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Pato Chessman - Parte 2

Por Henrique Packter 15/01/2021 - 08:43 Atualizado em 15/01/2021 - 08:44

VERSÃO BRASILEIRA DE CARYL CHESSMAN

Alguém ainda lembra de JOÃO ACÁCIO PEREIRA DA COSTA, criminoso notório, o nosso bandido da luz vermelha? Nasceu em  Joinville, 24.6.1942, morrendo lá mesmo a  5.1.1998. 

Órfão aos 4 anos de idade, ele e o irmão mais velho, Joaquim Tavares Pereira, passam a ser criados por um tio. Em 1967, 25 anos de idade,  preso em Curitiba, Luz Vermelha conta que ele e o irmão eram submetidos a trabalhos forçados pelo tio em troca de comida. Teriam sido torturados física e psicologicamente pelo tio, que negou as acusações.  Quando pré-adolescente, teria sido  estuprado por meninos mais velhos, seus rivais, agressões que parecem ter despertado seus piores instintos.

Na adolescência vai morar em SP, fugindo dos furtos que praticara em SC. Fixa residência em Santos. Lá, apresentava-se como filho de fazendeiro, bom moço, levando vida tranquila. Praticava seus crimes em SP, voltando ileso para Santos.

Também praticou roubos e desmanches de carros no RJ. "Ia para o Rio de ônibus, voltando de carro. Chega a roubar 50 veículos", informa  o jornalista e escritor Gonçalo Junior, autor do livro Famigerado! — A História de Luz Vermelha, o bandido que aterrorizou São Paulo.

PERSONALIDADE QUADRIPARTITE           

Passava-se por quatro diferentes assaltantes: o incendiário, que punha fogo nos corredores de casas para provocar pânico nos moradores, o mascarado que roubava joias, o bandido macaco, por usar macaco de carro para abrir as janelas, e o Bandido da Luz Vermelha, por usar lanterna de aro avermelhado adquirida na loja de departamentos da Mappin.

Foram mais de 5 anos perturbando a ordem pública com dezenas de assaltos, estupros e homicídios, atribuídos a ele pela polícia. Teria praticado assaltos em 4 dias da semana, sempre das 2 às 4 horas da madrugada. Preferia mansões e utilizava figurino próprio ao cometer os crimes. Altas horas, interrompia a energia da casa. Cobria o rosto com lenço e tinha como principal marca a lanterna com lente vermelha. A imprensa apelidou-o de Bandido da Luz Vermelha, referência ao criminoso estadunidense Caryl Chessman, que tinha o mesmo apelido.

Luz Vermelha era vaidoso, vestia-se com cores vivas,  para chamar atenção, chapéus extravagantes e lenços de caubói cobrindo o rosto. Gostava de usar perucas. Costumava  passar-se por músico, carregando a tiracolo guitarra afanada.

Gastava o dinheiro obtido nos assaltos com mulheres e boates. Custou à  polícia seis anos para identificá-lo e só alcançou isso após ele deixar suas impressões digitais na janela de uma mansão.

PRISÃO

João Acácio foi preso em 8.8.1967 em Curitiba, onde vivia sob a falsa identidade de Roberto da Silva.

No interrogatório, confessou 4 crimes:

1.O primeiro em 3.10.1966, quando Walter Bedran, estudante de 19 anos, foi alvejado com tiro na cabeça ao tentar surpreender o bandido, que invadira seu quintal no Sumaré.

2.Dez dias depois, morre o operário José Enéas da Costa, 23, morto numa briga com o criminoso em bar da Bela Vista.

3.Em 7.6.1967, no Jardim América, o industrial Jean von Christian Szaraspatack, foi morto a tiros ao reagir a assalto,  

4.Em 6.7.1967, matou o vigia José Fortunato, que tentou impedir sua entrada na mansão em que era guarda no Ipiranga.

Foi condenado por 4 assassinatos, 7 tentativas de homicídio e 77 assaltos, a pena de 351 anos, 9 meses e 3 dias de prisão.

Nunca ficou comprovado, porém, que Acácio cometeu estupro ou que teve relações sexuais com suas vítimas.

LIBERDADE

Cumpridos os 30 anos previstos em lei, foi libertado na noite de 26.8.1997 e retornou para Joinville, mantendo uma certa popularidade, pela obsessão em vestir roupas vermelhas e quando alguém lhe pedia autógrafo, ele escrevia Autógrafo ...

MORTE

4 meses e 20 dias em liberdade, durante briga num bar, João é assassinado com tiro de espingarda em 5.1.1988.

Na época, o jornal Notícias Populares, publicou que o algoz do ex-detento alegou ter efetuado o disparo para salvar a vida do irmão, que fora agarrado e ameaçado com faca. Tudo depois desentendimento por suposto assédio sexual cometido por Luz Vermelha contra mãe e mulher do algoz. Em novembro de 2004, o autor da morte do bandido da luz vermelha foi absolvido em Joinville, aceita a tese de legítima defesa.

CINEMA

Sua vida criminosa inspirou o filme O Bandido da Luz Vermelha (1968), do cineasta Rogério Sganzerla, estrelado pelo ator Paulo Villaça. No filme, o personagem comete suicídio.
Luz nas trevas - A volta do bandido da luz vermelha, sequência do primeiro filme foi um dos filmes selecionados para a competição internacional do 63º Festival de Locarno, Suíça. Filme dirigido por Ícaro Martins e Helena Ignez, viúva de Rogério Sganzerla, estrelado pelo cantor Ney Matogrosso. Rodado em 2009, estreou em 2010.

LIVROS

Em 2019 sai Famigerado! — A História de Luz Vermelha, o bandido que aterrorizou São Paulo, do jornalista e escritor Gonçalo Junior.

MÚSICA

Virou música nas mãos do grupo de rock Ira! em Rubro Zorro, que abre o terceiro disco Psicoacústica (1988) e a faixa ainda possui algumas falas do filme O Bandido da Luz Vermelha de 1968, do cineasta Rogério Sganzerla. O cantor de horrorcore, Patrick Horla, também o cita como base para a canção O bandido da lupa vermelha.

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