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Discurso de Formando

Há trinta anos ou para o momento atual, tanto faz.
Por Grayce Guglielmi Balod 26/07/2019 - 18:23 Atualizado em 26/07/2019 - 18:30

Senhoras e Senhores


A importância deste momento vem de sua dubiedade. Ele inicia e encerra. É meio e fim. Recompensa e promete. Impossível vivê-lo sem remeter-se ao passado ou projetar-se no futuro. Parece que passado, presente e futuro fundem-se e formam um novo tempo dentro de nós.

Aqui encerra-se um capítulo de nossa história. Nós o fizemos. Ele é o resultado de um projeto de vida que fomos efetivando dia após dia, com esforço, dedicação e lutas.

Muitos dos que iniciaram conosco foram levados pelo desânimo, pelas incertezas ou mesmo pela impossibilidade financeira de continuar seus estudos- uma das mais cruéis limitações que um sistema pode impor a um cidadão. Amigos foram marginalizados pelo sistema educacional vigente. Fatos como este nos conscientizaram da importância das lutas e de quanto os fatores político-sociais influenciam diretamente nas nossas vidas. Esta conscientização gerou em nós uma ação renovadora e modificadora e intervimos, assim, no processo histórico social de nossa universidade. Foi o momento em que passamos a lutar por mensalidades mais justas e pela consequente deselitização do ensino.

Quanto ao futuro, nunca houve certezas. E de fato não há. Mas continuávamos e assim íamos desenvolvendo nossas capacidades e potencialidades O que nos guiava quando a dúvida nos cobria era nossa vontade pessoal assumida e alimentada pelo apoio de muitos recebido. Com estes dividimos o mérito desta conquista. 

Enquanto acadêmicos preparávamos e construíamos um futuro. Se nos propusemos ideais, objetivos e metas e fomos em busca de sua realização, é este o momento de os vermos em parte concretizados. Em parte, pois não esgotamos plenamente as possibilidades de realizações em nossas vidas. É este também o momento de atentarmos para o papel importante que podemos e devemos assumir no exercício da cidadania. Podemos e devemos nos pronunciar e intervir no sistema. Já somos capazes de tomar distancia frente ao mundo, de tomá-lo como objeto de nossa compreensão e, a partir disto, agirmos conscientemente sobre o mundo e transformá-lo.

O contexto em que iremos nos inserir como profissionais é cruel. Uma realidade amarga de uma sociedade acumulada de problemas, políticas sem credibilidade, miséria em toda a parte, analfabetismo, o desemprego - fruto da recessão que assola o país - e o desemprego estrutural - em crescimento no mundo inteiro. E ainda há os escândalos políticos que caem como lama sobre o orgulho de sermos brasileiros. E há muito mais; crianças prostituídas, matança de índios, exploração criminosa das matas, trabalho escravo. Dominadores cada vez mais fortes e a massa cada vez mais selvagemente massacrada.

Mas é neste contexto que devemos firmar nossas teorias e nos posicionarmos nas lutas que serão travadas. Para isso precisamos mais do que nunca  de clareza de princípios, de organização e de coragem.

Os conhecimentos adquiridos nos fazem ver a bifurcação na estrada. São dois caminhos a nossa frente. Um deles não requer mais do que adaptabilidade ao sistema e fará de nós contribuintes para sua manutenção. O outro é um caminho  de lutas que exige a participação constante e através dele  poderemos consolidar nosso papel na luta por uma sociedade mais justa. Não há um terceiro caminho. Não há neutralidade. Ou utilizamos nosso trabalho como arma e nos engajamos na luta por uma sociedade mais justa ou fizemos dele nossa contribuição para mantê-la como está.

 

Obrigada pela atenção de todos.

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