017 - 17:16

 

Eu costumo brincar que as semanas no consultório tem temas. Por alguma razão que eu não sei explicar, muitos pacientes trazem as mesmas queixas. Esta semana, muito se falou sobre a birra dos bebês de colo, sobre as manhas e birras. Mas será que bebês fazem mesmo manha?

Bem, primeiro é importante entendermos o que é isto que chamamos de manha. Em geral, este julgamento está ligado a uma certa intencionalidade em um dado comportamento, com o objetivo de receber outro como resposta. Em resumo, faço isto para receber aquilo. Assim, quando dizemos que um bebê está manhoso, ou quando dizemos que ele está birrento, significa dizer que ele está se comportando daquela maneira porque quer algo em resposta. Desta forma, para fazer manha é necessário que o bebê entenda essa relação de causa e efeito entre os comportamentos. E será que ele é capaz disso?

Não. Se você fica em dúvida de pegar seu filho com menos de 1 ano no colo porque ele está chorando, não tenha dúvida. Pegue-o no colo, acolha, abrace, dê carinho - é disso que ele precisa. No entanto, prepare-se, porque a manha e a birra virão em outro momento.

Fazer manha é um comportamento previsto em crianças que estão aprendendo a lidar com a negação dos pais, ou seja, aprendendo a lidar com limites, mas ainda não conhecem outras formas de reagir. Um bebê de 2 meses, 8 meses e de até 1 ano não reage com birra porque ainda não está aprendendo a lidar com a negação. Isso virá uns aninhos depois, em geral, entre 1 ano e meio e 2 anos.

É possível que você esteja pensando que este texto não faz o menor sentido, afinal os bebês aprendem rápido que quando choram são pegos no colo. Sim, isto é verdade mas, veja bem, não se trata de uma manha ou birra. Neste caso, o bebê tem alguma necessidade e a única forma de comunicar isso é através do choro. Inclusive, cabe sempre ressaltar que as necessidades do bebê não são ligadas apenas a alimentação, a ter as fraldas trocadas ou a cólica - ele também tem necessidade de colo. E antes de julgar esta frase, pense um pouquinho nas vezes em que você também precisou ser acolhido. Todos nós precisamos, não é mesmo, inclusive os bebês ;)

Por Ananda Figueiredo 29/11/2017 - 14:30 Atualizado em 29/11/2017 - 16:28

Um ano da tragédia com o time da Chapecoense. Diante de tanta dor e consternação, gosto de escolher do que lembrar. É claro, as lembranças de tristeza não desaparecem, mas prefiro que elas não se bastem. Por isso, quero que aproveitemos a data de hoje para lembrar da Dona Ilaídes.

Dona Ilaídes perdeu o filho, o goleiro Danilo, na tragédia. Do alto de seu sofrimento, ao final de uma entrevista para o Sportv, surpreendeu o repórter Guido Nunes com a pergunta que pode ser vista no vídeo abaixo:

Se a Dona Ilaídes, ainda digerindo a intragável notícia da perda tão abrupta de um filho, conseguiu ser solidária, gentil e empática, como conseguiremos justificar nosso egoísmo?

Por Ananda Figueiredo 28/11/2017 - 09:30 Atualizado em 28/11/2017 - 09:49

O fotógrafo brasileiro Marcos Alberti registrou reações faciais de mulheres antes, durante e depois do orgasmo para explorar a verdadeira expressão de prazer ligada à sexualidade feminina. Segundo ele, o objetivo do "The O Project" é mostrar que o verdadeiro orgasmo feminino não tem nada do que é vendido pela pornografia:

Eu queria falar sobre esse tabu de uma forma divertida e leveEu quero mostrar a realidade da vida, porque essa não é a maneira como vemos orgasmos na televisão ou na internet. Isso é real“.

Para isso,  Alberti registrou as expressões faciais de mais de 20 mulheres antes, durante e depois de usar um brinquedo sexual pessoal. A sequência de fotos revela a progressão lenta ou, em alguns casos, rápida das mudanças faciais de cada mulher enquanto ela atinge e se recupera do orgasmo. Veja as fotos:

A sexualidade feminina é repleta de tabus, silenciamentos e padrões. Que tal começarmos a lidar com o prazer de forma bem vinda e real?

Por Ananda Figueiredo 23/11/2017 - 18:00 Atualizado em 23/11/2017 - 19:39

Recebi ontem pelo whatsapp um áudio que se espalhou no norte do estado. Nele, uma mãe desesperada e com raiva porque seu filho de 5 anos havia levado uma boneca para casa no final de semana, sob orientação da professora. Segundo a mãe, "boneca é brinquedo de menina" e manda-la pelo menino é “ideologia de gênero”.

Eu não vou me alongar aqui sobre esta tal ideologia de gênero que muito tem se falado ultimamente, mas o assunto já está na lista para os próximos posts do blog. Sobre o fato em si, vou dizer apenas que a boneca em questão era a Mariana Conta 1, personagem do desenho Galinha Pintadinha que ensina os números (se quiser saber mais sobre o caso, uma rápida busca no google pode te conar dos detalhes). Este texto é, na verdade, sobre o que este episódio me fez refletir: sobre pais que não sabem ser pais.

Vez por outra recebo no consultório pessoas que têm grandes dificuldades relacionais e cujo problema começou na relação que não tiveram com seus pais. Em geral, as tarefas de cuidado, o carinho, o afeto, se desenvolveram apenas com a mãe. Recebo também muitas mulheres-mães que reclamam que os pais não participam da educação dos filhos e filhas. Mas o que tem me deixado curiosa nos últimos tempos é que é crescente o número de homens que me procuram porque perceberam, com o nascimento dos filhos, que não sabem como se aproximar da criança, o que lhes causa grande sofrimento.

Não se trata de desamor, se trata de desajeito. Eles não sabem como pegar, não sabem como trocar fralda, não sabem muitas e muitas coisas e, para piorar, tem medo de aprender. Primeiro, porque aquilo é tão distante da sua realidade que não sabem nem por onde começar. Segundo porque, apesar do grande desejo de estar com o seu bebê, se condenam porque isto, da forma como aprenderam, é tarefa da mãe – seu "papel de homem" é pôr comida na mesa. Eu também pensava que estes preconceitos estavam diminuindo, mas no interior do consultório, onde todos sabem que seus segredos estarão muitíssimo bem guardados, estas confissões aparecem. O fato é: ainda são muitos os pais que não sabem ser pais.

Salvo aqueles que realmente negam este papel, o que eu quero dizer é que não saber ser pai não é só responsabilidade daquele homem. Nós, mulheres, ganhamos uma boneca como primeiro brinquedo e fomos estimuladas a brincar de mamãe. Eles, os homens, não só não ganham a boneca como ainda recebem olhares atravessados de “isso não é coisa de menino” quando, por alguma razão, tem uma boneca em mãos. E aí, de forma bem generalizada e extrema, eles crescem aprendendo que precisam ser bons em direção, afinal brincaram muito de carrinho. E nós, mulheres, aparentemente precisamos sair na frente no cuidado com o bebê, já que temos anos de experiência cuidando das nossas bonecas. Mas, nós sabemos, não somos mais só mães – dirigimos, trabalhamos e muuuuito mais. Os homens, por sua vez, também não podem mais ser só os responsáveis pelo dinheiro – precisam, e desejam, desempenhar as tarefas da casa e da família - principalmente estar com os filhos, para o bem de todos.

Por isso, eu te pergunto: quando um menino brinca de boneca, você tem medo de que? De que ele se torne um pai?

Por Ananda Figueiredo 22/11/2017 - 21:00 Atualizado em 22/11/2017 - 22:06

Você leu meu último texto? Nele eu escrevi sobre a necessidade que temos de afirmar categoricamente que não somos racistas. Tendo isso em vista - e acreditando que você não quer ser racista - trouxe hoje 13 expressões que podem parecer brincadeiras ou até elogios mas, na realidade, integram e reproduzem o discurso opressor de superioridade dos brancos frente aos negros. Vamos aprender juntos? Veja só:

1 - "Serviço de preto": iiixi, como eu ainda escuto isso por aí! Esta expressão é usada para desqualificar determinado esforço e/ou trabalho. Trocando em miúdos, fazer “serviço de preto” é igual a ser desleixado, enquanto o “bom” trabalho seria o do branco. 

2 - "A coisa tá preta": a situação aqui é a mesma da anterior - se a coisa está preta, é porque ela não está boa.

3 - "Mercado negro", "magia negra", "lista negra" e "ovelha negra": precisa explicar? Em todos estes casos, "negro" funciona como um adjetivo que substitui "ruim".

4 - "Denegrir": sinônimo de difamar, possui na raiz o significado de “tornar negro”, como algo maldoso e ofensivo, “manchando” uma reputação antes “limpa”.

5 - "Inveja branca": finalizando a leva de palavras e expressões que associam negro e preto à comportamentos negativos, temos a“inveja branca”, tida como a inveja boa, “positiva”.

6 - "Não sou tuas negas": esta ganhou a internet nos últimos tempos. Facilmente explicável se lembrarmos de que quando se tratava do comportamento para com as mulheres negras escravizadas, assédios e estupros eram recorrentes. Na frase está claro que com as negras pode-se desfazer, assediar, maltratar, etc., e com as demais não.

7 - "Cor de pele": aprende-se desde criança que “cor de pele” é aquele lápis meio rosado, meio bege. Mas é evidente que o tom não representa a pele de todas as pessoas, principalmente em um país como o Brasil. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2014, realizada pelo IBGE, 53% dos brasileiros se declararam pardos ou negros.

8 - "Doméstica": negras eram tratadas como animais rebeldes e que precisavam de “corretivos” para serem “domesticados”.

9 - "A dar com pau": expressão originada nos navios negreiros. Muitos dos capturados preferiam morrer a serem escravizados e faziam greve de fome na travessia entre o continente africano e o Brasil. Para obrigá-los a se alimentar, um “pau de comer” foi criado para jogar angu, sopa e outras comidas pela boca.

10 - "Meia tigela": os negros que trabalhavam à força nas minas de ouro nem sempre conseguiam alcançar suas “metas”. Quando isso acontecia, recebiam como punição apenas metade da tigela de comida e ganhavam o apelido de “meia tigela”, que hoje significa algo sem valor, algo medíocre.

11 - "Mulata": na língua espanhola, o termo "mulata" referia-se ao filhote macho do cruzamento de cavalo com jumenta ou de jumento com égua. Se isso não fosse o bastante, a enorme carga pejorativa é ainda maior quando se diz “mulata tipo exportação”, reiterando a visão do corpo da mulher negra como mercadoria. A palavra remete à ideia de sedução, sensualidade.

12 - "Samba do crioulo doido": título do samba que satirizava o ensino de História do Brasil nas escolas do país nos tempos da ditadura, composto por Sérgio Porto (ele assinava com o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta). No entanto, a expressão debochada, que significa confusão ou trapalhada, reafirma um estereótipo e a discriminação aos negros.

13 - "Moreno" ou "Morena": racistas, autodeclarados ou não, acreditam que chamar alguém de negro é ofensivo. Falar de outra forma, como “morena” ou “mulata”, embranquecendo a pessoa, “amenizaria” o “incômodo”.

E então, que tal nos preocuparmos menos com provarmos que não somos racistas e mais em como não reproduzir o discurso opressor para realmente não sermos racistas? Podemos começar banindo estas expressões de nossa fala ;) Conto contigo!

 

Apoio: Géledes - Instituto da Mulher Negra

Por Ananda Figueiredo 20/11/2017 - 18:40 Atualizado em 21/11/2017 - 08:39

Deixei para escrever este texto no final do dia porquê, propositalmente, quis ouvir os comentários das pessoas com quem cruzei acerca do dia da consciência negra. Alguns, confesso, provoquei a fala através da simples menção à data. Ao entardecer de hoje, só consigo pensar em uma frase: nem tudo é sobre você.

Claro, se você é negro, é certo que já terá notado isso há muito tempo. Agora, se você está entre aqueles que foram privilegiados ao longo da história do nosso país, te convido a fazer esse exercício mental: tente trazer à memória os momentos em que você esteve em um círculo social quando qualquer assunto relacionado a negritude surgiu e preste atenção no que ocorre logo em seguida. O que você vê? Eu percebi um esforço tremendo na construção de um discurso que ateste que aquela pessoa não é racista. Neste momento, eu nem estou me referindo à clássica frase "eu não sou racista, mas...", mas ao quanto precisamos parar de nos ausentar de um problema que acontece, é fato, e no qual o buraco é muito mais embaixo. Apesar de eu nunca ter ouvido alguém admitir que é racista, a realidade que se apresenta ainda é essa. Duvida? Veja os dados abaixo:

- De cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras (IPEA e Fórum Brasileiro de Segurança Pública);

- Em 2015, os brasileiros brancos ganhavam, em média, o dobro do que os negros: R$1589, ante R$898 mensais. Estima-se que apenas em 2089, daqui a pelo menos 72 anos, brancos e negros terão uma renda equivalente no Brasil (IPEA/PNAD);

- 67% dos negros no Brasil estão incluídos entre os brasileiros que recebem até 1,5 salário mínimo, enquanto o mesmo ocorre com 45% dos brancos (IPEA/PNAD);

- Entre 2003 e 2013, o número de mulheres negras assassinadas cresceu 54%, ao passo que o índice de feminicídios de brancas caiu 10% no mesmo período (Mapa da violência 2015);

- Mulheres negras são mais atingidas pela violência obstétrica (65,4%) e pela mortalidade materna (53,6%) (Ministério da Saúde e Fiocruz);

- Só 10% dos livros brasileiros publicados entre 1965 e 2014 foram escritos por autores negros (UnB);

- 80% dos personagens retratados pela literatura nacional são brancos (UnB);

- Homens negros são só 2% dos diretores de filmes nacionais. Não há registro de nenhuma mulher negra nesta posição (UERJ);

- Dentre os filmes produzidos no Brasil que alcançaram as maiores bilheterias entre 2002 e 2014, apenas 31% tinham no elenco atores negros, quase sempre interpretando papeis associados à pobreza e criminalidade (UERJ).

Se você ainda não está satisfeito com esses dados, coloque-os diante do resultado do Censo: mais da metade da população brasileira (54%) é de pretos ou pardos. Quer mais? Treine seu olhar para perceber onde estão os negros e negras nos espaços em que você frequenta. Sabe a praça de alimentação do shopping? O pronto-socorro hospitalar? A empresa em que você trabalha? Só por uns minutinhos, tire o olhar do seu umbigo e observe. Não importa se você "não é racista", nem tudo é sobre você - é sobre uma sociedade que é diversa, plural, desigual e racista e, você sabe, para curar qualquer doença, é preciso reconhecê-la.

Por Ananda Figueiredo 16/11/2017 - 16:00 Atualizado em 16/11/2017 - 16:01

O sociólogo Zygmunt Bauman já anunciou: o amor moderno é líquido. Essa expressão, além de afirmar a fluidez das relações e, nas palavras do autor, "que nada é feito para durar", nos traz uma metáfora interessante, e é sobre ela que eu quero refletir com vocês hoje, ouvintes: a metáfora da água. Ora, não há uma forma exata de água, um único jeito correto de parecer água. Se colocamos água num copo, ela tem a forma de um copo; se colocamos num jarro, veremos água em forma de jarro. Mas parecer com jarro não é melhor ou pior que parecer com copo, é apenas mais uma forma de ver a água.

Dito isso, voltemos ao amor e aos relacionamentos: não há uma única forma de sentir amor. É verdade que nunca houve esta única forma, mas o fato é que estamos lidando, cada vez mais, com um processo de assumir a beleza dos diferentes tipos de amor. Mesmo a monogamia, tradicional em nossa cultura, tem se adaptado como água ao formato de recipiente em que está. Felizmente, tem extrapolado, por exemplo, os muros da heterossexualidade. Mas hoje quero conversar com vocês sobre dois formatos que tem aparecido mais nas rodas de conversa e nas notícias cotidianas: o poliamor e os chamados relacionamentos abertos.

Grosso modo, poliamor é a definição de um tipo de relacionamento simultâneo entre três ou mais pessoas e com o conhecimento de todos. Já nos relacionamentos abertos, os parceiros envolvidos concordam com uma forma de não-monogamia, ou seja, relações afetivas/sexuais com terceiros não são consideradas traição ou infidelidade. Parece estranho para você?

Sim, nós fomos educados para crescer, casar e ter filhos. Mas quem é que pode dizer que esta é a fórmula perfeita da felicidade? Trabalho com famílias e casais e sei que muitas são as possibilidades de não funcionamento deste modelo. A frequência da infidelidade é o maior exemplo de que a monogamia não está acima dos outros formatos de amar. E, só pra deixar claro, que ótimo se esta fórmula funciona para você! O que quero enfatizar é que tanto os relacionamentos abertos quanto o poliamor têm algo muito importante para ensinar aos adeptos das relações tradicionais: a importância do acordo para a felicidade familiar. A fidelidade é importante para você? Combine isso com o seu parceiro ou parceira. Acorde o que é fidelidade e quais os limites dela na relação. Infidelidade é ter relações sexuais com outra pessoa? É conversar pelo whatsapp com o colega de trabalho e esconder isso do parceiro? Enfim, o que é certo e o que é errado para este casal? Converse, esclareça e alcance um ponto comum, uma espécie de acordo final. Mas, se você quiser um amor livre, tudo bem também, desde que haja honestidade entre todas as pessoas envolvidas nesta relação. Aliás, é isto que diferencia o poliamor e o relacionamento aberto das costumeiras infidelidades conjugais: enquanto no primeiro há acordo das ações e o direito é de todos, o segundo implica em deslealdade, segredos e, com frequência, na aplicação unilateral da liberdade.

Para finalizar, já dizia a minha avó: o combinado não sai caro. Que nós consigamos então compreender que, como cantava Lulu, todas as formas de amor são justas, e aprender com o que cada uma delas tem a nos ensinar.

Por Ananda Figueiredo 14/11/2017 - 17:00 Atualizado em 14/11/2017 - 17:23

O escritor Patrick S. Tomlinson compartilhou em suas redes sociais uma pergunta bastante interessante. Trata-se de um “experimento do pensamento”, de forma que você precisa confrontar o pior cenário possível, sem poder mudá-lo. Vamos a ele:

Imagine a seguinte situação: você está em uma clínica de fertilidade. O alarme de incêndio toca. Você corre para a saída de emergência. No caminho, você ouve uma criança gritando por trás de uma porta. Você abre a porta e encontra uma criança de cinco anos chorando por ajuda. No outro lado da sala, você detecta um recipiente congelado rotulado como “1.000 embriões humanos viáveis”. Neste ponto, a fumaça está aumentando. Você começa a sufocar. Você sabe que você só terá tempo de salvar um ou outro, mas não ambos, antes de sucumbir a inalação de fumaça, desmaiar e morrer, não salvando ninguém. Você: a) salva a criança, ou b) salva os mil embriões? Importante dizer que não há “c)" - a única outra alternativa é que todos morrem.

A questão de Tomlinson é extremamente pertinente em tempos de PEC 181 (aquela que criminaliza aborto até mesmo em casos de estupro). O escritor afirma que aqueles que acreditam que a vida começa na concepção e que as mulheres não devem poder abortar porque isso é o equivalente a um assassinato, seriam coerentes apenas se escolhessem salvar os mil embriões, já que salvariam mil pessoas, ao invés de uma. Agora, aqueles que não acharam a questão nem um pouco complicada, provavelmente salvariam a criança de cinco anos, afinal não consideram os embriões bebês.

Aqui não tem certo e errado, então não se preocupe de parecer cruel caso sua resposta seja "B". Afinal, muitos já soam cruéis quando argumentam que vítimas de estupro devem ser forçadas a dar à luz os bebês de seus atacantes. O que importa aqui é a reflexão e, felizmente, este é só um exercício mental. E então, qual seria a sua decisão?

Por Ananda Figueiredo 10/11/2017 - 20:00 Atualizado em 10/11/2017 - 21:05

 

Hoje vamos falar das contribuições da psicologia na sua busca para encontrar a pessoa dos seus sonhos. E não, isso não é um passo a passo. Na verdade, hoje nos vamos conversar sobre idealização. Idealizar é um verbo que combina muitíssimo bem na infância, quando por exemplo, vimos nossos pais e mães como perfeitos, como nossos heróis. Já na vida adulta, muitas pessoas não conseguem se distanciar do hábito da idealização. Idealizam a escolha profissional, o novo emprego, a festa que estão organizando e, principalmente, sua futura relação amorosa.

Idealizar o amor é muito comum, ainda mais para aqueles que estão emocionalmente carentes ou machucados. E aí, enquanto você está pintando detalhadamente todas as características da pessoa dos seus sonhos, um número infinito de pessoas reais, que poderiam ser incríveis, passam ao seu lado, param em sua frente e... você não percebe. Ou, pior do que isso, idealizamos como incrível alguém que, na realidade, nao é tão bacana. São tantos planos, tantos projetos de futuro ao lado da pessoa, tantos cenários fabulosos, que podemos acabar fechando os olhos para a realidade. Apegados a idealização, passamos a encontrar desculpas para comportamentos inadequados, aceitamos explicações fajutas para negligências, permitimos invasões e vamos autorizando a manutenção de uma relação que está longe de ser a ideal.

Costumo brincar que, se a pessoa perfeita existisse, ela estaria em busca de outra pessoa perfeita, certo? Como você bem sabe, não é perfeito, assim como eu e como todos os outros leitores do blog. Somos cheios de defeitos, esta é a realidade. E, como tal, somos falhos e vamos frustrar, vamos decepcionar, ainda que essa não seja nossa intenção.

A verdade é que ninguém tem somente características positivas. Se você espera por alguém assim ou vê alguém desta forma, acredite, está é uma forma parcial, incompleta, irreal de ver a pessoa e o relacionamento. Numa relação amorosa, na medida em que conhecemos mais o outro e que nos descobrimos na companhia do outro, vamos descobrindo aspectos que não são tão bonitinhos como esperávamos. Aí, o desafio é  manter nosso amor em contato com a raiva e com a frustração e suportar sentir, de verdade, tudo isso pela mesma pessoa.

Quanto a pessoa dos seus sonhos, se ainda quiser encontra-la, minha dica é: durma. Depois, quando acordar, abra bem os olhos para contemplar a beleza que está no real!

Por Ananda Figueiredo 02/11/2017 - 20:00 Atualizado em 03/11/2017 - 15:00

Uma semana longe do blog. Uma semana longe do trabalho. Uma semana depois de quatorze anos. Vou explicar melhor…

Pelas minhas contas, em quatorze anos, foram treze ginecologistas - a maior parte deles recomendou atividade física ou uma vida com menos estresse, afinal, “a dor é psicológica”. Desculpem, eu não contei as idas ao pronto socorro, afinal elas sempre resultaram em soro+receita.para.qualquer.remédio.para.dor. Por escolha, decidi não contar também as vezes que ouvi que “vida de mulher é assim mesmo” ou que “ninguém desmaia de dor”, que “cólica é normal”. Fiz um esforço para esquecer as expressões das pessoas que me viram chorando, aparentemente julgando minhas reações como exageradas ou histéricas. Também não contabilizei as vezes em que fui para o trabalho, mesmo sem ter condições de trabalhar, porque “cólica não é motivo para atestado médico”. Aí, na semana passada, recebi um diagnóstico: endometriose. Com ele, uma indicação cirúrgica.

Ainda em recuperação, decidi vir aqui compartilhar com vocês o que aprendi nos últimos dias:

Grosso modo, endometriose é uma doença que se instala no útero, nos ovários, nas trompas e em outros órgãos abdominais, quando o endométrio, que deveria ser expelido pela menstruação, migra no sentido oposto e se aloja na cavidade abdominal. Além das cólicas insuportáveis, os sintomas de endometriose incluem dor abdominal e pélvica, dor durante a relação sexual, sangramento menstrual intenso ou irregular, alterações intestinais ou urinárias durante o período menstrual e dificuldade para engravidar ou infertilidade. É uma doença crônica, que não tem cura, mas que tem um bom prognóstico após a intervenção cirúrgica. Na ausência de diagnóstico e tratamento, pode levar a morte.

Apesar da seriedade, um estudo da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia identificou que 53% das mulheres nunca ouviram falar da doença. O mais impressionante, no entanto, é que os médicos também estão pouco familiarizados (será?) com a endometriose: em média, as mulheres passam por seis médicos e demoram de sete a dez anos para serem diagnosticadas e, obviamente, tratadas.

Outro ponto, importante para mim como psicóloga, é que sim, existem dores causadas pelo estado psicoemocional, mas, vocês sabem, também existe a dor física. Ao mesmo tempo em que percebemos uma resistência na sociedade e, ainda, na medicina, com as questões psíquicas, usamos deste título para justificar aquilo que não compreendemos - ou que não desejamos compreender. Além de postergar um adoecimento que poderia facilmente ser tratado se diagnosticado no início, causa uma outra dor: a dor de ser responsabilizada pelo seu sofrimento (lê-se: eu estou exagerando, eu estou criando esta dor… e, se eu crio, posso também dar fim à ela).

Não posso, ainda, me furtar de citar a responsabilidade cultural e social, afinal, talvez seja apenas o velho hábito de rapidamente qualificar as mulheres como “histéricas” ou “exageradas”. Além do mais, vocês já viram algum homem sofrendo com dor? Ao que parece, isso não costuma acontecer (espero que vocês leiam a ironia aqui).

Enfim, este texto é uma tentativa de:

1. Dizer que dor é dor, e que a única pessoa capaz de medi-la é quem a sente.

2. Alertar que cólicas não são normais e que existe uma doença - e seu respectivo tratamento - que dará fim ao que você sente.

3. Recomendar a Manu (Dra Manoela Vieira Bez), ginecologista que me acolheu, ouviu e descobriu o que eu tinha, e a Joana (Dra Joana Scheidt), cirurgiã que me operou. Dobradinha de sucesso que está me permitindo dormir com a sensação de que, no final do próximo ciclo, o que virá, realmente, vai ser o normal.

Quanto ao blog, obrigada por compreenderem a ausência. Como eu, ou seja, como alguém que se ausenta de repente e precisa voltar aos poucos, ele está voltando a atividade.

Por Ananda Figueiredo 26/10/2017 - 20:00 Atualizado em 27/10/2017 - 11:42

Você já ouviu falar em disciplina positiva?

A disciplina positiva defende que, ao invés do castigo (e nem vamos entrar no assunto da punição física), você aplique com seus filhos e filhas a consequência lógica. Vou te explicar melhor do que se trata utilizando um exemplo. Acompanhe:

Um de seus filhos está dormindo e o outro brincando com você. Animado com a sua presença, o acordado começa a fazer barulhos e falar alto. Como você não quer que seu outro filho, aquele que está dormindo, acorde, pode pensar em ameaçar um castigo para o primeiro, certo? "Se você continuar fazendo barulho, vou parar de brincar com você!" seria uma frase comum neste tipo de situação. Na consequência lógica, por sua vez, a fala seria: "Eu entendo que você está muito feliz e isso te faz querer comemorar e fazer barulhos altos, não é meu filho? Mas se você gritar, vai acordar seu irmão e vou precisar para de brincar com você para ir lá atendê-lo. Ele vai ficar chateado e isso não seria legal. Como podemos resolver essa questão?"

Percebeu a diferença?

Na consequência lógica, nós incluímos a criança na situação e na construção da solução, explicamos à ela o que está acontecendo e o porquê das coisas. Assim, a criança se sente parte de todo o processo, além de que as consequências de seus atos passam a ser entendidas com uma certa lógica, o que ajuda na prevenção de próximos episódios - ela entendeu e por isso não vai repetir, já que não quer chatear você e o irmão, muito menos ficar sem sua companhia na brincadeira. Além disso, o uso da consequência lógica ensina a criança que o barulho é chato e inconveniente algumas vezes, mas que isso não a torna chata - ela é apenas uma criança que, como a criança que é, não sabe lidar com a felicidade e a energia como um adulto, em tese, saberia. Quando brigamos, em contrapartida, não promovemos empatia com o irmão, mas sim raiva; não promovemos cooperação, mas competição e autoritarismo; não ensinamos algo contínuo, afinal, a criança não entendeu nem mesmo nesta, que foi a primeira vez. 

Sendo assim, que tal repensar o castigo? Se quiser saber mais a respeito, recomendo o livro "Disciplina positiva", de Jane Nelsen. Vale a leitura, mas apenas para aqueles pais e mães que pretendem formar adultos mais seguros, empáticos e felizes ;)

Por Ananda Figueiredo 24/10/2017 - 17:00 Atualizado em 26/10/2017 - 18:49

A campanha "Conecte-se ao que importa" está circulando pelo whatsapp hoje. Ela foi desenvolvida pelo programa Dedica – Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, da Associação dos Amigos do Hospital de Clínicas, e tem o propósito de enfrentar uma das formas atuais do abandono: a violência virtual, que se inicia com a negligência dos pais e cuidadores de grande parte das crianças e adolescentes pelo desvio de seus olhares e atenção para as telas do mundo virtual.

Veja as imagens abaixo, reflita, confesse e transforme sua realidade:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Por Ananda Figueiredo 23/10/2017 - 19:45 Atualizado em 23/10/2017 - 20:00

A depressão, apesar de afetar mais de 300 milhões de pessoas no mundo de acordo com a Organização Mundial da Saúde, ainda é vista por muitos como frescura, falta de vontade ou fraqueza. Mas qual é a imagem que você faz de uma pessoa fraca?

Compartilho com você a reportagem que foi ao ar ontem no Esporte Espetacular (programa da Rede Globo) para que, caso você não tenha assistido, possa conferir o depoimento de jogadores de alto nível, homens reconhecidos em sua profissão, que sofreram ou ainda sofrem de depressão. Nomes como Nilmar, jogador do Santos, ex-atacante do Internacional, do Corinthians e da seleção brasileira, que segue em tratamento; Thiago Ribeiro, atacante do Santos que fez tratamento para a doença durante nove meses; Pedrinho, ex-jogador do Vasco, do Palmeiras e da seleção brasileira, que sofreu com depressão quando se machucou; Cicinho, atual jogador do Brasiliense e ex-Real Madri, cuja doença culminou no alcoolismo; e até mesmo o aclamado Ronaldo Fenômeno, que lutou contra a depressão na mesma época em que sofreu as lesões no joelho.

Confira:

 

Por Ananda Figueiredo 20/10/2017 - 16:00 Atualizado em 20/10/2017 - 16:35

 

Você sabe o que seu filho ou filha mais quer? Um brinquedo novo? Aquele tênis da propaganda? Eu não conheço o seu filho, mas sei o que as crianças, em geral, querem: atenção. Minutos em que você realmente está na presença dele, prestando atenção somente nele; um tempinho em que você está ali em essência e que ele é seu mundo. Lindo isso, não é mesmo? Mas, e se eu te disser que muitos pais e mães têm dado esta atenção nas horas erradas?

Costumo dizer que atenção negativa também é atenção. Vamos lá: seu filho, como toda criança, em algum momento terá um comportamento que você desaprova. Pode ser um momento de birra em local público, uma desobediência na escola seguida de uma reclamação da professora, um empurrão no amigo no parquinho… Diante disso (se você já tiver abdicado da punição física, como todas as linhas da psicologia e da pedagogia orientam), você chegará em casa, sentará em frente ao seu filho e dará início a um "sermão". Dezenas e dezenas de frases tentando fazê-lo entender que agiu errado, explicando as consequências e qual seria a melhor forma de se comportar naquela situação. Claro, esta orientação precisa ser feita. No entanto, além do fato de que as crianças, em geral, não conseguem manter sua atenção e ter um bom nível de compreensão em conversas muito extensas, temos aqui uma outra questão: naquele momento, na hora do sermão, seu filho conseguiu sua atenção plena. Movidos por nossas emoções, algumas vezes por decepção e até pela raiva, estamos ali, concentrados em dizer como nos sentimos e o quanto ele precisa melhorar. De tudo isso, o que a criança entenderá melhor é: quando eu não me comporto da forma que meus pais desejam, eles me dão a atenção que eu tanto quero. É claro que este não é um processo consciente, mas nós sabemos que as crianças são muito mais perceptivas do que nós. No outro dia, quando o comportamento dele foi ok, como nossa rotina não permite grandes momentos de descanso ou de brincadeira com os pequenos, nos ocupamos em dar banho, dar comida, conferir as tarefas e pôr para dormir. Tudo isso, com a cabeça na programação do dia seguinte. Assim, a necessidade de atenção real que nossos filhos querem não é atendida. Moral da história: você acabou de ensinar ao seu filho a continuar agindo diferente das suas orientações.

Mas então, o que fazemos? Minha dica é: acostume-se a atender a real necessidade de seu filho, a necessidade da sua atenção plena, mas nos momentos positivos. Dê elogios, lhe diga e mostre com as suas atitudes o quanto ele ou ela é uma criança especial. Quando ele não se comportar adequadamente - e nós sabemos que isso vai acontecer muitas vezes ainda -converse com ele, mas em poucas palavras. Ou seja, não dê atenção à ele, só ao problema. A situação é, certamente, muito menor do que o amor que você tem pelo seu pequeno - demonstre isso na forma que você empenha seu tempo e atenção.

Por Ananda Figueiredo 18/10/2017 - 20:00 Atualizado em 18/10/2017 - 20:28

Você precisa reservar algum tempo para alimentá-lo, monitorar a água, levá-lo para passear e brincar um pouco com aquelas lindas bolinhas de pêlos - este é o preço para que tenhamos o amor incondicional dos nossos amados animais domésticos. Mas o que eles podem fazer por você?

Recentemente, uma série de estudos começaram a testar e confirmar os benefícios do vínculo humano-animal. Vou listar alguns:

1) O convívio com animais domésticos, sobretudo cães e gatos, reduz os riscos de doença cardíaca e diminuem os picos de pressão arterial em situações de estresse (AHA);

2) Donos de animais domésticos são menos propensos a sofrer de depressão (UFAL);

3) Brincar com os animais elevaa os níveis de serotonina e dopamina, hormônios que provocam estado de calma e relaxamento (UFAL);

4) Donos de animais domésticos têm menores níveis de triglicérides e colesterol (AHA);

5) Pacientes donos de cães que sofreram um ataque cardíaco sobrevivem por mais tempo do que aqueles sem cães (UNICID);

6) Donos de animais com mais de 65 anos fazem 30 % menos visitas a seus médicos do que aqueles sem animais de estimação (SBGG).

Diante de todos estes dados, o que você está esperando para esmagar seu bichano e agradecê-lo pelo bem que lhe faz?

P.S.: Caso você ainda não tenha um, entre em contato com a SOS Vira-Lata, ONG que encaminha animais para adoção aqui na nossa região. Tenho certeza que um dos gatinhos ou cachorrinhos vai concordar em adotar você, assim como esta gatinha da foto, a Frida, me adotou há um ano atrás ;)

 

Por Ananda Figueiredo 17/10/2017 - 13:30 Atualizado em 17/10/2017 - 13:56

Eu poderia ficar aqui discorrendo sobre a auto-estima feminina, sobre os padrões e pressões que atravessam o corpo da mulher, sobre tantas e tantas coisas... Mas vou compartilhar com vocês este vídeo que, como mulher e como profissional que recebe diariamente outras mulheres em sofrimento, me tocou absurdamente.

P.S.: Ele não tem fala, então tudo bem assistir sem áudio, ok? E é só 1min de vídeo, então assista até o final, por favor - vale a pena!

 

Por Ananda Figueiredo 16/10/2017 - 23:50 Atualizado em 17/10/2017 - 13:58

Não é mentira. Atrás apenas da infidelidade e dos problemas financeiros, o ronco é uma das maiores causas de divórcios no Brasil e no mundo.

Uma pessoa com apneia do sono (grosso modo: transtorno que provoca o ronco) sai do sono profundo toda vez que perde o ar - o que pode acontecer mais de 300 vezes em apenas uma noite. No entanto, apesar de não conseguir descansar com qualidade, a pessoa não percebe o que ocorre com ela. Já quem dorme ao seu lado...

Rosalind Cartwright, do Centro Médico Rush, em Chicago, pesquisa a relação entre casamento e apneia do sono. Com um dos casais que estudou, um exame de eficiência do sono revelou que o resultado da esposa que dormia com o marido roncador era de apenas 73%, sendo que o normal é acima de 85%. Seu sono era interrompido mais de trinta vezes pelos roncos; cada roncão mais alto resultava no acordar e significava 4 minutos de sono interrompido. Matematicamente: 2 horas insones por noite. Isso quer dizer que, de 8 horas que ela passava na cama, dormia de fato menos de 6 horas.

Além disso, o ronco tende a trazer um sério problema de comunicação: a "vítima" do roncador não consegue explicar o impacto do problema para si, porque a experiência de quem ronca é muito mais branda - e isso pode ser extremamente frustrante.

Diante deste problema, muitos casais optam por dormir em quartos separados. Na literatura, é comum encontrarmos este fato chamado de “divórcio do sono”, acompanhado do alerta de que costuma se tratar de uma perda progressiva da intimidade do casal, do ponto de vista sexual mas não somente: o momento antes de dormir é geralmente usado para fazer planos, tomar decisões e resolver problemas.

Ainda assim, uma pesquisa da Associação Brasileira do Sono revelou que, aproximadamente, só 10% dos roncadores busca tratamento. Hey, você, vai mesmo esperar o divórcio para só depois buscar ajuda?

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