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Construir pontes, não muros. O legado de três Papas

Por Benito Gorini 30/04/2025 - 10:46 Atualizado há 5 horas

Em 2000, ano do Jubileu, visitei o Vaticano e conversei com um senhor de idade que serviu a vários papas, desde Pio XII.  Perguntei qual o melhor e ele respondeu sem hesitar: João XXIII. Questionei sobre a morte de João Paulo I e ele também foi enfático: Non si può parlare. E agora, passados 25 anos e  outro Jubileu,  falece Francisco. A seguir um breve histórico dos três Papas com um perfil semelhante.

João XXIII. Angelo Giuseppe Roncalli, bergamasco do pequeno borgo de Sotto il  Monte, ascendeu ao papado em 1958, aos 76 anos de idade. Foi um Papa de transição, muito comum nos conclaves em que duas forças oponentes não conseguem maioria e apoiam o nome de um cardeal idoso,  aguardando uma melhor sorte em um futuro e breve evento. E foi o que ocorreu. João XXIII faleceu em 1963, menos de cinco anos  após sua posse. Mas tão curto  papado foi marcado por um acontecimento importante, o Concílio Vaticano II, que atualizou e renovou a igreja, objetivando uma aproximação com os fiéis e um melhor diálogo  com o mundo moderno. O “Papa Bom” , com o seu carismático  e doce  olhar conquistou o mundo. Teve participação importante na guerra fria. Em discurso comovente propiciou um entendimento  entre Kennedy e Kruschev  na Crise dos Mísseis em Cuba,  evitando o que poderia ter sido um conflito nuclear. Além disso, como Delegado Apostólico na Grécia e Turquia, desempenhou  importante papel na proteção de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Grande Papa, o meu preferido.

João Paulo I. Albino Luciani nasceu em Forno di Canale, atual Canale d’Agordo, na província de Belluno, em 1936. De família humilde conquistou posição  importante na hierarquia católica, tornando-se Patriarca de Veneza, cargo que já havia sido exercido por Ângelo Roncalli. O “Papa Sorriso”  também conquistou corações e mentes, mas o seu papado,  com as mesmas características de João XXIII e tendo início em 26 de agosto de 1978, durou apenas 33 dias.   Luciani pretendia fazer importantes mudanças na igreja, o que contrariou os interesses do Instituto para as Obras da Religião, mais conhecido  como Banco do Vaticano, que possuía ligações duvidosas  com a Loja  P2 e a Máfia. Há fortes  suspeitas de envolvimento da Cúria do Vaticano na sua morte.

Interessante a coincidência de que os dois papas nasceram nas províncias de Bérgamo  e Belluno, que contribuíram com grande número de imigrantes para o sul de Santa Catarina. E João Paulo I foi bispo de Vittorio Veneto, que possui gemellaggio com Criciúma.
Francisco.  Jorge Mário Bergoglio  nasceu em Buenos Aires  em 1936 e foi eleito em 2013, aos 76 anos.  Ao  adotar o nome de Francisco revelou-se o mais franciscano dos jesuítas. Imprimiu ao seu papado o mesmo amor ao próximo de Roncalli e Luciani, aprimorando ainda mais as conquistas sociais e o ecumenismo, citando inclusive  a Encíclica  Pacem in Terris de João XXIII como  “um código de conduta para a paz entre católicos e outras religiões”.  Sua  humildade e simplicidade, bastante diferente da atitude de muitos papas, marcaram o seu pontificado. Crítico veemente das guerras, do ódio entre povos que habitam o mesmo espaço geográfico, da discriminação e da corrupção no clero, teve o merecido reconhecimento mundial mas também forte oposição do conservadorismo dominante em muitos países, inclusive no seio da própria igreja católica. Até a escolha do local de sepultamento mostra o desapego às glórias mundanas, preferindo a Basílica de Santa Maria Maggiore  à pompa e circunstância da Basílica de São Pedro.

Leia Mais
Em Nome de Deus, livro de David Yallop sobre o suposto envolvimento de figuras poderosas na morte de João Paulo I
Pacem in Terris, artigo no portal 4oito (https://www.4oito.com.br/blog/benito-gorini/post/pacem-in-terris-12836)

Assista

O Papa Bom, filme italiano sobre a vida de João XXIII
João  Paulo I, o Sorriso de Deus, filme da RAI sobre a vida de Albino Luciani
Os Dois Papas, filme de Fernando Meireles sobre a renúncia de Bento XVI e o conclave que elegeu o Papa Francisco
O Conclave, filme de 2024  baseado no livro de Robert Harris. Recebeu 8 indicações para o Oscar de 2025   e venceu na categoria Melhor Roteiro Adaptado
 

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