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Racismo cotidiano: 13 expressões racistas que você usa sem saber

Por Ananda Figueiredo 22/11/2017 - 21:00 Atualizado em 22/11/2017 - 22:06

Você leu meu último texto? Nele eu escrevi sobre a necessidade que temos de afirmar categoricamente que não somos racistas. Tendo isso em vista - e acreditando que você não quer ser racista - trouxe hoje 13 expressões que podem parecer brincadeiras ou até elogios mas, na realidade, integram e reproduzem o discurso opressor de superioridade dos brancos frente aos negros. Vamos aprender juntos? Veja só:

1 - "Serviço de preto": iiixi, como eu ainda escuto isso por aí! Esta expressão é usada para desqualificar determinado esforço e/ou trabalho. Trocando em miúdos, fazer “serviço de preto” é igual a ser desleixado, enquanto o “bom” trabalho seria o do branco. 

2 - "A coisa tá preta": a situação aqui é a mesma da anterior - se a coisa está preta, é porque ela não está boa.

3 - "Mercado negro", "magia negra", "lista negra" e "ovelha negra": precisa explicar? Em todos estes casos, "negro" funciona como um adjetivo que substitui "ruim".

4 - "Denegrir": sinônimo de difamar, possui na raiz o significado de “tornar negro”, como algo maldoso e ofensivo, “manchando” uma reputação antes “limpa”.

5 - "Inveja branca": finalizando a leva de palavras e expressões que associam negro e preto à comportamentos negativos, temos a“inveja branca”, tida como a inveja boa, “positiva”.

6 - "Não sou tuas negas": esta ganhou a internet nos últimos tempos. Facilmente explicável se lembrarmos de que quando se tratava do comportamento para com as mulheres negras escravizadas, assédios e estupros eram recorrentes. Na frase está claro que com as negras pode-se desfazer, assediar, maltratar, etc., e com as demais não.

7 - "Cor de pele": aprende-se desde criança que “cor de pele” é aquele lápis meio rosado, meio bege. Mas é evidente que o tom não representa a pele de todas as pessoas, principalmente em um país como o Brasil. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2014, realizada pelo IBGE, 53% dos brasileiros se declararam pardos ou negros.

8 - "Doméstica": negras eram tratadas como animais rebeldes e que precisavam de “corretivos” para serem “domesticados”.

9 - "A dar com pau": expressão originada nos navios negreiros. Muitos dos capturados preferiam morrer a serem escravizados e faziam greve de fome na travessia entre o continente africano e o Brasil. Para obrigá-los a se alimentar, um “pau de comer” foi criado para jogar angu, sopa e outras comidas pela boca.

10 - "Meia tigela": os negros que trabalhavam à força nas minas de ouro nem sempre conseguiam alcançar suas “metas”. Quando isso acontecia, recebiam como punição apenas metade da tigela de comida e ganhavam o apelido de “meia tigela”, que hoje significa algo sem valor, algo medíocre.

11 - "Mulata": na língua espanhola, o termo "mulata" referia-se ao filhote macho do cruzamento de cavalo com jumenta ou de jumento com égua. Se isso não fosse o bastante, a enorme carga pejorativa é ainda maior quando se diz “mulata tipo exportação”, reiterando a visão do corpo da mulher negra como mercadoria. A palavra remete à ideia de sedução, sensualidade.

12 - "Samba do crioulo doido": título do samba que satirizava o ensino de História do Brasil nas escolas do país nos tempos da ditadura, composto por Sérgio Porto (ele assinava com o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta). No entanto, a expressão debochada, que significa confusão ou trapalhada, reafirma um estereótipo e a discriminação aos negros.

13 - "Moreno" ou "Morena": racistas, autodeclarados ou não, acreditam que chamar alguém de negro é ofensivo. Falar de outra forma, como “morena” ou “mulata”, embranquecendo a pessoa, “amenizaria” o “incômodo”.

E então, que tal nos preocuparmos menos com provarmos que não somos racistas e mais em como não reproduzir o discurso opressor para realmente não sermos racistas? Podemos começar banindo estas expressões de nossa fala ;) Conto contigo!

 

Apoio: Géledes - Instituto da Mulher Negra

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