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* as opiniões expressas neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do 4oito
Por Benito Gorini 09/11/2023 - 06:36 Atualizado em 09/11/2023 - 13:10

Com o ritmo alucinante da vida nos dias atuais, onde a maioria dos contatos nas redes sociais são rápidos, breves, superficiais e desprovidos de análise e qualidade, os acontecimentos cotidianos são rapidamente esquecidos. Creio que é o caso de Paulo Alberto Moretzsohn Monteiro de Barros e também do escultor Paulo de Siqueira, assunto de um futuro blog. Paulo Alberto adotou o pseudônimo de Artur da Távola e foi professor, advogado, jornalista, escritor e político carioca. Foi eleito deputado estadual em 1962 mas teve seus direitos cassados e exilou-se na Bolívia e Chile. Retornando ao Brasil participou da fundação do PSDB, tendo sido eleito deputado  federal e senador pelo Rio de Janeiro.

Foi colunista nos jornais Última Hora, O Globo e O Dia e escreveu 23 livros, alguns prefaciados por artistas e jornalistas famosos como Fernanda Montenegro, Carlos Vereza, Beth Faria e Pedro Bial. Távola foi um dos grandes oradores do Senado onde foi líder no governo Fernando Henrique Cardoso. Apresentava o programa “Quem tem medo da música clássica ?” na TV da instituição, onde demonstrava sua paixão e conhecimento da música erudita. Sempre encerrava o programa com uma frase: 

"Música é vida interior e quem tem vida interior jamais padecerá de solidão"

 Abertura do programa “A Música Erudita e seus Mestres” da Rádio Senado

Comentários de Artur da Távola sobre a música sacra de Mozart no programa “Quem tem medo da Música Clássica”, da TV Senado. O Kyrie Eleison da Grande Missa é o ponto culminante, principalmente o solo da soprano Arleen Auger

Eu era um espectador assíduo do seu programa, onde o autor narrava com brilhantismo as obras-primas dos grandes compositores da música clássica.  Artur da Távola tinha predileção pelas Quatro Estações de Vivaldi. Faleceu em maio de 2008 aos 72 anos.

Em 16 de junho de 2007 foi inaugurado na Tijuca o “Centro da Música Carioca Artur da Távola”, dedicado à memória, criação e pesquisa da música carioca em todas as suas manifestações.

Por Benito Gorini 02/11/2023 - 07:22

Retornamos de uma viagem à Europa há pouco tempo e tivemos a oportunidade de conhecer um dos lugares mais fantásticos da Áustria, o Franz Josef Höhe. Chega-se a ele pela Estrada Alpina do Grossglockner, uma das mais icônicas rodovias de montanha do mundo.  No local encontra-se um complexo turístico com museus, lojas e restaurantes, além do observatório Swarovski, construído pela famosa empresa austríaca de cristais. Um funicular descendo a montanha permite o acesso à Geleira Pasterze, a maior dos alpes do leste e que sofreu grande redução do tamanho pelo aquecimento global. Do terraço em frente ao complexo podemos admirar o Grossglockner, o ponto culminante do país com 3.870 m.  Visitamos os museus do automóvel, das motos e várias salas documentando toda a história da construção da estrada a partir de uma antiga trilha medieval transalpina. Nas salas ouvia-se música clássica e em uma delas uma bem apropriada, “No Topo”, trecho da Sinfonia Alpina de Richard Strauss com predominância dos metais.  Lembrei do nosso Parque Astronômico Albert Einstein, que recebe novos equipamentos esta semana.  Os visitantes poderiam observar os astros ou participar das atividades enquanto ouvem trechos selecionadas de músicas, como a Suíte Orquestral “Os Planetas”, do compositor inglês Gustav Holst, com sete movimentos principais:

Marte, o Mensageiro da Guerra;
Vênus, a Mensageira da Paz;
Mercúrio, o Mensageiro Alado;
Júpiter, o Mensageiro da Alegria;
Saturno, o Mensageiro da Velhice;
Urano, o Mágico;
Netuno, o Místico. 

Outras obras interessantes seriam Sonata ao Luar, de Beethoven, Clair de Lune, de Debussy, Sagração da Primavera, de Stravinsky, As Quatro Estações, de Vivaldi e a sinfonia Titã, de Mahler.    E obras mais recentes como The Dark Side of the Moon, do Pink Floyd, Planeta Água, de Guilherme Arantes e Sun is Shining, com Bob Marley. Apesar de todas as maravilhas do mundo –música, artes em geral, paisagens fantásticas- parece que estamos revivendo as trevas de eras passadas.  E seria muito apropriado ouvirmos “Saturn”, de Stevie Wonder, a sabedoria do Mensageiro da Velhice em contraponto aos conturbados e irracionais tempos comandados pelo Mensageiro da Guerra:  

“We have come here many times before
To find your strategy to peace is war
Killing helpless men, women and children
That don't even know what they're dying for
We can't trust you when you take a stand
With a gun and bible in your hand
And the cold expression on your face
Saying give us what we want or we'll destroy”

E como sugestão para se aprofundar no fascinante universo da astronomia o livro e a série Cosmos, de Carl Sagan, e a versão moderna com seu aluno Neil de Grasse Tyson.

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Por Benito Gorini 26/10/2023 - 05:49

Uma caminhada de duas horas nos transportará do local da execução de Luís XVI, Maria Antonieta, Danton e Robespierre, a Place de la Concorde, à Opera Garnier , cenário de grandes espetáculos do Bel Canto. No centro da magnífica praça encontra-se o Obelisco de Luxor, com 3200 anos de idade. Duas fontes barrocas, semelhantes às da Praça São Pedro, em Roma, e oito estátuas simbolizando cidades francesas, conferem harmonia à praça. Do local tem-se uma bela vista da avenida Champs-Elysées, Jardim das Tulherias, Madeleine e, na outra margem do sena, da Assembléia Nacional e Torre Eiffel.

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Fotos de familiares em Paris

Os Jardins das Tulherias, com o obelisco da Place de la Concorde e o Arco do Triunfo no final da Avenida Champs Élysées
A Place de la Concorde, com a Torre Eiffel ao fundo

Deixando a praça pela Rue Royale, chega-se à Madeleine, igreja em estilo neoclássico, semelhante aos templos gregos. Atrás da igreja fica a célebre Fauchon, paraíso gastronômico, onde Jaqueline Kennedy encomendava produtos para suas festas na Casa Branca. Pelo Boulevares de la Madeleine e Capucines chega-se ao Olympia, a mais antiga casa de espetáculos de Paris ainda em atividade. Retornando um pouco, pela  Rue de Capucines, adentramos a luxuosa Place Vêndome, com joalherias famosas como Cartier, Rolex, Boucheron, Piaget e, é claro, o suntuoso Hotel Ritz, de onde saíram Lady Di e Dodi al Fayed e vieram a falecer poucos minutos após, no terrível acidente no túnel de Alma, ao lado do embarcadouro dos Bateaux Mouches.  No centro da praça, no alto de uma coluna construída com o bronze derretido dos canhões apreendidos na Batalha de Austerlitz, ergue-se a majestosa estátua de Napoleão Bonaparte.

A Place de la Concorde com a Madeleine ao fundo

 

A Place Vêndome, com a coluna de Napoleão e o Hotel Ritz

Pela Rue de la Paix retornamos ao Boulevard des Capucines, passando em frente do requintado e caro Café de la Paix.  Mais alguns passos e, voilá, a Opera Garnier, o magnífico teatro que testemunhou maravilhas do canto lírico como Renata Tebaldi, Maria Callas, Beniamino Gigli e Caruso.  E atrás do teatro encontram-se as Galerias Lafayette, uma das maiores lojas de departamentos do mundo.

Café de La Paix, ao lado da Ópera Garnier
A fachada da Ópera Garnier, construída pelo imperador Napoleão III
O interior da Ópera Garnier
A cúpula das Galerias Lafayette

Sugestões

  • Paris é uma Festa, de Ernest Hemingway
  • Place Vêndome, filme com Catherine Deneuve
  • O Cisne, do Carnaval dos Animais  de Camille Saint-Saens, organista da Madeleine
  • O Fantasma da Ópera, livro de Gaston Leroux e musical da Broadway
  • Elis Regina cantando Samba da Benção no Olympia
Por Benito Gorini 19/10/2023 - 06:00

As termas são conhecidas desde a antiguidade, como bem demonstram as ruínas das Termas de Caracalla em Roma e as Termas do Fórum em Pompeia. O auge das estações termais e de repouso ocorreu no século XIX, celebrizando diversas cidades europeias. St.Moritz, na Suíça, famosa pelas curas milagrosas de suas águas e Davos, pela excelência de seu clima frio e seco, atraíam os portadores de doenças osteo-articulares e pulmonares, na tentativa de mitigar seus sofrimentos. Baden-Baden, na Alemanha, atraía as cabeças coroadas e a aristocracia do século passado em busca das águas curativas e de seu magnífico cassino. A cidade orgulhava-se de suas termas, alardeando o poder de “torná-lo 5 anos mais jovem e alguns quilos mais leve”.

Muito interessante é a visita às cidades austríacas de Hallstatt e Bad-Ischl, nas proximidades de Salzburgo, a terra natal de Mozart. A região é internacionalmente conhecida pelas suas minas de sal do VI século a.C., as mais antigas do mundo. O sal era extremamente valioso por ser o melhor método de conservar os alimentos, sendo a origem do termo salário. A qualidade das fontes termais sobreviveu ao declínio das minas de sal por algum tempo. O grand-mond da época frequentava suas águas mas a Revolução Francesa e as Guerras Napoleônicas causaram um empobrecimento da nobreza. Além disso, a posterior descoberta de antibióticos, quimioterápicos, anti-inflamatórios, insulina e os enormes avanços da medicina no diagnóstico e tratamento das doenças acabaram ocasionando uma grande queda na procura pelas termas como opção paliativa ao alívio dos sintomas. Mas ainda é uma experiência única relaxar em uma estação termal após um exaustivo dia de visitas às inúmeras atrações turísticas da Europa. Ou então mergulhar nas tépidas águas de um resort depois de um cansativo giro de moto pelos fantásticos passos alpinos, como fizemos nos Bagni Vecchi em Bormio, da época do Império Romano (clique aqui se quiser acompanhar o artigo “O Milagre das Mãos). Mas não precisamos ir tão longe para desfrutar desta grande experiência sensorial. O estado de Santa Catarina é pródigo em fontes termais e uma delas, Gravatal, fica ao nosso lado.

As Termas de Caracalla em Baden-Baden I Crédito: travelcircus.de
Amigos do Giro Alpino I nos Bagni Vecchi em Bormio

DESTAQUES

O Heidi-Bernina Express, trem transalpino que passa em St. Moritz e Davos
As minas de sal e fontes termais das proximidades de Salzburgo
As termas e o cassino de Baden-Baden

O Bernina Express chegando ao teleférico da Estação Diavolezza I Crédito: Powderhounds
Hallstat. A mina de sal está aberta a visitações

SUGESTÕES

Sissi, trilogia com Romy Schneider
A Montanha Mágica, romance de Thomas Mann
A música de Brahms, assíduo frequentador de Bad-Ischl e Baden-Baden

Por Benito Gorini 05/10/2023 - 05:43

No artigo da semana anterior, “As Maravilhas do Giro Alpino III”, relatamos os três primeiros dias de viagem de moto e carro pelos passos alpinos (clique aqui para conferir). No quarto dia percorremos o Sella Ronda, como é conhecido o roteiro pelos Passos Pordoi, Campolongo, Gardena e Sella, com o magnífico panorama das Dolomitas como pano de fundo. O percurso circular começa por Canazei. Subimos em direção ao Pordoi e enfrentamos um grande congestionamento, causado por um ônibus de turismo que subia lentamente pelas fechadas curvas do passo. Parecia a Serra do Rio do Rastro nos finais de semana. As motos foram ultrapassando mas eu e o Celso, que estávamos de carro, sofremos para chegar ao ponto mais alto, onde se localiza o teleférico que leva ao Saas Pordoi, um pico com 2.950 m e com grande afluxo turístico. Descemos em direção a Arabba e viramos à esquerda para Corvara, passando pelo Passo Campolongo (seguindo reto chega-se ao Passo Falzarego e em seguida Cortina d´Ampezzo). Corvara in Badia é uma das mais belas cidades das Dolomitas, porta de entrada para o Passo Gardena, por onde passamos em direção ao Passo Sella e o retorno a Canazei.

Keka, Márcio e Celso, os Irmãos Menezes nos passos alpinos I Foto: Giro Alpino III

Corvara, bela cidade das dolomitas I Crédito: Mazinho Rocha

O espetacular Passo Gardena I Crédito: Beto Rizzotto

O nosso destino final foi Limone sul Garda, após passar pelo estreito e isolado Passo Manghen, Borgo Valsugana, Lago di Caldonazzo, Trento e Riva del Garda.

O grupo em Limone sul Garda I Foto: Giro Alpino III

No quinto dia os destaques foram as magníficas paisagens da Strada della Forra, Terrassa del Brivido e Tignale, no alto da montanha. Descendo chegamos à Gardesana Ocidentale, estrada que margeia o Lago di Garda e passamos por Toscolano Maderno, com um serviço de ferry-boat que a conecta com Torre di Benaco, no outro lado do lago. Mas seguimos direto para Sirmione, a “Pérola do Lago”, o maior destino turístico da região. E no caminho para Riva di Solto paramos para compras no Franciacorta Outlet, para agradar as esposas e obter alvará para o próximo giro, em junho de 2024 nos alpes franceses e suíços. Franciacorta é uma região da Lombardia próxima a Brescia com o melhor espumante da Itália, produzido pelo método “champenoise”, o mesmo utilizado na região de Champagne, na França. E pouco conhecido no Brasil em virtude de não ter uma grande produção, sendo o mercado europeu o destino principal.

O Lago di Garda, visto da Terrassa del Brivido I Crédito: Celso Menezes

Márcio, Gelson e Tiago no Hotel Miranda, em Riva di Solto, com o Lago d´Iseo ao fundo I Foto: Giro Alpino III

E no último dia o retorno a Milão, com devolução das motos e retorno ao Brasil. Os irmãos Menezes e o Tiago ficaram mais dois dias e visitaram o Museo da Ferrari.

Tiago e Márcio, pilotando uma Ferrari I Foto: Giro Alpino III

 

Por Benito Gorini 28/09/2023 - 07:30

Em 2016 um grupo de amigos organizou o giro de moto pelos alpes italianos, suíços e pelas montanhas que acompanham o vale do Reno, a Floresta Negra do lado Alemão e os Vosges na França. Apesar de estarmos no final de junho, início do verão europeu, e das paisagens magníficas, não tivemos muita sorte. Choveu o tempo todo com muito frio e neve nas montanhas. Toda a preparação e os equipamentos utilizados não foram suficientes para enfrentar dias seguidos de chuva e temperaturas abaixo de zero. Mas nos dois giros seguintes, na mesma época do ano, tudo mudou: sol e calor o tempo todo, com neve só nos passos alpinos.

Swiss Alps Tour no Passo dello Spluga – Junho de 2016
Amigos do Giro Alpino I em Limone sul Garda – Junho 2018
Os parceiros do Giro Alpino II no Grimsel Pass – Junho 2019

E agora no início de setembro fizemos o Giro Alpino III, organizado em parceria com a Linktur Turismo. Tempo bom, neve só no topo das montanhas mais altas.

Retiramos as motos em Milão e seguimos margeando o Lago de Como por vários túneis, até Tirano, onde tem início o Bernina Express, um dos melhores passeios de trem dos Alpes, com destino a St. Moritz, Davos ou Chur, a capital do maior cantão da Suíça, o Graubunden (Grisões em português). Seguimos pelo Passo del Bernina até Livigno, cidade livre de impostos e sempre repleta de turistas em busca de mercadorias a bom preço. Continuamos pelos passos Eira e Foscagno e nos hospedamos em Bormio, local dos Bagni Vecchi, termas da época do Império Romano.

Túneis ao lado do Lago de Como

Bagni Vecchi em Bormio, no Giro Alpino I

No dia seguinte subimos os 2.757 m do icônico Stelvio, o mais alto da Itália, com 88 curvas fechadas (tornanti em italiano). O passo, muito utilizado pelo Giro d´Italia, é um local de encontro de ciclistas, que chegam extenuados após enfrentarem a forte subida e as desafiadoras curvas. E na descida eles ultrapassam muitos carros e alguns motociclistas menos habilidosos. Continuamos pela medieval cidade de Glorenza, seguindo pelo Passo Resia, Innsbruck e Passo Gerlos até o hotel em Fusch.

O fantástico Passo dello Stelvio, o mais alto da Itália com suas 88 curvas I Crédito: Carlos Salvalaggio

O grupo do Giro Alpino III no lago artificial do Passo di Resia

No terceiro dia percorremos a Estrada Alpina Grossglockner (Grossglockner Hochalpenstrasse, em alemão), o mais alto passo asfaltado da Áustria e também a maior montanha, com 3.797 m de altitude. No Franz Josef Hohe, grande centro turístico com restaurantes, lojas e o Mirante Swarovski, encontra-se um museu de carros e motos. Descemos a montanha e almoçamos em Lienz, onde deixei a moto com problemas eletrônicos (as BMW também quebram). Felizmente os irmãos Menezes estavam com um carro de apoio e segui viagem com o Celso, amigo e colega de profissão. Conversamos muito sobre Criciúma e lembramos de antigas histórias, muitas impublicáveis. Até chegarmos ao nosso hotel em Canazei passamos por Cortina d’Ampezzo e os passos Giau e Fedaia, local de cenas do filme Italian Job.

O acesso ao Edelweiss sptize, o ponto mais alto da Estrada Alpina do Grossglockner I Crédito: Mazinho Rocha

Na semana que vem, continuação da viagem.

Por Benito Gorini 21/09/2023 - 08:18 Atualizado em 21/09/2023 - 13:14

Um grupo de amigos motociclistas integrantes do Giro Alpino III chegou há uma semana de uma viagem pelos Alpes da Itália, Suíça e Áustria. Antes do início do roteiro com as motos uma parte do grupo assistiu o GP de F1 em Monza enquanto outro preferiu visitar Cinque Terre, ambos ótimos programas. Embora sendo um entusiasta da F1 preferi conhecer a maravilhosa Cinque Terre, menos conhecida que a Costa Amalfitana mas de idêntica beleza. Como o próprio nome indica são 5 pequenos vilarejos na região da Ligúria. Deixamos o carro em Sestri Levante  - bela cidade com duas baías que lembram Zimbros e Mariscal - e nos dirigimos de trem para Monterosso al Mare. Em seguida visitamos Vernazza - a mais bonita, com o Castello Doria no topo da colina - e Riomaggiore. O trem regional é a melhor maneira de se conhecer Cinque Terre. O “Cinque Terre Treno MS Card” passe válido por 1 dia com viagens ilimitadas custa 18,20 euros. O trem para em todas as estações e no percurso podemos contemplar a paisagem deslumbrante nos espaços abertos entre os diversos túneis. Continuamos o passeio de barco até Manarola e retornamos de trem para Sestri Levante no final da tarde. Não visitamos Corniglia, o único vilarejo que não fica à beira mar. No outro dia atravessamos os Apeninos por estradas sinuosas e participamos do “Festival del Prosciutto” em Langhirano, pequena cidade próxima a Parma e célebre pela qualidade de seus produtos. O Museu da Ferrari em Maranello fechou com chave de ouro a programação do dia, antes do retorno à Milão.

E na segunda-feira iniciou o giro de 6 dias pelos alpes, com paisagens fantásticas. Mas isso é assunto para o próximo artigo.

Dicas

  • Levanto e La Spezia, importante porto italiano, são bons locais de hospedagem e estão incluídos no passe de trem
  • Fique no lado direito do trem se estiver indo para o sul e do lado esquerdo no sentido contrário, para aproveitar a paisagem
  • Experimente o Sciacchetrà, famoso vinho licoroso produzido com as uvas que crescem nas íngremes colinas de Cinque Terre
  • O Passeio de barco entre Riomaggiore e Manarola custa 8 euros
Mapa de Cinque Terre I Fonte: cinqueterre.eu.com
Com os amigos Mazinho, Carlos e Beto em Vernazza
Divisa entre a Liguria e a Emilia Romagna nos Apeninos. O interessante é a diferença do asfalto, de boa qualidade na Liguria. Mas as colinas da Emilia Romagna são muito mais bonitas
A “Cittadella del Prosciutto di Parma” em Langhirano
Beto pilotando uma Ferrari

 

Por Benito Gorini 17/08/2023 - 09:31 Atualizado em 17/08/2023 - 09:41

A Holanda é um país inovador, à frente de seu tempo em muitos aspectos. Há poucos dias, o portal G1 mencionava a inexistência de cães de rua em Amsterdam, graças a um programa conjunto do governo e instituições de proteção aos animais. E segundo a matéria, o projeto existe há mais de 100 anos. E isso não é novidade. Mauricio de Nassau, nos 7 anos como governador-geral da colônia holandesa, no Nordeste brasileiro, introduziu grandes aperfeiçoamentos, melhorando as normas de higiene, incentivando o desenvolvimento científico e artístico e garantindo a liberdade religiosa. Aliás, o Museu Mauritshuis, em Haia, com importante acervo de arte, foi construído por ele. Pude comprovar na prática o pioneirismo do holandeses em uma viagem pela Europa no ano 2000.  Depois de visitar o Louvre e o Uffizi onde adquiri reproduções e slides de obras-primas dos grandes pintores, me dirigi ao Rijksmuseum, em Amsterdam. Comprei uma reprodução da ”Ronda Noturna”, de Rembrandt  e perguntei sobre a coleção de slides do museu. Me informaram que não existia. Argumentei que havia comprado em Paris e Florença e que estava surpreso por não encontrar em um museu tão conceituado. O atendente me olhou com ar superior e respondeu simplesmente: “old fashioned”. Realmente, os holandeses já estavam utilizando tecnologias que ainda não existiam ou eram incipientes em outros países. E ele tinha razão. Hoje as minhas reproduções estão guardadas no sótão e os slides e o projetor (os mais jovens não devem nem saber o que é isso) em um armário. Quem sabe um dia sirvam para uma apresentação “vintage”. Afinal, os discos de vinil não fazem sucesso hoje? 

Reprodução da “Ronda Noturna”, obra-prima de Rembrandt adquirida no Rijksmuseum I Foto: Acervo pessoal
 
O Rijksmuseum em Amsterdam I Foto: Arquivo pessoal

 

O Museu Uffizi em Florença I Foto: Arquivo pessoal
A Pirâmide de Pei, no Louvre I Foto: Arquivo pessoal

 

Por Benito Gorini 10/08/2023 - 16:19 Atualizado em 10/08/2023 - 16:25

No artigo “A Calúnia”,  sobre Rossini (clique aqui para conferir) fiz referência à Basílica de Santa Croce, onde ocorreu um fato interessante com Henri-Marie Beyle, mais conhecido pelo pseudônimo de Stendhal, um dos maiores romancistas franceses autor de “O Vermelho e o Negro”, “A Cartuxa de Parma” e “Napoleão”. Bonapartista convicto, participou das campanhas napoleônicas na Itália em 1797-98 e auxiliou as tropas francesas na fracassada invasão da Rússia em 1812. Com a queda de Napoleão na Batalha de Waterloo em 1815, exilou-se em Milão onde permaneceu muitos anos, tendo a oportunidade de viajar pela Itália. Ao visitar a Basílica de Santa Croce foi acometido de um “ataque de nervos”. Stendhal descreveu os sintomas: “Eu caí numa espécie de êxtase, ao pensar na ideia de estar em Florença, próximo aos grandes homens cujos túmulos eu tinha visto. Absorto na contemplação da beleza sublime, cheguei ao ponto em que uma pessoa enfrenta sensações celestiais. Tudo falava tão vividamente à minha alma.  Eu senti palpitações no coração, o que em Berlim chamam de 'nervos'. A vida foi sugada de mim. Eu caminhava com medo de cair.” O evento passou a ser conhecido como “Síndrome de Stendhal” e afeta os turistas todos os anos. Esse fenômeno bizarro faz com que as pessoas que visitam Florença sofram forte estresse psicológico ao se sentirem impressionadas com a abundância de obras de arte da cidade. Mas isso só acontece com uma ínfima parcela dos que visitam a cidade. A maioria só deseja conhecer os principais pontos turísticos, registrar tudo em fotos e selfies e se deliciar com as opções enogastronômicas da cidade, como a bisteca à fiorentina e um bom vinho toscano. E como sobremesa mergulhar o popular cantuccini em vin santo. 

Cantuccini em Vin Santo em uma tratoria em Florença I Foto: Arquivo pessoal

Mas se sentir os sintomas da síndrome, basta procurar os serviços médicos do “Ospedale di Santa Maria Nuova”, no centro histórico de Florença. O hospital, inaugurado em 1288 pelo banqueiro Folco Portinari, pai de Beatriz, a musa de Dante, é um dos   mais antigos do mundo ainda em atividade. 

Em Florença, até o hospital é uma obra de arte I Fonte: firenzetoday.it

 

Por Benito Gorini 03/08/2023 - 08:53 Atualizado em 03/08/2023 - 09:11

Um sábado ensolarado do dia 25 de maio de 2013, guiando um grupo de familiares e amigos em Roma. Passamos o dia visitando o Vaticano, Castel Sant´Angelo, Piazza Navona, Pantheon e o Forum Romano. Chegamos no hotel no final do dia  e fomos atendidos por um recepcionista muito mal humorado. Por isso resolvi consultar a internet quando decidiram passar no Carrefour onde havia algumas promoções. Entramos nas Vans e nos dirigimos a um outlet nos arredores de Roma. Não encontramos o que estávamos procurando e resolvemos voltar pelo Grande Raccordo Anulare, o  anel viário de Roma, fugindo do caótico trânsito romano. Fizemos uma grande percurso e ainda pagamos pedágio. No retorno encontramos um Carrefour a duas quadras do hotel. Um dos maiores micos da viagem. No outro dia, circulamos por pontos turísticos menos conhecidos, como o Circo Massimo (cena da corrida de bigas em Ben-Hur, com Charlton Heston e direção de William Wyler), a Bocca della Verità (Audrey Hepburn e Gregory Peck em A Princesa e o Plebeu) e o Priorado dos Cavaleiros de Malta, no Aventino, de onde se visualiza a cúpula da Basílica de São Pedro através de um buraco de fechadura.

O que sobrou do “Circo Massimo”. Ao fundo as ruínas do Palatino, local dos palácios imperiais I Foto: Arquivo Pessoal
A Bocca della Verità na igreja de Santa Maria in Cosmedin I Foto: Arquivo Pessoal

 

A cúpula da Basílica de São Pedro vista pelo buraco da fechadura do Priorado dos Cavaleiros de Malta I Fonte: stradadeiparchi.it/san-pietro-dal-buco-della-serratura

Em seguida subimos a colina do Gianicolo para visitar os memoriais de Garibaldi e Anita, no local onde ocorreram grandes batalhas na Tomada de Roma, em 1849. Inicialmente bem sucedidos, os revolucionários foram finalmente derrotados com a chegada das tropas francesas, aliadas do papa Pio IX, que havia fugido para Gaeta. O jovem poeta Goffredo Mameli,  autor do hino italiano, recebeu um ferimento sem gravidade de baioneta,  que acabou infeccionando levando à amputação da perna. Em uma época anterior às vacinas e aos antibióticos   acabou não resistindo e morreu em julho, aos 21 anos de idade.  Anita Garibaldi, na fuga apressada e grávida de oito meses, morreu um mês depois nas proximidades de Ravenna, também muito jovem, aos 27 anos.

Na Igreja de San Luigi dei Francesi, atrás do Palazzo Madama, sede do Senado italiano e bem perto do Piazza Navona, encontra-se um memorial aos franceses mortos na batalha. A igreja também é famosa pelas obras-primas de Caravaggio, A Vocação de São Mateus, O Martírio de São Mateus e São Mateus e o Anjo.

A Vocação de São Mateus na Igreja de San Luigi dei Francesi, com os fantásticos efeitos de luz e sombra I Fonte: ilcentro.it

No final da tarde planejamos visitar a Piazza del Popolo, para visitar a Igreja de Santa Maria, local de outras obras magistrais de Caravaggio, A Crucificação de São Pedro e a Conversão de São Paulo, na Capella Cerasi (Dan Brown, autor de Anjos e Demônios, escolheu a Capella Chigi da igreja como local da morte de um cardeal). Esquecemos no entanto que era dia do clássico romano pela final da Copa da Itália, de grande importância por ser a primeira vez que as equipes se enfrentavam em uma final. A Lazio venceu por 1x0 e a comemoração pelo sexto título foi gigantesca, especialmente por evitar a décima conquista da rival Roma. Ficamos duas horas presos no engarrafamento e não conseguimos visitar a igreja. 

Micos, mas com boas história para contar.

Torcida da Lazio comemorando o sexto título da Copa da Itália I Foto: Arquivo Pessoal

 

Por Benito Gorini 27/07/2023 - 07:00

Um grande programa em muitas cidades é a visita a cemitérios, o que poderia ser considerado estranho em nosso país. Highgate em Londres, Staglieno em Gênova,  Cemitério Judeu em Praga, Zentralfriedhof em Viena, Arlington em Washington e Recoleta em Buenos Aires são alguns exemplos.  No Brasil existem visitas guiadas nos cemitérios da Consolação em São Paulo, São João Batista no Rio e São Miguel e Almas em Porto Alegre.   No artigo “A Calúnia” da semana passada (clique aqui para conferir), sobre o compositor Rossini, fiz referência ao Père-Lachaise, cemitério parisiense visitado por mais de 2 milhões de turistas a cada ano, célebre pela riqueza arquitetônica e pelos personagens históricos ali sepultados. 

Alan Kardec, fundador do espiritismo, Chopin, grande pianista polonês e compositor do período romântico, Marcel Proust, escritor que descreveu brilhantemente a “belle époque” em sua obra “Em Busca do Tempo Perdido”, Edith Piaf, a maior cantora popular da França, Moliére, grande ator e dramaturgo francês, todos repousam no Père-Lachaise.  Sarah  Bernhardt, atriz famosa e grande dama do teatro, o casal do cinema Yves Montand e Simone Signoret, Jim Morrison, líder do grupo The Doors, morto em 1971, figuram entre as celebridades do cemitério.

Túmulo de Chopin, sempre com muitas flores I Foto: Arquivo Pessoal

Além do conteúdo histórico, o acervo arquitetônico do Père-Lachaise é considerável. Elizabeth Demidoff, princesa russa que morreu em 1818, é homenageada com um templo clássico, George Rodenbach, poeta do século 19, é mostrado saindo da sepultura com o braço estendido e uma rosa na mão. O monumento ao escritor Oscar Wilde, que escandalizou os ingleses e foi obrigado a fugir para Paris onde morreu levando uma vida desregrada   e o columbário, espécie de muro com nichos que guarda as cinzas de muitas personalidades francesas, são também pontos de grande atração turística. 

Chama muito a atenção a estátua do jornalista Victor Noir, morto a tiros por Pierre Bonaparte, primo de Napoleão III. Dizem que a escultura de bronze estimula a fertilidade, fato observado pelo polimento e brilho do metal na região que corresponde aos órgãos genitais. 

Jacente de Victor Noir no Père Lachaise I Fonte: segredosdeparis.com

A próposito, a Abadia de Saint Denis, também em Paris e necrópole real francesa, abriga a maior coleção de tumbas e jacentes do mundo. Enfim, um programa diferente para quem deseja visitar Paris e pretende fugir do tradicional roteiro oferecido pelas operadoras. Vale a pena.    

Jacentes de Henrique II e Catarina de Medici, na Abadia de Saint-Denis I Foto: Arquivo Pessoal

 

Por Benito Gorini 20/07/2023 - 07:00

Gioachino Rossini foi um bon-vivant. Natural de Pesaro transferiu-se para a romântica Paris, a capital das artes no século XIX, onde obteve grande sucesso com sua música contagiante. Sua ópera mais conhecida é “O Barbeiro de Sevilha”, baseada na obra de Beaumarchais. Tive a oportunidade de assisti-la em New Haven, no estado norte americano de Connecticut, quando estagiei no serviço de oftalmologia da prestigiosa Yale, uma das maiores universidades do país.  A ária “La calunnia è um venticello” me chamou a atenção, pela descrição perfeita desta lamentável característica de seres humanos invejosos: “A calúnia é um como uma brisa, que parece gentil mas insensível e sutil ela começa a sussurrar; devagar, rasteira, em voz baixa, sibilando, vai rapidamente zumbindo nos ouvidos das pessoas; penetra nas cabeças e nos cérebros e saindo da boca a gritaria cresce e ganha força pouco a pouco”.  E depois de mais algumas considerações conclui dizendo: “A calúnia é uma brisa mas logo se transforma em tempestade e produz uma explosão como um tiro de canhão, um terremoto que faz você tremer; e o coitado do caluniado, abatido, pisoteado, sob público flagelo por grande sorte vai sobreviver”. O efeito torna-se ainda mais impressionante na voz grave do baixo, registro no qual a ária foi escrita. Rossini retirou-se precocemente do mundo da música e viveu muito tempo em Paris, curtindo a vida, recebendo os amigos e degustando um prato que ficou famoso, o “Tournedo Rossini”, um clássico da culinária francesa ( filé mignon  coberto com foie gras e servido com lâminas de trufas no molho de vinho). Faleceu em Paris em 1868 aos 78 anos e mais de 4000 pessoas compareceram ao seu funeral.  Foi sepultado no  Père Lachaise, ao lado de celebridades como Chopin, Oscar Wilde, Proust, Balzac, Delacroix, Pissaro, Modigliani, Edith Piaf e Jim Morrisson, entre centenas de personalidades do mundo da arte. Alan Kardec, o codificador do espiritismo, também está sepultado no famoso cemitério, que recebe mais de dois milhões de turistas todos os anos.

Memorial de Rossini no Père Lachaise I Foto: paris1900lartnouveau.com

Os restos mortais de Rossini foram mais tarde transladados para a Basílica de Santa Croce em Florença - o Panteão das Glórias Italianas -  onde repousa ao lado de Michelangelo, Maquiavel e Galileo Galilei.benito 

Basílica de Santa Croce em Florença | Foto: Divulgação
Tumbas de Galileo Galilei e Michelangelo na Basílica de Santa Croce | Fotos: Arquivo pessoal

Um cenotáfio, monumento funerário homenageando Dante Alighieri, também se encontra na igreja. Os florentinos tentaram a devolução da urna mortuária do autor da Divina Comédia, mas Ravenna respondeu: “Se não o quiseram em vida não o terão depois de morto”. Quanto a Leonardo da Vinci, nem ousaram fazer tal solicitação aos franceses. O genial artista toscano viveu seus últimos anos em Clos Lucé e repousa na Capela de Saint Hubert, no Castelo de Amboise, do Rei Francisco I.

Château du Clos Lucé, em Amboise I Foto: Arquivo pessoal

 

Por Benito Gorini 13/07/2023 - 07:00

O livro “O Segundo Diário Mínimo”, do escritor Umberto Eco, revela um lado novo e igualmente fascinante do romancista, mais conhecido pela obra-prima “O Nome da Rosa”, adaptada para o cinema com Sean Connery no papel principal. Escritas para uma seção de uma revista italiana, as crônicas reúnem observações sobre costumes, fantasias, ficção científica e paródias literárias. Um capítulo muito interessante, na forma de um jogo, procura imaginar de que maneira diversos personagens responderiam à pergunta “Como vai?” O leitor pode participar da brincadeira, tentando identificar os 32 personagens e entender a resposta, conferindo o resultado no final.

Ícaro: “Caí das nuvens”. Prometeu: “Roído”. Teseu: “Contanto que continuem me dando corda...”. Édipo: “Mamãe não tem reclamado”. Príapo: “Cacete”. Homero: “Não estou vendo nada”. Júlio César: “Sabe como é, a gente vive para os filhos”. Noé: “Olha só que mar”. Onan: “Satisfeito comigo mesmo”. Joana D´Arc: “Com muito calor”. São Tomás de Aquino: “Em suma, bem”. Erasmo: “Uma coisa de louco”. Copérnico: “Bem, graças aos céus”. Lucrécia Bórgia: “Quer tomar alguma coisa antes?”. Henrique VIII: “Eu estou bem, mas a minha mulher...”. Galileu: “Sempre girando bem”. Vivaldi: “Depende da estação”. Robespierre: “É de perder a cabeça”. Marat: “Louco por um banho”. Casanova: “Já estou chegando, meu bem”. Goethe: “A luz está fraca”. Beethoven: “O quê ?”. Proust: “Vamos dar tempo ao tempo”. Kafka: “Estou me sentindo um verme”. Madame Curie: “Ando radiante”. Drácula: “Hoje estou de veia”. Picasso: “É tudo uma questão de fase”. Freud: “Diga você”. Matusalém: “Vai-se levando”. Lázaro: “Sinto-me reviver”. Nero: “Olha só que luzes”. Napoleão: “Estou me sentindo meio ilhado”.

Se o seu número de acertos estiver entre 28 e 32: parabéns: você é fera. De 23 a 27: muito bom. De 18 a 22: bom. De 12 a 17: regular. De 6 a 11: ruim. De 0 a 5: péssimo. Você faz parte deste mundo?

Por Benito Gorini 06/07/2023 - 07:00

Assistindo a série "Medici, o Magnífico” me ocorreu de reler “Grandes Pecadores, Grandes Catedrais”, um de meus livros prediletos. No capítulo “Assassinato em Santa Maria del Fiore” o autor, Cesare Marchi, descreve detalhes da construção da catedral de Florença - iniciada em 1294 - e eventos que ali se passaram. Uma vultosa soma foi oferecida à família Bischeri, proprietária de um terreno onde estavam edificadas algumas casas, para iniciar a construção. A família, ávida por dinheiro, recusou a oferta várias vezes e por fim um incêndio, provavelmente doloso, destruiu toda a propriedade. A expressão “Non fare il Bischero” é utilizada até hoje pelos florentinos, significando que quando alguém tenta ser muito “furbo”, pode na realidade perder tudo.

O Duomo de Florença, com sua magnífica fachada em mármore branco de Carrara, vermelho de Siena e verde de Prato, foi testemunha de muitos fatos históricos. Os Pazzi, banqueiros importantes e rivais dos Medici, planejaram a morte de Lorenzo, o Magnífico e de seu irmão Giuliano, dentro da catedral. Giuliano foi apunhalado e não resistiu mas Lorenzo, mesmo ferido, conseguiu bravamente, a golpes de punhal, se refugiar na sacristia. E a reação foi violenta. No dia seguinte os corpos de  Salviati, arcebispo de Pisa, Francesco Pazzi e seu tio  Jacopo apareceram enforcados e expostos no Palazzo Vecchio, no centro histórico de Florença.

A fachada do Palazzo Vecchio, onde ficaram expostos os corpos dos envolvidos na Conspiração dos Pazzi I Foto: Arquivo Pessoal
Cópia do David, de Michelangelo, em frente ao Palazzo Vecchio I Foto: Arquivo Pessoal

O papa Sisto IV, conhecido como construtor da Capela Sistina, suspeito de ser cúmplice da trama, colocou Florença sob interdito, proibindo missas e comunhões. Além disso, solicitou ao seu aliado, o poderoso rei Ferdinando I de Nápoles, a tomada de Florença. Lorenzo, correndo grandes riscos, foi ao encontro de Ferdinando e conseguiu convencê-lo a não invadir Florença, salvando a cidade. Uma invasão era sinônimo de estupros, saques e depredações pelas tropas de mercenários, a exemplo do que ocorreu no saque de Roma em 1527 pelas tropas de Carlos V, Imperador do Sacro Império Romano Germânico. Curiosamente o papa era Clemente VII, filho de Giuliano de Medici. No episódio, que chocou toda a Europa, morreram 147 guardas suíços, defendendo a vida do papa que fugiu para o Castel Sant´Angelo, pelo corredor que liga o vaticano ao castelo.

Sisto IV reconciliou-se com Lorenzo de Medici após alguns anos e contratou Botticelli,  Luca Signorelli e Ghirlandaio, pintores naturais da Toscana, para decorarem com afrescos as paredes da capela. Perugino, da Umbria, também participou dos trabalhos, que seriam coroados pelo magistral teto (Júlio II) e o Juízo Final (Paulo III), obras-primas de Michelangelo.

“Il Passetto”, o corredor que liga o Vaticano ao Castel Sant´Angelo I Foto: Arquivo Pessoal
O Castel Sant´Angelo I Foto: Arquivo Pessoal

E a guarda havia sido criada poucos anos antes por Júlio II - sobrinho de Sisto IV - que contratou Michelangelo para pintar o teto da capela construída pelo seu tio. O colorido uniforme da Guarda Suíça foi confeccionado a partir de um modelo atribuído ao grande pintor e escultor. Interessantes fatos interligados.

A Florença dos Medici

Palácio Medici-Riccardi
A Viagem dos Reis Magos, afresco de Benozzo Gozzoli na Capela dos Magos do Palácio Medici-Riccardi. Lorenzo lidera o cortejo, cavalgando o cavalo branco I Fonte: wikipedia.org
Igreja de San Lorenzo, com a Capela Medici ao fundo e o famoso mercado de rua
O Duomo de Florença com a cúpula de Bruneleschi e o campanário de Giotto
O mausoléu da Capela dos Medici
Palazzo Vecchio e Museu Uffizi
Corredor de Vasari e a Ponte Vecchio sobre o rio Arno

 

Por Benito Gorini 29/06/2023 - 07:00 Atualizado em 29/06/2023 - 12:44

Com este artigo concluímos a apresentação de sugestões explanadas na Coletânea Percepções, em 2008, algumas já executadas. Os três artigos precedentes podem ser acessados no blog do Portal 4oito. E, se quiser acompanhar “El Poble Espanyol”, uma sugestão recente, clique aqui.

“Com a proximidade da conclusão da duplicação da BR-101, torna-se prioritária a construção de uma Via Rápida para Criciúma, sob pena de perdermos terreno (com o perdão do trocadilho) para cidades circunvizinhas, com melhor localização geográfica em relação à rodovia federal. A transferência da rodoviária para as proximidades da Via Rápida e do Porto Seco e a conclusão do Anel Viário, concentrando a circulação de veículos pesados na periferia da cidade, contribuirão para reduzir um pouco os constantes engarrafamentos na área central da cidade, causados em grande parte por motoristas que insistem na sua utilização mesmo para trajetos curtos (reportem-se, por favor, ao artigo anterior).

BR-101 e o acesso à Via Rápida de Criciúma I Foto: Arquivo/4oito

A escolha de um local para o Centro de Controle de Zoonoses vem se transformando em uma novela interminável, com capítulos se sucedendo sem uma solução definitiva. Como nenhum bairro o quer nas suas proximidades, cabe ao poder público definir o local, após a necessária realização de estudos técnicos, assim como ocorreu com a penitenciária. O que é inegável é a urgência da instalação do CCZ, mas não nos moldes propostos em uma reunião na Prefeitura Municipal, mais um extermínio que um verdadeiro controle da população animal. Através de castrações, doações, campanhas de conscientização e participação das pessoas, controlando a população de seus cães e cooperando com o poder público, em pouco tempo se resolveria o grave problema dos cães de rua na cidade. Como agravante podemos citar o abandono de animais, crime, de acordo com o artigo 32 da Lei Federal nº 9605/98, cometido por indivíduos sem compaixão que merecem o nosso desprezo, repúdio e repulsa. Quanto aos veículos de tração animal, urge uma resolução sensata, que preserve o “ganha-pão” dos mais carentes, mas puna com rigor os maus-tratos aos pobres animais (crime, de acordo com a mesma lei anterior), conduzidos por crianças, adolescentes e adultos sem a menor consideração por quem lhes garante o direito à sobrevivência. 

Núcleo de Bem-Estar Animal de Criciúma I Foto: Arquivo/4oito

Por último, mas não menos importante, a tentativa de modificar os conceitos e mentes dos políticos de toda a Região Sul do Estado. Projetos importantes para o desenvolvimento regional deveriam ser abraçados por todos, com o apoio da Amrec, Amurel e Amesc, independente de cores partidárias ou ideológicas, que, diga-se de passagem, é o que menos interessa aos partidos, preocupados unicamente com o fisiologismo. A preocupação em ser “o pai da criança” tem causado sérios entraves para a efetiva execução dos projetos, com óbvias implicações de cunho eleitoral. Esqueçamos as divergências e problemas pessoais. Elevemos nosso pensamento para esferas mais altas, priorizando o bem-estar da comunidade. Sigamos os ensinamentos contidos nos afrescos de Ambrogio Lorenzetti “O Bom e o Mau Governo na Cidade e no Campo”, estampados nas paredes do Palácio Público de Siena, na magnífica Praça do Campo. Em um dos painéis notam-se os efeitos de uma boa administração, como grandes colheitas, comércio ativo, a construção de casas e a felicidade do povo. No outro, “O Mau Governo”, os crimes, as doenças e as pragas predominam, condenando os governantes ao inferno pelo sofrimento imposto aos seus súditos. As obras de arte estavam expostas no palácio para lembrar aos representantes do povo a sua enorme responsabilidade no desempenho de suas funções, bastante pertinentes para este ano (2008) de eleições municipais.”

A famosa Corrida do Palio na Praça do Campo, em frente ao Palácio Público de Siena I Foto: encantosdaitalia.com

 

Por Benito Gorini 22/06/2023 - 07:00

Nas duas semanas anteriores, publicamos a introdução e a primeira parte de um artigo escrito para o volume V da Coletânea Percepções em 2008. Podem conferir clicando aqui e aqui. Vamos dar continuidade às sugestões.

“A Maria-Fumaça que percorre os municípios de Carlos Barbosa e Bento Gonçalves, no vizinho estado do Rio Grande do Sul, atrai turistas de todo o Brasil. Temos todas as condições técnicas para implantar um modelo similar, que poderia ser chamado de Trem da Cultura, com destino a Tubarão ou Urussanga. Nos diversos vagões poderiam ser desenvolvidas atividades nas áreas da música, literatura, breves peças teatrais, educação ambiental e do trânsito, por exemplo. As antigas estações, restauradas serviriam de palco para apresentações diversas e comercialização de produtos e artesanatos locais, viabilizadas por parcerias entre as prefeituras envolvidas no projeto e a Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina. O exemplo já começou a ser dado por Içara, que revitalizou um outrora feio e abandonado espaço às margens da ferrovia.

A Maria Fumaça na rota Bento Gonçalves - Garibaldi | Foto: Carlos Barbosa

A preservação do Morro do Céu, ainda livre da sanha empresarial, se faz necessária. A construção existente no acesso principal poderia servir de portal para atividades ligadas ao meio ambiente, ao lazer e a cultura. O relevo acidentado torna o local propício para instalação de uma pequena estrutura, nos moldes do enorme anfiteatro romano erigido na colina de Fourvière, em Lyon, centro da gastronomia francesa. Diversos eventos poderiam ser ali realizados, como apresentações musicais, peças teatrais, espetáculos de dança e até mesmo palestras enfatizando a educação ambiental. A ocupação responsável do local, com vigilância cuidadosa de ONGs ligadas ao meio ambiente, fiscalização da prefeitura municipal e respaldo legal do ministério público, que exerce importante atividade de controle dos graves danos ambientais da nossa região, certamente iria impedir maior degradação de um dos “pulmões verdes” da área central de nossa cidade. 

O Teatro Romano na Colina de Fourvière, em Lyon I Fonte: itinari.com

Cidades importantes como Paris, Barcelona, Sevilha e Estocolmo tem seguido o exemplo da moderna e inovadora Amsterdam, com a sua surpreendente utilização de bicicletas. Em Paris foi criado o projeto Velib, com a ligação das bicicletas ao metrô. Na minha última visita à cidade, em maio de 2008, impressionou-me o número de bicicletas em circulação utilizando ciclovias e faixas reservadas aos ônibus, com total respeito de todos os veículos.  Os ciclistas têm preferência na sua faixa de circulação e são protegidos legalmente, na eventualidade de qualquer acidente, até mesmo com pedestres. Em Criciúma, infelizmente, privilegiamos os automóveis em detrimento do eficiente transporte público, pelo menos no eixo da Avenida Centenário, entre os terminais da Próspera e do Pinheirinho. As ciclovias poderiam ser ampliadas, completando o incipiente trajeto entre a Unesc e Santa Luzia. O centro da cidade deveria ser reservado exclusivamente para pedestres, com efeitos salutares tanto na redução de emissão de poluentes como o bem-estar físico das pessoas, que seriam obrigadas a se exercitarem, com grandes benefícios cardiocirculatórios. 

As “Velib” (vélo avec liberté), estacionadas sempre próximas às estações de metrô I Fonte: leparisien.fr

 

Por Benito Gorini 16/06/2023 - 08:36 Atualizado em 16/06/2023 - 08:50

Na semana passada, fizemos a introdução de um artigo publicado na Coletânea Percepções. Podem conferir clicando aqui. Vamos dar continuidade apresentando as sugestões:

“No coração de Criciúma, na Praça Nereu Ramos, dispomos de um excelente local para o desenvolvimento de atividades culturais, atualmente na ociosidade. Trata-se da Casa de Cultura Neusa Nunes Vieira, local ideal para abrigar exposições temporárias, biblioteca e um centro de informações turísticas e culturais. Além disso, poderia ser criada uma agenda com programação anual sobre as diversas vertentes da arte, como escultura, arquitetura, pintura, música, teatro, literatura, cinema, tradição e folclore, acrescidas de história e turismo. Os eventos, na forma de apresentações audiovisuais, poderiam ser mensais e em dia específico, facilitando a divulgação e consolidação, a exemplo do que já vem ocorrendo com algumas atividades culturais da Unesc. A implantação de um centro de informações turísticas do sul catarinense poderia trazer dividendos para Criciúma. A sua posição de polo regional, com boas opções gastronômicas, pujante comércio e rede hoteleira adequada, poderia transformá-la em ponto de partida para excursões por cidades circunvizinhas.

Casa de Cultura Neusa Nunes Vieira, tombada pelo Patrimônio Histórico I Fonte: visitecriciuma.com.br

A revitalização da Mina Modelo, uma das poucas atrações turísticas da cidade, com a criação do museu do carvão e o aperfeiçoamento do “passeio de trenzinho”, a exemplo do que ocorre nas labirínticas caves que serpenteiam por todo o subsolo de Reims e Epernay, na região de Champagne, na França. A Pieper Heidsick, importante produtora de champanhe, introduziu um passeio em um veículo de forma circular para seis pessoas, sobre trilhos, que percorre boa parte das caves, fornecendo informações sobre o processo de produção do champanhe. Poderíamos copiar a ideia, principalmente se houver a participação das carboníferas, que têm a obrigação de realizar medidas compensatórias pelo grave passivo ambiental provocado na região.

Mina de Visitação Octávio Fontana I Crédito: Portal 4oito

O Criciúma Esporte Clube é motivo de orgulho de todo o sul catarinense, tendo divulgado o nome da cidade no Brasil e até no exterior. A paixão pelo tigre, no entanto, acabou monopolizando as atenções para o futebol profissional, relegando o esporte amador a uma posição subalterna, evidenciada pela vexatória participação nos jogos abertos. Uma cidade com o potencial de Criciúma não pode classificar-se, sistematicamente, de forma tão vergonhosa. Algo está errado e uma solução precisa ser encontrada. Como sugestão, por que não integrar os profissionais de educação física de todo o município, criando um planejamento anual baseado em modalidade esportivas passíveis de serem desenvolvidas nas instituições públicas e privadas? Cada professor teria a sua planilha, com o desempenho dos alunos/atletas. Em pouco tempo teríamos uma relação dos mais aptos em cada modalidade, possibilitando o treinamento em centros específicos para desenvolver as potencialidades e habilidades individuais. Os esportes coletivos poderiam ser patrocinados por diversas empresas e instituições, a exemplo do que já ocorre com algumas modalidades.

Criciúma campeão da Copa do Brasil 1991 I Foto : Arquivo Portal 4oito

Na próxima semana, daremos continuidade à série de artigos, com o Desperta Criciúma 3.

Tags: blog Criciúma

Por Benito Gorini 08/06/2023 - 10:00 Atualizado em 08/06/2023 - 10:31

O professor e escritor Ivonilson Magalhães idealizou a Coletânea Percepções, uma série de cinco livros privilegiando escritores locais. Participei de todas as edições e no último volume com “Desperta Criciúma”. O artigo descreve sugestões para a cidade, muitas felizmente realizadas e outras que nem havia pensado como o Parque Astronômico Albert Einstein e o Parque dos Imigrantes no Rio Maina. No blog vamos dividir o assunto em quatro publicações, tendo como fonte o artigo original, de dezembro de 2008. A seguir o primeiro deles:

“Os nossos antepassados emigraram para o Brasil em situação de grave penúria, motivada pela instabilidade política, religiosa e econômica decorrente das lutas pela unificação da Itália, da perda do poder temporal da igreja e do desemprego. Aqui, I nostri antenati enfrentaram toda a sorte de problemas, transformando-se em autênticos desbravadores. Com a força de seu braços, a criatividade e a ousadia empresarial forneceram o arcabouço para o enorme crescimento econômico e material da nossa região. Este importante legado não se fez acompanhar do desejado desenvolvimento cultural, em virtude das limitadas condições socioculturais de nossos colonizadores. Esta falta de harmonia no crescimento de nossa cidade persiste até hoje, bem evidenciada pela supremacia dos transitórios, fúteis e superficiais valores matérias em detrimento de opções mais elevadas do espírito humano. Já é hora, portanto, de despertar para uma realidade mais condizente com a nova mentalidade que desponta no mundo, destinando uma maior atenção para a cultura, o lazer, a consciência ambiental e a educação no trânsito.

Tendo realizado várias viagens de cunho turístico-cultural pelo Velho Mundo, tive a oportunidade de beber em fontes que infelizmente os nossos antepassados não tiveram a ventura de desfrutar. Sinto-me, portanto, capacitado para sugerir algumas ações passíveis de serem implantadas em nosso meio, com a participação de instituições públicas e privadas, sem a necessidade de investir vultosos recursos.”

Parque Astronômico Albert Einstein I Foto: Giovana Bodignon, portal 4oito
Parque dos Imigrantes I Fonte : Portal 4oito - Decom

Na próxima semana continuamos com o artigo, dando início às sugestões.

Por Benito Gorini 01/06/2023 - 07:00

Estive em Porto Alegre no último sábado, dia 27 de maio, depois de alguns anos sem visitar a capital gaúcha. Fiquei hospedado no Centro Histórico, próximo aos museus e teatros para acompanhar a intensa agenda de eventos. A exposição “Lupi, pode entrar que a casa é tua”, no Farol Santander, a peça “Bárbara” com Marisa Orth no Teatro São Pedro, a Sinfonia Titã, de Mahler, na Casa da Ospa e “Sabor e Elegância”, a arte de harmonização de queijos e vinhos na Casa de Cultura Mário Quinta. Não poderia faltar uma visita ao Mercado Público e degustar um delicioso bacalhau no tradicional Restaurante Naval, de 1907. Mas o que mais me impressionou foi o Cais Embarcadero, a área revitalizada nos outrora feios galpões do porto da Avenida Mauá.

E lá nos deparamos com outro evento o “Vinho no Cais”, com a opção de escolha de sete vinhos. Porto Alegre finalmente seguiu o exemplo de grandes cidades que transformaram áreas decadentes, degradadas e abandonadas - como velhas fábricas, instalações portuárias e armazéns tomados pela sujeira e criminalidade - em edifícios residenciais, bares, restaurantes, hotéis, parques, museus e centros de convenções. Essas mudanças, aliadas à despoluição dos rios, têm atraído a indústria do turismo, não poluente e grande geradora de empregos. Cidades como Londres, Hamburgo e Roterdã transformaram suas feias docas em belos espaços turísticos. A construção do Museu Guggenheim mudou a fachada de Bilbao, feioso polo siderúrgico e de estaleiros da Espanha. Outros exemplos de revitalização são Bercy Village em Paris, Parque das Nações em Lisboa, Navigli em Milão, Cidade das Artes e Ciências em Valência, Puerto Madero em Buenos Aires e Museu do Amanhã no Rio de Janeiro.

O Oceanário de Lisboa, um dos maiores do mundo, no Parque da Nações I Foto: Arquivo Pessoal

E no domingo, fechamos o fim de semana circulando pelo “Brique da Redenção”, outro passeio imperdível. E o amigo e leitor assíduo Cláudio Miraglia me pediu para falar sobre o imortal tricolor. Então vamos lá. Na exposição no Santander estavam a letra, a música do Hino do Grêmio e uma foto do autor, o mestre Lupi, vestindo com orgulho a camisa azul, preta e branca. E também a informação de que o “até a pé nós iremos” era uma referência a uma greve dos transportes, que obrigou os fanáticos torcedores a irem dessa forma ao Olímpico. No blog “Os Bondes de Porto Alegre”, publicado em 08/12/2022, e que você pode ler clicando aqui, me refiro a saudosa utilização dos bondes nos jogos do Grêmio.

O Mercado Público de Porto Alegre, bem melhor depois da revitalização. Os bondes, infelizmente, não existem mais I Foto: Foster M. Palmer

 

Por Benito Gorini 18/05/2023 - 16:25 Atualizado em 18/05/2023 - 17:50

Tosca - não confundir com o jogador de efêmera passagem pelo Criciúma - ópera de Puccini, é a um tempo viagem por árias e músicas contagiantes e passeio por alguns pontos turísticos e históricos de Roma.  A sua temática é romântica mas principalmente trágica, como muitas óperas, e também tem momentos de erotismo, como explanados no blog  “O  erotismo na ópera”.

O primeiro ato ocorre na Igreja de Sant’Andrea della Valle, bem próxima à Piazza Navona - com a bela Fonte dos Quatro Rios de Bernini - e ao Campo dei Fiori, animado mercado de rua dos dias atuais mas de triste passado. Ali foi condenado à fogueira o filósofo italiano Giordano Bruno. Na ópera, o pintor Mário Cavaradossi está concluindo o afresco da Madona e canta a bela ária “Recondita Armonia”, em que compara a beleza da Virgem pintada com a da sua amante Tosca, cantora lírica. O dueto “Mario, Mario”, que se continua até o belo final “Ah, quegli occhi” também é interessante.

A Igreja de Sant´Andrea della Valle, da ordem dos Teatinos, com a fonte em frente I Fonte: teatinos.org

No segundo ato Tosca canta no Palácio Farnese, atual sede da Embaixada da França, construído pelo papa Paulo III (Alessandro Farnese) com projeto de Antonio da Sangallo e Michelangelo. A ária “Vissi  d´Arte” é o ponto culminante deste ato, onde Tosca, sempre dedicada à arte e à religião, lamenta a sua sorte de ter que se entregar aos desejos sexuais do poderoso Scarpia para salvar o seu amado Mário. A ária é considerada uma das mais belas de todo o repertório operístico para soprano. Na sequência da trama Tosca acaba matando Scarpia, salvando sua honra mas selando o seu destino.

O Palácio e a Praça Farnese, com a bandeira da França e da União Europeia e as belas fontes I Fonte: artisticadventureofmankind.worpress.com

No terceiro e último ato, Tosca encontra-se com Mário, prisioneiro no Castel Sant´Angelo por ter auxiliado um fugitivo político. A ária “E lucevan le stelle” antecipa o final trágico, bastante frequente no mundo da ópera: o pintor é executado e Tosca suicida-se.

O Castel Sant´Angelo com a ponte do mesmo nome sobre o rio Tibre I Fonte: Romehints.com

O castelo foi construído pelo imperador Adriano para seu mausoléu mas durante a sua história foi prisão, palácio e abrigo de papas em conflito com os imperadores do Sacro Império Romano-Germânico. Em 1527 as tropas de Carlos V invadiram Roma e o papa Clemente VII, membro da famosa família Medici, fugiu para o castelo através de um corredor que o liga aos aposentos papais. Neste episódio, protegendo a vida do papa, morreram 107 guardas suíços, contratados poucos anos antes pelo papa Júlio II (Giuliano della Rovere). Os coloridos uniformes da guarda, mantidos inalterados até hoje, foram concebidos por Michelangelo, que estava pintando o teto da Capela Sistina. O livro Anjos e Demônios, de Dan Brown, descreve o enorme Castel Sant’Angelo e o corredor, conhecido como “Il Passetto” pelos romanos. 

 

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