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Ninho Vazio

Por Grayce Guglielmi Balod 27/03/2018 - 17:39 Atualizado em 03/04/2018 - 16:01

Quem é pai ou mãe sabe...

A gente ainda nem aprendeu a lidar com aquelas lembranças da nossa infância que insistem em permanecer, mesmo contra nossa vontade e quando percebemos já estamos lidando com a infância dos nossos filhos.

Aí, vamos deixando de lado as lembranças e questões mal resolvidas da nossa infância e adolescência e tratamos de ser um bom pai/uma boa mãe pra acompanhar a infância e adolescência deles.

O tempo vai passando e, entre alegrias e tristezas, nossos filhos  vão crescendo e a gente vai amadurecendo, na marra algumas vezes.

Porque por mais que nós priorizemos a criação e educação de nossos filhos, a nossa existência continua a exigir de nós.

Exige equilíbrio ao mesmo tempo que exige certos malabarismos.  Exige serenidade ao mesmo tempo que exige firmeza.

Exige sabedoria e, as vezes, exige que a gente chute o balde mesmo.

Exige resiliência e as vezes exige renuncia, desistência.

A vida exige que a gente a curta mas pra isso ela nos exige exige trabalho.

Então vamos administrando nossas vidas com todas as suas exigências, mais as questões mal resolvidas que insistem em permear tudo isso e, paralelamente, administramos a vida dos nossos filhos.

Na prática é assim:

Nasce o primeiro dentinho enquanto  a gente está lá tentando ficar mais bonito...fazendo um clareamento dentário.

Dão os primeiros passos enquanto a gente está buscando coragem pra encarar os desafios da vida, CAMINHAR e seguir em frente

Vão ao primeiro dia na escolinha enquanto a gente decide se volta ou não ao trabalho.

Chega o dia da  formatura da pré escola e a gente tem a festa dos quinze anos de formados do ensino médio. No mesmo dia!

Enfim o primeiro dia de aula no colégio grandão, primeiro ano... e a gente revive toda a nossa história dentro daquele mesmo colégio ou outo semelhante.

Eles escolhem a profissão enquanto a gente está insatisfeito com o trabalho, querendo dar outro rumo a nossa vida profissional.

Eles vão para a faculdade enquanto isso a gente se questiona sobre o que realmente quer da vida.

Eles encontram o amor da sua vida enquanto a gente vive  uma crise no casamento.

Eles vão morar fora enquanto isso a gente ali... na eterna duvida sobre deixar ou não o Brasil.

Eles voltam e um tempo depois eles nos comunicam que vão sair de casa, querem morar sozinhos.

Então...

Enquanto vivem as descobertas da liberdade e independência, nós descobrimos por experiencia própria o que significa a síndrome do ninho vazio.

Nós que sempre nos queixamos de ter que renunciar as nossas próprias lembranças, inseguranças, traumas e questões mal resolvidas como pai e mãe, agora temos tempo e espaço de sobra pra isso.

Porque ninho vazio é isso, tempo e espaço de sobra... não precisamos mais nos ocupar com as questões dos nossos filhos.

E sem saber o que fazer com isso começamos a remexer em baús de lembranças e rever fotografias e relembrar a infância deles... e a nossa própria infância.

E em determinado momento as lembranças da infância deles se confundem com as nossas próprias lembranças de infância. Pensamos em como agimos com eles e quando percebemos estamos pensando como nossos pais agiam conosco

e, as vezes, ficamos chocados como nossos erros foram semelhantes ao que nossos pais cometeram quando éramos crianças.

Noutras vezes, é a lembrança da rebeldia deles que é inacreditavelmente igual a que nós mesmos vivemos na nossa adolescência.

No tempo e espaço do ninho vazio a gente passa o passado todinho a limpo, pelo menos na nossa cabeça.

E a gente teme que eles nos culpem por seus traumas  e inseguranças.

Mas sabemos que um dia nos verão com olhos de pais.

E então poderão nos perdoar e aceitar como somos, com nossos erros e acertos.

Até porque, ao menos é o que se espera, a essa altura da vida, adultos com filhos adultos, nós também já perdoamos nossos pais.

 

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