O ex-presidente do Uruguai, José "Pepe" Mujica, morreu nesta terça-feira (13), aos 89 anos, em sua chácara nos arredores de Montevidéu. Ele lutava contra um câncer no esôfago, diagnosticado em 2024. O funeral será realizado nesta quarta-feira (14), com cortejo saindo às 10h da Torre Executiva, sede do governo uruguaio. O país decretou três dias de luto oficial.
Mujica governou o Uruguai entre 2010 e 2015 e se destacou por sua postura austera e por reformas de grande impacto social, como a legalização da maconha, do casamento entre pessoas do mesmo sexo e do aborto. Ex-guerrilheiro do movimento Tupamaros, passou quase 14 anos preso durante a ditadura militar, a maior parte em condições extremamente precárias.
Ficou mundialmente conhecido como “o presidente mais pobre do mundo”. Durante o mandato, recusou morar no palácio presidencial e seguiu vivendo em sua chácara com a esposa, a também senadora Lucía Topolansky. Doava cerca de 90% do salário para instituições sociais e manteve como principal meio de transporte um Fusca azul 1987, o mesmo que usava antes de assumir a presidência.
Outra curiosidade que chamou atenção internacional foi o fato de que, em 2014, o carro chegou a ser avaliado em cerca de US$ 1 milhão por um sheik árabe, mas Mujica recusou a oferta. “Há coisas que não têm preço”, disse na época.
Ao deixar a presidência, seguiu ativo na política como senador, cargo que ocupou até 2020, quando se afastou por questões de saúde. Mesmo fora do parlamento, manteve voz ativa em debates sociais e políticos na América Latina.
Líderes de diversos países prestaram homenagens. O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que Mujica “defendeu como poucos a democracia, a justiça social e a dignidade humana”. O velório será aberto ao público, e milhares de pessoas são esperadas para prestar as últimas homenagens.