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"O Brasil que não queremos"

Por Denis Luciano 13/03/2018 - 16:08 Atualizado em 13/03/2018 - 16:14

Estava eu saindo do Paço Municipal. Que ficou muito bonito por sinal. Amplo, bem distribuído, um espaço qualificado para bem atender ao cidadão criciumense. Já de volta da tarefa lá realizada, caminhando pelo estacionamento rumo ao meu destino, fui abordado por um senhor. Empreendedor. Daqueles que geram empregos, que pagam pilhas de impostos para continuar sobrevivendo. Que trabalha para pagar, produzir e ter algum ganho, natural. Um cidadão de bem. Responsável.

Estava ele com o celular à mão. Fazia fotos dos estacionamentos do Paço. Repletos. Cheios de carros. Ao me abordar, depois do educado "boa tarde", lascou: "esse é o Brasil que não queremos". Explicou-se. "É tanto funcionário público que falta vaga no estacionamento. Você acredita que todas essas centenas de carros são de servidores da prefeitura?". Incrédulo, ele, castigado como todos nós por essa vida de pagar impostos do brasileiro, estarrecia-se com o cenário ali posto.

Denis Luciano / 4oito

Longe de se contestar a capacidade de trabalho de todos aqueles ali lotados, a "indignação cidadã" do interlocutor era sobre o peso da máquina pública. No mesmo dia em que, mais cedo, em breve bate papo com outro parceiro que empreende em Criciúma, o mesmo apontava para a falta de soluções na via política. "Não diminuem os impostos com medo de recuar na arrecadação e não pagar a conta dessa máquina gorda e pesada, esquecendo que com menos impostos abrirão mais empresas, que recolherão mais tributos e, no montante, arrecadarão mais". Eis a lógica deste segundo amigo do dia que nos abordou sob o mesmo dilema.

Voltando ao primeiro amigo, aquele do estacionamento, disse mais ele: "isso aqui parece o estacionamento de uma fábrica. Daquelas grandes, como a que estamos precisando atrair para Criciúma". Esses dois diálogos me levaram a recordar, das tantas leituras do fim de semana, a de um editorial do Diário Catarinense, artigo assinado pelo advogado Salomão Ribas Júnior, ex-deputado e ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Tratou ele sobre os "novos tempos das prefeituras", lembrando que elas precisam buscar outras fontes de recursos. Recomendou que as mesmas revisem seus tributos e taxas, levando-se em conta a exaustão do contribuinte. "Leis velhas são como colchas de retalhos construídas ao sabor de momentos ou pressões populares ou políticas", escreveu.

Disso tudo, a conclusão de que não podem mais as prefeituras serem as maiores empregadoras de cidades médias e pequenas do Brasil. Isso vai na contramão da modernidade. O estacionamento lotado do Paço de Criciúma fez cidadãos pensarem nisso hoje.

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