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THOMAZ REIS MELLO, médico em Criciúma

Por Henrique Packter 07/11/2022 - 13:57 Atualizado em 07/11/2022 - 13:58

THOMAZ teria hoje, vivo fosse, 95 anos de idade. Nasceu em Florianópolis, 27.10.1927, filho de Arnaldo Vieira de Mello e Noêmia Reis Mello. Casado com Maria de Souza Mello foram pais de Paulo Roberto, Maria da Glória, Thomaz, Ricardo, José Alberto e André Alberto.

Formado em 1956, 29 anos, pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná (FMUFPR), desde 1957 estava no Hospital São José de Criciúma. Agraciado por Decreto da edilidade criciumense com o título de Cidadão Honorário em 2.8.1994, faleceu em 7.7.1995, 27 anos atrás, 39 anos de atividade médica entre nós.  Nome de Unidade de Saúde no bairro Ana Maria e de rua no bairro Santo Antônio. No final da vida, THOMAZ submetia-se a diálise peritoneal.

1.       INSPEÇÃO

Quando entrava na sala dos médicos no Centro Cirúrgico do HSJ, THOMAZ anunciava-se relembrando seus tempos de serviço militar no RJ, bradando: INSPEÇÃOOO!

2.       NO CONSULTÓRIO

THOMAZ atendia jovem casal de Poço Verde, Meleiro, terra natal de Júlio Manfredini. O marido fica na sala de espera, encantado pela oportunidade de ver TV em dia útil, quando, normalmente deveria estar enfrentando a dura labuta da lavoura. Começa a anamnese e THOMAZ, a certa altura quer saber:

-A senhora tem orgasmo?

A mulher não responde. Olha demoradamente para o doutor, levanta-se resolutamente, caminha para a porta, abre-a e pergunta ao marido na sala de espera apinhada de clientes:

- Vitório, nós temos orgasmo?

- Não Quitéria, só UNIMED!

(De 40 ANOS DE OFTALMOLOGIA, Henrique Packter, pág., 92, Editora Garapuvu, 2001).

3.       THOMAZ ACADÊMICO DE MEDICINA

Foi colega na Faculdade de Medicina  de Francisco Ernesto Saboia (muitos anos médico no Sombrio, falecido), Edmundo Castilho (criador da UNIMED, em Santos, SP, falecido), Kit Abdalla (entertainer, aeronauta, globetrotter, político, médico em Francisco Beltrão-PR, animador de auditórios, implantador de LIONS Clubes no oeste paranaense, membro da OMS, escritor, poliglota,- falecido), Octávio Bessa Jr (da Laguna, clínico nos EUA), Raul do Nascimento Athayde da Rosa (médico em Urussanga, um dos criadores da Casa de Saúde Rio Maina, falecido), João Conrado Leal (anestesista em Criciúma, falecido). Colega e amigo de Paulo Dias Fernandes (Pablo Diaz Hernandes), natural de Santa Maria, RS, Otorrinolaringologista, escritor, fundador da Unimed Erechim, cidade onde residiu e clinicou por 62 anos, já falecido.

Paulo Fernandes não pensava em aposentadoria: “vou fazer o quê?  Medicina e livros são minha vida. Enquanto estiver bem continuarei a clinicar e escrever”. Publicou seu primeiro conto aos 17 anos, quando cursava o Científico em Santa Maria, onde fomos contemporâneos. Na época para escrever qualquer coisa, procurávamos no dicionário palavras difíceis para rechear o texto. Numa reunião do Grêmio Lítero-Cultural Fagundes Varela do Gymnásio Santa Maria, Paulo Fernandes, saiu-se com essa:

- Se você me compreendeu é porque devo ter me expressado mal!

Em 1960 publica o primeiro de muitos livros. Recebeu premiações por eles, podendo ter sido a maior delas a visita ilustre do escritor Jorge Amado e de Zélia Gatai. Com Jorge Amado, lançou dois livros de contos editado pela Editora Edelbra de Erechim.

Não sabia o número exato de livros publicados, estava sempre com olhos e cabeça no presente e escrevendo.

Há 60 anos em Erechim, chegou em final da década de 1950, convidado por amigo médico. Clinicou nos Hospitais Santa Terezinha e Caridade.

Convite para lecionar no Instituto Barão do Rio Branco mudou sua vida para sempre. Apaixonou-se por uma aluna, casou com ela, e viveram felizes para sempre.

Morreu na madrugada de 11.8.2020, aos 91 anos de idade, no Hospital de Caridade de Erexim, RS, onde trabalhou como otorrinolaringologista cerca de 65 anos.

Deixou a esposa Ivone Tozatti, casal de Filhos, Gil e Lis e quatro netos.

Homenageado em 2014 pela inauguração do Centro de Qualidade de Vida Unimed e espaço que leva seu nome: O Espaço Viver Bem, Dr. Paulo Dias Fernandes. Na ocasião recebeu placa das mãos do ex-presidente da Unimed Erechim e vice-presidente da Unimed do RS, Nilso Zaffari, dizendo: “A Unimed Erechim confere o título de Médico Cooperado Emérito ao Dr. Paulo Dias Fernandes, pelos relevantes serviços prestados a esta cooperativa”.

O Hospital de Caridade divulgou nota lamentando a perda.

Esses foram alguns dos colegas de Turma na FMUFPR.

O prefeito Luiz Francisco Schmidt decretou três dias de Luto Oficial pelo falecimento de Paulo Dias Fernandes.

4.       VIDA PROFISSIONAL

Também formado em 1956 na FMUFPR, THOMAZ chega em 1957. Chefiou o SAMDU e foi Coordenador do IAPTEC por vários anos em nossa cidade. Atendeu também no Hospital Santa Catarina.

    5. RELIGIÃO

THOMAZ era homem pouco ou quase nada religioso. Manifestou simpatia pela Igreja Presbiteriana de Criciúma, fundada nos anos 40 por Adalberto e Frida Braglia. Participei de culto por ocasião da morte de Thomaz no pequeno templo desta Igreja, então localizado na Rua João Pessoa. Na verdade, THOMAZ dizia-se agnóstico, mas devoto de santos... No Centro Cirúrgico ouvi o agnóstico THOMAZ dizer para o atônito crente SARTORI:

- Eu vou acabar acreditando em Deus. Tá difícil acreditar em qualquer outra coisa.

     6. COLEGA DE TURMA DE EDMUNDO CASTILHO

O médico Edmundo Castilho, (Penápolis, SP, 5.12.1929),  fez residência em Ginecologia e Obstetrícia na Santa Casa de Santos. Eleito presidente do Sindicato dos Médicos de Santos (18.12.1967), com 22 médicos fundou e presidiu a União dos Médicos de Santos (Unimed Santos), um modelo inédito. Presidiu a Unimed SP, a Federação SP e a Unimed do Brasil. Foi responsável pela fundação do maior Sistema Cooperativista Médico Mundial, a Unimed (1967).

Viajou o mundo apresentando o modelo cooperativista da Unimed na China, Japão, Suécia, Itália, França, Espanha, toda a América do Sul. Em Genebra (1996) elegeu-se vice-presidente da Organização Internacional Cooperativa de Saúde (IHCO), por representantes de entidades cooperativistas.

Causar impressão duradoura nas pessoas que encontra é característica do grande homem. Outra é ter, ao longo da vida, agido de tal forma que o curso dos eventos tenha sido afetado pelo que ele realizou. Castilho cumpriu as duas condições. Causava forte impressão. Alto, elegante, oratória vibrante, tudo que se refere ao cooperativismo médico brasileiro está ligado, influenciado ou inspirado por seus atos.

Inspirou a criação de 349 cooperativas médicas, 112 hospitais próprios, 14 hospitais dia, 208 pronto-atendimentos, 94 laboratórios. Criou trabalho para 113 mil médicos e credenciamento de 2.792 hospitais. Os números evidenciam o sucesso do trabalho iniciado há 55 anos. As origens da UNIMED situam-se em 1967, Santos (SP), quando Edmundo Castilho, aos 38 anos, propagava os princípios do cooperativismo médico. Assim, o maior sistema cooperativista médico do planeta nasceu no Brasil e cinco décadas depois serve de modelo para o mundo. Responsável pela saúde de 19 milhões de brasileiros, está presente em 84% do território nacional detendo 31% do mercado de planos de saúde do país. A marca UNIMED vale mais de R$ 2,8 bilhões, 21º lugar entre as mais valiosas do país.

Intelectualmente capaz, líder nato, polido, coerente e franco, teve de conviver com frágeis lealdades e estimas temporárias.  

Criado na rotina do campo seria fazendeiro pelos planos do pai. Mas, devido a problemas de saúde, a convivência com médicos acabou atraindo-o para a profissão. Durante a faculdade Castilho se questionava porque à época, só existiam dois modelos de atendimento: particular, acessado por quem tinha recursos, sendo alternativa a assistência por médico funcionário de hospital, que atendia pessoas desfavorecidas em ambulatórios ou precários consultórios. Castilho queria garantir acesso qualificado a todos os pacientes, respeitando a autonomia profissional.

Castilho sofria do Mal de Parkinson, teria infartado em casa, falecendo aos 86 anos em 9.6.2017. Foi sepultado no Cemitério Memorial, Santos, SP.

(CONTINUA NA PRÓXIMA SEMANA)

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