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Carlos Moisés a perigo. Chegando a hora de Daniela?

Vice vem se distanciando do governador desde o ano passado. Em novembro, deixou o PSL, no rastro de Bolsonaro
Por Denis Luciano Florianópolis, SC, 06/05/2020 - 10:45 Atualizado em 06/05/2020 - 10:57
Daniela tomou posse como governadora em 6 de janeiro, sob o olhar atento de Carlos Moisés / Divulgação
Daniela tomou posse como governadora em 6 de janeiro, sob o olhar atento de Carlos Moisés / Divulgação

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O clima de impeachment está no ar em Santa Catarina. Na alça de mira do processo a ser protocolado ainda nesta quarta-feira, 6, pelo deputado Maurício Eskudlardk (PL) na Assembleia Legislativa (Alesc), Carlos Moisés corre um sério risco de perder o mandato. O governador será denunciado por crime de responsabilidade "ao participar do processo de compra de 200 respiradores por R$ 33 milhões", aponta o parlamentar autor da proposta.

Se o processo prosperar, estará aberto o caminho para que uma mulher governe Santa Catarina pela primeira vez na história. Discreta desde a campanha política, a advogada e produtora rural Daniela Reinehr, 43 anos, a exemplo de Carlos Moisés, estreou nas urnas em 2018 e, na esteira do sucesso do presidente Jair Bolsonaro, tornou-se vice-governadora.

De um início tímido, começou com o tempo a tentar imprimir uma digital. "Eu pretendo ser o braço direito do Comandante Moisés, não quero ser um objeto decorativo, a gente sabe que tem muito trabalho pela frente", anunciou Daniela, em entrevista à Rádio Som Maior no dia 30 de outubro de 2018, logo após ser eleita na chapa do PSL. Na ocasião, ela lembrou que atuou por três anos na Polícia Militar e que tinha a atenção, no governo que estava por se instalar, de participar da Secretaria de Agricultura.

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Vinda ao sul

Já no exercício do mandato, Daniela cumpriu sua primeira agenda como vice-governadora em Criciúma e região em maio do ano passado.

Daniela visitando a Penitenciária Feminina em Criciúma

"Em Santa Catarina o modelo de administração prisional é exemplo para o Brasil", dizia, na ocasião, ao visitar a Penitenciária Feminina. Na mesma visita, ela esteve reunida com a reitora da Unesc, Luciane Ceretta, passou pela CDL de Criciúma e passou pelo porto de Imbituba.

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A crise da residência oficial

No fim de agosto de 2019, uma crise bateu forte no gabinete da vice-governadora: os custos da sua residência oficial. O jornal ND Mais apurou que o Estado gastava R$ 300 mil para hospedar Daniela em Florianópolis. 

Entre as maiores despesas com resi­dência oficial estão dois contratos com empresas especializadas em terceiriza­ção de serviços. Os serviços de motoris­ta, servente, cozinheiro, jardinagem, te­lefonista e zeladoria consomem a maior parte do orçamento. Foram pagos R$ 134.938,73 para a Orcali Serviços Espe­cializados Ltda. e mais R$ 64.982,37 para a Costa Oeste Serviços de Limpeza Ltda. Também foram pagos no mesmo período R$ 7.706,18 de energia elétrica, contrato firmado com a Celesc a partir do dia 1º de janeiro deste ano e com validade até 31 de dezembro. (Notícias do Dia, 28.8.2019)

Em nota, veio a resposta à reportagem na ocasião, informando que o imóvel era utilizado desde 1979 e por ele passaram pelo menos dez vice-governadores. Foi dito, ainda, que "o gabinete de Daniela Reinehr está instalado de forma improvisada no centro administrativo devido às reformas no prédio" e que o espaço é usado para “audiências, despachos e recepções de autoridades”.

Notícias do Dia / Reprodução

A saída do PSL

Em novembro, Daniela rompeu com o PSL. Seguiu o rumo do presidente Jair Bolsonaro para a fundação da Aliança pelo Brasil. "Foi com muita tranquilidade que eu segui o presidente Bolsonaro", disse Daniela, com exclusividade à Rádio Som Maior, no dia 14 daquele mês. Na ocasião ela falava em luta contra a corrupção como uma das bandeiras. "Essa luta contra a corrupção na qual tenho estado presente há muitos anos e esse anseio pela mudança. E o presidente Bolsonaro materializou esse interesse de todos nós conservadores", afirmou.

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Daniela deixava o partido do governador, já que Carlos Moisés optou por permanecer no PSL. Mas ela garantia que, naquela altura, não significava um rompimento. "Eu não acredito que vá ter algum problema em relação ao governador. Respeito o posicionamento dele", apontou. Mas já havia, naquelas semanas, indícios de um distanciamento entre Daniela e Moisés. 

Poucos dias antes de anunciar sua saída do PSL, Daniela encontrou-se com o deputado federal Eduardo Bolsonaro
na Rádio Som Maior. Ele veio a Criciúma para uma palestra no dia 8 de novembro
Foto: Luana Mazzuchello / 4oito / Arquivo

Iniciou 2020 governadora

Daniela assumiu interinamente no lugar de Carlos Moisés em janeiro. Tomou posse no dia 6. O fato foi referido com ênfase, já que era a primeira vez que uma mulher governava Santa Catarina. Na mesma semana, como governadora em exercício, ela cumpriu agenda em Nova Veneza, onde repassou R$ 5,4 milhões via CASAN para investimentos no município.

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Na passagem por Nova Veneza, em conversa com jornalistas, Daniela deu uma declaração com certo tom premonitório quando questionada sobre os caminhos tomados pelo governador Carlos Moisés, que descolou-se do presidente Bolsonaro. Desde novembro ela estava desfiliada do PSL, enquanto ele seguia na sigla. "É uma avaliação dele. Cada um tem suas convicções e eu não gosto de julgar um posicionamento. Os filtros vão acontecendo naturalmente no decorrer da história", comentou.

Daniela como governadora em Nova Veneza em janeiro

Essa licença de Carlos Moisés para um período de férias causou burburinho na Alesc, pois não houve pedido formal de licença. Cabe lembrar que, uma semana depois da passagem de Daniela por Nova Veneza, o defensor público Ralf Zimmer Júnior ingressou na Alesc com pedido de impeachment dela e de Moisés por irregularidades na concessão de reajustes a procuradores do Estado. O processo foi engavetado.

Confira também - Pedido de impeachment de Moisés e Daniela é encaminhado à Alesc

Como governadora em exercício, em audiência com Bolsonaro em janeiro, em Brasília

A bronca do Hospital de Campanha

Quando a pandemia de Covid-19 chegou em Santa Catarina o governador e a vice já estavam distantes. Pouco se ouvia falar de algo que os aproximasse. Até que estourou uma crise e a vice usou as redes sociais para uma luz alta em Moisés. Ela advertiu sobre irregularidades na contratação do polêmico hospital de campanha de Itajaí, investimento milionário que acabou abortado. Ela cobrava, inclusive em ofício enviado ao governador, "integridade e transparência" nas medidas adotadas contra o coronavírus.

Confira também - No embalo da crise, Moisés x Daniela

Ela voltou a se manifestar via redes no último dia 29. "O fato noticiado na mídia contra o Governo do Estado é muito grave e deve ser apurado com rapidez e transparência. Já solicitei esclarecimentos", postou. Daniela se referia à denúncia da compra dos 200 respiradores por R$ 33 milhões, fato que gerou a abertura da CPI dos Respiradores e que embasa o pedido de impeachment de Carlos Moisés que o deputado Maurício Eskudlark pretende protocolar ainda nesta quarta-feira na Alesc.

Reprodução / Instagram

Depois, Daniela compartilhou mensagens de prevenção ao coronavírus, de cuidados com a estiagem e até uma foto diante de uma máquina de costura, aproveitando o isolamento social para fazer máscaras de tecido. Enquanto isso, Carlos Moisés vive um inferno astral que pode faze-lo deixar o Palácio da Agronômica. Daniela, antes de ser inquilina dele, pretende entregar as chaves da casa da vice. Deverá colocar isso em prática nos próximos dias.

Reprodução / Instagram

O comentário do internauta na postagem de Daniela diante da máquina de costura, conforme ilustração acima, é emblemático: "contamos com a senhora para assumir o governo do estado!". O tempo dirá.

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