A história, a memória e a resistência da população negra em Criciúma ganham ainda mais visibilidade com a websérie "Negritude em Criciúma: Resgatando Memórias e Trajetórias". A exibição do primeiro episódio acontece nesta quarta-feira (18/6), às 19h, na Sala Edi Balod, na Unesc. Após as exibições presenciais, todos os episódios estarão disponíveis no canal do projeto no YouTube: @NegritudeemCriciúma.
Idealizada pelo então acadêmico de Publicidade e Propaganda da Escola de Comunicação Criativa (EcoCria), Marciano Alves, a produção reúne relatos potentes de homens e mulheres negras que constroem a história de Criciúma. São vivências que abordam ancestralidade, resistência, cultura e identidade, registradas a partir de rodas de conversa realizadas nos bairros da cidade.
O projeto, viabilizado pela Política Nacional Aldir Blanc (Lei nº 14.399/2022) por meio do edital nº 01/2024 da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), conta com o apoio do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) da Unesc. A proposta nasceu da necessidade de dar voz a quem, ao longo das décadas, tem papel fundamental na construção social, econômica e cultural do município.
"Os episódios não apenas recontam histórias de resistência, mas também celebram a importância da cultura afro-brasileira e promovem o reconhecimento das raízes que moldaram Criciúma. Além da exibição na Unesc, os episódios também serão apresentados em espaços como a Sociedade Recreativa União Operária e o Centro Comunitário do bairro Cristo Redentor. Na sequência, todo o material ficará disponível online no canal oficial da websérie no YouTube, que permitirá que mais pessoas acessem o acervo histórico e cultural", salienta Alves.
Memórias que transformam
A série é composta por cinco episódios que tiveram as gravações iniciadas em janeiro deste ano, sempre a partir de encontros e conversas realizadas diretamente nas comunidades.
O cenário do primeiro episódio é a praça em frente ao Bloco A, no campus da Unesc, que contou a participação da primeira professora negra da Universidade, Vani Anacleto e da coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi), Normélia Ondina Lalau de Farias. Durante o diálogo, elas contribuíram com as reflexões sobre educação, representatividade negra e a importância dos territórios acadêmicos na preservação e valorização da cultura afro-brasileira em Criciúma.
"Este documentário mostra a grande contribuição dos negros para o desenvolvimento de Criciúma e que sempre esteve e está aqui. A participação deste povo na construção da cidade e contribuição em bairros, setores, entre tantos outros não pode ser omitida. Resgatar um pouco desta história por meio desta produção é fundamental. Queremos mostrar que estamos aqui e conhecemos a nossa história dentro deste território chamado Criciúma", cita Normélia.
O conteúdo também será entregue ao Museu Afro-Brasil-Sul (MabSul), ao Centro de Memória e Documentação (Cedoc) da Unesc e fará parte do Programa Municipal da Diversidade Étnico-Racial (PMEDER), contribuindo para a preservação da memória negra na cidade. "Este é um movimento de fortalecimento da identidade e da autoestima da comunidade negra local, além de um legado para as próximas gerações", cita o idealizador do projeto.
O professor e pesquisador do Neabi, Douglas Vaz Franco, ressalta que a iniciativa tem papel fundamental especialmente no ano em que Criciúma comemora seu centenário de emancipação. "Percebemos a necessidade de trazer à tona as histórias dos negros e da construção dos bairros que têm a predominância dessas famílias. A ideia é valorizar trajetórias e narrativas daqueles que constroem Criciúma", afirma.