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O Código é a Confiança: Como Funcionam as Stablecoins Cripto-backed

Por Redação São Paulo, SP, 15/08/2025 - 10:47 Atualizado há 1 minuto

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Diferente do que acontece no jogo da fruta, onde tudo parece uma brincadeira, o universo das stablecoins cripto-backed exige atenção total. Essas moedas não dependem de dólares parados em um banco — elas se apoiam em outros criptoativos, como ETH, para manter a estabilidade. Parece contraintuitivo usar algo volátil como base para algo que deveria ser estável, mas existe lógica por trás.

Um dos modelos mais conhecidos é o da DAI, da MakerDAO. Para emitir US$100 em DAI, você precisa travar cerca de US$150 em ETH ou outro ativo aceito como colateral. Essa “folga” serve de amortecedor em caso de queda no valor do ativo. A lógica é simples: se o mercado virar, o sistema ainda consegue cobrir a dívida sem romper a paridade.

O caso da TerraUSD (UST) mostra outro lado dessa história. A UST mantinha o valor por meio de um mecanismo algorítmico com o token LUNA, sem colaterais diretos. Quando a confiança caiu, o castelo ruiu: houve uma corrida de conversões e o sistema entrou em colapso. O resultado foi devastador — bilhões evaporaram em questão de dias.

A proposta descentralizada dessas moedas é clara: tirar intermediários da equação. Ninguém precisa confiar em uma empresa específica ou em um banco que pode ser congelado. A confiança está no código, nos contratos inteligentes, nos oráculos que informam os preços em tempo real. Mas, como sempre no mundo cripto, onde há autonomia, há também novos tipos de risco.

Estáveis Até Quebrem: Colapsos e Volatilidade no Jogo

Não dá pra falar de stablecoins sem mencionar o colapso da UST em 2022. Foi rápido, brutal e educativo. A paridade de US$1 foi quebrada em questão de horas. O gatilho? A confiança. Quando os investidores deixaram de acreditar que LUNA poderia sustentar o valor da UST, começaram a fugir — e o sistema desmoronou em efeito dominó.

Mais de US$60 bilhões em valor de mercado sumiram. Não só entre UST e LUNA, mas em todo o ecossistema que orbitava esses ativos. O episódio serviu como um alerta forte: stablecoins algorítmicas podem parecer confiáveis por meses, até que não sejam mais. Quando isso acontece, não há botão de emergência que salve.

A DAI, por outro lado, enfrentou testes de fogo e saiu arranhada — mas viva. Em março de 2020, com o crash do COVID, o Ethereum derreteu. O reflexo direto? A escassez de DAI no mercado e pressão na paridade. O sistema precisou agir rápido: ajustes de parâmetros, emissão extra, liquidações automatizadas. A paridade se manteve, mas a lição ficou: mesmo sistemas bem desenhados balançam em tempestades fortes.

Esse tipo de situação mostra por que protocolos vêm diversificando colaterais. A própria MakerDAO, criadora da DAI, hoje aceita não apenas cripto, mas também stablecoins centralizadas como USDC e até títulos do Tesouro. Uma ironia para quem defendia 100% descentralização, mas talvez um mal necessário.

De certa forma, é como já apontou o blog da 777bet.io: no universo das apostas e dos ativos digitais, o que importa não é prometer estabilidade — é mostrar resiliência quando tudo sai do eixo. As stablecoins cripto-backed que sobreviverem às próximas ondas de estresse serão aquelas com sistemas de defesa bem calibrados e decisões rápidas na crise.

Dólar no Banco ou ETH no Contrato? Comparando os Riscos

Na teoria, stablecoins são sinônimo de estabilidade. Mas na prática? Tudo depende de onde está o lastro. Quando uma stablecoin é lastreada em dólar — como USDC ou USDT — o risco de volatilidade é muito baixo. Afinal, US$1 guardado no banco tende a valer US$1 amanhã. O problema é: esse dólar está realmente lá? E se estiver, quem pode congelá-lo?

O caso da USDC em 2023 acendeu o alerta. US$3,3 bilhões de suas reservas estavam depositados no Silicon Valley Bank quando ele quebrou. O resultado foi imediato: a paridade da stablecoin foi abalada e o valor caiu para menos de 90 centavos, gerando pânico nos mercados. Não houve perda permanente, mas o recado foi claro — mesmo com reservas reais, o elo mais fraco pode ser o banco onde esse dinheiro está.

Do outro lado, estão as stablecoins que usam criptoativos como garantia. A lógica muda: o valor está travado em contratos inteligentes, não em contas bancárias. Isso elimina riscos regulatórios imediatos, mas cria outros — como liquidações forçadas quando o colateral despenca. E, pior, abre a porta para falhas técnicas. Em 2023, um erro de contrato na Euler Finance permitiu que hackers roubassem quase US$200 milhões. Grande parte em stablecoins.

Tem também a questão dos oráculos: são eles que dizem quanto vale o colateral. Se um oráculo falhar ou for manipulado, o sistema pode liquidar erroneamente uma posição perfeitamente saudável. Isso já aconteceu mais de uma vez. Sem contar a congestão de redes — se os liquidadores não conseguem agir rápido, o colapso vem em minutos.

Não existe modelo sem riscos — o que muda é onde o risco mora. As fiat-backed apostam na confiança institucional. As cripto-backed apostam no código e na sobrecolateralização. A primeira pode travar por decisão judicial. A segunda, por bug. Cabe ao usuário escolher com o que se sente mais confortável: o risco político ou o risco técnico?

Nem Heroínas Nem Vilãs: O Peso da Escolha Informada

Alguns projetos vêm tentando o meio-termo. A MakerDAO, por exemplo, diversificou a reserva da DAI e introduziu mecanismos de defesa como o PEG Stability Module, que permite trocar DAI por USDC a 1:1. Isso aumenta a estabilidade — mas também adiciona dependência de uma stablecoin centralizada. É um jogo de equilíbrio.

Outros protocolos seguem por caminhos próprios. A crvUSD, da Curve, usa uma técnica chamada “peg adaptativo”, que ajusta a dívida de forma gradual, evitando liquidações bruscas. Já a FRAX surgiu com uma proposta híbrida — parte do valor era algorítmico, parte colateralizado. Hoje, depois do trauma da UST, tende a ser mais conservadora.

Esse tipo de inovação mostra que o setor aprendeu. A sobrecolateralização extrema (como na sUSD, com 600% de margem) garante segurança, mas sacrifica eficiência. Por isso, a busca está em modelos que ofereçam estabilidade sem engessar o uso. A maioria ainda é experimental, com liquidez baixa — mas o ritmo de teste é intenso.

No fim, a escolha por uma stablecoin cripto-colateralizada passa por valores. Quem prioriza descentralização e transparência encontra nesses modelos uma alternativa real. Só que precisa aceitar a responsabilidade que vem junto — acompanhar o nível de colateralização, entender os riscos e não operar no piloto automático. Estabilidade, nesse caso, não é ponto de partida. É algo conquistado.

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