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O recado de Linhares para o sul catarinense

Por Denis Luciano 11/05/2018 - 07:55 Atualizado em 11/05/2018 - 08:05

Linhares está no norte do Espírito Santo. Aqui chegamos na tarde de ontem. É meio do caminho entre Vitória, a capital capixaba, e o sul da Bahia, do qual estamos a cerca de 150 quilômetros. É uma cidade simpática, organizada, limpa e bastante horizontal. Não há aqui tantos prédios quanto em Criciúma, mas há um progresso no ar que nos faz pensar.

BR-101 sendo duplicada entre Vitória e Linhares / Foto: Denis Luciano / 4oito

E os números estão aí a indicar. Linhares é hoje a quinta melhor cidade entre as de porte médio do Brasil em desenvolvimento humano e industrial. E isso apontado por levantamento da Revista IstoÉ. A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) aponta Linhares como a melhor do Espírito Santo e a cidade 53 do Brasil em desenvolvimento e geração de empregos.

Mas qual o segredo? Atrair empresas. Nas últimas duas décadas vieram para cá a criciumense Brametal, a Wegg, de Jaraguá do Sul, a Marcopolo, de Caxias do Sul, e a próxima é a Librelato, de Orleans, fora outras indústrias. Essas são algumas que o município buscou no sul do Brasil para diversificar a sua economia.

Brametal inaugurou sua unidade em 2000 em Linhares / Foto: Denis Luciano / 4oito

Mas e o que Linhares tem a oferecer? "Logística. Temos porto a 30 quilômetros, estamos com ordem de serviço para um aeroporto com pista de 1,9 mil metros, estamos em um raio de 1,2 mil quilômetros onde se encontra 80% do mercado consumidor do Brasil. A geografia ajuda", explica o prefeito Guerino Zanon (PMDB), que cumpre seu quarto mandato. É bastante popular por aqui.

Foi ele que, há 20 anos, aportou em Criciúma e conversou com o empresário Ricardo Brandão. Na ocasião, o explicou o quanto seria vantajoso ampliar suas operações para esta região visando alcançar os mercados do norte, nordeste e centro-oeste. Claro que há incentivos fiscais. "Mas o incentivo não pode ser o principal, pois ele não é duradouro", lembra.

Outro trunfo de Linhares é ser o primeiro município mais ao sul de todo o torrão componente da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), um organismo federal que oferece amparo para fomento dessa região que parte daqui para todos os estados nordestinos.

Incentivos da Sudene colaboram / Foto: Denis Luciano / 4oito

E a Brametal? É a nossa razão de estar aqui. Hoje, em ato às 11h na planta industrial de Linhares, a empresa inaugura a ampliação da sua já gigante unidade. São 850 funcionários, que chegarão a 1,2 mil até o fim do ano que vem, que já trabalham com a maior produção da América Latina e a terceira do mundo de torres de energia elétrica. São torres de até 70, 80 metros que ali são testadas e dali saem para distribuir energia elétrica Brasil afora, e demais equipamentos para subestações de energia.

Torres produzidas pela Brametal / Foto: Denis Luciano / 4oito

"Para diversificar isso, e não ficar apenas com as torres, entramos em um novo mercado. Estamos fazendo postes monotubulares e suportes para painéis de energia solar", explica Ricardo Brandão, o presidente do Conselho de Administração da Brametal, que tem sua unidade 1 em Criciúma, tem Linhares e está em Sabará, Minas Gerais, onde comprou uma fábrica em dezembro de 2017. "Nossa meta é duplicar a receita da empresa até 2024", almeja Brandão.

O incentivo fiscal é tão decisivo para atração de empresas? "Representaram parte da nossa decisão lá em 1998", conta o empresário. Ocorre que, há vinte anos, ele procurou o governador Esperidião Amin. A meta era fazer em Criciúma o que a Brametal fez em Linhares. Não teve muito respaldo. "O nosso mercado de grandes obras já estava no norte e nordeste, nossa matéria prima ia do Rio de Janeiro para o sul e tinha que retornar. Só o frete, em 1999, representaria uma redução em 10% no custo do produto final. Aí vieram os incentivos e a empresa não teve o que pensar. Viemos para o Espírito Santo".

Brametal vai chegar a 1,2 mil funcionários em Linhares / Foto: Denis Luciano / 4oito

Somente em Linhares, atualmente a Brametal produz 7,5 mil toneladas de estruturas por mês e, juntamente Criciúma mais Sabará, vai a 11 a 12 mil toneladas mês. "O mercado de torres no Brasil tem hoje de 120 a 140 mil toneladas ano. Teoricamente, a Brametal poderia suprir todo o mercado do Brasil. Hoje respondemos por 70 a 80%", contabiliza.

Mas Brandão, enquanto empreendedor, não está muito otimista com o futuro próximo do Brasil. "O momento político é de falta de lideranças que possibilitem a saída do Brasil dessa crise, pelo menos no curto prazo. Independente de quem venha a ser o presidente, eu sou um pouco pessimista sobre sanar esses problemas tão graves que nos afetaram nos últimos anos, mas no médio prazo eu sou otimista pois o nosso país é gigante e altamente viável", conclui. Abaixo, ouça a nossa entrevista com Ricardo Brandão.

A nossa cobertura está indo ao ar na Rádio Som Maior - hoje pautará edição especial do Jornal das Nove -, e sendo veiculada no jornal A Tribuna, com matérias hoje e amanhã.

 

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