Tive o privilegio de ser sócio do Milton Carvalho, no Jornal da Manhã. Na época, éramos três socios diretores - ele, eu e Walter Dieter. Todos os dias, final de tarde, batíamos ponto no Bezerrão, que ficava na esquina. Era a melhor hora.
Uma conversa de balanço do dia na empresa, os negocios, os projetos, as idéias. E depois, a resenha. Que se arrastava por horas.
Normalmente, o Bezerra, dono da casa, sentava à mesa. E se não sentava, ficava ao lado, em pé, dando pitaco.
Três grandes amigos que ja se foram.
Nesta quinta-feira, fui me despedir do Miltinho.
Pela manhã, cedo, informado pelo Renato, seu irmão, tive que cumprir o deve de passar a notícia na Som Maior. Com o coração partido. É o tipo de informação que passo adiante por obrigação!
Homem bom, sério até a medula, organizado, tudo arrumadinho, amigo, fraterno, leal.
Era estilo "seu Heitor", o pai dele, com quem trabalhamos no Jornal da Manhã. Foi o nosso financeiro. Uma figura. O mais animado dos quatro, mesmo nos momentos de maior aperto. Sempre otimista.
Miltinho foi gerente de vendas da Crivel (primeira concessionária Volks de Criciúma), foi corretor de imoveis, teve a sua corretora, foi vendedor, gerente da Forauto, da rádio Hulha Negra. Mas o sonho realizado foi ser presidente do Criciúma.
Naquelas conversas depois do expediente no Bezerrão ele estava no auge. Começou alí falar nisso. A projetar chegar lá.
E chegou.
E foi um grande presidente. Foi campeão, teve participação direta na construção do centro de treinamento, e moderniozuo clube.
Mas, tudo isso é biografia, é registro histórico.
O melhor do Miltinho era a interação, a conversa. Sempre agradável, inteligente, gentleman.
Não tinhamos as mesmas idéias sempre, divergíamos em muitas coisas, mas sempre respeito mútuo, e admiração.
Deixa saudades e boas lembranças.
Vai com Deus, Obrigado.