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A noventa e um

Por João Nassif 12/10/2020 - 23:48

Thiago Ávila *

1º de outubro de 2006, Xangai. Alonso era líder do campeonato, a dois pontos de Michael Schumacher. A chuva intensa que caía no local parecia beneficiar os pneus Michelan em relação aos Bridgestone. Era a chance de ouro para o espanhol se distanciar ainda mais do alemão para ficar a um passo do bicampeonato. Em contrapartida, Michael vinha em uma ótima fase, havia ganhado quatro das últimas seis corridas disputadas, e os pneus japoneses pareciam ter enfim servido na Ferrari.

Alonso largava na pole, seguido Fisichella, duas Hondas e Raikkonen, todos calçando Michelan, Schumi, de Bridgestone, era sexto. O alemão manteve a posição na largada, na volta oito passou Rubinho, na 14 passou Button e logo já era terceiro com o abandono de Raikkonen. A pista foi secando, e Michael, com o carro mais rápido da pista, rapidamente tirou a larga vantagem de 25 segundos de Alonso. Na 30ª volta, Schumi ultrapassa Alonso e agora tinha apenas Fisichella à sua frente. A 16 voltas do fim, o alemão e o italiano partem para sua segunda parada, Michael vai primeiro, retorna com os pneus mais quentes que o rival e consegue a ultrapassagem na primeira curva depois dos boxes. Era a vitória número 91 do lendário heptacampeão, sua última na carreira, um mês antes de anunciar a aposentadoria.

A 91 de Hamilton não foi tão grandiosa assim. Na verdade, foi tão tranquila que Lewis nem percebeu que havia chegado ao recorde de Schumacher neste final de semana em Nurburgring. Bottas fez a pole, foi superior ao inglês na largada, mas cometeu um erro de principiante na volta 13, demorando demais para frear na primeira curva. Eu entendo, eles mal treinaram na sexta, tiveram bem pouco tempo no sábado..., mas também não durou muito e o motor do finlandês estourou, “então é isso aí, Hamilton, pega a vitória lá”. No pódio, subiu com o capacete de Schumi, prestando homenagem ao alemão.

Essa corrida só não foi pior que a da Rússia, porque Ricciardo estava lá para salvar. Mas nem é porque ele fez uma corridaça, fazendo 20 ultrapassagens, volta mais rápida e piloto do dia... Na verdade ele só teve o esforço de guiar o carro as 60 voltas e conseguir o primeiro pódio da Renault desde seu retorno ao grid em 2016.

A marca de Schumacher provavelmente será pulverizada pelo hexacampeão se continuar nesse ritmo. E a lendária vitória 91 do alemão deverá ser substituída pela centésima e alguma coisa do britânico, que também deverá ser tão emblemática quanto a última de Schumi.

Bom, recordes são feitos para serem quebrados, e este é só mais um.

* Jornalista

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