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Róger Guedes: China apressada, Palmeiras e Atlético espertos. E o Criciúma, cedeu...

O misto de fatores que fez, em menos de 24 horas, os R$ 32 milhões do Criciúma encolherem para R$ 12,2 milhões na venda do atacante para o Shandong Luneng
Por Denis Luciano 13/07/2018 - 07:45 Atualizado em 13/07/2018 - 07:50

Tem causado revolta entre torcedores do Criciúma a venda de Róger Guedes. É que aquela expectativa de o clube receber até 75% do montante - expectativa nutrida pelo próprio clube sempre que se questionava sobre o negócio - foi para o espaço quando os clubes envolvidos anunciaram ontem, no fim da tarde, o rateio final dos R$ 43 milhões. E o Criciúma foi desnutrido consideravelmente no seu naco, que terminou em 27,7%. Mas como isso aconteceu?

A equação não é tão complexa assim. E a explicação é de Paulo Pitombeira, empresário de Róger Guedes.

O Shandong Luneng encaminhou na quarta-feira à noite a proposta de 9,5 milhões de euros. O Palmeiras tinha, por obrigação, que notificar o Atlético Mineiro pois o mesmo, por força do contrato de empréstimo do atacante, tinha a preferência de compra. Poderia - pouco provável, mas poderia - exercer essa preferência. Cobrir a proposta dos chineses. 

Aí, o tempo conspirou a favor do Atlético. Pressionado a ceder logo e liberar a transação, o presidente Sérgio Sette Câmara alegou que só o faria se o percentual, que seria de 5% sobre os 25% do Palmeiras, fosse aumentado. Ofereceram 1 milhão de euros, menos da metade do que o Galo vai receber. Ele não topou. Chegaram aos 27%. Ok.

Atlético Mineiro saltou de 5% para 27%. Usou o tempo a seu favor

Mas e o Palmeiras? Receberia menos que o Atlético, sendo que originalmente tinha 25%? Definitivamente, não. O Palmeiras só toparia com mais. Conversa daqui, pede de lá, chegou a 45%. A essa altura é que os 75% do Criciúma despencaram para 27,7%. Em um dos muitos contatos com o presidente Jaime Dal Farra, os condutores do negócio disseram: "é isso, ou nada". O dirigente do Tigre consentiu. Topou. Bateu o martelo.

Logo, nada foi imposto, nada está fora do conhecimento. Não houve drible formal nem legal. Houve conversa para esse novo rateio, e o Criciúma esteve ciente dela. Tanto que o clube está satisfeito com a fatia que receberá. Entende que os 27,7%, ou 2,7 milhões de euros, ou 12,2 milhões de reais, são a maior transação da história do clube. E como o dinheiro vai para a conta da Gestão de Ativos, a GA, e o dono da GA está satisfeito, pronto, não há o que discutir. Na visão deles.

Criciúma satisfeito com os R$ 12,2 milhões que vai faturar com o atacante

O torcedor está revoltado. Afinal, esses 75%, que na realidade eram 60%, não foram uma invenção, mas sim um número vendido em forma de expectativa pelo próprio Criciúma sempre que indagado sobre o futuro de Róger Guedes. O presidente Dal Farra nunca escondeu esses 75%. Ao contrário, sempre fez questão de evidencia-los. A sua assessoria jurídica, certa vez, disse com aval dele que o Criciúma estava muito seguro, que Róger só sairia do país caso 75% do montante do negócio caíssem na conta do Tigre.

Aí, já havia um erro. Dos 75% do Criciúma, 15% eram de Róger e Neco Guedes, filho e pai. Ontem, no auge dessa complexa engenharia explicada acima, os dois abriram mão disso. Também pudera, fala-se à boca pequena que os salários de Róger no Shandong serão de R$ 2 milhões ao mês. Uma babilônia. Ele ganhará em trinta dias na China muito mais que recebeu entre dezembro de 2014 e abril de 2016, quando foi jogador do Criciúma e surgiu para o Brasil.

Róger sai rumo à China na artilharia do Brasileirão com nove gols

E o Criciúma tira vantagem, evidenciando, em nota oficial, que foi uma dura negociação, e que antes dos 2,7 milhões de euros que virão agora (primeira parcela de 1,2 milhão na semana que vem e a segunda, de 1,5 milhão, em 5 de agosto, conforme contamos ontem aqui) já tinha recebido 700 mil euros, quando da venda dos 25% do atacante ao Palmeiras há dois anos.

Os 12,2 milhões de reais não pagam a dívida que a GA diz ter e o Conselho aprovou. A maior negociação da história não cobre o rombo ainda. E quando o Criciúma formará um novo Róger Guedes para conseguir tanto dinheiro assim? Logo, a esperteza do Atlético Mineiro que soube vender seu peixe, a condição de "refém amigo e solidário" do Palmeiras, que surfou na mesma onda do galo, e a pressa dos chineses em fechar logo o negócio fizeram o Criciúma ver pelo menos 15 milhões de reais baterem asas e voarem. Mas, como dizia Celso Russomanno no seu quadro de TV sobre direitos do consumidor, "se ficou bom para ambas as partes...". E o Criciúma está satisfeito. Então, tudo resolvido.

Com uma grana dessas na conta, a GA vai investir para salvar o Criciúma do rebaixamento no Campeonato Brasileiro? Eis a expectativa agora. Vexame maior será, na temporada da sua maior transação, o clube despencar para a Terceira Divisão.

Dal Farra e a GA vão investir no time e evitar a horrenda queda à Série C? Foto: Denis Luciano / 4oito

O que disse o Palmeiras via nota oficial sobre o negócio...

O Palmeiras vendeu o atleta Róger Guedes por 9,5 milhões de euros para o Shandong Luneng, da China. Em 2016, o clube havia adquirido 25% dos direitos federativos do jogador por 2,5 milhões de reais. Na negociação com os chineses, o Alviverde ficou com 45 % do valor total da transação - 20,425 milhões de reais (4,3 milhões de euros), totalizando um lucro de 17,925 milhões de reais.

O negócio foi fechado nas últimas horas, e como a janela de transferências para clubes chineses se encerra amanhã (sexta-feira), existe risco burocrático na operação e, neste caso, o atleta retornaria para o Atlético-MG por empréstimo até o final do ano.

Abaixo, a nota do Atlético Mineiro, o grande ganhador dessa história, que transformou 5% de 25% em 27% de 100%...

Roger Guedes não é mais jogador do Atlético.

Mesmo após todo o esforço do Presidente Sérgio Sette Câmara e do Diretor de Futebol, Alexandre Gallo, para a permanência do atleta até o fim de 2018, o atacante Roger Guedes acertou com o Shandong Luneng, da China, respeitando o contrato feito com o Palmeiras, caso houvesse uma proposta que atendesse os interesses das partes envolvidas.

Importante ressaltar que o Atlético teria 5% de taxa de vitrine sobre o valor da transação. Após dura negociação, o clube receberá 2,5 milhões de euros, aproximadamente 27% do total

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