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Criciúma antifascista: quem é o pichador?

Há um grupo com este nome agindo nas redes sociais, que garante não ser o autor do protesto da noite passada
Por Denis Luciano 01/07/2019 - 01:30 Atualizado em 01/07/2019 - 01:42

Eram pouco mais de 20h deste domingo, 30, quando quem passava pela Rua Constante Casagrande foi surpreendido com um "Criciúma antifascista" pichado no muro do estádio Heriberto Hülse. Era uma manifestação política? Ou esportiva? Fomos investigar.

Fascismo (segundo o dicionário Michaelis):

 

1 Sistema ou regime político e filosófico, antiliberal, imperialista e antidemocrático, centrado em um governo de caráter autoritário, representado pela existência de um partido único e pela figura de um ditador, fundado na ideologia de exaltação dos valores da raça e da nação em detrimento do individualismo, como o estabelecido na Itália por Benito Mussolini (1883-1945), em 1922, cujo emblema era, simbolicamente, o fascio, isto é, o feixe de varas dos lictores romanos. 
2 Tendência para o controle ditatorial; regime autoritário. 
3 Atitude ou postura própria de fascista.
 

A soma do prefixo "anti" à palavra "fascismo" oferece, naturalmente, uma ideia de contraponto ao conceito acima exposto. Logo, "Criciúma antifascista", por uma singela análise política, seria um movimento de oposição ao fascismo, termo tão em voga nos últimos tempos na definição do acirrado cenário que o Brasil vive desde as eleições passadas. 

Atrás das explicações, encontramos no Facebook um perfil intitulado "Criciúma antifascista". Cabe lembrar que a pichação feita no muro do Majestoso foi removida, sabe-se lá por quem, poucas horas depois. Passamos no local em seguida das 23h30min e o que restava ali era esse borrão de tinta,  na tentativa de remover o que ali estava escrito.

O muro ainda borrado depois da pichação "Criciúma Antifascista" da noite passada / Foto: Denis Luciano / 4oito

Muito bem. Acionamos então a página "Criciúma Antifascista" no começo desta madrugada. Fomos rapidamente atendidos por um interlocutor, articulado e respeitoso, que tratou de imediatamente assegurar que o movimento Criciúma Antifascista nada tem a ver com a pichação.

Perguntamos: "Como os dizeres da pichação foram 'Criciúma antifascista', joguei o termo na busca e cheguei na página de vocês. Tem relação?". Abaixo, a pronta resposta:

Opa, obrigado pelo questionamento. Não temos nada a ver, não. Até porque somos um grupo que se formou via WhatsApp, em outubro, diante de todo o cenário político que se instalou no Brasil. 

Tendo vista a região conservadora que vivemos, formamos a fã page com alguns membros que torcem pro Criciúma, mas algumas pessoas moram em Nova Veneza, outras Floripa e algumas em Criciúma.

Sobre o ocorrido no HH hoje, fomos pegos de surpresa. Alguém postou uma matéria no grupo e até questionamos se seria alguém dali.

Somos totalmente contra essa forma de protesto. Pode ter sido alguém que acredita nas nossas ideias, mas que não faz parte do grupo. Também estamos querendo saber quem foi o autor da escrita.

Nos chamou então a atenção a relação entre o movimento e torcedores do Criciúma. E em uma rápida recorrida à fan page, notamos que são vários os clubes brasileiros que contam com grupos e canais de semelhantes nomenclatura e conteúdo. A postagem abaixo, de 11 de outubro de 2018, define a missão e objetivos do Criciúma Antifascista:

Reprodução / Facebook

Em seguida da primeira postagem, uma internauta perguntou quem cuidava da página. E recebeu a seguinte resposta, também reveladora: 

Reprodução / Facebook

Mais uns dias depois e, logo em seguida do segundo turno da eleição presidencial, outra postagem que desnuda um pouco mais do vínculo entre os debates políticos do Criciúma Antifascista e o Tigre. Um print de uma postagem de Mikael Dal Farra, filho do presidente do Criciúma, mostrando Jaime Dal Farra comemorando a vitória de Jair Bolsonaro na eleição presidencial, foi utilizado, com o seguinte teor:

Reprodução / Facebook

Abaixo, a íntegra do texto da postagem acima:

JÁ ERA DE SE ESPERAR

 

Que a região tá comemorando a vitória do Coiso como se fosse Copa do Mundo, não é novidade. Mas chama a atenção o nivel do apoio-base presente por aqui. No print, a comemoração de Mikael Dal Farra. Mikaelzinho passou a vida toda em colégios abonados criciumenses, nadando no dinheiro do pai. Nunca precisou deixar cair sequer uma gota de suor para chegar onde chegou. E nem tem a qualificação para ter, por puro nepotismo, o cargo que ocupa no Criciúma.

 

Mikael e Jaime representam bem a motivação do apoio a Bolsonaro. Mostram que isso vai muito além de qualquer questão econômica. Os Dal Farra, afinal, conseguiram a presidência do clube em época de governo petista, não?

 

Saibam bem seus lugares na história. Larguem o Criciúma Esporte Clube.

 

Escória.
 

Perguntamos então ao mesmo interlocutor que nos atendeu nesta madrugada via fan page do Criciúma Antifascista sobre esse vínculo: o movimento trata de futebol e de política?

Isso. É um movimento que tem por diferentes torcidas no Brasil. Nesse primeiro momento, o intuito é unir torcedores do Criciúma/região que colaborem com essas ideias. A página está um pouco desatualizada por conta de compromissos pessoais dos ADMs.

Várias torcidas com movimentos antifascistas / Reprodução / Facebook

Cabe lembrar que a pichação ocorreu poucas horas depois de mais um ato pró-governo Bolsonaro, que ocorreu em várias cidades brasileiras e teve sua versão criciumense, com pouca participação - dizem os seguidores da causa que foi por conta da chuva da tarde passada -. Não estabelecemos relação direta nem ponto e contraponto, e reiteramos que os líderes do Criciúma Antifascista garantem que não tem relação com a pichação que durante pouco mais de três horas esteve ali, gravada sobre os azulejos do muro do HH. Mas que o episódio descortinou uma relação entre futebol e política como não se vinha notando publicamente, é fato.

A pergunta continua sem resposta. Quem é o pichador? Voltaremos ao assunto nesta segunda, às 9h, no Jornal das Nove na Rádio Som Maior.

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