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Nossa República não é velha, é velhaca!

Por Archimedes Naspolini Filho 13/08/2020 - 10:58 Atualizado em 13/08/2020 - 11:00

Hoje não vou falar da Lemos Self Storage, criada para guardar arquivo morto, mobília em desuso, coleções de qualquer coisa. Todos já sabemos que a Lemos Mudanças guarda isso tudo, com muito cuidado, com seguro contra praga, com valor de locação inacreditável. Portanto, não falarei da Lemos Self Storage.

Volto aos bancos escolares de nível médio e vejo o professor Valmir Saturnino de Brito, com muitos trejeitos, lembrar a tragédia Hamlet, de Shakspeare, que deu origem a uma expressão muito utilizada ao longo dos anos: “Há algo de podre no reino da Dinamarca”.
Meu caro leitor, como Shakspeare está atual!
A conta que vamos pagar demonstra que há algo de podre não no reino da Dinamarca, mas na República do Brasil.

Então o ministro, irresponsavelmente, pronuncia um monte de impropérios contra membros de uma instituição jurídica, é condenado e multado, e a multa quem vai pagar somos os brasileiros? 
No juizado da 11ª Vara da Justiça Federal, de Curitiba, o Juiz Flávio Antônio da Cruz, despachando sobre ação de danos morais ali protocolada, em dezembro do ano passado, e patrocinada pelo Procurador federal Deltan Dalagnol, condenou a União a pagar 59 mil reais, a título de multa, atribuída ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, que, ao se referir ao coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, não poupou adjetivos pejorativos à sua pessoa.
Realmente há algo de podre no reino da Dinamarca!

O togado da Corte suprema solta o verbo contra um assemelhado e quem paga o pato somos nós, com o imposto nosso de cada dia.

Não dá para entender!
Não dá para aceitar!
Não dá para admitir!

Que o reino da Dinamarca apodreça, mas que não se transfira aos dinamarqueses a responsabilidade e a culpa pela respectiva putrefação. 
Errou? paga! 
Falou o que não deveria ter falado? Que pague pelos excessos! 
Mas que pague, ele, e não os seus concidadãos!

Esse ministro, sempre com semblante de poucos amigos, numa entrevista e no plenário da Suprema Corte, se referiu à Lava Jato como uma organização criminosa, formada por gente muito desqualificada – fez questão de acentuar o advérbio de quantidade ‘muito’. E disse mais: formada por covardes, gângsteres, voluptuosos, despreparados, covardes, espúrios, infelizes, reles, patifes, crápulas e até vendilhões do templo.

Vendilhões do Templo!

E a Justiça Federal, de uma das Varas de Curitiba, condenou a verborreia vomitada pelo ministro e o multou com a bagatela de 59 mil reais, com uma observação: quem pagará a multa será a União. Em outras palavras: o pagamento será feito pelo tesouro da República no qual os ingressos pecuniários se originam no bolso dos brasileiros através dos infindáveis impostos.

Quer dizer: o ministro defeca e quem faz a limpeza são os brasileiros.
Diz o que não deveria dizer, enfurece aos brasileiros, conspira contra a ordem pública.

E aqui, lembro do Cônego Germano Peters, professor de latim, que mostrava mais brilho nos seus olhos quando se reportava à conspiração do senador Catilina, 63 anos antes de Cristo, e à pergunta que lhe fez o cônsul romano Marco Túlio Cícero: 
Quousque tandem abutere Catilina patientia nostra? Até quando, Catilina, abusarás de nossa paciência? 

Transportando para hoje: até quando os brasileiros vamos suportar essas agressões espúrias de membros da Suprema Corte e sentenças hereges como essa que nos condena a pagar pela língua desenfreada de um de seus membros? 
Nossa República não é velha, como a querem alguns, nossa República é velhaca.

Até quando, Catilina?

E que todos comecemos o dia como queremos termina-lo! Bom dia!

 

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