Ir para o Conteúdo da página Ir para o Menu da página
Carregando Dados...
FIQUE POR DENTRO DE TODAS AS INFORMAÇÕES DAS ELEIÇÕES 2024!
* as opiniões expressas neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do 4oito

Não basta ser honesto. É preciso mais

Por Archimedes Naspolini Filho 08/06/2020 - 11:31 Atualizado em 08/06/2020 - 11:34

Eu quero acreditar que tudo quanto nos foi transmitido relativamente a essa praga do Covid-19 em terras tupiniquins seja verdadeiro. Eu quero acreditar que o número de mortos pela incidência da referida praga corresponda com a verdade. Eu quero acreditar que as UTIs de tantos hospitais havidos no território nacional tenham mesmo sido ocupadas por pacientes da praga. Eu quero acreditar que os hospitais de campanha erguidos por aí afora tenham alcançado o seu objetivo. Mas está difícil.

O que estamos ouvindo dá conta de que os números são outros, a maioria de mortes atribuídas ao corona não o teve como causa mortis, os hospitais continuam sobrecarregados mas de pacientes de outros males, as UTIs foram sim utilizadas para o tratamento intensivo de pessoas afetadas pelo vírus, mas não na proporção que se alardeia, e que os hospitais de campanha serviram muito pouco à população, haja vista que a rede formal de nosocômios deu e dá conta do recado.

Aqui mesmo, em Criciúma, a Unimed se preveniu e construiu um hospital especialmente para abrigar tais pacientes, e o desativou dias depois. O mesmo ocorreu com autoridades municipais que montaram um hospital especial para atender os deficientes do referido mal, no Rio Maina, mas que não foi utilizado para tal.

Paralelamente a isso tudo, o Brasil, em estado de emergência. Em março passado eu me referia ao estado de emergência ao que acorreram os governos federal, estadual e municipal. Ao declarar estado de emergência, o ente federativo pode manusear o seu orçamento fiscal com transferência de verbas orçamentárias de um para outro projeto, objetivando enfrentar o mal que ocasionou esse estado extraordinário, sem autorização legislativa. E dentre outras facilidades, nesse estado de emergência a obrigação de licitar despesas para aquisições, serviços e obras é dispensada.

O ordenador da despesa pode autorizar tais compras e serviços sem buscar, no mercado local, regional ou nacional, os melhores preços para aquele determinado objetivo. Isso é perigoso.

Esse estado de emergência facilitou tudo e os casos de autoridades que meteram a mão multiplicaram. Se em tempo normal temos ouvido com muita frequência que processos licitatórios são viciados por proteger alguns concorrentes, não é difícil imaginar o que possa ter acontecido, e esteja acontecendo Brasil afora, com autorização para tais despesas sem obediência à lei de licitações.

Nas minhas intermináveis madrugadas de insônia, eu ouço rádio e fico ligado na Bandeirantes de São Paulo. As revelações escabrosas de procedimentos mal feitos nessa área em todo o país são assustadoras. Isso que ocorreu em Santa Catarina, com a compra de respiradores de uma firma inidônea, e pela qual se pagou R$ 33 milhões antecipadamente, ocorreu em valores inferiores, é verdade, em muitas localidades do Brasil.

O pior de Santa Catarina é que as máquinas respiradoras dessa operação não se prestam para combater os efeitos causados por esse vírus, que os italianos estão afirmando que não é vírus, é bactéria, daí a pandemia vira um pandemônio.

Em Itajaí a construção do Hospital de Campanha às custas pelo governo estadual foi superfaturada. No estádio do Pacaembu, em São Paulo, um desses hospitais para 2 mil pacientes, estaria com menos de 200 internados e sem os equipamentos necessários a tais atendimentos. E o pior, há empresas faturando pela manutenção de tal hospital. Uma comissão de deputados foi barrada às portas mas à força conseguiu entrar e ver que não é nada daquilo que se informa por lá.

Tenho a impressão que, genericamente, o day after day nos reserva revelações escabrosas sobre a operação desse estado de emergência, hoje vivido pela administração pública em seus três níveis. Vereadores, deputados estaduais e federais, Ministério Público e Polícia Federal terão muito trabalho pela frente.

E volto a lembrar o que a História nos transmite: à mulher de César, não basta ser honesta, tem que parecer honesta. Lembram? Pois é. Ali na Assembleia Legislativa de Santa Catarina os deputados estão buscando a honestidade da mulher de César.

E que todos comecemos o dia como queremos termina-lo, bom dia!

 

Copyright © 2022.
Todos os direitos reservados ao Portal 4oito