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Série sobre Francisco May Filho

Texto 1 de 3

Por Henrique Packter 24/10/2022 - 09:15 Atualizado em 24/10/2022 - 12:10

Advogado e juiz, depois desembargador, presidente do tribunal de Justiça, governador interino, Chico May nasceu em Lages/SC a 18.6.1924 e faleceu em Florianópolis em 15.4.2018 aos 94 anos.

Filho de Francisco May e de Honorina Ramos May, foi pai de Maria Elói (juíza de Direito), Francisco (engenheiro), Luiz Alberto (oftalmologista), Maria Eloísa. Divorciado de Maria Eloy Neves May, casou com Jeanine Mendonça Pinheiro May.

Bacharel pela Faculdade de Direito de SC em 1951.

Concluída a formação ingressou na magistratura e atuou como Juiz Substituto na comarca de Chapecó/SC. Posteriormente, foi Juiz nas comarcas de Joaçaba, Concórdia, Curitibanos, Criciúma e Florianópolis. Em Criciúma foi juiz de 27.6.1956 a 11.4.1966. Em Florianópolis, foi lotado na Vara de Menores e a Vara da Fazenda.

Em 1975, recebeu nomeação para o cargo de Desembargador do Tribunal de Justiça de SC (TJSC), sendo Presidente do Tribunal no biênio 1982-1984. 

Na condição de Presidente do TJSC, governou interinamente o Estado catarinense por alguns dias no ano de 1982, na ausência do titular, Henrique Córdova, que se encontrava em viagem ao exterior.

Entre 1979 e 1982, presidiu o Tribunal Regional Eleitoral de SC (TRE-SC).

Em 24.2.1984 é cidadão honorário de Criciúma.

MAY MAGISTRADO EM CRICIÚMA POR 10 ANOS (1956-1966)

Chico May, como era tratado fora dos limites do fórum, e por mais um grupo seleto de criciumenses, dedicava-se com afinco à pesca e à caça nos fins de semana quando essas atividades eram permitidas. São Joaquim passava por crise econômica sem precedentes. Lá os negócios giravam em torno da indústria extrativa da madeira, os pinheirais, mas a predação sem limites logo fez secar este veio econômico-financeiro.

As serrarias antes numerosas vão cerrando as portas e logo estagnação e falta de recursos saltam aos olhos, pesa sobre a região. Já na região do sul catarinense dinheiro ganhava-se com a extração de carvão mineral.

No período de 1931-47 a economia apresenta a mesma diversificação, porém, a erva-mate foi superada pela madeira, tecidos, e a banha que, juntos delinearam a curva das exportações catarinenses. No período, a madeira passou a ser o produto mais exportado, porém sua predominância foi semelhante à da erva-mate no período anterior, seguida de perto que foi pelos tecidos e outros produtos alimentícios.

Embora o setor madeireiro estivesse em decadência devido ao esgotamento das reservas florestais, os ramos de beneficiamento na indústria de mobiliário e o ramo de derivados, no que respeita à indústria de papel, papelão e celulose, apresentavam perspectivas de expansão.

A partir de 1930, o número de serrarias instaladas em SC cresce continuamente. Os anos de 1957 e 1962 registraram diminuição do número de serrarias de madeiras de lei pela extinção das serrarias, consequência do esgotamento da reserva florestal. Passa a ser proibido pelo INP o registro de novas serrarias.

O trabalho de extração de toras de pinho da mata, até os anos 50, era bastante elementar com a utilização de carros de boi e da serra manual. Contudo, a partir desse período, trator de arrastro, com guincho e lâmina, além de caminhões, vão substituindo a tração animal. Na serraria, toros são industrializados e transformados em tábuas, pranchas e lâminas, para depois serem vendidos em sua maioria a exportadores atuando como armazenadores, manufaturadores.

Entre 1955-65, quando a produção esteve quase estacionária, May ministra a Justiça na região mineira, subindo eventualmente a serra para caçar e pescar. O INP estabelece vigilância mais séria sobre a produção madeireira, com proibição do registro de novas serrarias e reduzindo a produção já autorizada.

A queda de produção nos anos 1958-59, corresponde aos anos de superprodução de madeiras serradas em SC, o que parece estranho, uma vez que, geralmente, os industrializados acompanham o movimento da produção de serrados. Em 1964-65, pode ser justificada a queda da produção através da crise que, nestes anos, atingiu a economia brasileira. Compensados e laminados, no Sul, tem a produção liderada pelo PR, que domina a industrialização da madeira no País. SC está em plano secundário em relação à produção do PR, e o RS apresenta queda.

A partir de 1961, a tendência foi de baixa, refletindo assim, o esgotamento das reservas e a queda da exportação que, por sua vez, pode estar relacionada ao aumento dos preços.

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