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* as opiniões expressas neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do 4oito
Por Benito Gorini 01/06/2023 - 07:00

Estive em Porto Alegre no último sábado, dia 27 de maio, depois de alguns anos sem visitar a capital gaúcha. Fiquei hospedado no Centro Histórico, próximo aos museus e teatros para acompanhar a intensa agenda de eventos. A exposição “Lupi, pode entrar que a casa é tua”, no Farol Santander, a peça “Bárbara” com Marisa Orth no Teatro São Pedro, a Sinfonia Titã, de Mahler, na Casa da Ospa e “Sabor e Elegância”, a arte de harmonização de queijos e vinhos na Casa de Cultura Mário Quinta. Não poderia faltar uma visita ao Mercado Público e degustar um delicioso bacalhau no tradicional Restaurante Naval, de 1907. Mas o que mais me impressionou foi o Cais Embarcadero, a área revitalizada nos outrora feios galpões do porto da Avenida Mauá.

E lá nos deparamos com outro evento o “Vinho no Cais”, com a opção de escolha de sete vinhos. Porto Alegre finalmente seguiu o exemplo de grandes cidades que transformaram áreas decadentes, degradadas e abandonadas - como velhas fábricas, instalações portuárias e armazéns tomados pela sujeira e criminalidade - em edifícios residenciais, bares, restaurantes, hotéis, parques, museus e centros de convenções. Essas mudanças, aliadas à despoluição dos rios, têm atraído a indústria do turismo, não poluente e grande geradora de empregos. Cidades como Londres, Hamburgo e Roterdã transformaram suas feias docas em belos espaços turísticos. A construção do Museu Guggenheim mudou a fachada de Bilbao, feioso polo siderúrgico e de estaleiros da Espanha. Outros exemplos de revitalização são Bercy Village em Paris, Parque das Nações em Lisboa, Navigli em Milão, Cidade das Artes e Ciências em Valência, Puerto Madero em Buenos Aires e Museu do Amanhã no Rio de Janeiro.

O Oceanário de Lisboa, um dos maiores do mundo, no Parque da Nações I Foto: Arquivo Pessoal

E no domingo, fechamos o fim de semana circulando pelo “Brique da Redenção”, outro passeio imperdível. E o amigo e leitor assíduo Cláudio Miraglia me pediu para falar sobre o imortal tricolor. Então vamos lá. Na exposição no Santander estavam a letra, a música do Hino do Grêmio e uma foto do autor, o mestre Lupi, vestindo com orgulho a camisa azul, preta e branca. E também a informação de que o “até a pé nós iremos” era uma referência a uma greve dos transportes, que obrigou os fanáticos torcedores a irem dessa forma ao Olímpico. No blog “Os Bondes de Porto Alegre”, publicado em 08/12/2022, e que você pode ler clicando aqui, me refiro a saudosa utilização dos bondes nos jogos do Grêmio.

O Mercado Público de Porto Alegre, bem melhor depois da revitalização. Os bondes, infelizmente, não existem mais I Foto: Foster M. Palmer

 

Por Benito Gorini 18/05/2023 - 16:25 Atualizado em 18/05/2023 - 17:50

Tosca - não confundir com o jogador de efêmera passagem pelo Criciúma - ópera de Puccini, é a um tempo viagem por árias e músicas contagiantes e passeio por alguns pontos turísticos e históricos de Roma.  A sua temática é romântica mas principalmente trágica, como muitas óperas, e também tem momentos de erotismo, como explanados no blog  “O  erotismo na ópera”.

O primeiro ato ocorre na Igreja de Sant’Andrea della Valle, bem próxima à Piazza Navona - com a bela Fonte dos Quatro Rios de Bernini - e ao Campo dei Fiori, animado mercado de rua dos dias atuais mas de triste passado. Ali foi condenado à fogueira o filósofo italiano Giordano Bruno. Na ópera, o pintor Mário Cavaradossi está concluindo o afresco da Madona e canta a bela ária “Recondita Armonia”, em que compara a beleza da Virgem pintada com a da sua amante Tosca, cantora lírica. O dueto “Mario, Mario”, que se continua até o belo final “Ah, quegli occhi” também é interessante.

A Igreja de Sant´Andrea della Valle, da ordem dos Teatinos, com a fonte em frente I Fonte: teatinos.org

No segundo ato Tosca canta no Palácio Farnese, atual sede da Embaixada da França, construído pelo papa Paulo III (Alessandro Farnese) com projeto de Antonio da Sangallo e Michelangelo. A ária “Vissi  d´Arte” é o ponto culminante deste ato, onde Tosca, sempre dedicada à arte e à religião, lamenta a sua sorte de ter que se entregar aos desejos sexuais do poderoso Scarpia para salvar o seu amado Mário. A ária é considerada uma das mais belas de todo o repertório operístico para soprano. Na sequência da trama Tosca acaba matando Scarpia, salvando sua honra mas selando o seu destino.

O Palácio e a Praça Farnese, com a bandeira da França e da União Europeia e as belas fontes I Fonte: artisticadventureofmankind.worpress.com

No terceiro e último ato, Tosca encontra-se com Mário, prisioneiro no Castel Sant´Angelo por ter auxiliado um fugitivo político. A ária “E lucevan le stelle” antecipa o final trágico, bastante frequente no mundo da ópera: o pintor é executado e Tosca suicida-se.

O Castel Sant´Angelo com a ponte do mesmo nome sobre o rio Tibre I Fonte: Romehints.com

O castelo foi construído pelo imperador Adriano para seu mausoléu mas durante a sua história foi prisão, palácio e abrigo de papas em conflito com os imperadores do Sacro Império Romano-Germânico. Em 1527 as tropas de Carlos V invadiram Roma e o papa Clemente VII, membro da famosa família Medici, fugiu para o castelo através de um corredor que o liga aos aposentos papais. Neste episódio, protegendo a vida do papa, morreram 107 guardas suíços, contratados poucos anos antes pelo papa Júlio II (Giuliano della Rovere). Os coloridos uniformes da guarda, mantidos inalterados até hoje, foram concebidos por Michelangelo, que estava pintando o teto da Capela Sistina. O livro Anjos e Demônios, de Dan Brown, descreve o enorme Castel Sant’Angelo e o corredor, conhecido como “Il Passetto” pelos romanos. 

 

Por Benito Gorini 11/05/2023 - 10:00 Atualizado em 11/05/2023 - 13:05

Antônio Vivaldi, nascido em 1678, era conhecido em Veneza como o “padre ruivo”. Suas extraordinárias improvisações ao violino e os magníficos saraus das meninas do conservatório do “Ospedale della  Pietà”, sob sua direção, atraiam os amantes da música de toda a Europa.

A Igreja de Santa Maria della Pietà e o Hotel Metropole, onde se localizava a escola de canto do Ospedalle della Pietà, na Riva degli Schiavoni I Fonte: Visitvenezia.eu

A atitude pouco ortodoxa do músico chocava a sociedade veneziana, descontente com um sacerdote que quase não rezava missa e vivia cercado de mulheres. No entanto, Vivaldi tinha muito prestígio entre os poderosos da “Sereníssima”,  título que a cidade ostentava com orgulho desde a Idade Média.  Quando os soberanos ou embaixadores estrangeiros visitavam Veneza, eram recebidos no Palácio dos Doges, ao lado da Praça São Marcos. A seguir eram embarcados em uma gôndola ricamente decorada, navegando em um curto percurso nas tranquilas águas da laguna até a “Pietà”, para ouvir um concerto do grande compositor.

A sua obra mais conhecida, “As Quatro Estações”, escrita para quarteto de cordas (violino, viola, violoncelo e contrabaixo) e cravo, representava as forças da natureza, as atividades no campo e os eventos sazonais. O popular primeiro movimento (allegro) da “PRIMAVERA” evoca o canto dos pássaros, felizes com a chegada da nova estação. O vigoroso terceiro movimento (presto) do “VERÃO” nos mostra a tempestade, com seus raios, trovões e chuva destruindo as plantações. O melancólico segundo movimento (adagio molto) do “OUTONO”, único momento da obra em que o cravo se destaca da orquestra, simula o sono do camponês, descansando embriagado após o labor da colheita. No belo segundo movimento (largo) do “INVERNO”, os violinos imitam o ruído da chuva em um lindo “pizziccatto”, forma de execução em que as cordas, ao invés de serem friccionadas pelo arco, são dedilhadas.

Há alguns anos a Camerata de Florianópolis, sob a regência do maestro Jeferson Della Rocca  apresentou As Quatro Estações no Teatro Elias Angeloni. A plateia que lotava o teatro aplaudiu com entusiasmo a apresentação da Camerata, provando que a noite de Domingo pode ser uma boa opção para espetáculos na cidade.  E em dezembro passado a Orquestra Sinfônica de Santa Catarina, regida pelo maestro José Nilo do Valle,  apresentou “A Cantata da Luz”, belo espetáculo na Unesc  com a música de Vivaldi incluída no programa.
 

Por Benito Gorini 04/05/2023 - 07:00

Madamina,  il  catalogo è questo, 
                             delle belle que amo il padron mio"

A ópera, embora utilize com freqüência obras trágicas na sua concepção, também possui momentos cômicos, usados nas óperas bufas como “O Barbeiro de Sevilha”, e outros bastante descontraídos e até eróticos, onde a conquista amorosa desempenha um papel importante, como La Bohème de Puccini, Rigoletto de Verdi e o Don Giovanni de Mozart. A ópera do genial compositor austríaco, com libreto de Lorenzo da Ponte, se passa também em Sevilha, no século XVII e conta as aventuras e desventuras do dissoluto Don Giovanni (Don Juan), revelando o seu fantástico desempenho sexual, bem evidente na famosa ária do catálogo, cantada por seu criado Leporello: “senhora, este é o catálogo das mulheres que o meu patrão amou... Na Itália, seiscentas e quarenta, na Alemanha, duzentas e trinta e uma, cem na França, noventa e uma na Turquia, mas na Espanha já são mil e três. Entre elas, camponesas, criadas, citadinas, condessas, baronesas, marquesas e princesas. Há mulheres de todas as classes, de todos os tipos e idades”. Concluindo a ária, faz comentários sobre os atributos das mulheres: “da loura costuma elogiar a gentileza, da morena a constância, da grisalha a doçura. No inverno prefere a gordinha, no verão a mais magrinha. A alta é majestosa, a pequena é encantadora. As velhas, conquista só pelo prazer de por na lista. A sua paixão predominante é pela jovem principiante. Não lhe interessa que seja rica, feia ou bela, pois desde que use saias, já sabes o que ele faz”.

Madamina, conhecida como Ária do Catálogo I Crédito: Glyndebourne

Já o incorrigível Duque de Mântua, grande conquistador do Rigoletto, não tem a menor consideração pelas mulheres, usando-as como mero objetos da sua volúpia, como bem demonstram as árias “Questa o Quella” (“esta ou aquela, para mim são todas iguais”) ou a conhecida “La Donna è  Mobile” (“as mulheres são volúveis como plumas ao vento, mudam de ideia e de pensamento”). 

La Donna è Mobile, ária da ópera Rigoletto I Crédito: Royal Opera House 

A ária “Quando m´en vo soleta per la via”, também conhecida como valsa da Musetta (que rima mais apropriada para o assunto em pauta) da ópera La Bohème, também revela o lado erótico das óperas: “Quando eu vou sozinha pela rua as pessoas param e olham, e a minha beleza todos examinam da cabeça aos pés”. 

Quando m´en vo soletta per la via I Fonte: www.medici – Anna Netrebko

Apesar do caráter machista, as duas óperas fazem parte dos programas dos melhores teatros de todo o mundo, sendo eternizadas na voz de grandes celebridades do canto lírico.

Por Benito Gorini 27/04/2023 - 07:47 Atualizado em 27/04/2023 - 07:58

O Cultura Acic, projeto idealizado há 7 anos,  surgiu com o objetivo de promover atividades culturais populares e eruditas, no intuito de aprimorar o conhecimento e possibilitar  o acesso gratuito a eventos só disponíveis nos grandes centros. Modesto a princípio, tomou grandes proporções e hoje  sem dúvida situa-se entre os maiores promotores da cultura na nossa região e o único desenvolvido por uma entidade empresarial em Santa Catarina. O exemplo foi o evento realizado na noite de gala do feriado do último dia 21 de abril. Embora não fazendo parte da agenda de eventos organizado pelo Cultura Acic, provou que a instituição dispõe hoje de excelente estrutura para espetáculos. O auditório Jaime Zanatta estava completamente lotado, com um público encantado com a apresentação do Grupo Folclórico Orzel Bialy e do Conjunto de Canto e Dança da Escola Politécnica de Varsóvia. Uma noite memorável  só viabilizada pela parceira entre a Fundação Cultural de Criciúma, a Fundação Municipal de Esportes, o Grupo Folclórico Orzel Bialy e a Acic.
 

Foto: Deize Felisberto

 

Foto: Deize Felisberto
Foto: Deize Felisberto

E os amantes da cultura terão  a última  oportunidade de visitar a exposição “Juarez Machado: cidadão do mundo”.  As 20 gravuras produzidas pelo artista em Paris e no Rio de Janeiro estarão expostas na Galeria de Arte da Acic até o dia 29 de abril. 

E no dia 04 de maio teremos a abertura da mostra “Portais”, em busca do  objetivo primordial do Projeto Cultura Acic que é tornar possível o acesso de novos talentos - principalmente de nossa região - ao mundo das artes, sem no entanto  se olvidar de artistas consagrados.

Hoje às 20:00 horas abertura da temporada de espetáculos  da Camerata di Venezia no Teatro Municipal de Nova Veneza, com apoio da Acic.  Imperdível.

Por Benito Gorini 20/04/2023 - 07:00 Atualizado em 20/04/2023 - 10:47

Os mercenários dos séculos XIII a XV, chamados de condottieri, poderiam ser comparados aos políticos de hoje em dia, guardadas as devidas proporções. Eram contratados por reis, nobres ou pelo clero e não tinham o menor sentimento de fidelidade, oferecendo os seus serviços àqueles que lhes proporcionassem as melhores vantagens econômicas, políticas ou sociais. Proliferaram principalmente na Itália, que não possuía um sistema de cavaleiros feudais tão desenvolvido quanto Inglaterra e França, sendo reverenciados e homenageados em várias cidades, apesar das atrocidades que praticavam.

O condottiero inglês John Hawkwood  estava  “ocioso” após o Tratado de Bretigny -assinado em 1360 e que cessara temporariamente as hostilidades entre a França e a Inglaterra na guerra dos cem anos -  e ofereceu seus serviços aos Visconti de Milão, lutando contra Florença. Os florentinos, após algumas derrotas, o contrataram a peso de ouro e em “reconhecimento” o pintor Uccello  o retratou em um afresco na catedral de “Santa Maria del Fiore”, o famoso Duomo de Florença. 

Sir John Hawkwood, afresco de Uccello no Duomo de Florença I Crédito: Wikipedia

No entanto, as obras mais famosas de Uccello se referem “A Batalha de San Romano”, homenageando Niccolò da Tolentino, que liderou Florença na sua vitória contra a eterna rival Siena.  

A Batalha de San Romano, Paolo Uccello, National Gallery, Londres I Crédito: Wikipedia
A Batalha de San Romano, Paolo Uccello, Galleria degli Uffizi, Florença I Crédito: Wikipedia


Em frente à basílica de Santo Antônio, em Pádua, encontra-se a estátua equestre do mercenário Erasmo da Narni, chamado de Gattamelatta, obra magistral de Donatello, a maior peça fundida em bronze da época, resgatando a arte da escultura que estava adormecida desde o Império Romano.

O Condottiero Gattamelata, no Duomo de Pádua, obra de Donatello I Fonte : www.Donatello.net

Em Bérgamo, ao lado da catedral  Santa Maria Maggiore, o condottiero  Bartolomeo Colleoni contratou o arquiteto Amadeo para construir a sua capela, decorada com afrescos de Tiepolo.  Foi homenageado pelos venezianos, a quem prestava serviços, com uma magnífica estátua equestre, obra do escultor Verrocchio, mestre de Leonardo da Vinci. Fora prometido a Colleoni a colocação de sua estátua na praça São Marcos, no coração da bela Veneza. O Doge, no entanto, fez erguer a escultura em frente à igreja de São João e Paulo ( conhecida como Zanipolo pelos venezianos ), ao lado do Hospital São Marcos, cumprindo parcialmente sua promessa (tutti buona gente). 

A Capella Colleoni, na magnífica Piazza Duomo de Bérgamo I Crédito: Visit Bergamo
Escultura equestre de Bartolomeo Colleoni, obra de Verrocchio I Crédito: Britannica Kids

Os mercenários conservaram seu nome na história e apesar da glória que tiveram em sua época foram detestados pela maioria de seus contemporâneos,  a quem infligiram  enormes “malvadezas” (só para lembrar de um político famoso já falecido).

Por Benito Gorini 13/04/2023 - 05:30

Quando o Sr. Edson Arantes do Nascimento chegou ao céu foi recebido por São Pedro que o encaminhou ao purgatório por deslizes cometidos em tempos passados. No entanto foi informado que se tratava de Pelé e prontamente permitiu o acesso, curvando-se em sinal de respeito. Não poderia prescindir de ter o rei da bola no seu time. Agora o maior craque da história do futebol iria se somar à constelação de astros brasileiros, formando uma esquadra imbatível: o grande goleiro Gilmar, Carlos Alberto, Bellini, Mauro e Nilton Santos na zaga; Zito e Didi no meio-campo; Garrincha, Pelé, Alcindo e Canhoteiro, que Pelé considerava um de seus maiores ídolos, juntamente com Zizinho. Tomei a liberdade de incluir o nome de Alcindo, embora talvez não esteja à altura dos demais jogadores. Mas não poderia perder a oportunidade de homenagear o imortal tricolor gaúcho. O “Bugre”, artilheiro do Grêmio, participou da máquina tricolor no heptacampeonato entre 1962-68. Uma das melhores formações era Arlindo, Altemir, Airton, Áureo e Ortunho; Cléo e Sérgio Lopes; Vieira, Joãozinho, Alcindo e Volmir. Não tive a oportunidade de ver o grande Airton jogar.

Também torcia pelo Santos e até hoje lembro de uma escalação da década de 70, quando morava em Porto Alegre : Cejas, Carlos Alberto, Ramos Delgado, Joel e Rildo; Clodoaldo e Lima; Manoel Maria, Douglas, Pelé e Edu. Não cheguei a ver as tabelinhas lendárias da dupla Coutinho-Pelé, mas Pelé sozinho era fantástico. Não perdia os jogos no Olímpico e no recém inaugurado Beira-Rio e só pude comemorar o título do Grêmio em 1977, quando estava saindo de Porto Alegre. Oito anos de sofrimento. Mas ao menos tinha o consolo de ver o conterrâneo Valdomiro fazer sucesso no colorado.

A Federação Catarinense de Futebol homenageou Pelé com a taça da Recopa 2023, título conquistado pelo Brusque.

E para finalizar, parabéns ao Criciúma pela conquista do 11º título estadual.

Grêmio pentacampeão gaúcho 1966 I Fonte: Gremiopedia.com
Santos, campeão mundial de 1962 ao derrotar o Benfica por 5x2 em Lisboa I Crédito: Rede Jfm

Benfica 2 x 5 Santos em Lisboa, com exibição de gala de Pelé I Crédito: ASSOPHIS Wesley Miranda

Por Benito Gorini 06/04/2023 - 09:50 Atualizado em 06/04/2023 - 10:12

Almas vencidas, noites perdidas, sombras bizarras 
Na Mouraria canta um rufia, choram guitarras 
Amor e ciúme, cinzas e lume, dor e pecado
Tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é fado”

Do latim “fatum”, que significa destino, geralmente inexorável. É por isso que o fado e tão triste e melancólico. Amor, morte e saudade são os temas principais do fado.

Na nossa primeira viagem a Portugal, há muitos anos, após subir a Mouraria no “elétrico 28” e visitar o Castelo de São Jorge, descemos a íngreme ladeira da Alfama e fomos jantar no famoso “Parreirinha de Alfama”. Estava então no auge, liderado pela proprietária e cantora Argentina Santos. Foi uma noite memorável, com um excelente bacalhau acompanhado por um bom vinho “nacional” e pelos belos fados. Em outras viagens não voltamos mais ao Parreirinha e após a morte de Argentina não sei se o padrão se mantém. Mas só o ambiente romântico da Alfama  já vale a visita.

A vista do Tejo ao descer a ladeira da Alfama I Foto: Acervo pessoal
A Torre de Belém, local de partida de barcos portugueses. Muitos nunca retornaram e serviram de inspiração para os fados I Foto: Arquivo Pessoal

Alfama e Mouraria ainda hoje são bairros onde se preserva a tradição mas o Bairro Alto, no centro de Lisboa, conta com várias casas de fado, algumas verdadeiras armadilhas para turistas. A moçambicana Mariza, embora fiel ao repertório fadista, trouxe modificações ao espetáculo, dançando e movimentando-se pelo palco,  ao contrário da estática forma tradicional e intimista de cantar o fado.

Lisboa e Porto se destacam como grandes centros do fado e em Coimbra os acadêmicos da famosa universidade tem uma maneira diferente de interpretação. Saem em grupos todos vestidos de negro a cantar o fado pelas estreitas ruas da cidade. 

Sugestões

  • Tudo isso é fado, com Cristina Branco;
  • Foi Deus,  Ai Mouraria, Uma Casa Portuguesa e Coimbra,  com a inigualável Amália Rodrigues;
  • Lisboa não sejas francesa, Barco Negro e Oiça Lá ó Sr Vinho, com Mariza;
  • Meu amor é marinheiro, com Gisela João e o grupo Atlantihda;
  • Os Argonautas, música de Caetano Veloso baseado em Fernando Pessoa, com Elis Regina;
  • Mariza no Programa do Jô, cantando Cadeira Vazia,  de Lupicínio Rodrigues.
Por Benito Gorini 29/03/2023 - 11:40 Atualizado em 29/03/2023 - 12:28

O programa comandado por Adelor Lessa, com a presença do Dr Renato Matos, do Secretário da Saúde Acélio Casagrande e de Samuel Bucco, gerente de Vigilância em Saúde de Criciúma, foi muito revelador. Os profissionais da saúde exerceram atividade fundamental na orientação da população, informando sobre importantes medidas sanitárias e combatendo o obscurantismo e as fake news. Foram alvo de fortes críticas, mas se mantiveram firmes na defesa das medidas recomendadas pela ciência e na contraindicação de tratamentos com medicamentos totalmente ineficazes. Salvaram muitas vidas com essas medidas e principalmente com o apoio incondicional às vacinas. Adelor acertou "na mosca" quando escreveu no seu blog sobre o compromisso do Portal 4oito e da Som Maior FM com as pessoas: "Mas por causa disso fomos atacados, xingados e agredidos. Porque misturaram vírus e pandemia com política". Leitura perfeita. 

E fiquei estarrecido quando vi colegas médicos combatendo as vacinas. Houve queda drástica dos óbitos após a vacinação.

Também emiti minha opinião sobre o assunto. No artigo "Cambalache" publicado no blog do portal 4oito em outubro de 2022, escrevi: "É uma crítica explícita à corrupção do século XX, mas a grave crise institucional que estamos vivendo com o congresso legislando em causa própria, o ativismo político do judiciário e os desmandos do executivo, o tornam muito atual. Particularmente, agora, onde teremos que optar entre um candidato que após ser condenado em 3 instâncias teve as sentenças anuladas por manobras e filigranas jurídicas e outro com uma conduta deplorável durante a pandemia, estimulando o descumprimento de normas recomendadas pela comunidade científica internacional. O Brasil, reconhecido mundialmente como modelo de vacinação corre o risco do retorno de doenças que estavam erradicadas".

Em função deste artigo entrei na famigerada "lista negra", tendo sido logo em seguida "inocentado", talvez por influência de alguém que leu e entendeu o conteúdo da mensagem.

Bolsonaro perdeu a grande chance de ser um estadista, ao optar por um discurso de ódio e confronto ao invés de procurar a conciliação e união de um país tão dividido ideologicamente. E Lula vai na mesma balada, com manifestações chulas, revanchistas e vingativas.

"O Tempora, o Mores" como já dizia Cícero. Parece que nesses 2000 anos não aprendemos nada.

Sugestão

Três anos de pandemia, no Programa Adelor Lessa do dia 20/03/2023, com a participação do Dr Renato Matos, Acélio Casagrande e Samuel Bucco. Imperdível. Ouça: 

 

Por Benito Gorini 23/03/2023 - 06:00 Atualizado em 23/03/2023 - 10:11

Herdeiros de Ian Fleming estão autorizando a revisão de seus livros, permitindo a substituição de termos considerados ofensivos pelos novos e chatos tempos “politicamente corretos”. O assunto provocou intensos debates, muitos favoráveis e julgando a medida ainda tímida, e outros frontalmente contrários argumentado que essa era a visão da época e que  alterações iriam  comprometer a compreensão e análise de um período histórico. George Orwell,  na visionária obra “1984” escrita no pós-guerra em 1949, já havia previsto isso. Fleming, autor dos livros sobre o agente 007, deve estar se revirando no túmulo. Mas isso não é novidade no mundo da arte. Biagio di Cesena,  mestre de cerimônias do  papa Paulo III,  criticou severamente o Juízo Final, afirmando que os nus  deveriam ser cobertos e que a obra-prima de Michelangelo na Capela Sistina  era mais apropriada para  banhos públicos e tavernas. O genial pintor se vingou, retratando Biagio no inferno com  orelhas de burro e uma serpente ocultando sua nudez e mordendo a região correspondente ao  pênis. Biagio se queixou ao papa Paulo III mas o pontífice se limitou a sorrir dizendo que sua jurisdição não se estendia até o inferno. Paulo III, da ilustre família Farnese, amante não só das artes (teve quatro  filhos e dois netos foram nomeados cardeais), não iria permitir tal afronta ao grande artista, que inclusive fora  encarregado da construção do magnífico Palácio Farnese, hoje sede da Embaixada da França em Roma.

Biagio di Cesena, retratado por Michelangelo no Juízo Final, na Capela Sistina
Paulo III com seus netos, óleo sobre tela de Ticiano no Museu Nacional de Capodimonte, em Nápoles

E os afrescos permaneceram. Mas não por muito tempo. O Concílio de Trento e a contrarreforma  trouxeram medidas extremamente conservadoras, reativando a inquisição e determinando regras nas produções artísticas. O papa Pio IV  em 1559 promulgou o “Index Librorum Prohibitorum”, uma enorme relação de livros proibidos pela igreja católica. O papa também ordenou que o pintor Daniele da Volterra   vestisse as “partes pudendas” do Juízo Final na Capela Sistina, alguns meses  após a morte de Michelangelo. Daniele passou para a eternidade com a alcunha “Il Braghettone”, o “veste as calças”.  Algumas esculturas anexas ao  “Cortile della Pigna” no Vaticano tiveram seus pênis decepados. Muitas obras de arte tiveram os órgãos genitais cobertos, geralmente com folhas de figueiras.  

O “Cortile della Pigna”, pátio interno dos Museus do Vaticano I Foto: Arquivo Pessoal

E o Terceiro Reich protagonizou episódio semelhante. Em 10 de maio de 1933 os nazistas queimaram livros em Berlim.  Heinrich Heine escreveu : “Isso é um aviso. Onde eles queimam livros logo estarão queimando pessoas”.  E infelizmente esses tempos sombrios, eivados de preconceitos,  intolerâncias e  inverdades nas redes sociais,  estão voltando.

Placa no Memorial dos Livros Queimados, na Bebelplatz, com a citação de Heine. O texto ao lado informa que estudantes nazistas queimaram livros de escritores independentes, jornalistas, filósofos e acadêmicos I Fonte : visitberlin.de

Sugestões

  • A Vida Sexual dos Papas, livro de Nigel Cawthorne
  • Santos & Pecadores – História dos Papas, livro de Eamon Duffy
  • Os capítulos “Os Segredos do Juízo Final” e   “Um Mundo Transfigurado”, do livro “Os Segredos da Capela Sistina”, de Benjamin Blech e Roy Doliner
Por Benito Gorini 15/03/2023 - 07:00 Atualizado em 15/03/2023 - 08:10

O Lago de Garda, o maior da Itália, é circundado por belas cidades que recebem um grande contingente de turistas, principalmente alemães e austríacos. Peschiera, Lazise, Bardolino e Malcesine, situadas no lado oriental pertencem ao Veneto. Torbole e Riva del Garda, no lado setentrional, estão localizadas no Trentino Alto-Adige e as lombardas Sirmione e Desenzano, no lado meridional. Mas a cidade mais impressionante é Limone sul Garda, na chamada Gardesana Ocidentale, também pertencente à Lombardia. É a minha preferida tanto que escolhi como local de pernoite nas duas edições do Giro Alpino, um tour de moto pelas principais estradas dos Alpes na Itália, Suíça, Áustria e Alemanha.

O Lago de Garda I Fonte: tuttogarda.it

Andar pelas ruelas ao lado do lago, repletas de lojas, bares e restaurantes e muito prazeroso. A cidade fica espremida entre o lago e a montanha, com desnível acentuando exigindo um bom preparo físico para enfrentar as fortes subidas como a que nos levava ao Hotel Castell, onde nos hospedamos nas duas ocasiões. A vista do terraço do hotel é magnífica, alcançando até a cidade de Malcesine, no outro lado do lago.

Hotel Castell, Limone sul Garda

As encosta repletas de limoeiros, somadas aos aromas das flores nas sacadas e dos sabonetes, sachês, doces, azeites e o famoso limoncello do comércio na beira do lago conferem a Limone um perfume indescritível. E coroando a visita para os amantes de duas rodas temos uma passarela com ciclovia literalmente pendurada na montanha, ideal para uma “passeggiata” no final de tarde, e a maravilhosa “Strada della Forra”, uma das mais impressionantes que já tive a oportunidade de percorrer nos meus passeios de moto. Churchill se referia a ela como “a oitava maravilha do mundo”. Enfim, uma cidade imperdível, mesmo para quem não gosta de motos ou bicicletas.

Passarela e ciclovia de Limone I Crédito: Osvy Bike

Strada della Forra I Fonte: EPIKDRIVES

Por Benito Gorini 09/03/2023 - 09:00 Atualizado em 09/03/2023 - 11:56

A expressão “cruzada” originou-se do fato de seus participantes serem “soldados de Cristo”, marcados pelo sinal da cruz, ostentada em vermelho nas suas vestes. As cruzadas tiveram várias causas – econômicas, políticas, sociais – mas não se pode negar a importância fundamental do fator religioso. Na idade média pecado e crime eram sinônimos e com atos de penitência procurava-se  conquistar as indulgências, evitando-se as “condenações eternas”.  A forma mais popular de penitência era a visita a lugares sagrados, que freqüentemente continham relíquias de santos ou fragmentos de alguma peça de interesse religioso. 

A primeira cruzada, em 1096 sob a orientação do papa Urbano II , procurava recuperar a Terra Santa, em poder dos “turcos infiéis”. Os cristãos não podiam tolerar a perda de Jerusalém e a proibição da visita ao Santo Sepulcro. A cidade, sagrada para judeus (o grande Templo de Salomão), cristãos (os eventos da Paixão de Cristo) e muçulmanos ( a ascensão ao céu de Maomé), até hoje é objeto de disputa entre as três religiões monoteístas.  Várias cruzadas foram realizadas e de uma maneira geral não obtiveram os resultados esperados. A cruzada do rei francês Luis IX , oitava e última em 1270, foi um total fracasso, ocasionando centenas de mortes, inclusive a do soberano, posteriormente canonizado pelo Papa Bonifácio VIII em 1297. Luis IX construiu a magnífica Sainte- Chapelle em Paris para abrigar a coroa com espinhos  de Cristo.

Sainte-Chapelle após o restauro I Fonte: Le Centre des Monuments Nationaux

 As Ordens dos Templários e dos Hospitalários surgiram durante este período. Os cavaleiros templários, que haviam acumulado enorme fortuna, foram alvo da cobiça do rei francês Filipe IV, o belo, que exerceu forte pressão sobre o papa Clemente V, conseguindo a supressão da ordem. O seu último grão-mestre, Jacques de Molay, foi condenado a morrer na fogueira na Ile de la Cité, em local bem próximo à Catedral de Notre Dame, em Paris. De Molay lançou uma maldição contra o rei e o papa, condenando-os a prestar contas com Deus, o Juiz Supremo, até o final daquele ano. As últimas palavras do Grão-Mestre tornaram-se realidade: o papa morreu em abril de 1314, um mês após a morte de De Molay, e o rei em novembro do mesmo ano.

Placa no local da execução de Jacques de Molay, na Praça “Vert Galant” I Fonte : FranceGenWeb

 

A Praça “Vert Galant” Fonte : unjourdeplusaparis.com

Nem tudo, no entanto, estava perdido. O intercâmbio entre duas civilizações, ocidental cristã e oriental muçulmana, a aquisição de novos conhecimentos médicos, científicos e matemáticos provenientes da cultura árabe, a expansão do comércio e uma maior tolerância religiosa entre cristãos e muçulmanos figuram como conquistas das cruzadas.

Sugestões

    • Grandes Pecadores, Grandes Catedrais, livro de Cesare Marchi mostrando a grande importância das peregrinações e relíquias na Idade Média
    • O Rei de Ferro,  primeiro dos sete livros da série “Os Reis Malditos”, de Maurice Druon e filme com Gérard Depardieu

Por Benito Gorini 02/03/2023 - 09:00 Atualizado em 02/03/2023 - 10:09

A revolução francesa determinou a queda da realeza, a perda do poder da nobreza e o desprestígio do clero, principais patronos das artes. Os artistas passaram a gozar de maior liberdade, mas também foram obrigados a “lutar pela vida”. Surgia, no início do século XIX, o romantismo, movimento de reação ao classicismo do século anterior, com enorme repercussão na música, literatura e pintura. Os românticos, contrapondo-se à inclinação intelectual dos clássicos, davam ênfase aos aspectos emotivos e sentimentais, procurando inspiração nas lendas e temas medievais, como bem demonstram “Notre Dame de Paris” (O Corcunda de Notre Dame, em português), de Victor Hugo, “Guilherme Tell”, de Schiller, as inúmeras óperas de Wagner sobre lendas germânicas e as telas “A Corte da Inquisição”, de Goya e “Dante e Vírgilio no Inferno”, de Delacroix. 

No período romântico, a maior liberdade de expressão acabou gerando um grande apego às paixões e aos prazeres mundanos. Em função da vida  desregrada, muitos românticos morreram muito jovens, principalmente de tuberculose ou das complicações do excesso de bebidas alcoólicas, como o licor de absinto, a “fada verde”, bebida da moda de então. Uma tela de Degas - célebre pelas pinturas de bailarinas - mostra uma mulher bebendo absinto no Café “Nouvelle Athènes”, na Place Pigalle, local de encontro da boemia de Paris. O bairro Montmartre, onde se localiza o Moulin Rouge,  ainda é famoso pela agitada vida noturna.

Dans um Cafe, óleo sobre tela de Edgar Degas, Museu d´Orsay, Paris

Paris, com sua maravilhosa vida noturna e  Viena, a capital do classicismo, embora em declínio, atraíam músicos, poetas, escritores e pintores como centros artísticos e culturais  europeus. Chopin, que escandalizou a sociedade da época ao viver um tórrido romance com a feminista George Sand (Aurore Dupin), morreu aos 36 anos. O irreverente  Modigliani, pintor de magníficos nus femininos, morreu na miséria após uma breve existência repleta de prazeres. O escritor “maldito” Baudelaire, que escandalizou a sociedade com sua obra “Flores do Mal”, também não resistiu muito tempo aos excessos típicos da época.  O grande compositor austríaco Schubert, apelidado de o “louco celeste” por um amigo,  talvez não tenha tido tempo de concluir sua célebre “Sinfonia Inacabada”, pois só viveu 31 anos. Mendelssohn, de uma família de banqueiros judeus ricos e  cultos, recebeu primorosa educação em várias áreas do conhecimento humano, exercendo enorme influência na vida musical da Europa. Foi o responsável pela redescoberta da obra de Bach, que andava esquecida. Morreu aos 38 anos. Os poetas brasileiros Castro Alves e Casimiro de Abreu não fugiram à regra e morreram em tenra idade.

Os famosos nus de Modigliani. Metropolitan Museum of Art, Nova York I Fonte: Metmuseum.org

Felizmente, como dizem os franceses e não cansava de repetir o meu mestre, o saudoso professor Hilton Rocha “à quelque chose malheur est bon”, que poderíamos traduzir como “há males que vêm para o bem”. A tuberculose, que ceifou a vida de tantos artistas, foi a responsável pela fundação da Faculdade de Medicina da UFMG, por médicos que buscavam o ar puro das alterosas na tentativa de curar suas graves afecções pulmonares. 

Sugestões

  • À Noite Sonhamos, filme de 1945 sobre Chopin
  • Paixão pela Vida, com Andy Garcia interpretando Modigliani
Por Benito Gorini 23/02/2023 - 07:23 Atualizado em 23/02/2023 - 07:39

O livro de Judite, do antigo testamento, nos relata a história da bela viúva que salvou a cidade de Betúlia  das mãos do general assírio Holofernes, após um cerco de 40 dias. Com a população à beira da morte, Judite decidiu visitar o acampamento do inimigo, revelando falsos segredos e conquistando com sua beleza a admiração e a confiança do general. No final de um banquete, a sós com o adormecido Holofernes, embriagado pelo excesso de vinho, Judite o decapitou, fugindo com a sua cabeça para a cidade de Betúlia. No dia seguinte, os assírios, apavorados pela descoberta do corpo do seu líder, abandonaram o local do cerco, sendo perseguidos pelos israelitas que, vitoriosos, dirigiram-se à Jerusalém para render ao Senhor as homenagens típicas da época: cânticos, preces e sacrifícios de animais.

É impressionante o interesse que este relato bíblico despertou entre escultores, pintores, poetas e músicos em diversos períodos da história da arte. Michelangelo retratou o episódio nos seus afrescos imortais da Capela Sistina. Andrea Mantegna, Botticelli e Palma Vecchio, pintores renascentistas, e Caravaggio, Artemísia Gentileschi e Cristofano Allori, pintores do período barroco, utilizaram o tema em seus quadros. Donatello, grande escultor florentino, chocou seus contemporâneos com a escultura de Judite segurando a cabeça de Holofernes, em exposição no Palazzo Vecchio de Florença.

Judite e Holofernes de Donatello, no Palazzo Vecchio, Florença I Fonte: www.donatello.net
Judite com a cabeça de Holofernes, teto da Capela Sistina, Michelangelo I Fonte: Wikimedia Commons
Judite e Holofernes, tela de Caravaggio na Galeria Nacional de Arte Antiga, Roma I Fonte: Wikipedia

O compositor austríaco Mozart, um dos maiores de todos os tempos, compôs o oratório “ Betulia Liberata ” peça sacra em dois atos com duas horas de duração.

É digna de registro a participação do tenor Aldo Baldin, natural de Urussanga,  em uma edição completa das  cantatas e oratórios de Mozart, gravadas em CD   pela Phillips. Baldin, muito conhecido no mundo da ópera, principalmente na Alemanha onde chegou a primeiro tenor lírico do Teatro Nacional de Mannheim, foi obrigado a emigrar ainda jovem para a Europa em virtude da falta de perspectivas  em nosso país. Sua morte precoce, enquanto desenvolvia um grande trabalho como professor e regente, impediu que se prestasse uma homenagem ao grande tenor, famoso no velho mundo mas praticamente desconhecido no Brasil. O nosso estado já o homenageia com o Festival Nacional Aldo Baldin. 

Betulia Liberata, Oratório de Mozart I Foto: Acervo Pessoal
Libreto dos Oratórios, Cantatas e Música Maçônica de Mozart I Foto: Acervo Pessoal
Aldo Baldin, foto extraída do libreto Oratórios, Cantatas e Música Maçônica
 de Mozart, com importante participação do cantor natural de Urussanga

 

Por Benito Gorini 16/02/2023 - 05:00

Construído para a Exposição Universal de 1929 no Parque de Montjuic em Barcelona, o Poble Espanyol é um grande museu ao ar livre com reproduções em escala real de 116 construções, ruas e praças de cidades espanholas. Foi concebido para ser uma mostra de apenas 6 meses - a exemplo da Torre Eiffel, construída para a Exposição Universal de 1889 - e seria posteriormente demolido. Mas o sucesso de ambos os empreendimentos foi tamanho que permanecem até hoje atraindo milhões de turistas de todo o mundo. Atualmente abriga 40 espaços dedicados ao artesanato, além de restaurantes, bares, galerias de arte, teatro e museu.

Portão de acesso | El Poble Espanyol

No Parque das Nações temos um excelente espaço que poderia abrigar uma pequena vila com construções típicas das 7 etnias que colonizaram Criciúma. E poderiam até incluir uma oitava, porque o Trentino-Alto Ádige pertencia à Áustria quando os imigrantes italianos chegaram à nossa região. Haveria ainda a possibilidade de  incluir no projeto pequenas muralhas, semelhantes às cidades medievais europeias como Óbidos, Ávila, Carcassone,  Rothenburg, Glorenza  e Dubrovinik. 

Rothenburg Ober der Tauber, a mais bela cidade murada da Europa | Foto: Arquivo pessoal
A Vila Germânica, em Blumenau, exemplo de empreendimento bem sucedido | Foto: Tripadvisor

Na vila poderiam ser comercializados produtos típicos da região, artesanato  e a grande diversidade culinária  das etnias. Iria se somar à Mina Modelo Octávio Fontana  e ao recém construído Parque Astronômico Albert Einstein - um sucesso de público -   e  com certeza atrairia um grande contingente de turistas, melhorando sobremaneira o potencial  de nossa cidade.

Parque das Nações Cincinato Naspolini I Foto: Lucas Colombo TN Sul

O Parque Astronômico Albert Einstein I Vídeo: Prefeitura de Criciúma

Criciúma, pela qualidade de sua rede hoteleira, pujante comércio, ótimas opções gastronômicas e excelente localização entre a serra e o mar, poderia se transformar em um imenso hub, ponto de partida para passeios regionais em roteiros integrados com municípios circunvizinhos. 

Devaneio? Pode ser. Mas sonhar não custa nada. 
 

Por Benito Gorini 09/02/2023 - 09:25 Atualizado em 09/02/2023 - 10:34

A Alsácia tem sido disputada durante séculos entre alemães e franceses, tendo mudado sua nacionalidade em quatro ocasiões desde a Guerra Franco-Prussiana de 1870. Localizada no nordeste da França, entre o Rio Reno as montanhas dos Vosges (cujo ponto culminante é o Grand Ballon com 1.424 m), é uma região de localização geopolítica estratégica, evidenciada pelos castelos e fortes, como o imenso Haut-Koenigsbourg, que do topo da montanha domina todo o vale e alguns passos dos Vosges. Após a I Guerra Mundial os franceses retomaram a região e construíram uma imensa estrutura fortificada para evitar futuras invasões, a Linha Maginot, acompanhando os Vosges da Suíça até a Bélgica. No entanto, na II Guerra Mundial os alemães evitaram a linha e invadiram a França pela Floresta dos Ardenes - julgada intransponível - com as divisões Panzer de Guderian. A blitzkrieg deu resultado e a França capitulou ao poderio nazista. Um erro estratégico de Hitler, ao deter o avanço de seus tanques, permitiu a famosa Retirada de Dunquerque, em que as tropas aliadas atravessaram o Canal da Mancha, refugiando-se na Inglaterra.

O Castelo de Haut-Koenigsbourg. “A Grande Ilusão”, obra-prima do diretor Jean Renoir, teve muitas cenas gravadas no castelo I Foto: The World of Castles

 Os vinhedos e as belas vilas da pitoresca Rota do Vinho, em especial Riquewihr, Ribeauvillé e Kaysersberg, museus a céu aberto repletos de ruas de pedra, casas medievais com floreiras nas janelas, muralhas, fontes renascentistas e inúmeras adegas,  formam o cartão de visitas da Alsácia.

As cegonhas fazem seus ninhos nos telhados de Ribeauvillé I Foto : Office de Tourisme Ribeauvillé

Amantes do vinho se sentirão em casa degustando o “Vin d´Alsace”, branco, aromático, seco e encorpado, derivado das castas viníferas Riesling e Gewurztraminer, principalmente se estiver acompanhado do Choucroute Garnie (salsicha, chucrute, lombo de porco defumado, bacon e batatas cozidas ), prato típico da generosa culinária alsaciana. Os vinhos alsacianos, ao contrário dos vinhos de outras regiões da França, discrimina no rótulo o nome das castas utilizadas.

Imagens de Riquewihr | Foto: Arquivo Pessoal
Imagens de Riquewihr | Foto: Arquivo Pessoal

  
Colmar, “a pequena Veneza”, com seus inúmeros canais, atrai turistas de todo o mundo. Estrasburgo, capital da Alsácia, é conhecida como a “encruzilhada da Europa”, pela sua localização privilegiada entre a França, Alemanha e proximidade com a Bélgica, Luxemburgo e Suíça. A magnífica fachada de sua Catedral, o Museu Histórico, os belos canais e a sede do Parlamento Europeu fazem da cidade importante destino turístico.

O Museu Nacional “La Cité d´Automobile”  em Mulhouse, construído pelos irmãos Schlumpf  é considerado o maior do mundo Vídeo:  patou44

O Reno, navegável a partir de Basileia na fronteira com a Suíça, faz a divisa da Alsácia com a Floresta Negra, na Alemanha. O rio tem importância estratégica desde o Império Romano. Os acampamentos instalados às suas margens viriam a se transformar em importantes cidades.

Sugestões

  • Vinho e Guerra, livro de Don e Petie Kladstrup;
  • Choucroute Garnie, prato típico,  acompanhado de um generoso vinho alsaciano.

Destaques

  • Os canais da Pequena Veneza, em Colmar;
  • O Museu Albert Schweitzer sobre o médico, teólogo, organista e escritor natural de Kaysersberg, agraciado com o Prêmio Nobel da Paz em 1952 por seu trabalho missionário em Lambaréné, no Gabão;
  • O Museu do Automóvel em Mulhouse;
  • A Trilha do Vinho em Turkheim, com placas explicativas sobre os vinhedos;
  • La Volerie des Aigles,  centro de preservação das águias e outras aves de rapina no Castelo de Kintzheim.
     
Por Benito Gorini 02/02/2023 - 07:00 Atualizado em 02/02/2023 - 16:27

No próximo sábado, será realizado o 5º Luau dos Cinquentões, que já se tornou marcante na agenda de eventos do Balneário Rincão. Eraldo Peruchi, idealizador do Luau, é o autor deste breve histórico sobre o evento: “Tudo isso começou com a iluminação das casas à beira-mar. Renatinho Lodeti, Tunico Burigo, Sandro Araújo, Roma e Eu iniciamos de forma tímida o 1º Luau, em 2017. Jairo Custódio tinha sido eleito prefeito e iniciou uma verdadeira revolução com obras e serviços por todo o lado. Coube a um grupo de voluntários (VDR) iniciar vários trabalhos comunitários, o cuidado com animais de rua, o ajardinamento da orla e do centro, a iluminação (LED) das casas à beira-mar e atividades culturais. O 2º Luau, já com o apoio da Zamaco e  participação de Marcelo, Piá, Vânio, Vítor, Carlinhos, Claudinho e maestro Pedro Apolinário, ocorreu também na Zona Sul e apesar da chuva foi um grande sucesso. O evento cresceu e o  3º Luau contou com a organização do  Dr Benito Borges (que havia participado dos anteriores),  Darlan Thomazzi e Célio Biz. Mais uma vez bombou. E o 4º, com a coordenação de Benito Borges e o Dr Márcio Zaccaron, foi um sucesso total. Era gente por todo o lado, na orla em frente à praça da Zona Sul. 2000 pessoas reunidas à beira-mar, numa noite memorável, sem vento, lua cheia, mar quente, som contagiante e todos muito felizes. E chegando agora o 5º Luau, coordenado pelos casais Ronaldo/Teka Freitas e Flávio/Rosalba Spilere. Será ímpar, será excepcional. E, é claro, o ponto alto da festa, a alegria e o som contagiante da banda É Isso Aí, a cada ano mais afinada e com um maior número de participantes”. A expectativa é que se torne um grande  evento do Rincão. E se depender da dedicação do  Eraldo e colaboradores, em breve poderá ostentar o título do “Maior Luau de Santa Catarina”.

A Banda É Isso Aí no 4º Luau I Foto: Ulisses Job

A banda É Isso aí na Som Maior FM

Confira a galeria de imagens e a alegria da galera no 4º LUAU

*Fotos de Ulisses Job

Por Benito Gorini 26/01/2023 - 07:00 Atualizado em 26/01/2023 - 09:18

Muitos pacientes, inconformados com a progressão inexorável de suas doenças crônicas ou revoltados pela perda de um familiar, transferem a culpa para a Medicina. No entanto, o seu avanço foi notável, principalmente nos últimos 150 anos. 

Na Idade Média a mortalidade era enorme e a expectativa de vida não passava  dos 40 anos. A peste negra de 1348 exterminou 1/3 da população europeia, os ferimentos de guerra eram cauterizados com óleo fervente, procedimento extremamente doloroso e frequentemente ineficaz na prevenção dos processos infecciosos.

 Pieter Bruegel o velho, O Triunfo da Morte, de 1562. Museu do Prado, Madri

Os marujos morriam às centenas vitimados pelo escorbuto nas grandes navegações do século XVI. Os diabéticos não viviam muito tempo, a paralisia infantil (poliomielite) deixava sequelas permanentes e o tétano condenava o doente a um fim lento, doloroso e terrível.  As mulheres eram vítimas da febre puerperal, grave e letal infecção pós-parto e a sífilis provocava graves alterações neurológicas nos seus estágios finais. A tuberculose extinguia lentamente a força dos jovens, condenando-os a um fim trágico, como o ocorrido com muitos poetas, músicos e pintores românticos do século XIX. A população indígena das Américas foi quase exterminada em decorrência das doenças virais trazidas pelos colonizadores europeus.  

Antes da descoberta dos microorganismos como causa de doenças, os principais enfoques da medicina preventiva e da saúde pública restringiam-se às medidas higiênicas. A introdução dos métodos antissépticos na cirurgia por Semmelweiss e Lister salvou muitas vidas. Após o grande trabalho de Pasteur demonstrando a existência das bactérias e a introdução das vacinações por Jenner, Salk e Sabin, praticamente desapareceram as grandes catástrofes provocadas pela varíola, cólera e difteria, que devastaram regiões inteiras até o século passado. A descoberta da anestesia por dois dentistas de Boston, Wells e Morton, no século XIX, auxiliou na redução da mortalidade e na mitigação do sofrimento. O combate aos processos infecciosos e inflamatórios foi notável com a descoberta da Penicilina em 1928, das Sulfas em 1935  e da Cortisona em 1948.

Os pacientes talvez tenham alguma dose de razão nas suas reclamações, mas não em relação à eficácia da medicina. Se por um lado os recentes avanços nos procedimentos diagnósticos e terapêuticos tornaram-na altamente eficiente, os custos proibitivos e o mau gerenciamento inviabilizaram estas conquistas  para grande parte da população. 

Sugestões

  • Decameron, de Boccaccio, escrito durante a Peste Negra de 1347-48;
  • A Peste, de Albert Camus, romance situado na cidade argelina de Oran em 1940 mas baseado em uma epidemia de cólera  que dizimou grande parte da sua população em 1849;
  • Os Noivos (I Promessi Sposi), livro de Alessandro Manzoni com extensas passagens sobre a peste de 1630 na Lombardia;
  • O Requiem de Verdi, em homenagem a Alessandro Manzoni, em especial o “Recordare”;
  • O filme “A História de Louis Pasteur”, de 1936;
  • Os Micróbios e o Homem, episódio 1“O Inimigo Invisível”. Excelente série da BBC relatando a grande contribuição e o fim trágico do médico húngaro Ignaz Semmelweiss.
Por Benito Gorini 19/01/2023 - 12:00 Atualizado em 19/01/2023 - 12:06

A Praça de São Marcos, vista de um vaporetto navegando pelo canal da Giudecca, em frente à ilha de San Giorgio Maggiore,  é uma experiência que jamais será esquecida. A República Marítima de Veneza,  “La Sereníssima”, tem fascinado a todos que tiveram o privilégio de conhecê-la.  A Basílica de São Marcos, com suas cúpulas bizantinas incrustadas com mosaicos de ouro, o Palácio Ducal, com magníficos salões repletos de pinturas dos grandes mestres do “cinquecento”, e a bela vista do alto do  Campanário, são atrações  imperdíveis. Napoleão referia-se à Praça de São Marcos como “a mais bela sala de visitas da Europa”.

Palácio Ducal e Campanário vistos do vaporeto no Canal da Giudecca
Bairros de Veneza, chamados de sestieri,  semelhantes aos quarteirões de outras cidades, que por sua vez correspondem a quarta parte de um acampamento romano I Fonte : Evenice, il portale degli eventi a Venezia  
Bairros ( Sestieri ) de Veneza representados nas gôndolas I Fonte : Evenice, il portale degli eventi a Venezia
A Acqua Alta na Praça de São Marcos I Foto: Arquivo Pessoal
Palácios e gôndolas no Canal Grande I Foto: Arquivo Pessoal
O vaporetto no Canal Grande I Foto: Arquivo Pessoal

 Da praça chega-se a Ponte do Rialto, em uma bela e curta caminhada, enquanto aproveitamos o percurso para observar as centenas de lojas vendendo artigos de couro, roupas, joias, bolsas de grifes,  máscaras e cristais de Murano. Pode-se descansar na ponte, observando o frenético movimento dos vaporettos, táxis e gôndolas no Canal Grande. Para concluir nossa  viagem por Veneza, podemos visitar a Academia, com obras de arte da renascença italiana, a Igreja franciscana dei Frari, com magnífico coro em madeira e pinturas de Ticiano e Bellini, e a Scuola Grande de San Rocco, onde Tintoretto passou 24 anos decorando tetos e paredes.

DESTAQUES

  • Os mosaicos da Basílica de São Marcos com a famosa Pala d´Oro
  • O Paraíso, de Tintoretto, maior pintura a óleo do mundo, na Sala do Conselho Maior, no Palácio Ducal
  • Passeio de gôndola ou vaporetto pelos canais de Veneza
  • Os cristais de Murano e as máscaras do famoso carnaval de Veneza

SUGESTÕES

  • Morte em Veneza, livro de Thomas Mann, filme de Lucchino Visconti e Ópera de   Benjamin Britten
  • As Quatro Estações, do compositor veneziano Vivaldi
  • O bacalhau com polenta, prato típico de Veneza, acompanhado de um Pinot Griggio do veneto
     
Por Benito Gorini 12/01/2023 - 05:00 Atualizado em 12/01/2023 - 08:41

No sábado passado com previsão de muito sol, o nosso grupo de motociclistas   “Giro Serra Mar” saiu do Balneário Rincão e  subiu a Serra do Rio do Rastro. No mirante estava frio e com forte cerração. A partir de Bom Jardim da Serra utilizamos uma antiga rota de tropeiros, passando pelos Campos de Santa Bárbara em direção a Urubici.

Ponte sobre o Rio Pelotas I Foto: Edair Junior

O percurso com 40 km se localiza no Parque Nacional de São Joaquim e é mais conhecido pelo nome de Vacas Gordas, pequena comunidade que se localiza na SC 110, próxima do final da trilha. A estrada não é pavimentada e o nível de dificuldade é médio  pelo grande número de pedras, pontes em estado precário e fortes subidas e descidas, sendo recomendado a utilização de motos trail e veículos 4x4. Uma unidade do ICMBio situada a 3 km da SC 110 orienta e controla o acesso ao parque.

Rio do Rastro até Corvo Branco pela trilha de Vacas Gordas I Vídeo: Eliza Magrin

O que tornou o passeio ainda mais perigoso foi a chuva e a neblina, que não estavam previstas, tornando a estrada escorregadia.  Mas felizmente tudo correu bem e as paisagens magníficas da serra encantaram a todos. O ponto de maior altitude da região fica a 1.640 m, só um pouco inferior aos 1.824 m do Morro da Boa Vista em Bom Retiro, ponto culminante do estado.

Cemitério histórico ao lado da trilha I Foto: Wikilok

A ocorrência de neve é muito frequente e alguns sites informam que é a maior do estado, só não sendo mais divulgada pela localização isolada e com poucas áreas habitadas. Almoçamos em Urubici e descemos a Serra do Corvo Branco, outra maravilha do sul catarinense. 

Grupo no Mirante de Urubici I Foto: Grupo Serra Mar
Motociclistas em Urubici I 
Foto: Grupo Serra Mar
Serra do Corvo Branco I Foto: Grupo Serra Mar

Encontramos turistas de várias partes do Brasil e até do exterior. Com a conclusão do asfaltamento da Serra da Rocinha, do Faxinal e do Corvo Branco, a região pode se tornar o  maior polo de turismo de aventura do nosso país. Criciúma, pela qualidade de sua rede hoteleira, pujante comércio,  ótimas opções gastronômicas e excelente localização entre a serra e o mar, poderia se transformar em um imenso hub, ponto de partida para passeios regionais em roteiros integrados com municípios circunvizinhos.

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