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Quebradeira e seus efeitos: mais pedintes nas ruas

Por Archimedes Naspolini Filho 14/05/2020 - 10:24 Atualizado em 14/05/2020 - 10:27

Ontem precisei ir a duas agências bancárias, aqui em Balneário Camboriú, para saldar compromissos que não vêm ao caso. 
Eram umas 18 horas. Chovia.
Essas agências, para quem conhece esta cidade, estão localizadas na avenida do Estado.
O trânsito intenso, como ocorria antes da praga do Covid-19: as ruas atulhadas de veículos e os transeuntes às centenas. Poucas pessoas sem a máscara ao rosto.

Um fato me chamou a atenção: pedintes às portas dos bancos.
Foi lugar comum, antes da pandemia, vendedores ambulantes disputando espaço à frente de tais estabelecimentos, vendendo de sorvete a pamonha, passando por apostas lotéricas, guloseimas e panos de prato. Isso era normal em qualquer cidade de população igual ou superior a 100 mil habitantes.
Mas, aqui, nunca se viu alguém pedindo esmola. Os esmoleres haviam desaparecido do cotidiano, haja vista que, o desempregado, estava ali vendendo um dos produtos a que me referi, na condição de ambulante.

Agora não!

Esses vendedores ambulantes desapareceram ou, talvez, já não tenham como manter aquela função porque não possuem dinheiro para adquirir tais produtos.
É possível que aqueles ambulantes tenham migrado para a triste situação de esmoler, sem perder o espaço que ocupavam antes do Corona.

E eles estão chegando: uns em plano solo, outros, acompanhados da mulher – sei lá se são casados! – uns terceiros com mulher e filhos e ela com filho ao colo.
Em duas agências bancárias, ontem, por volta das 18h, aqui em Balneário Camboriú, e não deve ser diferente o quadro em Florianópolis, em, Blumenau, em Joinville, em Chapecó, ali em Itajaí e na nossa Criciúma: a recepção está sendo feita por pedintes, de ambos os lados da porta de entrada; não há como não vê-los, nem de ignorar a sua presença. E, pior, nenhum deles usando máscara ao rosto.

A quebradeira temida e cantada em prosa e verso está produzindo os seus efeitos. O desemprego graça. O universo dos desempregados cresce em proporção geométrica, dia a dia. Certamente eles procuram alguma função que lhes remunere. Tais funções até existem, mas não há quem os empregue.

Todos somos obrigados a nos alimentar: pobres, ricos, remediados e miseráveis temos um corpo que reclama alimento. 
Alimento custa dinheiro. 
Dinheiro se busca com trabalho. 
Trabalho não há. 
E o dinheiro passou a ser inacessível. 

Resta o quê, a um ser humano faminto?
Ninguém queremos conviver com esse quadro e a presença de um esmoler nos causa desconforto, sempre, em qualquer situação. 
Mas, resta o quê para esses desgraçados que não tem onde cair mortos? Pedir! Implorar. Chamar por Deus e por tudo o que há de mais sagrado: a fome derruba os conceitos, preconceitos e preceitos.  Tudo falece quando a razão diz que está com fome e pede alimento. 
E é apenas isso que eles pedem à porta das agências a que me reportei: comida.

Senhores, a coisa está ficando séria. Não estamos longe de concordar com a máxima que determina: agora é assim: salve-se quem puder!
E que todos comecemos o dia como queremos termina-lo! Bom dia!

 

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