"Se gritar, vai ser pior!”
Essa frase, tão ouvida por vítimas de agressões físicas, é altamente aplicável às informações que tem vindo diariamente de Brasília.
Menos de 20 dias depois de anunciar um pacotão de aumento (e criação) de alíquotas de IOF em operações de crédito, câmbio e previdência, o Governo Federal vem anunciando diversas novas medidas que, segundo o próprio, tem o objetivo de compensar um possível recuo daquelas anunciadas no último dia 22.
Mas, na prática, o que se vê é uma série de mais aumentos e novos impostos de uma lado, enquanto se finge recuar nos aumentos anteriores.
O “soco” de hoje oi o anúncio do ministro Fernando Haddad de aumentar de 15% para 20% o imposto de renda (IR) cobrado sobre os Juros sobre Capital Próprio (JCPs), que é uma modalidade usada por diversas empresas para distribuição de proventos a acionistas.
Haddad confirmou também que incluirá na medida provisória do novo pacote de impostos a fixação em 17,5% da alíquota de IR sobre investimentos. Atualmente essa modalidade conta com uma tabela regressiva, que vai de 22,5%, para investimentos de até 180 dias, a 15%, para valores investidos por mais de 720 dias.
Outros aumentos de impostos anunciados no últimos 20 dias:
- Fim da isenção de IR para LCIs, LCAs, CRIs, CRAs e Debêntures Incentivadas, que passarão ter o resultado tributado em 5%;
- Aumento de 12% para 18% o imposto cobrado sobre faturamento das bets;
- Eliminação da faixa de 9% da CSLL (Contribuição sobre Lucro Líquido) de instituições financeiras, mantendo apenas as faixas de 15% e 20%;
- IOF de 5% sobre aportes superiores a R$ 50 mil em VGBL;
Vendo essa sucessão de anúncios, atingindo como um jab no queixo de quem produz e investe, uma parte de mim pensa se não era melhor ter silenciado em 22 de maio.
Será que não era melhor aceitar aquele primeiro chute e sair lambendo as feridas?
Será que não caímos e estamos recebendo o aviso de que "se gritar, vai ser pior"?